Ano: 2018
Tipo: Disco-Tributo Duplo
Selo: Secret Service Records
Importado
Tracklist:
CD 1:
1. STEEL WARRIOR - Back in Black
2. MX - Rock and Roll Ain’t Noise Pollution
3. GENOCÍDIO - Let There Be Rock
4. MEGAIRA - Hard as a Rock
5. WOSLOM - High Voltage
6. THUNDERSPELL - Heatseeker
7. ARMUN - Fire Your Guns
8. PASTORE BAND - Black Ice
9. SEU JUVENAL - Giving the Dog a Bone
10. UGANGA - Whole Lotta Rosie
11. CHAOS SYNOPSIS - Highway to Hell
12. TORTURE SQUAD - Flick of the Switch
13. S.O.H. - Nervous Shakedown
14. FRADE NEGRO - Rising Power
15. MOTOROCKER - Hells Bells
CD 2:
1. TAILGUNNERS - You Shock Me All Night Long
2. ATTRACTHA - Thunderstruck
3. JACKDEVIL - Big Gun
4. MADGATOR - Landslide
5. ANEUROSE - Shoot to Thrill
6. PANIC - If You Want Blood (You’ve Got It)
7. DARK SIDE - Dirty Deed Done Dirt Cheap
8. SILVER MAMMOTH - Jailbreak
9. CHEMICAL DISASTER - Have a Drink on Me
10. THREESOME - Badlands
11. POSTHUMOUS - Riff Raff
12. ANCESTTRAL - Are You Ready?
13. OBSKURE - T.N.T.
14. KING BIRD - Moneytalks
15. LEVIAETHAN - For Those About to Rock
Ficha Técnica:
Alcides Burns - Artwork
Contatos:
Site Oficial:
Assessoria:
E-mail:
Texto: “Metal Mark” Garcia
Fazer discos onde uma banda é homenageada por
outras que tenham sido influenciadas é uma estratégia interessante, mas que
teve seu ápice nos anos 90. De uns anos para cá, inclusive por conta da crise
da indústria fonográfica por conta dos downloads ilegais, são raros os
tributos, e alguns deles nem merecem ser mencionados devido ao baixo nível das
bandas escolhidas. Mas a Secret Service
Records é bastante criteriosa, e dessa fusão da necessidade de homenagear
um nome conhecido com a escolha bem feita de quem tem talento para participar,
nasce “For Those About to Brazil... – A
Brazilian Tribute to AC/DC”, tributo ao AC/DC, um dos pais do “Rock
Sujo”.
Antes de tudo, é preciso dizer que o AC/DC é um dos grupos mais difíceis de
homenagear, pois emular suas características é um trabalho árduo. Não tem com a
técnica instrumental da banda ou com os timbres de voz, mas com sua energia
crua, a força de suas composições, algo que nascia do grupo, que parece estar
dando sinais de que vai parar, já que Malcolm
se uniu a Bon para uma jam do outro
lado, e Brian anda tendo problemas
com os ouvidos. No caso, as bandas desse tributo mostram um trabalho que honra o
homenageado, pois todos preferiram fazer suas próprias versões dos velhos
clássicos.
Em termos de sonoridade, cada uma das 30 bandas entrou com sua
música produzida conforme bem entendeu, adaptando a sonoridade à abordagem que
faria. Mas no geral, quase todos buscaram (mesmo com boa definição em termos de
timbres e sonoridades claras) ser o mais simples possível, para rebuscar a aura
suja e direta que permeia os trabalhos do grupo australiano, embora alguns
tenham tentado soar mais limpos, o que não chega a ser um pecado ou tira o
valor de suas versões. Basicamente, todos se saíram muito bem nessa empreitada.
Dissecando o disco.
CD 1:
STEEL WARRIOR - “Back in Black”: o quarteto de Itajaí (SC) vem com força, mostrando
que conseguem dar uma roupagem à lá Metal tradicional nessa canção icônica
(talvez uma das mais conhecidas do AC/DC) que vem do disco de mesmo
nome. E mostram um trabalho de primeira das guitarras.
MX - “Rock and Roll Ain’t Noise Pollution”: os headthrashers de Santo André (SP) já gostam de
fazer algo mais sujo em termos sonoridade, e eles encheram a canção que também
vem de “Back in Black” de agressividade, mostrando seu valor, inclusive
com ótimas conduções de bumbos e vocais. Existe até certo tom de ironia na
canção.
GENOCÍDIO - “Let There Be Rock”: outro hino icônico dos australianos, e é a
faixa-título de um de seus discos mais famigerados. E nas mãos desse veterano
do Thrash/Death Metal de SP ganhou uma aura bem agressiva, com uma sonoridade
que busca balancear a crueza e a limpeza nas mesmas proporções. Baixo e bateria
fazem bonito, mas impossível não falar de como os vocais rasgados e as
guitarras estão de primeira.
MEGAIRA - “Hard as a Rock”: como o quinteto de SP transita faz algo que
combina influências de Power Metal e Thrash Metal, eles pegaram uma das canções
mais fortes de “Ballbreaker” e empurraram seu próprio jeito de fazer as
coisas nela. E digamos de passagem: ficou ótimo, especialmente porque os
teclados encaixaram na fúria inerente à versão original, e sem falar nas
variações de timbres vocais.
WOSLOM - “High Voltage”: para quem já viu o quarteto de SP fazendo versões,
sabe que eles sempre se saem bem. E com esse rockão vindo direto do primeiro
disco dos australianos (que leva o nome da canção) não seria diferente, pois
combinam a essência Thrasher clássica que carregam com o jeitão espontâneo
rocker da canção. Reparem como a base rítmica está excelente, dando vida nova
ao que é bem simples no original.
THUNDERSPELL - “Heatseeker”: e de “Blow Up Your Video” vem essa, onde o
quinteto de Belém (PA) releu de uma forma em que as melodias da NWOBHM entrem
no que fizeram. E ficou bem legal, inclusive porque os vocais buscaram se
afastar dos timbres originais, se diferenciando e agregando valor.
ARMUN - “Fire Your Guns”: o trio de Goiânia (GO) foram buscar no clássico “The
Razor’s Edge” outro hino. Agora, imaginem um AC/DC Death Metal que
mantém suas características originais? Pois é, é isso, com guitarras abrasivas
de doerem os ouvidos menos acostumados. Ótima!
PASTORE BAND - “Black Ice”: seria possível associar a classe e noção melódica
do Power Metal ao trabalho dos australianos? Sim, é sim, e o PASTORE
mostra isso na faixa-título do penúltimo disco do AC/DC. Classe e rudeza
se fundiram, e esses vocais mais técnicos casaram muito bem na pancadaria
original.
SEU JUVENAL - “Giving the Dog a Bone”: mais uma de “Back in Black”, que tem um
jeitão evidentemente Blues/Rock dos anos 50, mas que nas mãos do SEU JUVENAL
(de Uberaba, MG) ficou mais sujo e visceral, quase que um MOTORHEAD
homenageando o AC/DC. Sujo, abrasivo e hipnótico, onde se destacam
bastante a força das guitarras “plug ‘n’ play” da banda.
UGANGA - “Whole Lotta Rosie”: e pondo fogo no Triângulo Mineiro (óbvio que em
MG) em mais um de “Let There be Rock”, o UGANGA mostra a força de
seu Thrashcore/Crossover em uma versão causticante, com guitarras sujas, vocais
em timbres rasgados, e muito peso e técnica na base rítmica. Muita
personalidade em uma canção explosiva!
CHAOS SYNOPSIS - “Highway to Hell”: São José dos Campos (SP) deve estar com o solo
chacoalhando até agora, já que o quarteto de Death/Thrash Metal da cidade
resolveu mandar tudo às favas e reescreveu a icônica “Highway to Hell” à
maneira deles. Ficou ótimo, com uma ferocidade absurda (em especial nas
guitarras), honrando a memória de Bon e Malcolm.
TORTURE SQUAD - “Flick of the Switch”: o quarteto de SP faz bonito em uma das melhores
faixas do álbum que leva o mesmo nome. Baixo e bateria perfeitos (algo comum da
banda), guitarras ótimas e vocais muito bons nos timbres mais rasgados (os
graves estão extremos demais, e não ficaram 100% compatíveis).
S.O.H. - “Nervous Shakedown”: um murro nos ouvidos vindo direto de “Flick of
the Switch”, que os cearenses de Fortaleza encheram a canção de uma energia
suja de seu Grindcore/Death Metal. Interessante ver como adequaram os
andamentos ao estilo deles, ficou muito bom, com um trabalho excelente das
guitarras.
FRADE NEGRO - “Rising Power”: o quarteto de Metal tradicional de Jaraguá do Sul
(SC) também pegou uma canção de “Flick of the Switch”, mas deu um jeitão
mais Heavy Metal “Made in Germany” a ela, que ficou diferente e excelente. E os
vocais e backing vocals estão muito bons.
MOTOROCKER - “Hells Bells”: se tem uma música do AC/DC que marcou
muitos é, sem sombra de dúvidas, essa. E o quinteto curitibano (PR), que já faz
algo nessa linha, caprichou e honrou a versão original, embora usando de
timbres mais claros e uma qualidade de gravação muito boa. E que vocais!
E aqui fechou o CD 1.
CD 2:
TAILGUNNERS - “You Shock Me All Night Long”: o quinteto de São Paulo resolveu escancarar no
Heavy Metal à lá NWOBHM e deram uma roupagem ao jeito deles nesse clássico que
veio de “Let There Be Rock”, embora sem descaracterizar a original. Ficou
muito bom, inclusive pelos toques mais técnicos de baixo e bateria.
ATTRACTHA - “Thunderstruck”: essa é a canção que revitalizou o AC/DC,
que andava em baixa na época (ela é de “The Razor’s Edge”). E quem a
conhece, sabe que não é simples de fazer versão dela, mas o quarteto paulista
bancou o desafio, fez uma releitura extremamente pesada, com jeitão de Heavy
Metal moderno. E que trabalho ótimo na bateria (pesado e técnico)
JACKDEVIL - “Big Gun”: São Luís (MA) nos deu os Thrashdemons, que aqui
resolveram fazer algo que mixasse seu jeito Classic Thrash Metal com a essência
Rock ‘n’ Roll dessa faixa (que é exclusiva da trilha sonora do filme “Last
Action Hero”), e colocam a casa abaixo com guitarras esbanjando peso nos riffs
e melodias bem sacadas nos solos.
MADGATOR - “Landslide”: o quarteto de Hard/Prog/tradicional com jeitão
moderno trouxe seu estilo para esta faixa de “Flick of the Switch”, que
se não chega a ser clássica, nas mãos dele parece uma pérola, pois ganhou uma
energia intensa e encorpada, sem deixar o jeito espontâneo de lado. E que
vocais!
ANEUROSE - “Shoot to Thrill”: o jeito Thrash/Death intenso e bruto dos mineiros
de Lavras ficou empolgante de uma forma que dá vontade de sair pulando e
batendo cabeça. A energia é absurda, especialmente porque as guitarras e o
baixo estão de primeira nessa que veio de “Back in Black” (e reparem nas
passagens 1X1 em certos momentos).
PANIC - “If You
Want Blood (You’ve Got It)”: direto de “Highway to Hell” vem essa
aqui, que mostra o quanto os Thrashers de Porto Alegre (RS), especialmente por
estes timbres vocais bem pessoais da banda. O jeito Thrash Metal da banda não
estragou em nada as melodias originais, longe disso.
DARK SIDE - “Dirty Deed Done Dirt Cheap”: outro de Fortaleza (CE) que chegam para preservar
a energia original dessa que vem do disco de mesmo nome, mas adaptando muitos
elementos ao seu jeito Heavy Metal tradicional de ser. E como o baixo está
muito bem em todos os momentos.
SILVER MAMMOTH - “Jailbreak”: esta é outra canção do AC/DC difícil de
lidar, vinda do EP póstumo “‘74 Jailbreak”. Imaginem isso aliado ao
estilo psicodélico do quinteto de SP. Só que ficou muito bom, inclusive pela
adição de teclados, e os vocais encaixaram muito bem, sem tentar emularem os
tons originais.
CHEMICAL DISASTER - “Have a Drink on Me”: outra de “Back in Black”, também não muito
citada por aí, e nas mãos desses veteranos do cenário Death Metal de Santos
(SP), só podia vir coisa boa. Interessante é que a agressividade natural do
grupo diminuiu um pouco para as melodias ficarem intactas, mas o jeito cru e
duro de ser deles não se alterou, e a versão ficou de primeira, especialmente
porque os vocais guturais e as guitarras ficaram no jeito.
THREESOME - “Badlands”: o quinteto de Campinas (SP) que se destaca no
cenário por um Rock ‘n’ Roll/Hard Rock visceral pegou uma desconhecida de “Flick
of the Switch” e deu um brilho todo próprio a ela. Passagens de gaita,
outras mais intimistas e o vocal feminino se destacam bastante.
POSTHUMOUS - “Riff Raff”: interessante ver o quinteto de Black Metal de
Criciúma (SC) pegando um dos hinos antigos do AC/DC, que vem de “Powerage”.
Mas eles buscaram respeitar muitos aspectos da original, mas colocando muitos
elementos de seu jeito de ser nela, em especial nas conduções rítmicas (baixo e
bateria estão muito bem) para criar algo diferente. Muito, muito bom mesmo.
ANCESTTRAL - “Are You Ready?”: imaginem uma versão Thrash/Heavy Metal moderna e
densa para essa canção de “The Razor’s Edge” (que não chega a ser
extremamente conhecida)? Só que quem conhece o quarteto de SP, sabe que eles
nunca foram de fazer as coisas como mandam regras, e mostraram um trabalho
incrível, transformando um Rock ‘n’ Roll nervoso em algo pesado e bem feito,
com um trabalho ótimo em todos os instrumentos e nos vocais. Amem ou odeiem,
mas não se pode negar: eles são um dos melhores nomes do Metal nacional.
OBSKURE - “T.N.T.”: que esta canção de “High Voltage” já possui
uma versão Death Metal, todos já sabem. Mas nas mãos do quinteto de Fortaleza
(CE), ela ganha partes de teclados que encaixaram muito bem, fora uma aura
gordurosa e moderna de primeira, sem perder seu “swing” original.
KING BIRD - “Moneytalks”: para quem sabe fazer um bom Hard Rock, tocar algo
do AC/DC se torna uma questão de honra, especialmente de vem de “The
Razor’s Edge”. E ouvir o quarteto de SP detonando nessa versão bem feita e
que respeita os aspectos originais (imputando a ela a classe do que eles fazem)
é algo prazeroso. Vocais, guitarras, baixo e bateria arrasando.
LEVIAETHAN - “For Those About to Rock”: fechar um tributo é sempre um trabalho ingrato,
mas o quarteto Thrasher de Porto Alegre faz bonito, enchendo essa canção
icônica com sua própria personalidade. Vinda do disco homônimo, ela está cheia
de guitarras de primeira, baixo e bateria melhorando a técnica original, e os
vocais rasgados da banda estão muito bem.
Um disco de primeira, e
podemos dizer que a memória do AC/DC é preservada por cada banda. Bon
e Malcolm devem estar sorrindo de onde estão, bem como a banda se
sentiria honrada com esse tributo.
Ah, sim: “For
Those About to Brazil... – A Brazilian Tribute to AC/DC” vai agradar a
todos os fãs da banda, inclusive os que ficam de “#simaxl” e “nãoaxl” nas redes
sociais.
Nota: 100%
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