sábado, 10 de fevereiro de 2018

KADABRA - Devastation's Songs


Ano: 2017
Tipo: Full Length
Selo: Independente
Nacional


Tracklist:

1.      Introspective (Intro)
2.      The Cage
3.      Rite of Disorder
4.      Chosen Few
5.      Back Home
6.      Obliterate
7.      Pay the Price
8.      Devastation’s Songs
9.      You Are a Lie
10.  Death Penalty
11.  Pictures Of War


Banda:

Paulo Bertoni - Guitarras, vocais
Danilo Souza - Baixo, backing vocals
Marcos Frassão - Bateria


Ficha Técnica:


Contatos:

Site Oficial:
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Bandcamp:
Assessoria:


Texto: Marcos Garcia


Nem tudo precisa ser inovador, nem tudo precisa ser extremamente novo. Mas é bom que cada banda, ao começar a pegar nos instrumentos e tocar, pense que é necessário ter personalidade. Sem ela, você é apenas um clone do que já foi feito por outras bandas, e isso é perda de tempo, tanto dos músicos como dos ouvintes. Personalidade é tudo, e a palavra define bem o trio KADABRA, de Vinhedo (SP), que chega com “Devastation’s Songs”, um disco muito bom para os ouvidos.

Sem muitas delongas: o grupo faz uma fusão inteligente de influências do Thrash Metal à lá Bay Area com muito da essência do Metal tradicional. Isso lhes permite criar uma música com boa técnica, melodias muito bem pensadas e com uma agressividade temperada com boas harmonias. Inovador? Não, de forma alguma, mas como dito acima, esses sujeitos tem personalidade, as músicas tem uma dose de energia muito envolvente, com ótimas guitarras (riffs ganchudos e solos caprichados), base rítmica sólida de com boa dose de técnica, e vocais competentes (que tendem a melhorar no futuro). O trabalho deles é muito bom, e realmente promissor.

A produção é boa. Ela soa um pouco mais crua que o trio necessita, mas sem de forma algum estragar o trabalho musical deles. O clima é bem espontâneo e quase “live”, já que se percebe a ausência de bases de guitarra enquanto os solos são tocados. E o balanço entre agressividade, melodia e clareza está em bom nível, e os timbres instrumentais estão bem naturais. E a capa é caprichada, bem legal e chamativa.

Usando de criatividade para abrir espaço em um estilo musical bem desgastado pelos anos de uso, o KADABRA consegue surpreender pela energia de suas canções, pelos arranjos bem feitos e capacidade de compor temas que são relevantes. Aliás, é tão empolgante que uma segunda ouvida já vicia o ouvinte.

Basicamente, eles ainda podem fazer melhor, fica óbvio aos ouvidos. Mas por agora, canções como a agressiva e variada “The Cage” (que guitarras pesadas, mostrando riffs mais simples), o mix bem sacado entre agressividade, peso e melodia mostrado em “Rite of Disorder” (refrão melodioso e ganchudo, bons vocais e harmonias muito boas, faixa que faz a cabeça balançar sozinha), o jeitão explosivo à lá ANTHRAX de “Chosen Few”, a muito bem arranjada “Back Home” (as boas variações rítmicas mostram como baixo e bateria são bem entrosados), a agressividade dura de “Pay the Price”, a cadência abusivamente bruta de “Devastation’s Songs”, e o peso mamutesco de “Pictures of War” mostram que este trio tem muito a oferecer, que não são apenas fogo de palha.

Em suma: “Devastation’s Songs” é um álbum muito bom, e o KADABRA tende a se tornar uma força a ser considerada no Thrash Metal brasileiro.

Nota: 88%

HATE EMBRACE - Revoluções


Ano: 2018
Tipo: Extended Play (EP)
Selo: Independente
Nacional


Tracklist:

1.      Guerra no Nordeste do Brasil
2.      À Coroa Tudo, Ao Povo Nada
3.      Setembrizada


Banda:


George Queiroz - Vocais
João Paulo Araújo - Guitarras
Vinícius Campos - Teclados
Junior Vilar - Baixo
Ricardo Necrogod - Bateria, vocais


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Assessoria:


Texto: Marcos Garcia


Muitas vezes, ao se falar no Nordeste do Brasil, se pensa em seus ritmos regionais, em suas praias, festas locais e mesmo nas desigualdades sociais evidenciadas pela ganância dos poderosos “coronéis” da região (ou mesmo da que vem dos políticos). Poucas vezes lembramos de que o Nordeste do Brasil é uma região extremamente fértil em termos de bandas de Metal. Os nomes são muitos, mas talvez um dos que tem se evidenciado cada vez mais é o do HATE EMBRACE, quinteto de Recife (PE), que após o excelente “Sertão Saga” (em que a vida do famoso líder do cangaço Lampíão foi contada em suas letras), chega com seu novo lançamento, o EP “Revoluções”.

A música da banda é um híbrido de Death Metal com influências de Thrash Metal e Metal tradicional, ou seja, temos aquela crueza bruta e opressiva, mas muito bem trabalhada e com belas linhas melódicas soturnas (vindas das guitarras e dos teclados). A banda sabe utilizar muito bem a técnica que tem sem deixar o ouvinte entediado, e tudo flui de forma bastante diferente e natural, mas com uma energia envolvente. Sim, eles podem não estar criando uma nova vertente em termos de Metal, mas são muito diferentes de muita coisa que anda sendo feita por aí.

A produção é de bom nível, dando ênfase no lado mais agressivo e cru da música da banda. Mas não há problema em entender o que eles tocam, ou mesmo de assimilar a força sonora de suas canções. Poderia ser melhor, mas está muito bom, e combina com o que o grupo faz musicalmente. E a arte da capa reflete toda a temática expostas nas letras.

Sim, se perceberem, “Revoluções” é todo cantado em português, e tem uma mensagem forte, já que o quinteto se recusa a bater em pontos comuns. O conceito de cada letra gira em torno de uma revolta ou batalha popular. Transpira a brutalidade das músicas em temas históricos que, muitas vezes, desejam que esqueçamos. Ainda bem que eles os trazem de volta embalados por um formato musical bem arranjado, sempre bem feito e bem pessoal. Isso é o que faz a diferença.

A brutal e veloz “Guerra no Nordeste do Brasil” abre o EP, com arranjos bem feitos e boas passagens de baixo e bateria (sendo que o tema principal das letras é a luta para rechaçar os holandeses invasores no Nordeste, ou seja, as Batalhas dos Guararapes, ocorridas em Pernambuco). Em seguida, com influências mais melodiosas, temos “À Coroa Tudo, Ao Povo Nada”, onde o trabalho das guitarras nos riffs é de primeira (a letra narra a revolta de Pernambuco, na época uma capitania hereditária, contra os abusos da Coroa Portuguesa que veio para o Brasil fugindo de Napoleão e cobrava impostos absurdos do povo pernambucano). O EP fecha com a soturna e extremamente bem arranjada “Setembrizada”, onde o ritmo se alterna em vários momentos (com partes cadenciadas ótimos), mostrando ótimos vocais guturais, linhas de guitarra formidáveis e teclados bem feitos nos momentos providenciais (o contexto lírico é baseado na Setembrizada, uma revolta ocorrida pouco tempo após a renúncia de Dom Pedro I, e que causou problemas extremos à Recife).

O HATE EMBRACE merece muito a atenção do fã brasileiro de Metal, pois o trabalho musical deles é mesmo uma gema preciosa em nosso país. Ouçam “Revoluções” e tirem suas próprias conclusões.

Nota: 91%