segunda-feira, 8 de julho de 2019

GRAND MAGUS - Wolf God


Ano: 2019
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1. Gold and Glory (intro)
2. Wolf God
3. A Hall Clad in Gold
4. Brother of the Storm
5. Dawn of Fire
6. Spear Thrower
7. To Live and to Die in Solitude
8. Glory to the Brave
9. He Sent Them All to Hel
10. Untamed


Banda:

Foto: Jens Rydén

JB - Vocais, Guitarras
Fox - Baixo, Backing Vocals, Violoncelo em “Gold and Glory”
Ludwig - Bateria


Ficha Técnica:

Staffan Karlsson - Produção, Engenharia de Som, Mixagem
Jacob Hellner - Mixagem
Mika Jussila - Masterização
Anthony Roberts - Artwork
Florian Karg - Layout
Nico “Dyngwie” Elgstrand - Orquestrações e arranjos de “Gold and Glory”


Contatos:

Site Oficial: www.grandmagus.com
Assessoria:
E-mail:

Texto: “Metal Mark” Garcia


Introdução:

Em geral, muitos estão buscando nos velhos estilos uma alternativa às sonoridades mais modernas do Metal. Muitos, como se comprova ouvindo por aí, se perdem e falham em seus esforços, criando apenas mais do mesmo (ou seja, cópias do que já foi feito à exaustão). Outros, por sua vez, conseguem fazer algo diferenciado para si, e chamam bastante a atenção.

Um desses é o trio sueco GRAND MAGUS, que há um tempo já vem causando frisson nos fãs. Agora, com “Wolf God” (lançado no Brasil via Shinigami Records/Nuclear Blast Brasil), nono disco da banda, eles devem ir ainda mais longe.


Análise geral:

O trio se caracteriza por fazer um Metal tradicional cru e sem frescuras com toques claros de Doom Metal, vigoroso e cheio de ótimas melodias (que são simples de assimilar). Mas em “Wolf God”, o grupo parece soar mais compacto e melodioso, ou seja, mais acessível ao público que ainda tem dificuldades em lidar com tanto peso (pois eles pegam bem pesado em suas músicas). Basicamente, o GRAND MAGUS apresenta um frescor, uma energia intensa, e seu peso de sempre, mas com um “insight” renovado.


Arranjos/composições:

Para bem da verdade, o trio sempre se caracterizou por uma música mais pesada e bruta, sem muitas lapidações. Desta vez, mantendo essas mesmas características, o trabalho melódico da banda está mais evidente, solto e espontâneo.

É como se o Metal tradicional com elementos de Doom Metal de antes tivesse ganhado algumas melodias mais brandas, e mesmo os vocais ganharam mais melodias e profundidade, e o instrumental sempre sólido está de primeira (simples e direto, mas encorpado e certeiro).

GRAND MAGUS ao vivo

Qualidade sonora:

Pode se dizer que o trabalho de Staffan Karlsson na produção e mixagem (esta última com a ajuda de Jacob Hellner), mais a masterização de Mika Jussila deram nova vida à música do GRAND MAGUS. Basicamente, eles estão trabalhando com o trio pela primeira vez, e talvez isso seja a fonte do frescor renovado e melódico de “Wolf God”.

Além disso, aquela agressividade e peso abrasivos de antes continuam ali, apenas mais bem temperados por timbres mais bem definidos nos instrumentos e um toque de modernidade, mas sem que a personalidade musical da banda tenha sido alterada.


Arte gráfica/capa:

Há tempos o trabalho nas capas do grupo é algo mais simples, sem muita enrolação. No caso de “Wolf God”, novamente a banda procura algo bem simples, “na cara”, mesmo sendo bem feito. E assim, mesmo sendo uma apresentação interessante, o foco do ouvinte fica exclusivamente na música, que é o mais importante.


Destaques musicais:

Uma vez mais, o GRAND MAGUS fez um disco de alto nível, que é apaixonante por conta de suas melodias mais fluidas, mas continua pesado como um mamute!

Tirando a introdução “Gold and Glory”, que abre o disco com um toque Pagan/Folk cheio de partes orquestrais, são 9 faixas excelentes, sendo que “Wolf God” (belas guitarras, em uma levada lenta, melodiosa e bastante pegajosa), “A Hall Clad in Gold” (com um jeito mais agressivo com uma pegada Rock ‘n’ Roll sujo, embora com melodias ótimas, e um refrão marcante e requintado), “Brother of the Storm” e “Dawn of Fire” (ambas com refrães intensos e marcantes, sem falar que baixo e bateria estão ótimos em suas conduções rítmicas simples, mas pesadas), “Spear Thrower” e “To Live and to Die in Solitude” (o ritmo um pouco mais rápido deu mais diversidade rítmica em ambas, como se percebem nos dois bumbos, mas mantendo o aspecto pesado e melodioso), os toques mais acessíveis na massaroca sonora de “Glory to the Brave” e “He Sent Them All to Hel” (os toques de Hard Rock clássico dos anos 70 são evidentes por conta do “insight” musical mais abrangente, embora sem que o grupo traia suas convicções sonoras), e “Untamed” (falar em mais um refrão grandioso do grupo é repetitivo, e além disso, vocais e guitarras estão ótimos. E que solo bem feito) mostram que a banda está revigorada e pronta para novos desafios.

Basicamente, “Wolf God” é o disco em que as ambições do GRAND MAGUS mais estão claras, bem como abre a possibilidade de crescimento comercial.


Conclusão:

Enfim, é preciso dizer que o “Wolf God” se torna um potencial candidato a estar na lista dos dez melhores discos do ano de muitos, e não é à toa que o GRAND MAGUS pode estar dando passos firmes para se tornar um nome ainda mais forte no Metal mundial.

Quem viver, verá.


Nota: 10,0/10,0


Wolf God



A Hall Clad in Gold



Brother of the Storm



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BURZUM - Hliðskjálf


Ano: 2019
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1. Tuistos Herz
2. Der Tod Wuotans
3. Ansuzgardaraiwô
4. Die Liebe Nerþus'
5. Frijôs Einsames Trauern
6. Einfühlungsvermögen
7. Frijôs Goldene Tränen
8. Der Weinende Hadnur


Banda:


Varg Vikernes - Teclados


Ficha Técnica:

Pytten - Masterização
Tanya Stene - Arte da Capa
Stephen O'Malley - Design, Arte Adicional


Contatos:

Site Oficial: http://www.burzum.org/
Instagram:
Assessoria:
E-mail:

Texto: “Metal Mark” Garcia


Introdução: 

Quando o assunto é o Black Metal feito na Noruega, por mais que o país seja berço de incontáveis bandas, a verdade é que os 3 grupos seminais gênero do início dos anos 90 sempre estarão envoltos em polêmicas, ao mesmo tempo em que a idolatria de seus fãs é capaz de justificar tudo. Ao mesmo tempo, é inquestionável a contribuição de MAYHEM, DARKTHRONE e BURZUM para aquilo que conhecemos como Black Metal. É antes e depois deles, basicamente, embora bandas da Grécia, Finlândia e Suécia tenham dado contribuições substanciais nesse sentido.

Na segunda metade dos anos 90, como conseqüência de causar incêndio em igrejas e pelo assassinato de Øystein Aarseth (que todos já estão cansados de saber que se trata de Euronymous, guitarrista e líder do MAYHEM), Varg Vikernes foi preso. E entre 1993 (quando foi preso inicialmente) até 2009, Varg lançou dois discos com um enfoque diferente do estilo mais conhecido pelos fãs em “Burzum” (1992) e “Det Som Engang Var” (1993). São eles “Dauði Baldrs” de 1997, e “Hliðskjálf” de 1999. Este último foi relançado no Brasil pela Shinigami Records.


Análise geral:

Até hoje, muitos se perguntam o que teria acontecido ao BURZUM nesses discos. A explicação tem duas frentes:

1. Na prisão, ele não tinha acesso á instrumentos que não fosse o teclado. Era uma questão de “faça assim, ou não faça nada”;

2. Uma análise mais calma e detalhista pode ver influências de Dark Ambient Music já estavam começando a surgir de forma sutil em “Hvis Lyset Tar Oss” (1994) e “Filosofem” (1996).

Em “Hliðskjálf” (nome do trono do deus Odin na mitologia Nórdica), a música fica ainda mais voltada à Dark Ambient/Darwave Music, cada vez mais grandiosa em termos de ricas ambientações. Basicamente, a falta de recursos acabou forçando Varg a um “insight” diferente, mas nem por isso ruim.

Ou seja, “Hliðskjálf” é um ótimo disco.


Arranjos/composições:

Obviamente, os arranjos são fluidos e cheios de melodias melancólicas. É o que se esperaria de um disco de Dark Ambient Music. É preciso deixar claro que o minimalismo clássico/Folk de “Dauði Baldrs” está ausente, com linhas melódicas mais simples, o que não impediu Varg de fazer partes grandiosas.


Qualidade sonora:

Se os teclados e os aparelhos para gravação só foram concedidos por uma semana, pode se dizer que ele soube fazer bom uso. Justamente pelo uso exclusivo de teclados (e sem vozes), a qualidade sonora ficou muito boa, clara, mas sem deixar de ter seu toque de sinistra obscuridade.

Óbvio que o profissionalismo de Pytten na masterização ajudou a dar um toque de classe às canções.


Arte gráfica/capa:

Tanya Stene fez uma capa muito boa para o disco, o desenho de uma floresta sinistra, aparentemente à noite. Há ainda a contribuição de Stephen O'Malley no design e na arte (algumas adições). Basicamente, é a mesma estruturação pagã/épica que foi usada no antecessor de “Hliðskjálf”, mas sempre mantendo certa simplicidade.


Destaques musicais:

Basicamente, “Hliðskjálf” é um disco indicado para fãs não só do BURZUM, mas para aqueles que gostam de PAZUZU, MORTIIS, e outros que preferem o uso de teclados e sintetizadores para criar algo denso e atmosférico.

O disco é ótimo, com canções hipnóticas e soturnas como “Tuistos Herz”, “Der Tod Wuotans” (esta possui ótimos momentos épicos), a beleza Folk introspectiva de “Die Liebe Nerpus’” (alguns pianos ficaram providenciais em meio aos elementos Folk) e de “Frijôs Einsames Trauern”, o toque de horror melancólico de Einfühlungsvermögen”, e a curta (mas excelente) “Der Weinende Hadnur”, quase uma canção de ninar no piano.


Conclusão:

Para os dias de hoje, após o retorno do BURZUM ao Black Metal mais elétrico e agressivo, a bela expressão Dark Ambient/Folk de “Hliðskjálf” possa parecer sem sentido. Mas é um enfoque diferente e, para os que gostam da banda, agora ele está mais acessível.


Nota: 8,4/10,0


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