segunda-feira, 10 de setembro de 2018

DRAGONFORCE - Re-Powered Within


Ano: 2018
Tipo: Full Length (remixado, remasterizado)
Nacional


Tracklist:

1. Holding On
2. Fallen World
3. Cry Thunder
4. Give Me the Night
5. Wings of Liberty
6. Seasons
7. Heart of the Storm
8. Die by the Sword
9. Last Man Stands
10. Seasons (acoustic version)
11. Power of the Ninja Sword
12. Heart of the Storm (alternate chorus version)
13. Avant Le Tempête (instrumental)


Banda:


Marc Hudson - Vocais, backing vocals
Herman Li - Guitarras, backing vocals
Sam Totman - Guitarras, backing vocals
Frédéric Leclercq - Baixo, guitarras, vocais agressivos
Vadim Pruzhanov - Teclados, piano, backing vocals
Dave Mackintosh - Bateria, backing vocals


Ficha Técnica:

Damien Rainaud - Remixagem, remasterização
Herman Li - Produção, engenharia
Frédéric Leclercq - Produção
Sam Totman - Produção
Karl Groom - Mixagem, masterização, produção
Peter van't Riet - Masterização
Clive Nolan - Backing vocals
Emily Alice Ovenden - Backing vocals


Contatos:

Assessoria:
E-mail:

Texto: “Metal Mark” Garcia


Quanto mais as bandas crescem, mais elas se apegam aos próprios erros, e buscam compensá-los. E nos últimos 15-20 anos, o processo de regravar discos lançados há décadas se tornou um recurso quando os músicos não se sentem à vontade com o que fizeram. As questões internas que levam ao lançamento de um disco podem ser comprometidas por fatores inusitados, como mudanças de formação. E é essa a motivação para o relançamento de “The Power Within” do sexteto DRAGONFORCE, renomeado “Re-Powered Within”, que ganha sua versão nacional via Shinigami Records.

Para quem não se lembra mais, um refresco: “The Power Within” foi lançado em 15/04/2012, sendo que Marc Hudson foi anunciado como novo vocalista em 02/03/2011, ou seja, pouco mais de um ano e 2 meses antes, e sendo que o grupo já se encontrava trabalhando nas canções desde o início de 2010, ainda sem vocalista (ZP Theart saiu em Março de 2009), e ainda lançou o ao vivo “Twilight Dementia” em Setembro de 2010. Quando a banda atinge essas dimensões, todos os trabalhos de bastidores tomam um intervalo de tempo considerável, e imaginem ainda o número de audições até chegarem a Marc...

Deve ter sido estafante conseguir fazer o disco nessas condições, sendo que Marc não tinha experiência alguma como músico profissional, e se deve pensar nas pressões contratuais para lançar álbum novo, o desejo dos fãs e outras inúmeras complicações. Mas o que se ouvia na época era o estilo clássico do grupo, apenas com Marc ocupando o posto de cantor principal. Sim, é o mesmo Power Metal melodioso e com “inserts” extremos, com os mesmos “shreds” extremos nos solos de guitarra, mas a estruturação estilística é basicamente igual à de sempre, a mesma solidez musical de antes, com ótimas melodias, cada refrão tratado com cuidado para ser assimilado com a maior facilidade possível. Mas em “Re-Powered Within”, tudo foi remixado e remasterizado (e conforme declarações do baixista Frédéric, o disco ficou só nisso, sem partes refeitas), ganhando uma arte nova, bem como algumas canções extras.

Ou seja, esse é um dos discos que fazem remixagem e remasterização, mas mantêm seus valores originais, e assim “Re-Powered Within” ganha alguns valores novos. E verdade seja dita: a versão original já era ótima, e a nova está fantástica, com uma qualidade de áudio fenomenal. O trabalho de Damien Rainaud (baixista do ONCE HUMAN), que deu uma sonoridade mais moderna e bem “na cara”, com peso e clareza absurdos. Ganhou peso e clareza, sem sombra de dúvidas. Além disso, com a arte nova ficou bela, com tudo bem melhorado em termos de diagramação, uma capa que mantém as características originais, levando-as a um novo patamar.

Se “The Power Within” chegou tendo que vencer uma resistência inicial pela saída de ZP Theart após 9 anos na banda, “Re-Powered Within” chega em um excelente momento, levando a versão original ao que ela poderia ter sido. Digamos que o enfoque mais moderno dado pelos novos processos de gravação e mixagem casou bem, criando o “link” entre o sexteto de antes com o de hoje.

No mais, canções como a empolgante e veloz “Holding On” (os vocais mostram um trabalho de primeira com suas mudanças de timbres, além dos backing vocals excelentes e que refrão), seguida da também rápida “Fallen World” (que segue a mesma linha da anterior, novamente com os vocais fazendo um trabalho excelente, fora os momentos em que o baixo se faz mais audível), a marcante “Cry Thunder” (uma das músicas mais marcantes do grupo, sem velocidade extrema no ritmo, e onde se percebe a força do trabalho da sessão rítmica do grupo, com baixo e bateria fazendo bonito, e Dave mostrando sua precisão nas baquetas), o climão acessível e quase Hard Rock que preenche “Seasons” (boa participação dos teclados de Vadin, do baixo e dos backing vocals), as linhas melódicas caprichadas de “Heart of the Storm” e de “Last Man Stands” (ambas com as guitarras de Herman e Sam cuspindo fogo), além da versão acústica para “Seasons” já mostravam o que o DRAGONFORCE pode render, mas que aqui se mostram em um patamar mais elevado de qualidade.

Mas existem extras: a excelente “Power of the Ninja Sword” (um “cover” para uma canção do SHADOW WARRIORS, um antigo projeto paralelo de Sam e ZP, e o estilo mais clássico do sexteto deu uma amaciada em termos técnicos que ficou excelente), a versão com refrão alternativo de “Heart of the Storm”, além da instrumental amena “Avant Le Tempête”.

Não tem jeito: amem ou odeiem, mas o DRAGONFORCE realmente está em outro nível. E “Re-Powered Within” mostra isso com clareza.

Nota: 97%




NATURAL HATE - Welcome to Underground


Ano: 2017
Tipo: Full Length
Selo: Eternal Hatred Records
Nacional


Tracklist:

1. Ready or Not, Here I Come
2. Welcome to Underground
3. Terrible Wonder of the World
4. Suffocated in Shit
5. Resilience
6. My Origin
7. Respect My Origin
8. Badocada
9. I See
10. Sacrifício Humano
11. Sangue, Suor e Poeira


Banda:


Vinícius Toledo - Vocais, guitarras
Nawdson Leite - Baixo
Helber Carvalho - Bateria


Ficha Técnica:

Natural Hate - Produção
Felipe Neto - Mixagem, masterização
Marcelo Vasco - Arte da capa
Nestor Carrera - Layout, diagramação


Contatos:

Site Oficial:
Assessoria:

Texto: “Metal Mark” Garcia


A evolução dos gêneros de Metal quase sempre ocorre com a mistura entre elementos de suas muitas vertentes. Isso é fato já conhecido, para desespero dos mais puristas em termos musicais. E vez por outra, essas misturas (que acabam sendo bem pessoais de banda para banda) nos concedem discos surpreendentes, o que é o caso de “Welcome to Underground”, segundo disco do trio NATURAL HATE, da cidade de Caetité, sertão da BA.

A primeira coisa que salta aos olhos é a personalidade musical do grupo. Aglutinando elementos de Death Metal e mesmo Grindcore ao sua forma agressiva de tocar Thrash Metal, temos um híbrido extremamente brutal, mas delineado com elementos que agarram em nossos tímpanos e não saem mais. Sim, mesmo cada refrão do grupo acaba sendo assimilado com facilidade por nossos sentidos, e a diversidade em termos técnicos nos mostra um trabalho longe do trivial para aqueles que prestam atenção à música.

E sim, o NATURAL HATE é uma banda de alto nível, fazendo da audição de “Welcome to Underground” uma experiência prazerosa.

O próprio trio resolveu assumir a produção, tendo as mãos de Felipe Neto na mixagem e masterização. Tudo para garantir uma boa qualidade sonora, com bons timbres, muito peso e agressividade vazando aos borbotões. O disco sangra em energia e vitalidade, mas sempre com uma clareza que nos permite compreender o que está sendo tocado. Além disso, o aspecto visual é chamativo, enigmático e paralelo ao que o grupo expressa em termos de letras e música.

Com o NATURAL HATE, a parte de arranjos é muito bem feita (reparem nas incursões de baixo em “Ready or Not, Here I Come” para entenderem o que eu digo), e fogem ao trivial. Aliás, os cinco anos de diferença entre “Delivery Service of Chaos” (de 2012) e “Welcome to Underground” (de 2017) mostram que eles souberam evoluir, mas mantendo a consensualidade.

Aqui, o massacre sonoro impera do início ao fim, mas o requinte que permeia as 11 canções do álbum é evidente. E destacam-se a brutal e ganchuda “Ready or Not, Here I Come” (ótimo trabalho em termos de riffs de guitarra, além de partes bem legais onde o baixo fica evidente, e que refrão), as belas linhas melódicas de “Welcome to Underground” (baixo e bateria mostrando vocação para algo pesado e técnico, e mais uma vez, um refrão que entra nos ouvidos e não sai mais), as mudanças de tempo bem feitas de “Terrible Wonder of the World”, o ritmo mais abrasivo e lento de “Suffocated in Shit” (recheada de boas mudanças de ritmo), a brutalidade extrema e cadenciada de “Resilience” (as variações de timbres agressivos dos vocais ficaram ótimas), os toques regionais de “My Origin”, a fúria escancarada de “Respect My Origin” (a letra é um manifesto, ilustrando a indignação de todos no Nordeste contra pensamentos racistas, e isso ilustrado por ótimos riffs e arranjos de guitarras), a massacrante “Sacrifício Humano” (cantada em português, e mais um refrão de primeira) são mencionadas como mera formalidade, já que o CD é bom de ponta a ponta. Ótimo para deixar os ouvidos dando sinal de ocupado por horas. Mas e “Sangue, Suor e Poeira” merece uma menção honrosa pela ousadia no uso de toques quase acústicos e regionais com o uso de guturais, em uma letra cantada em português que merece aplausos.

Acertando ainda mais a mão na produção (que poderia ser melhor, embora seja boa), e teremos que o NATURAL HATE será um nome forte no nível de bandas como WOSLOM, ANDRALLS e BLACKNING. Música para isso (e mesmo para conquistar o público de fora) “Welcome to Underground” mostra claramente.

Nota: 89%