sexta-feira, 24 de agosto de 2018

MISCONDUCTERS - Reanimated



Ano: 2018
Tipo: Extended Play (EP)
Selo: Denfire Music
Nacional


Tracklist:

1. Unleash
2. Control Evasion
3. Stagnant
4. Deceived
5. No More


Banda:


Denfire - Guitarras, vocal
Mr Blue Note - Baixo
Tony King - Bateria


Ficha Técnica:

Denfire - Produção, artwork da capa


Contatos:

Assessoria:
E-mail:

Texto: M. Garcia


Bandas e mais bandas dão continuidade à suas carreiras musicais. Algumas vão se modificando conforme o tempo (graças à adição de novas influências musicais), outras preferem permanecer onde estão. Ambas as formas são extremamente válidas, e podemos aferir que o trio MISCONDUCTERS se encontra no segundo grupo, ainda mais com esse novo trabalho deles, o ótimo EP “Reanimated”.

O fato é: a banda aglutina influências de Heavy Metal tradicional, Punk Rock/Hardcore e Rock ‘n’ Roll. É como se juntássemos a energia espontânea de bandas como MOTORHEAD, RAMONES e AC/DC, mas com a personalidade bem definida que guia a banda desde seus primeiros passos. O trabalho em termos técnicos busca ser simples e direto, totalmente “in your face”, mas justamente por isso que desce bem. Não é inovador, nem o suprassumo da técnica, e por isso é tão empolgante, divertido e pesado de doer os ouvidos dos menos acostumados. Ah, sim: essas músicas grudam nos ouvidos e não saem mais, nem adianta!

O guitarrista/vocalista Denfire mais uma vez fez a produção sonora. E mais uma vez ele acerta a mão na combinação de peso e sujeira orgânica (pois o trabalho deles é daqueles que tem que ter certo tom de crueza sonora) com uma sonoridade bem definida, onde possamos compreender o que é tocado. Tudo é tão orgânico que mesmo a arte da capa nos remete aos anos 70 e 80. Tudo do jeito que realmente se adequa ao trabalho musical do trio.

Na verdade, “Reanimated” merece o nome que tem, já que todo material são revisões de canções de seus dois primeiros álbuns e do terceiro EP da banda (lembrando que eles já possuem uma discografia longa nesses 10 anos de existência). Mas estas roupagens novas deram um sabor especial às músicas, tornando tudo ainda melhor, e elas são preenchidas por arranjos ótimos. E se preparem: o MISCONDUCTERS se mostra inspirado e cheio de vontade mesmo quando faz cover de si mesmo.

Unleash” já começa o EP em alto nível, com aquele jeitão mezzo Metal/mezzo Punk Rock tão vibrante e soltando energia para todos os lados (e que belas guitarras, mostrando riffs e arranjos simples e diretos, além de solos melodiosos de primeira), E a mesma pegada se dá em “Control Evasion”, que é mais agressiva, mas mantendo o apelo envolvente (a base rítmica está de parabéns, pois essas mudanças de ritmo são ótimas). Já não tão rápida (só em algumas partes) é “Stagnant” com sua aura Metal Punk de guetos (e os vocais ficaram ótimos, fora os arranjos do baixo). Já para chutar o pau da barraca, temos a curta e grossa “Deceived”, onde a bateria se destaca junto com os riffs de guitarra (criatividade é pouco para definir o quanto são grudentos). Um pouco mais acessível (mais ainda com jeitão de pub esfumaçado) temos “No More”, que vai causar muitos moshpits, pois é um convite claro a isso (e na simplicidade técnica eles ganham de goleada, sem falar que os vocais estão muito bem encaixados, com boa dicção e certo tom de ironia).

Ou seja, “Reanimated” vem nos apresentar a nova formação do MISCONDUCTERS, e assim, se percebe que o trio está revigorado e pronto para encarar novos desafios.

Vai encarar?

Ah, sim: o lançamento de “Reanimated” está previsto para 11 de setembro próximo, logo, podem ir juntando uma grana, pois vai valer cada centavo. Satisfação garantida!

Nota: 96%

HELLWAY PATROL - Desert Ghost


Ano: 2018
Tipo: Extended Play (EP)
Selo: Independente
Nacional


Tracklist:

1. Desert Ghost
2. Fear the War Machine
3. Satan Free Me


Banda:


Ricardo Pigatto - Vocais, baixo
Thiago Franzim - Guitarras
João Bolognini - Bateria


Ficha Técnica:

Michel Kuaker - Produção, mixagem
Absolute Master Studio - Masterização
David Paul Seymour - Artwork (capa)
Silvano Aguilera - Vocais em “Fear the War Machine”
Mayara Puertas - Vocais em “Satan Free Me”


Contatos:

Site Oficial:

Texto: M. Garcia


Um dos fatos que em geral vemos é a formação de novos grupos com músicos que tenham bandas de certo renome no cenário. É bem comum até, mas muitas vezes, isso nos gera expectativas, especialmente sobre o que a banda nova irá fazer em termos musicais. Em alguns casos, o novo tem semelhanças com o antigo, em outros, nem tanto. E o segundo caso é justamente onde se encaixa o trio paranaense de Londrina HELLWAY PATROL, que está lançando seu segundo trabalho, o EP “Desert Ghost”.

É fato bem conhecido que o baixista/vocalista Ricardo Pigatto fez parte do DOMINUS PRAELII (onde gravou o álbum os discos “Holding the Flag of War” e “Bastards and Killers”), mas a musicalidade do HELLWAY PATROL segue por outro rumo: o trio faz algo mais próximo a uma mistura de Heavy Metal tradicional com aspectos do Speed Metal e do Thrash Metal, certo acento Old School, além de muita energia. Óbvio a experiência dos músicos os ajuda a criar algo que, embora não soe exatamente novo, tem muito valor pela personalidade. E como a energia flui dessas canções é algo absurdo.

As linhas instrumentais de “Desert Ghost” foram gravadas na cidade natal da banda, enquanto os vocais, mixagem e masterização foram feitos em São Paulo. No que tange à sonoridade, os trabalhos de Michel Kuaker na produção e mixagem, mais os da masterização feita no Absolute Master Studio ajudaram a dar clareza sonora ao grupo, sem que a estruturação mais orgânica fosse afetada (uma vez que os instrumentos foram gravados “ao vivo” em estúdio, ou seja, todos juntos), ou seja, está pesado e agressivo, mas artesanal e bem acabado. Além disso, gravar os vocais em SP lhes possibilitou a presença de Silvano Aguilera (do WOSLOM) e Mayara Puertas (do TORTURE SQUAD) como convidados especiais. A arte da capa, por sua vez, é assinada pelo artista norte-americano David Paul Seymour (que assina trabalhos do SLAYER, ANTHRAX, OPETH, MASTODON, PENTAGRAM, entre outros), e na simplicidade, passa sua mensagem e transparece o que o trio faz musicalmente.

Furioso, melodioso e bem feito, o trabalho do HELLWAY PATROL não chegar a ser complicado tecnicamente falando, mas nem de longe é simplório na base do “1, 2, 3 e desce o braço”. Não, a banda busca fazer algo direto e cheio de energia, mas bem arranjado. E se preparem, pois essas canções vão agarrar em seus ouvidos e não soltam mais, especialmente no tocante aos refrães. É quase como um MOTORHEAD tocando Metal tradicional em alguns momentos (especialmente nos solos de guitarras). 

Em “Desert Ghost”, temos uma faixa refreada, com um andamento lento empolgante, e que nos mostra excelentes riffs e bons solos (e boa técnica instrumental, sem ser complexamente pedante). “Fear the War Machine” tem algumas passagens mais técnicas em alguns pontos, mas onde o lado Heavy Metal tradicional se evidencia graças às linhas melódicas (e que trabalho legal nos vocais). Fechando, “Satan Free Me” tem uma pegada mais cheia de energia, sendo a faixa mais veloz do EP, e com uma solidez imensa na base rítmica.

Ou seja, “Desert Ghost” é tão bom que nos perguntamos porque raios o grupo ainda não lançou um álbum!

Nota: 85%

FALANGE - Falange


Ano: 2018
Tipo: Extended Play (EP)
Selo: Independente
Nacional


Tracklist:

1. Destruction of Sky
2. Madness
3. Fight
4. Humano Debilmental
5. Fuck Your Play
6. Fogueira


Banda:


Luciano Piagentini - Vocais
Ivan Miotto - Guitarras
Marcelo Coletti - Baixo
Caio Imperato - Bateria


Ficha Técnica:

Falange - Mixagem, masterização
Rafael Romanelli - Artwork


Contatos:

Site Oficial:
Assessoria:

Texto: M. Garcia


É interessante ver como o Metal é viciante. Além dos fãs que nunca deixam de sê-lo por uma vida, ainda existem aqueles viciados em fazer música. Sim, não dá para ficar quieto por muito tempo, que o diga o FALANGE, quarteto do ABC Paulista (especificamente Santo André), que nos chega com seu EP de estreia, que leva o nome da banda.

O grupo é formado por quatro sujeitos com nomes clássicos do cenário Metal brasileiro nas costas (entre eles, SLAUGHTER, BLASPHEMER, ANTICHRIST, ATOMIC THRASHER, FORKA, entre outros). Mas o que chama a atenção é que eles criaram um híbrido: o jeitão do grupo é totalmente voltado à Thrash Metal Old School (com um forte carrego de EXODUS, SLAYER e ANTHRAX, e alguma coisinha de NUCLEAR ASSAULT), mas com uma sonoridade impactante e feroz que mostra uma vibração jovem e cheia de energia. Sim, e justamente por isso eles tendem a angariar fãs de todos os lados. Para ser bem sincero, para gostar da música deles basta ser fã de Metal e não ser surdo! Simples assim!

O EP foi gravado no Bay Area Studios, tendo o agora baterista do grupo Diego Henrique cuidando da mixagem e da masterização. E é justamente o que afirmo tantas vezes: para ser Old School não precisa soar cru além do ponto. No caso do FALANGE, a crueza vem do jeito que gravaram (soa bem “plug ‘n’ play” aos ouvidos), pois a estética é clara e limpa, mas com um peso rascante e timbres instrumentais ferozes. Ou seja, um feliz casamento entre o velho e o novo.

Na arte gráfica, algo bem mais orgânico, que realmente fica a cara da banda.

A verdade é que o grupo tem personalidade, mostrando uma agressividade impar em sua música, é evidente que eles não estão nem aí, descem a marreta e pronto. Mas ao mesmo tempo, em termos de arranjos musicais, eles estão ali, dando peso e preenchendo as linhas harmônicas de forma incrível. Estamos vendo um grupo promissor se erguendo do underground!

O EP abre com a brutal, curta e grossa “Destruction of Sky”, uma enxurrada de guitarras insanas (que é uma releitura de uma canção do ATOMIC THRASHER, da Demo Tape de 1988, “Atomic Future”, e percebe-se que ela não perdeu sua pegada e energia, pelo contrário), seguida da velocidade empolgante e feroz “Madness” (refrão de primeira, além de um trabalho fantástico de baixo e bateria), e de “Fight” (vai criar riffs grudentos assim na China, mesmo nos momentos mais refreados durante o refrão). Mais pesada e cadenciada é “Humano Debilmental” (que dá uma acelerada próxima ao fim, mas mostra uma força ímpar nos vocais urrados), seguida da paulada quase Crossover de “Fuck Your Play” (que bela técnica da bateria e do baixo na condução dos tempos). O EP fecha com “Fogueira”, outra com uma levada bem mais lenta e opressiva no início, antes de explodir em uma velocidade ganchuda e muita rispidez nas guitarras.

Faço questão de frisar: se gostas de Thrash Metal à lá Bay Area, vai gostar do FALANGE com certeza, que é mais um dos ótimos representantes do “SP/ABC Area Thrash Metal”.

Nota: 87%