segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

AZUL LIMÃO - Imortal

Ano: 2018 

Tipo: Full Length 

Nacional

Texto: “Metal Mark” Garcia



Introdução: A cidade do Rio de Janeiro transpirava Metal nos anos 80. Nomes como METALMORPHOSE, DORSAL ATLÂNTICA, TAURUS e muitos outros tomavam as noites de fim de semana e tardes de domingo em points como Caverna II e Circo Voador (na época, uma casa de shows voltada aos eventos do underground). Óbvio que um dos nomes mais marcantes da época era o do quarteto AZUL LIMÃO, que se tornou uma lenda celebrada por sua música cheia de energia, e discos como “Vingança” e “Ordem e Progresso” fazem parte da discografia de muitos Headbangers daquela época em que o mais importante era a música. E é ótimo vê-los na ativa, lançando seu quarto álbum, “Imortal”.

Análise geral: O trabalho musical apresentado em “Imortal” mostra que o grupo continua naquele mesmo formato de sempre: Heavy Metal tradicional à lá anos 80 com clara influência do Hard Rock clássico dos anos 70. Melodias sólidas e bem feitas (mas simples de serem assimiladas), trabalho técnico sóbrio (e eficiente), refrães que não são esquecidos com facilidade pelo ouvinte, ou seja, tudo que se conhece de seus discos anteriores continua presente. A diferença vem justamente pelas mudanças de formação, pois os vocais de Renato “Trevas” (ex-METALMORPHOSE) deram outra dinâmica às canções, bem como a pegada mais técnica de André Delacroix (IMAGO MORTIS, ex-METALMORPHOSE); e isso aliado à técnica sóbria dos riffs e solos de Marcos Dantas (guitarras) e solidez das quatro cordas de Vinícius Mathias (baixo). Ou seja, é o bom e velho jeitão Hard’n’Heavy clássico do grupo, apenas renovado e vigoroso.

Da esquerda para a direita: Vinícius, Trevas, André, Marcos
Arranjos/composições: Uma banda com tantos anos de experiência não iria mudar seu enfoque. Desta forma, o que se afere é que a combinação de peso e melodia bem equilibrada que os caracteriza desde os tempos em que lançaram suas Demos continua presente. E se a experiência os ensinou algo é a compor com esmero, sabendo manter seus arranjos o mais simples possível, fazendo com que se encaixem uns nos outros como se fossem peças de Lego. E é justamente por isso em a energia flui desse disco de maneira selvagem, espontânea, mas sempre elegante e requintada.

Qualidade sonora: Outro ponto forte do disco. Mesmo sendo um grupo acostumado às agruras de um estúdio analógico, o AZUL LIMÃO soube usar das modernas tecnologias digitais para gravar, mas se perceberem, não existem exageros ou timbres modernos. Não, não é assim. Eles preferiram algo mais simples, orgânico e quase “plug ‘n’ play”, mas pesado e limpo. Além disso, a timbragem dos instrumentos é a mais singela possível, sem abuso de efeitos, apenas o “set” de efeitos que é ouvido em shows, nada além disso, e foi uma aposta certeira.

Arte gráfica/capa: A arte é assinada pela Sledgehammer Graphix, e é onde algo mais moderno é apresentado. Uma capa forte, bonita e que deixa claro que eles não são de se abater pelas dificuldades. Aliás, para quem conhece a banda há pelo menos 20 anos, sabe que foram as vicissitudes do Metal brasileiro que os tornaram fortes.

Destaques musicais: “Imortal” possui dez canções fortes, fazendo justiça ao passado do quarteto, e embora todas sejam ótimas, destacam-se:

“Guerreiros do Metal” - Com uma energia vibrante, esta é uma canção forte e com um jeito mezzo agressivo, mezzo melódico, um típico Heavy Metal dos anos 80, mostrando um trabalho de guitarras (tanto riffs como solos) de primeira, e ótimos vocais.

“Nada Pode Me Parar” - Esta tem uma pegada mais pesada e melodiosa, onde o andamento não é lá muito veloz. O trabalho de baixo e bateria é de primeira, e um refrão certeiro.

“Paranormal” - As ótimas mudanças de ritmo e linhas melódicas desta canção são sublimes, e justamente a diversidade de timbres vocais nos prende pelos ouvidos.

“Sexta-Feira à Noite” - Um típico Hard’n’Heavy à lá anos 80, com uma boa dose de acessibilidade nas melodias, algo mais voltado ao Rock clássico (vide o solo de guitarra). Nisso, a sobriedade técnica emite uma energia envolvente de primeira, sem falar em mais um ótimo refrão.

“Mentiras” - Há certo toque de Classic Rock nesta aqui, algo com aquele alinhavo Blues/Rock das antigas que nunca perde sua beleza. Mais uma vez, as linhas melódicas são caprichadas, e a simplicidade da base baixo-bateria mostra seu valor.

“No Ar Rarefeito” - Peso assentado sobre o andamento mais cadenciado, o que torna tudo mais pesado. Há momentos mais introspectivos muito bem pensados, onde as guitarras fazem bonito (e onde os vocais mostram sua versatilidade).

“Imortal” - Uma canção típica do AZUL LIMÃO, mas uma das características de bandas daqueles tempos: alto astral. Sim, as melodias da canção transpiram algo de positivo, de bom, que encerra o disco com chave de ouro, e nos leva a apertar a tecla “repeat” do CD player.

Conclusão: Não há como negar que o AZUL LIMÃO usou muito de sua fluência em termos de melodia e de sua experiência para criar algo tão bom e espontâneo como é “Imortal”. E talvez isso faça esse disco estar na lista de melhores de 2019 de muitos (uma vez que ele foi lançado 17/12/2018, quando muitas listas dos melhores de 2018 já haviam sido feitas).

Nota: 90%

Tracklist:

1. Guerreiros do Metal
2. Nada Pode Me Parar
3. Paranormal
4. O Último Trem
5. Sexta-Feira à Noite
6. Quem Vai Nos Salvar?
7. Mentiras
8. No Ar Rarefeito
9. Dois a Dois
10. Imortal


Banda:


Trevas - Vocais
Marcos Dantas - Guitarras
Vinícius Mathias - Baixo
André Delacroix - Bateria


Ficha Técnica


Sledgehammer Graphix - Artwork 


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“Guerreiros do Metal”: https://www.youtube.com/watch?v=aEBoa9VHxnY



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