quinta-feira, 12 de julho de 2018

CROMATA - ... Everything That Comes From Shadows


Ano: 2018
Tipo: Extended Play (EP)
Selo: Independente
Nacional


Tracklist:

1. Biocode
2. The Level of Souls 
3. Lighthouse 
4. Resigned in Blood


Banda:


Dedé Costa - Guitarras, vocais
Julinho - Baixo
Daniel “Cowboy” - Bateria


Ficha Técnica:

Cromata - Produção, mixagem,
Absolute Master - Masterização
Maloik - Artwork


Contatos:

Site Oficial: www.cromata.com.br
Assessoria:

Texto: M. Garcia


Falar que o Rio Grande do Sul tem tradição em termos de Metal é bem redundante. Ainda mais se falarmos nas vertentes mais extremas, onde nomes como KRISIUN e REBAELLIUN mostram a potência do estado como criadouro. E mais um bom nome surge das terras dos Pampas: o CROMATA, de Porto Alegre, que chega com seu EP de estréia, “... Everything That Comes From Shadows”.

Basicamente, temos um grupo de Death Metal cujas referências estão na leva dos anos 90, em especial as escolas da Flórida e da Holanda (nomes como DEATH e PESTILENCE antigo surgem em nossas mentes, e não por mero acaso), mas sem negar alguma coisinha mais moderna aqui e ali (não é à toa que se sente a forte influência do AT THE GATES e EDGE OF SANITY em “The Level of Souls”). Só que, ao mesmo tempo, o trabalho do grupo mostra personalidade forte devido ao bom nível técnico e alguns arranjos mais melodiosos que tornam sua música ainda mais agressiva e coesa, para o desespero dos que acham que o estilo é apenas barulho mal feito. Ainda existem ajustes a serem feitos, mas o grupo é promissor, verdade seja dita.

A sonoridade é crua, mas no ponto ideal para que soe bruto e ríspido. Mas ao mesmo tempo, houve uma preocupação estética na escolha dos timbres instrumentais (só a caixa da bateria poderia ter timbres um pouco melhores, mas é um detalhe apenas em meio aos acertos que eles tiveram), ao mesmo tempo em que se buscou aliar a crueza com alguma clareza (necessária para que compreendamos o que está sendo tocado). E como a Absolute Master trabalhou com a masterização, fica evidente o motivo desse brilho adicional à qualidade sonora.

O ponto forte do CROMATA é a solidez de suas composições, a energia e a vibração que bandas jovens costumam mostrar. E mesmo com bom nível técnico individual, é evidente que eles buscam soar como uma unidade, sem exibições desnecessárias. E isso mostra que realmente estamos diante de mais uma promessa no cenário nacional, mas uma promessa que já começa a mostrar seu valor agora.

As quatro composições mostram muito potencial a ser explorado. Em “Biocode” temos uma introdução muito bonita, seguida de um andamento em tempo mediano, além de bons arranjos em termos de baixo e bateria. Também não sendo tão veloz como a predecessora, temos algo de moderno e mesmo influências de Hard Rock são encontradas nas partes de guitarras de “The Level of Souls” (especialmente nos solos). Alguns toques jazzísticos e boas melodias surgem em “Lighthouse”, com arranjos criativos e ótimos vocais. Um pouco mais tradicional em termos de Death Metal é “Resigned in Blood”, embora existam passagens mais técnicas em termos de baixo e bateria que encaixaram perfeitamente na canção.

O CROMATA chega muito bem com “...Everything That Comes From Shadows”, logo, não será mero ocaso do destino que eles venham a se tornar um nome forte no cenário.

Em tempo: após o final das gravações, mais um guitarrista entra para banda, Guga “Djaba”, para que o grupo não perca seu “approach” pesado e agressivo ao vivo.

Nota: 86%

TENEBRÁRIO - The Silence of the Ancient Souls


Ano: 2018
Tipo: Extended Play (EP)
Nacional


Tracklist:

1. Like No Other 
2. The Castle (New Version) 
3. God Symphony (New Version) 
4. Amrá


Banda:


Alexdog - Vocais, baixo
Eduardo Borrego - Guitarras
Kaue Assis - Guitarras
Waine Assis - Bateria


Ficha Técnica:

Alexdog - Produção, mixagem, masterização
Tenebrário - Produção
Adriana Silva - Arte da capa e contracapa
Paulo Cássio R. Lemes - Arte da capa e contracapa


Contatos:

Site Oficial:
Assessoria: www.facebook.com/cangacorockcomunicacoes/ (Cangaço Rock Comunicações)

Texto: M. Garcia


O Brasil sempre está em paralelo com as tendências mais recentes do exterior em termos de Metal, e mesmo quando uma vertente antiga começa a ter mais sucesso, nomes vão surgindo por aqui, ou então os velhos medalhões lançam algo novo. E o quarteto paulista TENEBRÁRIO é um deles. Após voltar a ativa, eis que chega seu primeiro trabalho novo, o EP “The Silence of the Ancient Souls”.

No Brasil, qualquer vertente que pense recebe “inserts” das influências musicais individuais dos músicos, logo, não é à toa que o Heavy/Doom Metal do grupo nos parece mais versátil e solto do que se ouve por aí. Na realidade, o rótulo só serve para situar-nos, pois temos algo um pouco mais diversificado, mais solto e espontâneo do que aquele som grave e arrastado (e engessado) costumeiro, inclusive com passagens onde a influência do Classic Rock/Hard Rock surge claramente. Sem falar que as novas versões de duas músicas antigas servem como parâmetro para visualizarmos como o trabalho deles evoluiu.

Sim, “The Silence of the Ancient Souls” é um trabalho bem legal de se ouvir.

A produção é bem artesanal. Fica claro que tudo foi gravado, mixado e masterizado de uma forma em que o som ficasse bem orgânico, mas aonde a crueza vem dos timbres escolhidos para os instrumentos musicais, e não na gravação. Dessa forma, temos a compreensão do que é tocado, mas com um som massivo, pesado e cru.

O TENEBRÁRIO é um veterano, mas mesmo assim, não abre mão de evoluir, de buscar sempre melhorar a si mesmo, sem ficar vivendo de seu passado. Mas não esperem que a banda tenha trocado de gênero musical ou que seu trabalho esteja descaracterizado. Este autor escreveu “evolução”, e não “mudança de estilo”. E fica claro que a técnica individual não é o enfoque deles, mas que as canções soem coesas, sólidas como rochas.

“Like No Other” é uma canção sólida, pesada e densa, mas com clara menção ao Hard Rock em várias partes, e mostrando um trabalho bem legal nas guitarras. Já com um toque mais voltado ao Stoner Rock temos as versões novas de “The Castle” e “God Symphony”, que mostram o quanto a banda é fiel a sua música, mantendo a essência original, mas com uma roupagem mais moderna (que ressalta bem o trabalho pesado de baixo e bateria). E “Amrá” já é mais pesada e climática, mas com melodias opressivas de primeira, e mostrando bem como esse vocal à lá “urso urrando raivoso” encaixa bem nas linhas instrumentais do grupo.

“The Silence of the Ancient Souls” é um bom lançamento, e uma excelente pedida para os fãs de Metal em geral.

Nota: 84%

PANDEMMY - Rise of a New Strike


Ano: 2018
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1. One Step... Foward
2. Circus of Tyrannies
3. State of War
4. 7000 Days of Terror (and the New Attempt)
5. Almost Dead
6. Rise of a New Strike
7. Inferno is Over
8. Stars of Decadence
9. Against the Perfect Humankind
10. No Reasons for Losses
11. Ecce Homo
12. Nephente


Banda:


Vinícius Amorim - Vocais
Pedro Valença - Guitarras
Guilherme Silva - Guitarras
Marcelo Santa Fé - Baixo
Arthur Santos - Bateria


Ficha Técnica:

Júnior Supertramp - Produção, mixagem, masterização
Pedro Valença - Co-produção
Guilherme Silva - Co-produção
Fabiano Penna - Arranjos em “No Reason for Losses”
Bruno Marques - Arranjos em “No Reason for Losses”


Contatos:

Assessoria: http://www.sanguefrioproducoes.com/artistas/PANDEMMY/44 (Sangue Frio Produções)

Texto: M. Garcia


Fazer Death/Thrash Metal nestas terras descobertas por Pedro Álvares Cabral em 1500 nunca foi algo muito simples. Sempre houveram as dificuldades inerentes ao underground e ao romantismo em exacerbar as tribulações que uma banda tem que passar por conta do descaso dos fãs. Mas o valor do trabalho de um grupo não está ligado a tantas penúrias, mas à criatividade de seus integrantes. E é muito bom ver que o PANDEMMY, de Recife (Pernambuco) não desiste e vem com tudo em “Rise of a New Strike”, seu álbum mais recente.

Na realidade, o disco é de 2016, mas somente agora chega em versão física, graças aos esforços da Sangue Frio Produções e da Burn Distro. E nele, se percebe que a banda evoluiu em relação a “Reflections & Rebellions” de 2013. A banda foge um pouco do padrão, sabendo adicionar passagens mais melodiosas em sua música, o que lhes confere personalidade. Óbvio que o quinteto ainda pode render bem mais, mas estão no caminho certo, e mesmo assim, já fazem um trabalho de ótimo nível.

Em termos de sonoridade, a produção de “Rise of a New Strike” é bem feita. Houve uma preocupação óbvia de fazer com que as composições sejam entendidas sem dificuldades, ou seja, soa limpo e com timbres escolhidos cirurgicamente. Mas nem por isso a agressividade está reduzida, nada disso: por estar limpo é que soa ainda mais bruto. E em termos de arte gráfica, ela ficou muito boa, com uma diagramação profissional, e a capa realmente mostra o que o disco tem em termos musicais.

A consensualidade entre o que foi feito em “Reflections & Rebellions” e “Rise of a New Strike” é óbvia, embora o tempo já tenha lapidado bastante o trabalho deles. Os arranjos fluem de forma mais espontânea, moldados pelas melodias que foram criadas, e sem falar que o instrumental melhorou bastante em termos de diversidade técnica. Ou seja, houve evolução, mas sem que o passado do grupo seja jogado fora.

Um dos aspectos mais legais do disco é a presença de contrastes entre partes brutais e mais trampadas (com aquelas levadas Thrashers empolgantes), músicas cadenciadas e outras mais velozes, enfim, variações rítmicas. E a pancadaria incessante de “Circus of Tyrannies” (excelente trabalho de baixo e bateria, digamos de passagem), as passagens trampadas de “State of War”, a opressão pesada do ritmo cadenciado e sinuoso de “7000 Days of Terror (and the New Attempt)” (passagens melodiosas e introspectivas mostram a versatilidade das guitarras), a técnica Death/Thrash mais tradicional de “Rise of a New Strike” (os vocais encaixaram muito bem nesse ritmo mais lento e bruto), e a densa e bem trabalhada “No Reasons for Losses” são os melhores momentos do disco. Mas na versão física, estão presentes duas faixas extras: “Ecce Homo” (brutal e bem trabalhada) e “Nephente” (mas melodiosa, com muitas passagens com vocais operísticos), ambas com um jeitão mais evoluído, levando a crer que o quinteto ainda vai surpreender os fãs de Metal brasileiro (e mesmo os descrentes que só olham para a Europa e os EUA).

No mais, “Rise of a New Strike” nos mostra que o PANDEMMY tem tudo para se tornar um dos pilares do gênero por aqui. Ponho fé.

Em tempo: o vocalista Vinícius Amorim gravou o álbum, mas saiu, e em seu lugar, está Rayanna Torres.

Nota: 88%