sexta-feira, 5 de outubro de 2018

FOR THOSE ABOUT TO BRAZIL… - A Brazilian Tribute to AC/DC


Ano: 2018
Tipo: Disco-Tributo Duplo
Importado


Tracklist:

CD 1:

1.      STEEL WARRIOR - Back in Black 
2.      MX - Rock and Roll Ain’t Noise Pollution
3.      GENOCÍDIO - Let There Be Rock 
4.      MEGAIRA - Hard as a Rock 
5.      WOSLOM - High Voltage 
6.      THUNDERSPELL - Heatseeker 
7.      ARMUN - Fire Your Guns 
8.      PASTORE BAND - Black Ice 
9.      SEU JUVENAL - Giving the Dog a Bone 
10.  UGANGA - Whole Lotta Rosie
11.  CHAOS SYNOPSIS - Highway to Hell 
12.  TORTURE SQUAD - Flick of the Switch 
13.  S.O.H. - Nervous Shakedown
14.  FRADE NEGRO - Rising Power 
15.  MOTOROCKER - Hells Bells 


CD 2:

1.      TAILGUNNERS - You Shock Me All Night Long 
2.      ATTRACTHA - Thunderstruck 
3.      JACKDEVIL - Big Gun 
4.      MADGATOR - Landslide 
5.      ANEUROSE - Shoot to Thrill
6.      PANIC - If You Want Blood (You’ve Got It) 
7.      DARK SIDE - Dirty Deed Done Dirt Cheap
8.      SILVER MAMMOTH - Jailbreak 
9.      CHEMICAL DISASTER - Have a Drink on Me 
10.  THREESOME - Badlands 
11.  POSTHUMOUS - Riff Raff 
12.  ANCESTTRAL - Are You Ready? 
13.  OBSKURE - T.N.T. 
14.  KING BIRD - Moneytalks
15.  LEVIAETHAN - For Those About to Rock 


Ficha Técnica:

Alcides Burns - Artwork


Contatos:

Site Oficial:
Assessoria:
E-mail:

Texto: “Metal Mark” Garcia


Fazer discos onde uma banda é homenageada por outras que tenham sido influenciadas é uma estratégia interessante, mas que teve seu ápice nos anos 90. De uns anos para cá, inclusive por conta da crise da indústria fonográfica por conta dos downloads ilegais, são raros os tributos, e alguns deles nem merecem ser mencionados devido ao baixo nível das bandas escolhidas. Mas a Secret Service Records é bastante criteriosa, e dessa fusão da necessidade de homenagear um nome conhecido com a escolha bem feita de quem tem talento para participar, nasce “For Those About to Brazil... – A Brazilian Tribute to AC/DC”, tributo ao AC/DC, um dos pais do “Rock Sujo”.

Antes de tudo, é preciso dizer que o AC/DC é um dos grupos mais difíceis de homenagear, pois emular suas características é um trabalho árduo. Não tem com a técnica instrumental da banda ou com os timbres de voz, mas com sua energia crua, a força de suas composições, algo que nascia do grupo, que parece estar dando sinais de que vai parar, já que Malcolm se uniu a Bon para uma jam do outro lado, e Brian anda tendo problemas com os ouvidos. No caso, as bandas desse tributo mostram um trabalho que honra o homenageado, pois todos preferiram fazer suas próprias versões dos velhos clássicos.

Em termos de sonoridade, cada uma das 30 bandas entrou com sua música produzida conforme bem entendeu, adaptando a sonoridade à abordagem que faria. Mas no geral, quase todos buscaram (mesmo com boa definição em termos de timbres e sonoridades claras) ser o mais simples possível, para rebuscar a aura suja e direta que permeia os trabalhos do grupo australiano, embora alguns tenham tentado soar mais limpos, o que não chega a ser um pecado ou tira o valor de suas versões. Basicamente, todos se saíram muito bem nessa empreitada.

Dissecando o disco.

CD 1:

STEEL WARRIOR - “Back in Black”: o quarteto de Itajaí (SC) vem com força, mostrando que conseguem dar uma roupagem à lá Metal tradicional nessa canção icônica (talvez uma das mais conhecidas do AC/DC) que vem do disco de mesmo nome. E mostram um trabalho de primeira das guitarras.

MX - “Rock and Roll Ain’t Noise Pollution”: os headthrashers de Santo André (SP) já gostam de fazer algo mais sujo em termos sonoridade, e eles encheram a canção que também vem de “Back in Black” de agressividade, mostrando seu valor, inclusive com ótimas conduções de bumbos e vocais. Existe até certo tom de ironia na canção.

GENOCÍDIO - “Let There Be Rock”: outro hino icônico dos australianos, e é a faixa-título de um de seus discos mais famigerados. E nas mãos desse veterano do Thrash/Death Metal de SP ganhou uma aura bem agressiva, com uma sonoridade que busca balancear a crueza e a limpeza nas mesmas proporções. Baixo e bateria fazem bonito, mas impossível não falar de como os vocais rasgados e as guitarras estão de primeira.

MEGAIRA - “Hard as a Rock”: como o quinteto de SP transita faz algo que combina influências de Power Metal e Thrash Metal, eles pegaram uma das canções mais fortes de “Ballbreaker” e empurraram seu próprio jeito de fazer as coisas nela. E digamos de passagem: ficou ótimo, especialmente porque os teclados encaixaram na fúria inerente à versão original, e sem falar nas variações de timbres vocais.

WOSLOM - “High Voltage”: para quem já viu o quarteto de SP fazendo versões, sabe que eles sempre se saem bem. E com esse rockão vindo direto do primeiro disco dos australianos (que leva o nome da canção) não seria diferente, pois combinam a essência Thrasher clássica que carregam com o jeitão espontâneo rocker da canção. Reparem como a base rítmica está excelente, dando vida nova ao que é bem simples no original.

THUNDERSPELL - “Heatseeker”: e de “Blow Up Your Video” vem essa, onde o quinteto de Belém (PA) releu de uma forma em que as melodias da NWOBHM entrem no que fizeram. E ficou bem legal, inclusive porque os vocais buscaram se afastar dos timbres originais, se diferenciando e agregando valor.

ARMUN - “Fire Your Guns”: o trio de Goiânia (GO) foram buscar no clássico “The Razor’s Edge” outro hino. Agora, imaginem um AC/DC Death Metal que mantém suas características originais? Pois é, é isso, com guitarras abrasivas de doerem os ouvidos menos acostumados. Ótima!

PASTORE BAND - “Black Ice”: seria possível associar a classe e noção melódica do Power Metal ao trabalho dos australianos? Sim, é sim, e o PASTORE mostra isso na faixa-título do penúltimo disco do AC/DC. Classe e rudeza se fundiram, e esses vocais mais técnicos casaram muito bem na pancadaria original.

SEU JUVENAL - “Giving the Dog a Bone”: mais uma de “Back in Black”, que tem um jeitão evidentemente Blues/Rock dos anos 50, mas que nas mãos do SEU JUVENAL (de Uberaba, MG) ficou mais sujo e visceral, quase que um MOTORHEAD homenageando o AC/DC. Sujo, abrasivo e hipnótico, onde se destacam bastante a força das guitarras “plug ‘n’ play” da banda.

UGANGA - “Whole Lotta Rosie”: e pondo fogo no Triângulo Mineiro (óbvio que em MG) em mais um de “Let There be Rock”, o UGANGA mostra a força de seu Thrashcore/Crossover em uma versão causticante, com guitarras sujas, vocais em timbres rasgados, e muito peso e técnica na base rítmica. Muita personalidade em uma canção explosiva!

CHAOS SYNOPSIS - “Highway to Hell”: São José dos Campos (SP) deve estar com o solo chacoalhando até agora, já que o quarteto de Death/Thrash Metal da cidade resolveu mandar tudo às favas e reescreveu a icônica “Highway to Hell” à maneira deles. Ficou ótimo, com uma ferocidade absurda (em especial nas guitarras), honrando a memória de Bon e Malcolm.

TORTURE SQUAD - “Flick of the Switch”: o quarteto de SP faz bonito em uma das melhores faixas do álbum que leva o mesmo nome. Baixo e bateria perfeitos (algo comum da banda), guitarras ótimas e vocais muito bons nos timbres mais rasgados (os graves estão extremos demais, e não ficaram 100% compatíveis).

S.O.H. - “Nervous Shakedown”: um murro nos ouvidos vindo direto de “Flick of the Switch”, que os cearenses de Fortaleza encheram a canção de uma energia suja de seu Grindcore/Death Metal. Interessante ver como adequaram os andamentos ao estilo deles, ficou muito bom, com um trabalho excelente das guitarras.

FRADE NEGRO - “Rising Power”: o quarteto de Metal tradicional de Jaraguá do Sul (SC) também pegou uma canção de “Flick of the Switch”, mas deu um jeitão mais Heavy Metal “Made in Germany” a ela, que ficou diferente e excelente. E os vocais e backing vocals estão muito bons.

MOTOROCKER - “Hells Bells”: se tem uma música do AC/DC que marcou muitos é, sem sombra de dúvidas, essa. E o quinteto curitibano (PR), que já faz algo nessa linha, caprichou e honrou a versão original, embora usando de timbres mais claros e uma qualidade de gravação muito boa. E que vocais!

E aqui fechou o CD 1.


CD 2:

TAILGUNNERS - “You Shock Me All Night Long”: o quinteto de São Paulo resolveu escancarar no Heavy Metal à lá NWOBHM e deram uma roupagem ao jeito deles nesse clássico que veio de “Let There Be Rock”, embora sem descaracterizar a original. Ficou muito bom, inclusive pelos toques mais técnicos de baixo e bateria.

ATTRACTHA - “Thunderstruck”: essa é a canção que revitalizou o AC/DC, que andava em baixa na época (ela é de “The Razor’s Edge”). E quem a conhece, sabe que não é simples de fazer versão dela, mas o quarteto paulista bancou o desafio, fez uma releitura extremamente pesada, com jeitão de Heavy Metal moderno. E que trabalho ótimo na bateria (pesado e técnico)

JACKDEVIL - “Big Gun”: São Luís (MA) nos deu os Thrashdemons, que aqui resolveram fazer algo que mixasse seu jeito Classic Thrash Metal com a essência Rock ‘n’ Roll dessa faixa (que é exclusiva da trilha sonora do filme “Last Action Hero”), e colocam a casa abaixo com guitarras esbanjando peso nos riffs e melodias bem sacadas nos solos.

MADGATOR - “Landslide”: o quarteto de Hard/Prog/tradicional com jeitão moderno trouxe seu estilo para esta faixa de “Flick of the Switch”, que se não chega a ser clássica, nas mãos dele parece uma pérola, pois ganhou uma energia intensa e encorpada, sem deixar o jeito espontâneo de lado. E que vocais!

ANEUROSE - “Shoot to Thrill”: o jeito Thrash/Death intenso e bruto dos mineiros de Lavras ficou empolgante de uma forma que dá vontade de sair pulando e batendo cabeça. A energia é absurda, especialmente porque as guitarras e o baixo estão de primeira nessa que veio de “Back in Black” (e reparem nas passagens 1X1 em certos momentos).

PANIC - “If You Want Blood (You’ve Got It)”: direto de “Highway to Hell” vem essa aqui, que mostra o quanto os Thrashers de Porto Alegre (RS), especialmente por estes timbres vocais bem pessoais da banda. O jeito Thrash Metal da banda não estragou em nada as melodias originais, longe disso.

DARK SIDE - “Dirty Deed Done Dirt Cheap”: outro de Fortaleza (CE) que chegam para preservar a energia original dessa que vem do disco de mesmo nome, mas adaptando muitos elementos ao seu jeito Heavy Metal tradicional de ser. E como o baixo está muito bem em todos os momentos.

SILVER MAMMOTH - “Jailbreak”: esta é outra canção do AC/DC difícil de lidar, vinda do EP póstumo “‘74 Jailbreak”. Imaginem isso aliado ao estilo psicodélico do quinteto de SP. Só que ficou muito bom, inclusive pela adição de teclados, e os vocais encaixaram muito bem, sem tentar emularem os tons originais.

CHEMICAL DISASTER - “Have a Drink on Me”: outra de “Back in Black”, também não muito citada por aí, e nas mãos desses veteranos do cenário Death Metal de Santos (SP), só podia vir coisa boa. Interessante é que a agressividade natural do grupo diminuiu um pouco para as melodias ficarem intactas, mas o jeito cru e duro de ser deles não se alterou, e a versão ficou de primeira, especialmente porque os vocais guturais e as guitarras ficaram no jeito.

THREESOME - “Badlands”: o quinteto de Campinas (SP) que se destaca no cenário por um Rock ‘n’ Roll/Hard Rock visceral pegou uma desconhecida de “Flick of the Switch” e deu um brilho todo próprio a ela. Passagens de gaita, outras mais intimistas e o vocal feminino se destacam bastante.

POSTHUMOUS - “Riff Raff”: interessante ver o quinteto de Black Metal de Criciúma (SC) pegando um dos hinos antigos do AC/DC, que vem de “Powerage”. Mas eles buscaram respeitar muitos aspectos da original, mas colocando muitos elementos de seu jeito de ser nela, em especial nas conduções rítmicas (baixo e bateria estão muito bem) para criar algo diferente. Muito, muito bom mesmo.

ANCESTTRAL - “Are You Ready?”: imaginem uma versão Thrash/Heavy Metal moderna e densa para essa canção de “The Razor’s Edge” (que não chega a ser extremamente conhecida)? Só que quem conhece o quarteto de SP, sabe que eles nunca foram de fazer as coisas como mandam regras, e mostraram um trabalho incrível, transformando um Rock ‘n’ Roll nervoso em algo pesado e bem feito, com um trabalho ótimo em todos os instrumentos e nos vocais. Amem ou odeiem, mas não se pode negar: eles são um dos melhores nomes do Metal nacional.

OBSKURE - “T.N.T.”: que esta canção de “High Voltage” já possui uma versão Death Metal, todos já sabem. Mas nas mãos do quinteto de Fortaleza (CE), ela ganha partes de teclados que encaixaram muito bem, fora uma aura gordurosa e moderna de primeira, sem perder seu “swing” original.

KING BIRD - “Moneytalks”: para quem sabe fazer um bom Hard Rock, tocar algo do AC/DC se torna uma questão de honra, especialmente de vem de “The Razor’s Edge”. E ouvir o quarteto de SP detonando nessa versão bem feita e que respeita os aspectos originais (imputando a ela a classe do que eles fazem) é algo prazeroso. Vocais, guitarras, baixo e bateria arrasando.

LEVIAETHAN - “For Those About to Rock”: fechar um tributo é sempre um trabalho ingrato, mas o quarteto Thrasher de Porto Alegre faz bonito, enchendo essa canção icônica com sua própria personalidade. Vinda do disco homônimo, ela está cheia de guitarras de primeira, baixo e bateria melhorando a técnica original, e os vocais rasgados da banda estão muito bem.

Um disco de primeira, e podemos dizer que a memória do AC/DC é preservada por cada banda. Bon e Malcolm devem estar sorrindo de onde estão, bem como a banda se sentiria honrada com esse tributo.

Ah, sim: “For Those About to Brazil... – A Brazilian Tribute to AC/DC” vai agradar a todos os fãs da banda, inclusive os que ficam de “#simaxl” e “nãoaxl” nas redes sociais.

Nota: 100%

IBRIDOMA - City of Ruins



Ano: 2018
Tipo: Full Length
Importado


Tracklist:

1. Sadness Comes
2. Evil Wind
3. T.F.U.
4. Di Nuovo Inverno
5. City of Ruins
6. Angel of War
7. My Nightmares
8. Fragile
9. Terminator
10. I'm Broken


Banda:


Christian Bartolacci - Vocais
Marco Vitali - Guitarras
Sebastiano Ciccalè - Guitarras
Leonardo Ciccarelli - Baixo
Alessandro Morroni - Bateria


Ficha Técnica:

Mauro Mancinelli - Gravação
Simone Mularoni - Mixagem
Gustavo Sazes - Arte da capa


Contatos:

Assessoria:
E-mail:

Texto: “Metal Mark” Garcia


Nos dias atuais, é difícil de termos bandas de Heavy Metal tradicional que não sofram mutações conforme vão lançando discos. A evolução é parte do contexto em que a humanidade vive, e seja consciente ou inconscientemente, não há como deter esta que é a força motriz de nossa existência. Por isso, é sempre um enorme prazer ouvir o quinteto italiano IBRIDOMA. Desta vez, eles chegam com seu mais novo trabalho, o quarto “full length” da banda, chamado “City of Ruins”.

Ainda sendo uma banda com ambos os pés bem firmes em uma forma moderna e melodiosa de ser fazer Heavy Metal tradicional com claras influências de JUDAS PRIEST e IRON MAIDEN, fica óbvio que deram um passo adiante. Se em “December” (disco anterior) havia um toque extra de melancolia no disco, em “City of Ruins” se percebe a banda voltando a ter um enfoque melódico mais positivo e mesmo introspectivo, inclusive com certas nuances mais agressivas. Continua bem equilibrado entre melodia e peso, apenas com um trabalho não tão denso em termos de sentimentos, e é muito agradável aos ouvidos, sem mencionar que o quinteto continua esbanjando muita energia em suas canções, e sempre acertando a mão em cada refrão.

Resumindo: “City of Ruins” é um disco com uma ambientação mais positiva, e inclusive cativante.

Um dos detalhes mais interessantes da sonoridade é que as guitarras soam bem mais agressivas que antes. Sim, os timbres estão bem mais secos e brutos, privilegiando a agressividade, mas sem obliterar o lado melódico do grupo. Além disso, a gravação, mixagem e masterização garantem que tudo pode ser ouvido sem nenhum esforço extra, pois todos os instrumentos estão claros. E a arte da capa, feita pelo artista Gustavo Sazes, ficou ótima, dando um charme a mais ao trabalho.

Sempre buscando novos horizontes musicais sem perder sua essência, o IBRIDOMA nos mostra uma dinâmica perfeita de arranjos (que se encaixam uns nos outros como um quebra-cabeça), os vocais assentam maravilhosamente bem nas linhas instrumentais, e tudo soando pesado e cativante a cada momento. Além disso, o quinteto sabe compor melodias que entram em nossos ouvidos e não saem mais. E mesmo sem ser um grupo que venha para inovar o Heavy Metal, chegam com força para terem seu devido reconhecimento.

A solidez desse álbum pode ser comprovada na força melódica de Sadness Comes” (timbragem moderna, peso em um ritmo não muito veloz, e um trabalho ótimo dos vocais, que exploram timbres diferentes de antes), a energia encorpada de “Evil Wind” (novamente a ambientação moderna é evidente, fora um refrão grudento e um trabalho de baixo e bateria muito bom), o ritmo Hard ‘n’ Heavy acessível de “T.F.U.” (vocais de primeira, uma marca da banda), o trabalho também acessível em termos de arranjos de “City of Ruins” (outra que tem uma influência maior de Hard Rock nas linhas melódicas, mas sempre com guitarras fazendo um trabalho primoroso), o peso instigante e dinâmico de “Fragile”, e a sensível “I’m Broken” (uma balada muito bonita e cheia de arranjos simples de se assimilar). Essas podem ser ditas os destaques do disco, embora a homogeneidade seja a marca evidente do IBRIDOMA.

Resta ainda dizer que “City of Ruins” é uma ótima opção para aqueles que buscam conhecer bandas novas que tenham trabalhos voltados ao Metal tradicional. Mas o IBRIDOMA é uma banda que qualquer fã de Metal deveria conhecer, verdade seja dita.

Nota: 91%

ROTTING CHRIST - Triarchy of the Lost Lovers


Ano: 1996 (original)/2018 (relançamento)
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1. King of a Stellar War
2. A Dynasty from the Ice
3. Archon
4. Snowing Still
5. Shadows Follow
6. One With the Forest
7. Diastric Alchemy
8. The Opposite Bank
9. The First Field of the Battle
10. Tormentor (faixa bônus)
11. Flag of Hate/Pleasure to Kill (faixa bônus)


Banda:


Sakis Tolis (Necromayhem) - Vocais, Guitarras
Jim Patsouris (Mutilator) - Baixo
Themis Tolis (Necrosavron) - Bateria, percussão


Ficha Técnica:

Rotting Christ - Produção
Andy Classen - Produção, engenharia, mixagem
Stephen Kasner - Artwork, arte da capa, design da capa
Carsten Drescher - Layout, design


Contatos:

Assessoria:

Texto: “Metal Mark” Garcia


Ano de 1996.

Com a internet ainda engatinhando em termos tecnológicos, o Brasil não era tão paralelo ao que ocorria lá fora. Logo, podemos dizer que a explosão do Black Metal que ocorreu na Europa em 1994 só teve seus primeiros ecos no país em 1996, quando mesmo assim, discos de bandas hoje estabelecidas só chegavam por aqui como importados. Na época, nem custavam tão caro (pois a economia estabilizada ajudava nesse sentido), mas esbarrava-se no número de cópias disponíveis. E digamos de passagem: quase todos tiveram uma cópia de “Triarchy of the Lost Lovers”, terceiro disco do grupo grego de Black Metal ROTTING CHRIST. Hoje, a Cold Art Industry Records nos concede a honra do relançamento por aqui em uma edição Deluxe (como já havia feito com “A Dead Poem”).

O disco foi lançado em abril de 1996, e sendo o grupo um dos pioneiros do conhecido Melodic Black Metal, o terceiro disco deles já mostra o quanto podiam render em termos musicais, já que o enfoque melódico fica mais evidente, ao mesmo tempo em que a crueza de “Thy Mighty Contract” e “Non Serviam” cede espaço à elegância (embora ainda existam momentos brutais, como se ouve em “Archon”). Não que o trabalho sonoro esteja distante das raízes da banda, mas é uma evolução clara, inclusive com o uso dos timbres vocais característicos do grupo hoje em dia. As guitarras estão mais bem definidas em seus acordes, bem como a base rítmica ficou mais clara, seca e audível. Desta maneira, o trabalho do grupo mostra uma faceta melódica mais apurada, sem renegar o que já haviam feito. E é o primeiro disco da banda como trio, sem um tecladista efetivo como membro.

Trocando em miúdos: “Triarchy of the Lost Lovers” é uma sequência natural do que o grupo já fazia, só mais bem lapidado.

O que fez a diferença: a produção. A banda teve, pela primeira vez, um produtor de ponta tomando conta do trabalho junto com ela. Andy Classen, que fora técnico de som ao vivo e produtor ao mesmo tempo em que tocava no HOLY MOSES, era exclusivamente um homem de estúdio desde 1994, e já trabalhara com ASPHYX e BELPHEGOR, veio para dar uma mão também na engenharia de som e na mixagem. Por isso, a sonoridade do álbum é a melhor que tiveram até aquele momento, onde a crueza sonora diminui quase que completamente, dando lugar a algo límpido, que nos permite ouvir e compreender tudo que é tocado claramente, e assim, privilegiou bastante as melodias. Ao mesmo tempo, a arte gráfica de Stephen Kasner (que deu um toque de H. R. Giger à capa original) e de Carsten Drescher (que trabalhou no layout e no design) é sombria e elegante, um refinamento que caiu muito bem, mas mantendo seu toque macabro (especialmente pela permanência do logotipo clássico do grupo). E esta versão Deluxe nacional ainda possui um slipcase muito bem feito, exclusivo dela, fora a desordem das letras (que existia na versão original) estar corrigida.


“Triarchy of the Lost Lovers” também vem para mostrar que o Black Metal poderia ser feito de forma profissional sem perder suas qualidades primordiais. Ou, melhor dizendo, a “estética do feio” (muito bem explicada no documentário “If the Light Takes Us”) poderia ser descartada, sem que o produto final perdesse sua essência. Desta forma, o pioneirismo do ROTTING CHRIST é ainda mais claro, pois nos arranjos instrumentais e vocais do disco, se percebe o quão refinado e influenciado pelo Metal tradicional eles eram, e abriram o caminho para outros nomes que viriam no futuro.

Em termos de música, temos um conjunto de canções que se tornarão clássicos no futuro, e que estão no setlist regular da banda até os dias de hoje em seus shows, como a beleza cadenciada de “King of a Stellar War” (cujas linhas melódicas das guitarras são fantásticas, bem como os vocais e os teclados dando uma sustentação soturna), as harmonias trabalhadas de A Dynasty from the Ice” (reparem como a solidez dos ritmos permite que as guitarras mostrem riffs ótimos, especialmente em um solo, coisa rara quando se fala em Black Metal), o jeito mais rápido e brutal de “Archon” (onde ser rebusca os elementos agressivos de “Thy Mighty Contract”, apresentando um refrão marcante), a sombria e cadenciada “Snowing Still” (como as melodias lapidadas deram um toque de melancolia ótimo à canção), a pancadaria mais encorpada de “One With the Forest” (onde os teclados dão aquela ambientação opressiva dos tempos de “Non Serviam” claramente), e o jeitão à lá IRON MAIDEN Melodic Black Metal de “The First Field of the Battle”. Mas como essa versão tem suas singularidades, temos duas faixas bônus que, antes, estavam presentes apenas na versão digipak original do CD, que são “Tormentor” e o medley de “Flag of Hate/Pleasure to Kill”, ambas versões deles para velhos hinos do KREATOR.

Finalizando: “Triarchy of the Lost Lovers”, enfim, chega em seu potencial total para os fãs brasileiros em uma tiragem limitada. Corram logo atrás, senão, vão ficar chupando o dedo.


Unpaking video para o disco: