terça-feira, 8 de janeiro de 2019

HAIDUK - Exomancer

Ano: 2018 
Tipo: Full Length
Selo: Independente
Importado

  
Texto: “Metal Mark” Garcia


Introdução: Entre o final dos anos 70 e meados dos anos 80, o Canadá era um forte exportador de bandas de Metal de alta qualidade. Mas os anos foram passando, e conforme outros países foram mostrando mais e mais bandas novas e maior diversidade musica, o cenário Metal do Canadá foi ficando cada vez mais “doméstico”, ou seja, mais voltado para o consumo interno. Mas vez por outra, ótimos nomes surgem de lá, como o do HAIDUK, uma “one man band” que nos chega com seu terceiro álbum, “Exomancer”.

Análise geral: Sendo direto ao ponto, o trabalho musical do HAIDUK é o mais puro e bruto Death/Black Metal que se possa imaginar, como as primeiras bandas que ousaram fazer tal mistura nos anos 90, sendo apenas muito bem tocado em termos técnicos, com muitos momentos bem minimalistas. Mas isso não deixa que a música soar pedante ou mesmo tediosa. Nada disso: tudo soa com enorme energia e é altamente empolgante aos fãs de Metal extremo.

Arranjos/composições: Tendo apenas um integrante, fica óbvio que “Exomancer” mostra um trabalho musical bem pessoal. E é óbvio que a expressão musical do disco é acessível aos fãs, com linhas melódicas muitas vezes simples (que lembram as bandas da SWOBM dos anos 90). Se as músicas soam minimalistas e caóticas em vários momentos, foram um conjunto extremamente envolvente, com arranjos musicais que grudam em nossos ouvidos.

Luka Milojica (HAIDUK) 
Qualidade sonora: Com sua aura Death/Black Metal dos anos 90, fica óbvio que a sonoridade de “Exomancer” tem uma orientação mais para a crueza. Mas isso não significa que soe sujo demais ou mesmo sem que seja possível compreender o que é tocado. Longe disso: a crueza faz parte do trabalho, logo, é uma sonoridade emparelhada ao que as músicas pedem (embora um pouco mais de clareza fosse deixar tudo no ponto ideal).

Arte gráfica/capa: Para a concepção sombria do álbum, a capa não poderia ficar de outra forma: trabalhada em tons de preto, verde e branco, é algo sinistro, que encaixa no contexto musical/lírico ouvido em suas canções..

Destaques musicais: Se “Exomancer” possui elementos musicais que já são conhecidos, existe a personalidade de Luka Milojica (mentor e único músico do HAIDUK) pulsando em cada uma delas, que leva o grupo a nos dar algo bem pessoal. E se destacam entre as canções.

“Death Portent”: Muitas partes dissonantes, com técnica apurada e boas mudanças de ritmo. Se a técnica musical soa detalhista, a música sangra em vitalidade, sempre com ótimas guitarras.

“Unsummon”: Cheia de melodias e partes técnicas não convencionais, o ritmo é mais cadenciado, priorizando uma ambientação fúnebre e melancólica. As partes rítmicas estão ótimas.

“Evil Art”: Mais e mais as partes técnicas surgem de forma espontânea, mantendo a força da canção em seu jeito denso e mórbido de ser. Isso graças aos riffs de guitarra que remetem justamente aos primórdios da SWOBM.

“Icevoid Nemesis”: o Minimalismo técnico do grupo se mescla perfeitamente a uma ambientação soturna fúnebre semelhante a de clássicos como “De Mysteriis Dom Sathanas” e “The Shadowthrone”. Os vocais guturais aparecem menos, mas são bem marcantes.
“Crypternity”: Mais uma que se destaca devido aos arranjos bem encaixados de guitarras.

Ainda existem as instrumentais “Subverse”, “Doom Seer” e “Pulsar”, cada uma com sua própria estória a contar ao ouvinte.

Conclusão: A bem da verdade, o HAIDUK mostra em “Exomancer” que ainda tem muito potencial para transformar em música, e digamos de passagem: que a banda dure muitos anos, pois nos brindou com algo incomum e ótimo nos tempos atuais.

Nota: 88%


Tracklist:

1. Death Portent
2. Unsummon
3. Evil Art
4. Subverse (instrumental)
5. Icevoid Nemesis
6. Doom Seer (instrumental)
7. Pulsar (instrumental)
8. Blood Ripple
9. Once Flesh
10. Crypternity


Banda:


Luka Milojica - Vocais, todos os instrumentos


Ficha Técnica:

Luka Milojica - Gravação, mixagem, masterização
Caelan Stokkermans - Artwork


Contatos:

Site Oficial: www.haiduk.ca
Instagram:
Assessoria:





Bandcamp:

SOLFERNUS - Neoantichrist

Ano: 2017
Tipo: Full Length
Selo: Satanath Records
Nacional


Texto: “Metal Mark” Garcia



Introdução: A ruptura dos países ligados ao antigo regime comunista da finada URSS trouxe ao mundo uma nova leva de bandas vindas de locais onde antes o Rock era visto como “subverso” e “causa do desvio” para a juventude. Hoje, onde outrora existiu a opressão, o Metal cresce e se desenvolve. E a República Tcheca há anos revela nomes muito bons. E não é à toa que bandas como o SOLFERNUS, de Brno, vem destroçando os ouvidos com “Neoantichrist”, seu segundo disco, lançado em 2017.

Análise geral: É um traço de bandas de países que antes estiveram atrás da finada Cortina de Ferro terem pessoalidades diferentes. E no caso do quarteto, não é diferente. O Black Metal do grupo é permeado de influências de Death Metal, Thrash Metal e mesmo vários elementos melodiosos, sem deixar de ser brutal e agressivo. Basicamente, a música é bem pessoal, diferente, e que tende a surpreender os fãs do gênero. E sim, é excelente!

Arranjos/composições: É fato que o SOLFERNUS evita se enquadrar dentro de um ou outro modelo musical, se nega a seguir regras. Por isso, a música do grupo sangra em energia, mas é feita sobre arranjos musicais ótimos. Tudo é bem feito, e ao mesmo tempo, as mudanças de ritmo evitam que os ouvintes fiquem se sentindo entediados. Longe disso, tudo em “Neoantichrist” é precioso e desce bem. Basicamente, é algo feito baseado em contrastes entre a brutalidade e o requinte. 

Qualidade sonora: O trabalho de Paul Dread e Pavel Kolařík na produção (com o último tomando conta da mixagem e masterização) garantiram uma sonoridade muito bem feita. Tudo é audível, sem que se perca a agressividade, e mantendo a energia nas alturas. Ao mesmo tempo, a escolha dos timbres dos instrumentos é de primeira. Pode-se dizer que a banda fez um esforço enorme para criar a excelente sonoridade de “Neoantichrist”, mas valeu a pena: tudo funciona bem balanceado.


SOLFERNUS

Arte gráfica/capa: Para uma banda de Black Metal, a arte da capa tem que ser algo chamativo, e mesmo polêmico. E Thomas Bruno criou algo do tipo, que é simples em termos de traços e cores. E além de despertar a atenção, é bem feito e que se encaixa com a proposta sonora do grupo.

Destaques musicais: No fundo, “Neoantichrist” é o tipo de disco que todo fã gostaria de encontrar mais vezes, pois é muito bem feito e a qualidade musical se distribui homogeneamente por todas as canções do disco. Mas destacam-se as seguintes.

“Ignis ~ Dominion”: Uma introdução com guitarras prepara o ouvinte para uma canção brutal, veloz e agressiva, que apresenta a banda e o disco aos ouvintes. Mas mesmo assim, mostra excelente nível técnico e belas melodias, além de toques de Thrash Metal em vários riffs de guitarra (sem contar que ainda existem partes de violão com melodias orientais aqui e ali).

“Glorifired”: A velocidade diminui um pouco, mas não a agressividade e o peso. As partes mais cadenciadas realmente se agarram aos nossos ouvidos, levando a cabeça do ouvinte a balançar sozinha. E é que trabalho de primeira dos vocais.

“Mistresserpent”: Mais arrastada e cadenciada, é uma canção de ambientação soturna, com o uso de efeitos fazendo fundo. Mas como as guitarras estão fabulosas, seja nas melodias transcendentais, seja nos riffs introspectivos.

“Pray for Chaos!”: A velocidade tramita entre o veloz e algo mais climático, e influências de Crossover/Thrash Metal surgem nas linhas melódicas. É a típica canção que se ouve e não se consegue esquecer, e ótimo trabalho de contrastes nos vocais e nos solos de guitarras.

“That One Night”: E o quarteto não cansa de nos surpreender, usando linhas de efeitos que realmente encaixam no meio de tanta agressividade. E é incrível o trabalho de baixo e bateria em termos de peso e técnica.

“Once Upon a Time in the East”: A força das influências externas ao Metal surge nessa canção, cujo andamento é cadenciado e bruto (com alguns momentos mais velozes à lá Old School Black Metal). Mais uma vez belas melodias aparecem, com ótimo uso de contrastes de timbres dos vocais.

“Neoantichrist”: Andamento mais lento na linha das primeiras bandas da SWOBM, mas sempre com excelentes melodias rascantes. Mais uma vez, a técnica de baixo e bateria surgem no meio desse azedume enegrecido e de bom gosto.

Conclusão: “Neoantichrist” vem para mostrar o que a República Tcheca tem de melhor em termos de Metal extremo, e verdade seja dita: o SOLFERNUS tem tudo para se estabelecer como uma das pontas-de-lança do Metal de seu país, pois qualidade não lhes falta.


Nota: 96%


Tracklist:

1. Ignis ~ Dominion
2. Glorifired
3. Mistresserpent
4. Pray for Chaos!
5. That One Night
6. Between Two Deaths
7. Once Upon a Time in the East
8. My Aurorae
9. Neoantichrist
10. Stone in a River


Banda:


Khaablus - Vocais
Igor - Guitarras, backing vocals, teclados, effeitos
Mamba - Baixo
Paul Dread - Bateria


Ficha Técnica:

Paul Dread - Produção
Pavel Kolařík - Produção, mixagem, masterização
Thomas Bruno - Arte da capa
Khaablus - Layout
Big Boss - Vocais em “Pray for Chaos!”
Hanz - Violão em “Ignis ~ Dominion” e “My Aurorae”


Contatos:

Site Oficial:
Instagram:
Assessoria:




Bandcamp: