sexta-feira, 18 de maio de 2018

MEMORIAM - The Silent Vigil


Ano: 2018
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1. Soulless Parasite
2. Nothing Remains
3. From the Flames
4. The Silent Vigil
5. Bleed the Same
6. As Bridges Burn
7. The New Dark Ages
8. No Known Grave
9. Weaponised Fear
10. Dronestrike V3


Banda:


Karl Willetts - Vocais
Scott Fairfax - Guitarras
Frank Healy - Baixo
Andrew Whale - Bateria


Ficha Técnica:

John Dewsbury - Produção, mixagem, masterização
James Pitt - Produção, mixagem, masterização
Scott Fairfax - Mixagem
Dan Seagrave - Artwork
Marcelo Vasco - Design, layout


Contatos:

Assessoria:  

E-mail:


Texto: Marcos Garcia


No atual momento, a tendência (ou moda, como queiram) é rebuscar as sonoridades mais antigas. Sonoridades dos anos 70, 80 e mesmo os 90 andam fazendo a alegria de muitos, mas nem sempre encontramos a vibração, a essência da dita época na música. Isso é somente para aqueles que realmente viveram os tempos que referenciam, e em raríssimos casos, novatos conseguem aglutinar valor à herança deixada por veteranos. E ao ouvirmos o trabalho do quarteto inglês MEMORIAM, essa ideia fica ainda mais solidificada, pois temos uma banda jovem com integrantes experientes no que fazem. Ainda mais em “The Silente Vigil” segundo trabalho dos ingleses, que acabou de ser lançado no Brasil pela colaboração entre a Shinigami Records e a Nuclear Blast Brasil.

Para aqueles que ainda desconhecem o quarteto, eles são todos ex-membros de bandas clássicas do Death Metal inglês como BOLT THROWER, NAPALM DEATH, CEREBRAL FIX e BENEDICTION. O que esperar deles?

Death Metal Ols School, pura e simplesmente, com aquele mesmo jeitão pesado, bruto e soturno que a escola inglesa legou para as gerações futuras. A diferença é que o MEMORIAM não vive de passado, pois sua música soa viva e vibrante, com arranjos que grudam em nossos ouvidos. Ao contrário dos que imitam a velha guarda, esses sujeitos são da velha guarda, logo, a música deles tem o diferencial de que tanto falo: a energia, a vibração, a aura que apenas os veteranos possuem.

Sonoramente falando, “The Silent Vigil” possui uma transposição excelente do velho jeito do Death Metal de ser para os padrões atuais. Sim, a primeira coisa que se percebe é que a agressividade da banda é evidenciada por timbres instrumentais bem escolhidos. Mas ao mesmo tempo, baixo e bateria soam bem claros aos ouvidos, assim como os urros guturais estão ótimos (e a dicção não é prejudicada). E se preparem, pois o nível de brutalidade é absurdo!

Além disso, a arte da capa é ótima, evocando toda aura dos anos 90. Mas o nome de Dan Seagrave na arte da capa, mais o de Marcelo Vasco no design e no layout já dizem tudo. Dois mestres!

Massacrante, “The Silent Vigil” é, basicamente, um passo adiante de “For the Fallen” (2017). A banda soa bem mais coesa e centrada, o que acarreta em composições mais bem acabadas, com arranjos musicais ainda simples, e por isso, o trabalho do MEMORIAM é tão espontâneo, cheio de energia e empolgante. É ouvir e gostar, simples assim.

Disposto a não deixar pescoços inteiro, o disco inteiro é ótimo. Mas a veloz e bruta “Soulless Parasite” com suas ótimas passagens rítmicas (algo não muito trabalhado, mas sólido e pesado, permitindo que a canção evolua de forma bem harmônica), o peso opressivo dos andamentos não tão velozes de “Nothing Remains” (como esses vocais encaixam bem nas linhas instrumentais), o trabalho de primeira das guitarras em “From the Flames” (eles realmente empolgam, fazendo com que a cabeça se mova espontaneamente, e reparem bem como a base rítmica aparece mais uma vez), a cadenciada e azeda carga de “The Silent Vigil” e de “Bleed the Same” (que vocais ótimos, encaixados sobre riffs de guitarra de primeira qualidade, e isso em ambas as canções), o hino Old School que se ouve em “As Bridges Burn”, os arranjos sinuosos das guitarras de “The New Dark Ages”, e a carga lenta e bruta de “No Known Grave” e de “Weaponised Fear”. E ainda temos de bônus “Dronestrike V3”, um arregaço em velocidade mediana típica das bandas inglesas de Death Metal dos anos 90.

Finalizando, fica claro que o MEMORIAM é, antes de tudo, um herdeiro da essência do Death Metal Old School inglês, tanto pelo histórico de seus integrantes como pela música que apresenta. E “The Silent Sigil” é a prova cabal disso, bem como é um disco fenomenal!

Nota: 91%


DEEP PURPLE - Live in Long Beach 1971


Ano: 2018
Tipo: Disco ao Vivo
Nacional


Tracklist:

1. Speed King
2. Strange Kind of Woman
3. Child in Time
4. Mandrake Root


Banda:


Ian Gillan - Vocais
Ritchie Blackmore - Guitarras
Roger Glover - Baixo
Jon Lord - Teclados
Ian Paice - Bateria


Ficha Técnica:
  
Martin Pullan - Masterização
Paul Lester    Liner - Notas
Alexander Mertsch - Layout, artwork
Elliot Mass - Engenharia sonora


Contatos:

Assessoria:  

E-mail:

Texto: Marcos Garcia


Realmente, a banda com mais discos ao vivo em todo mundo deve ser o DEEP PURPLE. Em uma conta pessoal, eles chegam aos 30 títulos em toda sua história, mas é preciso dizer que cada um deles tem seu valor, e muitas vezes, uma estória para contar. E há algo de especial em “Live in Long Beach 1971”, que acaba de sair por aqui pela Shinigami Records.

O principal: temos uma apresentação da MK II em 30/07/1971, a mais clássica das formações do grupo. Esta apresentação ocorre pouco depois do lançamento de “Fireball” (cuja data é 09/07/1971), embora sem nenhuma faixa deste. O grosso do material é de “In Rock”, embora “Mandrake Root” venha do primeiro disco da banda, “Shades of Deep Purple”, e “Strange Kind of Woman” seja uma canção de um Single de fevereiro de 1971 (e que acabou sendo lançada nas versões do disco lançadas nos EUA, Canadá e Japão no lugar de “Devil’s Eyes” da versão europeia). Este show (onde o quinteto foi suporte para a banda de Rod Stewart, o THE FACES) foi transmitido pela rádio KUSC 91,5 FM, e mostra a banda destilando sua capacidade de improvisar nos palcos.

Sim, improvisação, algo que muitos fãs mais modernos, acostumados à música engessada, e muitas vezes fria e burocrática, talvez estranhem. Mas isso era comum naqueles anos de ouro onde rótulos e outras perdas de tempo não existiam. A música era o mais importante, e isso meus caros, o DEEP PURPLE sempre teve. Aliás, são mestres nisso!

A sonoridade do disco é extremamente orgânica, com a energia do quinteto “in your face”, e se consegue ouvir a performance individual de cada músico sem problemas. A remasterização de 2014 de um brilho a mais, sem descaracterizar a qualidade de áudio original. Além disso, o encarte é uma coisa linda, com fotos e detalhes da época, e toda uma explicação para aquela apresentação. Muito, muito bom.

O traço mais forte da MK II era que a guerra de egos entre os integrantes do DEEP PURPLE os levava a um misto de influências que criava um Hard Rock/Classic Rock sólido, agressivo e com ótimas melodias. Dos vocais bluesy gritados aos fraseados rocker com toque de música clássica, passado pelos teclados noir e uma solidez técnica de baixo e bateria, tudo funciona em equilíbrio, aglutinando influências e marcando época.

O disco tem 4 canções. Óbvio que isso vai causar estranhamento entre os fãs, mas é preciso lembrar que, em cada uma delas, o improviso é a tônica. “Speed King” e “Strange Kind of Woman”, hinos agressivos e potentes em suas versões originais, feitos com excelentes guitarras e vocais, aqui se tornam gigantes de mais de 11 minutos cada, onde a banda inteira mostra sua capacidade jazzística de improvisar. A vida que a clássica “Child in Time” ganhou graças aos longos solos de teclados é incrível, e saltou de seus 10 minutos originais para um gigante de 20 minutos. E de um Rock ‘n’ Roll clássico, “Mandrake Root” ganhou peso e uma interpretação vocal mais intensa e emotiva (por conta do toque bluesy da voz de Ian), sem contar que baixo e bateria está ótimo (falar do solo de guitarra é mera formalidade). Ou seja, a MK II consegue melhorar o material que a MK I gravou, graças a excelência de seus músicos.

Desta forma “Live in Long Beach 1971” documenta o auge da MK II, já que as guerras internas iriam desfazê-la em algum tempo.

Nota: 88%