sábado, 17 de novembro de 2018

SHADOWS LEGACY - Lost Humanity


Ano: 2018
Tipo: Full Length
Selo: Independente
Nacional


Tracklist:

1. Intro
2. Sea of Revenge
3. Tough Ain’t Enough
4. Restless
5. The Final Act
6. Minds Stalker
7. Dystopian Reality
8. Why
9. Block 11
10. Back on the Road
11. Prelude to the End


Banda:


Wille Cardoso - Vocais
Leandro Motta - Guitarras
Max Batista - Guitarras
Luciano Rivero - Baixo
Augusto Morais - Bateria


Ficha Técnica:

Shadows Legacy - Produção, mixagem, masterização
Aldo Carmine - Produção, mixagem, masterização
Leo Amorim - Artwork


Contatos:

Site Oficial:

Texto: “Metal Mark” Garcia


Uma das maiores forças motrizes da música é a evolução. E diferentemente de muitos estilos mais populares, o Metal sempre teve alinhamento com a evolução, não parou no tempo, e por isso, não ficou restrito a ser um estilo bolorento feito por e para velhos senis e fãs obcecados por uma cultura/militância há muito mortas e enterradas. Sem a evolução individual de cada banda, o Metal se tornaria um estilo morto. E é bom ver como o quinteto SHADOWS LEGACY, de Campo Grande (MS), sabe como evoluir sem perder sua essência, como se percebe em “Lost Humanity”, seu novo álbum, que acaba de ser lançado.

Sendo o segundo álbum deles, se percebe que o Metal tradicional deles continua o mesmo. Mas agora, em meio às influências da NWOBHM, temos linhas melódicas ganchudas com muito do US Metal dos anos 80, e assim, entraram no trabalho deles algo de Hard Rock clássico e certo acento melódico acessível. Ao mesmo tempo, “Lost Humanity” é mais denso (devido a certa aura introspectiva em muitas das canções do álbum), melodioso e maduro que “You're Going Straight to Hell”. A banda evoluiu como um todo, e continua dando uma aula de como se fazer música de alto nível, com boas melodias, e muita, muita energia.

Basicamente, se você já era fã da banda antes, não terá o que reclamar de “Lost Humanity”, mas terá motivos de sobra para aplaudir.

A sonoridade do disco é bem melhor que a dos anteriores. Está mais pesada, bem definida e bem feita, e a crueza sonora à lá NWOBHM cedeu espaço para algo mais maduro, pesado e bem feito, que permite que as linhas melódicas do quinteto fiquem mais evidenciadas. E esta limpeza, proporcionada pela produção do quinteto em parceria com Aldo Carmine ficou ótima. A crueza essencial vem dos timbres instrumentais escolhidos, e assim, temos uma dose de agressividade extra. A arte, por sua vez, é reta e direta, para não tirar do ouvinte o foco, que é a música.

Podemos dizer que o jeitão NWOBHM do SHADOWS LEGACY ganhou um jeito forte, pesado e empolgante que vem do US Metal. Por isso se percebe uma energia forte, encorpada e diferente na música do grupo (percebam isso logo em Sea of Revenge”, onde se sente certo toque de QUEENSRYCHE antigo nas linhas melódicas), mas sem que se perca a essência que eles sempre tiveram. Além disso, os arranjos musicais estão muito melhores que antes, mais bem feitos e encaixando nas harmonias de forma magistral. Além disso, os refrães estão excelentes.

“Sea of Revenge” tem aquele peso denso e bem feito que conhecemos da escola Norte Americana, lembrando um pouco o Prog Metal dos 80 (à lá QUEENSRYCHE e FATES WARNING), mostrando um refrão excelente e belos arranjos de guitarras e vocais (que melhoram muito entre os discos). Mantendo a pegada pesada, “Tough Ain’t Enough” já tem um jeito mais acessível em alguns pontos, mas como baixo e bateria estão bem nela. “Restless” já mostra algo mais voltado ao estilo dos discos anteriores (inclusive com belos duetos de guitarra), embora com o alinhavo atual. Como todo bom disco de Metal tradicional tem uma balada, “The Final Act” vem para mostrar esse lado do grupo, só que é uma canção densa, introspectiva e que ganha peso e energia no refrão (que é excelente, verdade seja dita). Mais agressiva e seca, vem “Minds Stalker”, onde um toque de Metal tradicional moderno aparece, com um refrão excelente (que vai lembrar os fãs de algo próximo ao ICED EARTH em termos de vocais e riffs), e é a mesma essência de “Dystopian Reality” (onde se percebem alguns vocais mais agressivos aqui e ali, e os vocais normais estão excelentes). Com um jeito mais pesado e denso, “Why” seduz o ouvinte por suas belas melodias, solos, mas sem que a base rítmica fique sem mostrar sua boa técnica, mesmos elementos da dinâmica e envolvente “Block 11”. Em “Back on the Road” e “Back on the Road” se percebe um alinhavo melódico mais acessível próximo do US Metal dos anos 80, mas mantendo um peso cavalar de primeira (e que vocais).

Desta forma, o SHADOWS LEGACY se mostra maduro, coerente e sempre uma ótima banda. E “Lost Humanity” tem tudo para alavancar a carreira da banda por todo Brasil, e mesmo exterior.

Nota: 96%
  





QUEIRON - Endless Potential of a Renegade Vanguard



Ano: 2018
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1. Imperia Caedes
2. Pestis Pain
3. Denial Upon the Heavenly Scorn
4. Iussu Caelest Negabunt (instrumental)
5. Misleading Mission
6. King of Damned Proclamation
7. Unholy Perverse Rapture
8. Tombs I Desecrate
9. Endless Potential of a Renegade Vanguard


Banda:


Marcelo Daemoniipest Grous - Vocais, guitarras
Luciano Fernandes - Guitarras
Luís Hellthorn - Baixo
Oscar M. Vision - Bateria


Ficha Técnica:

Guilherme Mallosso - Gravação, mixagem
Ricardo Biancarelli - Gravação, mixagem
Neto Grous (Absolute Master) - Masterização
Alcides Burn - Artwork


Contatos:

Site Oficial:
Instagram:  
Assessoria:

Texto: “Metal Mark” Garcia


Um dos maiores problemas do cenário brasileiro é: como manter uma banda motivada quando ela transcende, pelo menos, uma década de existência?

Não há uma resposta única, e nem mesmo a consensualidade no conjunto de ideias que responderiam esta questão. Alguns cedem, param ou dão um tempo; outros, mesmo com lançamentos musicais com maiores intervalos de tempo, mantêm-se não só na ativa, mas continuam relevantes. É o caso do quarteto QUEIRON, de Capivari (SP), que chega ao quinto álbum de sua longa carreira de 23 anos, “Endless Potential of a Renegade Vanguard”, recém-lançado pela Heavy Metal Rock Records.

A verdade é que o quarteto possui uma forma muito pessoal de fazer sua música: as evoluções visuais/líricas/musicais de “Sodomiticvm per Conclave” (de 2013), que tinham um jeitão Death/Black Metal moderno deram espaço a uma abordagem um pouco mais tradicional, ou seja, há um “back to the roots” por parte deles, mas sem negar o quanto evoluíram em todos os seus lançamentos. Ou seja, podemos dizer que é um Death Metal brutal e muito agressivo com um toque de Black Metal, com uma estética caprichada e partes em que o grupo usa de tempos cadenciados, um “approach” ainda mais técnico que o usual em termos de “Old School” (em especial pelo trabalho mais técnico de baixo e bateria), mas sem cair no Technical Death Metal.

Traduzindo: é o bom e velho QUEIRON dos tempos de “Templars Beholding Failures” e “The Shepherd of Tophet”, apenas um pouco mais lapidado pela experiência, mas observando o futuro com os olhos abertos.

A produção foi bem caprichada. A sonoridade está robusta, pesada e agressiva como a música deles pede, mas clara aos ouvidos (e assim, se entende tudo que é tocado). Ao mesmo tempo, algumas melodias brutais aparecem aqui e ali (em especial nos solos de guitarra). Além da escolha sábia em termos de timbres sonoros, a mixagem de Guilherme Mallosso e Ricardo Biancarelli deu brilhos aos tons instrumentais, e a masterização de Neto Grous (do estúdio Absolute Master) assenta tudo em termos sonoros.

Além disso, o trabalho de Alcides Burns (da Burns Artwork) ficou muito bonita e bem feita, sem contar que a diagramação do encarte é perfeita (assim como a escolha das cores, cujos contrastes nos permite a compreensão das letras). Muito bonito, e muito bom.

Musicalmente, o QUEIRON soube usar sua maturidade para escrever um ótimo “set” de composições, mantendo uma pegada insana (mas bem trabalhada) em cada uma delas. Óbvio que o grupo não é daqueles que vive tocando em um único ritmo, o que enriquece as músicas. No mais, é a mesma saraivada de riffs insanos, solos doentios, baixo e bateria pesados (mas técnicos) e vocais guturais (com gritos rasgados pontuais) de sempre, apenas com uma forma de arranjar suas canções vinda da experiência. E sim, comprova-se que “Endless Potential of a Renegade Vanguard” é um passo adiante, e que os torna um nome extremamente promissor dentro do cenário.

“Imperia Caedes” é uma introdução, que começa usando violão, mas logo vira um apocalipse sonoro (embora se detectem influências de Metal tradicional nas guitarras), precedendo a brutalidade tradicional de “Pestis Pain”, cheia de mudanças de ritmo e um impacto sonoro abusivamente pesado (reparem como há melodias durante os solos, além de uma mostra de ótima técnica de baixo e bateria), seguida dos mais de seis minutos de insanidade de “Denial Upon the Heavenly Scorn” (o uso de arranjos mais técnicos nas guitarras é algo sensível, mas o baixo troveja por toda a canção, e que refrão grudento). “Iussu Caelest Negabunt” é outra instrumental, agora mais sinistra, preparando caminho para “Misleading Mission”, outra golfada Death/Black Metal explosiva (com ótimas viradas e conduções da bateria, sem contar que os vocais estão muito bem). Em “King of Damned Proclamation”, a banda usa de tempos mais velozes, mas com alguns momentos cadenciados ótimos. E a maior prevalência de partes melódicas (nas partes próximas ao refrão), temos “Unholy Perverse Rapture” (como as guitarras estão ótimas em termos de riffs e solos). Um pouco mais tradicional em termos de Death/Black Metal, tem-se a explosiva “Tombs I Desecrate”, onde a técnica surge mais na base rítmica, enquanto as guitarras ficam em algo mais direto (embora alguns arranjos não sejam lá muito convencionais). E também mostrando um jeitão mais “Old School”, “Endless Potential of a Renegade Vanguard”, mas novamente os adornos da canção (ou seja, os arranjos) mostram que o quarteto não fica parado no tempo, que é dinâmico e segue seus próprios instintos.

Desta forma, “Endless Potential of a Renegade Vanguard” vem para mostrar não só que o QUEIRON está vivo e tão selvagem como sempre foi, mas para colocar o quarteto no mesmo patamar que nomes bem estabelecidos do cenário, como KRISIUN e REBAELLIUM.

Nota: 89%
  
Denial Upon the Heavenly Scorn: https://www.youtube.com/watch?v=-10JVfyxljI