segunda-feira, 17 de setembro de 2018

SUN DIAMOND - Sun Diamond


Ano: 2018
Tipo: Full Length
Selo: Independente
Nacional


Tracklist:

1. Frozen Bones
2. Detached
3. Let Me Drunk (and R.I.P.)
4. Go to the Yard
5. She Took the High Road
6. To Call Home
7. Money Wars
8. Blackstar
9. My Bunker


Banda:


Ailton Neto - Vocais
Eduardo Teixeira - Guitarras
Leo Campanha - Guitarras
Miguel Guerra - Baixo
Lucas Alves - Bateria


Ficha Técnica:

João Figueirôa - Mixagem
Paulo Germano - Masterização


Contatos:

Site Oficial:
Assessoria: http://www.metalmedia.com.br/sundiamond (Metal Media)

Texto: “Metal Mark” Garcia


Quando se fala em Nordeste para as pessoas fora do cenário Metal, muitos pensam em seca, miséria, coronéis e praias. Dentro do cenário, sabemos de muito tempo que a região sempre foi um celeiro para headbangers e bandas jovens de muito valor. E continuam brotando bandas e mais bandas por lá, sendo que um novato como o SUN DIAMOND, de Recife (PE), já chega metendo uma bicuda na porta com “Sun Diamond”, seu primeiro trabalho.

O quinteto é adepto do Heavy Metal tradicional, e nos fica óbvio que eles fazem um amálgama entre as vertentes europeias (em especial as da Inglaterra e da Alemanha) com algo que vem dos EUA. Basicamente, a música deles sangra em energia jovem, mas sempre encorpada com ótimas linhas melódicas e trabalho técnico muito bom. Apesar desse formato musical já estar bastante erodido pelo uso contínuo, os rapazes sabem como fazer as coisas a seu modo, logo, sente-se a energia deles embasada em uma personalidade musical sólida, e que mesmo sem ser novo, tem muito valor.

Em termos de produção sonora, “Sun Diamond” mostra algo cru e direto, sem muitas firulas e edições. A verdade é que a gravação no Estúdio Muzak, tendo a mixagem de João Figueirôa, e masterização de Paulo Germano, resultaram em algo mais simples e direto, buscando um clima bem “plug and play” que casou bem com a proposta do grupo. Sem enfeitar demais, fazendo tudo o mais próximo do que se pode fazer ao vivo, foi uma opção sábia.

Em termos de arte gráfica, o grupo optou por uma capa extremamente simples, mas essa forma sempre dá bons frutos, já que as atenções ficam todas na música, que é o mais importante.

Apesar da juventude e de algumas ressalvas a serem feitas (como os vocais, que podem melhorar em seus timbres no futuro, sendo que a voz em si é boa), o SUN DIAMOND é um grupo promissor, e uma grande revelação, e mostram sangue nos olhos suficiente para encararem grandes desafios. Em termos de arranjos e criatividade, não ficam devendo em nada a nomes já bem estabelecidos do cenário.

As 9 faixas de “Sun Diamond” mostram uma banda muito talentosa, onde se destacam a energia crua e envolvente de “Frozen Bones” (belas partes de baixo e bateria na condução do ritmo), o “feeling” Hard ‘n’ Roll de “Detached” (extremamente grudenta, com refrão de primeira, belos backing vocals, e os vocais estão bem), a diversidade musical de “Let Me Drunk (and R.I.P.)” (reparem os “inserts” de Jazz aqui e ali em uma faixa com uma descarga de energia absurda), o jeito meio “Sabbathíco” de “She Took the High Road”, a pegada mais melodiosa e introspectiva de “To Call Home” (reparem como nas partes mais lentas os vocais estão muito bem), e o jeitão agridoce de “My Bunker” (equilíbrio bem legal entre peso, melodia, agressividade e introspecção).

Desta forma, fica bem claro que o SUN DIAMOND realmente merece elogios pelo que ouvimos em “Sun Diamond”, mas eles têm potencial para irem ainda mais longe.

Nota: 82%


ANGUERE - Choque/Cadeia


Ano: 2018
Tipo: Full Length/Extended Play (EP)
Selo: Independente
Nacional

 “Choque”


Tracklist:

1. HCRC
2. Campo Minado
3. Corrupção FDP
4. Estado de Choque
5. Espelho Imoral
6. Domínio do Mal
7. Guerra Santa
8. Anguere
9. Liberdade
10. Mecanismo Corroído
11. Olho Cego
12. Repressão


Banda:

Thiago Soares - Vocais
Cléber Roccon - Guitarras
Luciano Cecagno - Baixo
Adriano R. Padro - Bateria


Ficha Técnica:

Anguere - Produção
JB Estúdio - Gravação, mixagem, masterização
Wildner Lima - Artwork


“Cadeia”


Tracklist:

1. Barricada
2. Cadeia
3. N.O.I.A. (Ninguém Olha para Indivíduos Atormentados)


Banda:

Thiago Soares - Vocais
Cleber Roccon - Guitarras
Adriano R. Prado - Bateria


Ficha Técnica:

Anguere - Produção
Thiago Zepon - Gravação, mixagem, masterização


Contatos:

Assessoria:

Texto: “Metal Mark” Garcia


Com o tempo, muitas vezes, a noção do que seria um estilo musical “de raiz” vai ficando mais e mais distante de nossas mentes, fato ocorrido devido à evolução constante que a música possui. Mas ainda bem que existem bandas que se prendem ao que há na Velha Escola, mantendo assim a chama acesa. No caso do Hardcore/Crossover, podemos aferir que o ANGUERE, de Rio Claro (SP), vem despejando uma violência extrema em “Choque” (de 2015) e no EP “Cadeia” (2017).

O grupo tem foco em um Hardcore/Thrashcore/Crossover com alguns “inserts” de ritmos regionais e mesmo os “blast beats” do Grindcore (que são perceptíveis em “Domínio do Mal”), mas sem ferir a aura impactante e suja do Hardcore. Nada disso, e nem de longe o grupo chega perto do Harcore moderno ou dos estilos mais melodiosos, aqui é cortunada na porta e dedada nos olhos, esbanjando energia e violência pelos falantes. E não adianta: eles não pegam leve de jeito nenhum, e isso é bom, já que sua música é um convite ao pogo sem dó, tamanha a energia que flui de suas canções. Em “Choque”, imperam a agressividade e o jeito mais voltado ao Crossover tradicional, enquanto em “Cadeia”, os inserts regionais e passagens com Groove são mais evidentes, fruto da evolução sonora do grupo, mas que de forma alguma descaracteriza sua música.

A produção tanto de “Choque” busca ser orgânica e abrasiva, fazendo com que a sonoridade seja mais suja e impactante, mas sempre com boa definição em termos de clareza. No caso de “Cadeia”, temos algo sonoramente mais burilado, profissional, mas mesmo assim, a brutalidade musical do grupo não ficou alterada (pelo contrário, parece ainda mais agressivo que antes). E a arte em ambos os lançamentos mostra algo simples, funcional, o espírito mais puro do HC feito em imagens, e casaram bem com os discos. A banda produziu ambos os discos, diferindo apenas em quem fez a mixagem e a masterização.

Se compararmos ambos os discos, veremos que “Choque” é um autêntico telefone nos tímpanos dado com tijolos, pois a musicalidade do grupo está mais direta e intensa, enquanto “Cadeia” nos mostra algo mais bem trabalhado, com uma musicalidade onde o Groove e passagens regionais ficaram mais evidentes (pois antes eram mais subjetivas devido à massa sonora que eles criavam). Mas a primeira ideia que se tem é que eles mantiveram sua identidade, pois impera a consensualidade, apesar dos anos que separam ambos os lançamentos.

“Choque” nos brinda com 12 tijoladas nos ouvidos, mostrando uma fúria HC como não se ouve há muitos anos. A curta e grossa “HCRC” (11 segundos de tiro e queda), o jeito Thrashcore moderno de “Campo Minado” (ritmo alternando entre a velocidade abusiva e as partes mais cadenciadas nos mostram como baixo e bateria são firmes e apresentam boa técnica), os toques regionais que surgem no meio do caos brutal de “Corrupção FDP” (andamento mais lento, vocais urrados no meio de riffs agressivos) e em “Estado de Choque” (esta com partes velozes empolgantes, além das partes mais grooveadas valorizadas por baixo e bateria), a pancadaria desmedida de “Domínio do Mal” (as partes com “blast beats” encaixam-se como uma luva à canção), o massacre grooveado de “Anguere” (onde elementos que se tornarão evidentes no futuro ficam bem claros aos nossos ouvidos), o Thrashcore trincado de “Mecanismo Corroído”, e a raiva gotejante de “Olho Cego” são os momentos mais marcantes do álbum, embora ele seja todo muito bom.

“Cadeia” tem apenas 3 canções, mas serve para mostrar como a música do grupo evoluiu. Há mais cuidados com o acabamento de cada uma das três, logo, se preparem. Em “Barricada” está presente um “blend” entre a agressividade de antes com maior presença de elementos regionais e mesmo passagens Rappeadas (e os vocais ficaram mais ricos em termos de timbres); em “Cadeia”, fora o groove intenso de antes, estão presentes partes com ritmos quebrados muito bons, que mostram a coesão de baixo e bateria; e fechando, temos “N.O.I.A. (Ninguém Olha para Indivíduos Atormentados)”, uma cuspida hardcorizada nos olhos, onde Groove e Thrashcore se fundem ao Hardcore para gerar algo bruto e empolgante,

Desta forma, percebe-se que “Choque” e “Cadeia” são discos que nos mostram uma banda com muita energia, disposta a ir longe. E digamos de passagem: o ANGUERE tem pegada e disposição para tanto!

Nota: 86% (cada disco)


WHITE DRAGON PROJECT - Prepare for the Changes


Ano: 2018
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1. Prepare for the Changes
2. The End of the World
3. Tears for Somebody
4. White Dragon
5. Light Warrior
6. Six Destinies
7. Evolution
8. I will Fly Free
9. Game of Life
10. Doomsday


Banda:


Leonardo Rodrigues - Vocais
Alex Cesar - Guitarras
Gabriel Fernandes - Guitarras
Jhony Mariano - Baixo
Rafael Fernandes - Teclados
Alisson Carvalho - Bateria

  
Contatos:

Site Oficial:
Assessoria: https://www.facebook.com/wargodspress (Wargods Press)

Texto: “Metal Mark” Garcia


Alguns discos nascem do esforço pessoal de um músico, do quanto ele põe de si em cada momento da criação da obra em si. E o projeto musical WHITE DRAGON PROJECT, nascido da vontade de ferro do vocalista Leonardo Rodrigues (que já passou por nomes como SOUL FIRE e HARMONYCA) em fazer com que o cenário da cidade de Cataguases (interior de MG) se fortaleça. E o que se ouve em “Prepare for the Changes”, primeiro disco do grupo, deixa evidente esse desejo não ficará no âmbito das ideias.

Ao ouvir o disco, se percebe um Heavy Metal tradicional vigoroso e cheio de energia, influenciado profundamente pelas bandas da NWOBHM (em especial, o IRON MAIDEN), embora com vários “inserts” do Hard Rock clássico (ou Classic Rock nas mais modernas rotulações do gênero) devido à presença de teclados, e de estruturas melódicas sólidas que são simples de serem assimiladas (do tipo que se ouve, se compreende e gosta). Uma fórmula musical já bem conhecida e usada muitas vezes, mas que sempre nos concede ótimos resultados quando há uma personalidade por trás do trabalho, e isso o WHITE DRAGON PROJECT tem, e muita.

Traduzindo: “Prepare for the Changes” é um disco muito bom.

Embora a qualidade sonora seja boa, nos concedendo um som visceral e próximo ao orgânico, ela poderia ser melhor. Fica óbvio que um pouco menos de crueza faria bem, pois nos momentos mais distorcidos e cheios de energia, a parte da limpeza e definição fica abaixo do que o trabalho do grupo precisa. Não está ruim, de forma alguma, mas poderia ser bem melhor.

No tocante à parte gráfica, vemos uma capa linda, que de forma bem subjetiva faz alusão ao nome do álbum. Em termos de diagramação, ficou ótimo, mas de um ponto de vista mais profissional, poderia ser melhor. Está ótimo, mas não excelente.

Agora, quando a música começa a rolar, qualquer ponto negativo vai sendo esmaecido diante de um trabalho tão sedutor. Há um equilíbrio entre a parte técnica (pois a execução das músicas é excelente, vide os toques mais Prog Metal de “Tears for Somebody”) e a criatividade melódica (como as linhas são inspiradas, grudentas, e bem definidas). Além disso, há uma aura positiva em “Prepare for the Changes”, algo que nos leva a enfrentar o dia a dia de peito aberto e sorriso no rosto. É o típico trabalho que faz bem ao espírito e ao coração, além dos ouvidos.

Destacar músicas nesse disco fica bem ao gosto do ouvinte, já que as 10 músicas de “Prepare for the Changes” são bem homogêneas. Mas a faixa-título (que se inicia com uma longa introdução climática cheia de teclados, precedendo uma canção com linhas melódicas ótimas e um trabalho lindo das guitarras, especialmente nos duetos), os contrastes de partes mais lentas e outras mais distorcidas de “The End of the World” (o que nos permite ver a fluência das harmonias, fora os vocais mostrarem variações de timbres muito boas), a pegada mais agressiva e empolgante de “Tears for Somebody” (as partes mais técnicas são ótimas, mostrando a força de baixo e bateria, mas que refrão grudento), a pegada cativante de “White Dragon” (outra com refrão marcante), a velocidade empolgante de “Light Warrior” (esta recheada por detalhes de guitarra que remetem um pouco ao HELLOWEEN clássico), as melodias mais introspectivas e belas de “I Will Fly Free” (que nos permite testemunhar a versatilidade criativa em termos de melodias da banda), e a pesada e grudenta “Doomsday” nos mostram que o grupo tende a crescer mais e mais no cenário nacional.

Não sei se “Prepare for the Changes” vai colocar o nome de Cataguases em evidência no cenário, mas que vai concretar o do WHITE DRAGON PROJECT como uma banda de primeira, ah, isso vai. Tenha certeza!
  
Nota: 81%