quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

GRINDING REACTION - O Caos Será a Tua Herança

Ano: 2019
Tipo: Full Length
Selo: Independente
Nacional
















Tracklist:

1. O Caos Será a Tua Herança
2. Os Fins Justificam os Meios
3. Recuse a Cegueira
4. Flagelo
5. Guerra Urbana
6. Dor Sofrimento e Morte
7. Cangalha
8. Marionete
9. Negra Sina
10. Piada
11. Inimigo no Espelho
12. As Ameaças Não Devem Mudar a Verdade 
13. Pesadelo Latino Americano 
14. Rato Cinza 
15. Vida Útil 
16. Verdades e Utopias


Banda: 



Ricardo - Vocais
Victor - Guitarras
Rafael - Guitarras
Renato - Baixo
Weslley - Bateria


Ficha Técnica:


Contatos:

Site Oficial: https://grindingreaction.blogspot.com/
Facebook: https://www.facebook.com/grindingreactionfanpage/
Instagram:
Assessoria: http://roadie-metal.com/press/grinding-reaction (Roadie Metal Press)
E-mail: grindingreaction@hotmail.com

Texto: “Metal Mark” Garcia



Introdução: Desde a virada dos anos 70 para os anos 80, não é novidade o quanto o Punk e o Hardcore, tanto nos aspectos musicais como culturais, têm enorme peso no underground brasileiro. Inclusive era comum ver fãs e membros de bandas de Metal usando camisetas de bandas de Hardcore (uma das mais célebres é a de Max na contracapa da edição em vinil de “Morbid Visions”). Por isso, ouvir um híbrido de Hardcore e Metal em “O Caos Será a Tua Herança”, do quinteto GRINDING REACTION (de Diadema, SP), já não chega a ser algo inesperado, mas é sempre uma ótima experiência.

Análise geral: O quinteto despeja um trabalho musical que tem por base o Hardcore, mas cheio de fortes toques de Thrashcore e Crossover, e mesmo alguns trechos de 1 X 1 extremos são ouvidos (como em “Os Fins Justificam os Meios” e “As Ameaças Não Devem Mudar a Verdade”). Isso mostra que a experiência de quase 20 anos de vida amadureceu o grupo ao ponto de serem abertos à novas influências, o que faz com que o trabalho do grupo seja de primeira. Sim, eles são muito bons no que fazem!

Arranjos/composições: Embora a fórmula-base do que o quinteto faz não seja desconhecida (já que a fusão de Hardcore com elementos de Metal extremo é algo que vem sendo feito desde os anos 80), a abordagem deles é bem pessoal, inclusive com o uso de solos de guitarra melodiosos, alguns toques “sabbathícos” aqui e ali nos momentos mais cadenciados, Outro ponto forte do trabalho do grupo é a diversidade de arranjos: diferentemente dos grupos mais “old school” de Hardcore/Punk, o grupo sabem trabalhar sua música com passagens rítmicas diferentes, e mesmo mudanças de harmonias. Não chega a ser difícil de ser digerido pelos sentidos, mas está longe da abordagem tradicional simplista do gênero.

Qualidade sonora: O clima “Do It Yourself” permeia a sonoridade de “O Caos Será a Tua Herança”, por conta da dose de crueza necessária para que a música do grupo seja convincente. Mas se percebe que houve uma enorme preocupação em criar algo que os ouvintes pudessem compreender e assimilar sem problemas. Ou seja, está agressivo e pesado, mas com uma qualidade sonora de ótimo nível.

Arte gráfica/capa: Como se percebe que o conteúdo lírico da banda é de forte conotação social e de protesto, a capa mostra uma arte que chega a ser ameaçadora, mostrando o que a falta de olhos para o necessário ao povo pode causar: um futuro onde o dinheiro ganho em corrupção não salvará os canalhas.

Destaques musicais: Embora todas as canções de “O Caos Será a Tua Herança” sejam ótimas (a maioria é bem curta, tendo em média dois minutos, mas algumas poucas passam dos 3 minutos), causando slam dancing e moshpits sem fim, existem os pontos altos entre as 16 canções do grupo, que são:

“Os Fins Justificam os Meios”: Um cartão de apresentações e tanto, com boas mudanças de ritmo e um trabalho técnico muito bom. Destaque para a técnica firme de baixo e bateria.

“Recuse a Cegueira”: Aqui a banda capricha em tempos mais lentos no início (antes de ganhar uma velocidade Hardcore tradicional), mas mantendo um enfoque agressivo denso e cheio de ótimos vocais e backing vocals, além dos ótimos solos melódicos de guitarra.

“Flagelo”: Aqui a banda se aproxima um pouco do Hardcore moderno, com ritmos mais lentos, mas sem remeterem aos grupos conhecidos. Ainda soa tradicional, pesado e agressivo, mas com uma dose extra de peso e técnica.

“Guerra Urbana”: Lembram-se do som costumeiro do H.C.N.Y, ou seja, o Hardcore de Nova York, com tempos que transitam entre o veloz e o mais cadenciado à lá CRO-MAGS? Pois é, é isso que os aguarda nessa canção que exibe vocais muito bons (esses timbres gritados remetem diretamente às raízes do HC).

“Marionete”: Depois de um início mais lento, o restante mostra um ritmo em tempos medianos, mais uma vez com baixo e bateria se destacando pela base rítmica sólida.

“Negra Sina”: Uma das mais empolgantes do disco, justamente por ser aproximar do Hardcore/Crossover tradicional em muitos momentos. Reparem na rispidez dos riffs de guitarra.

“Piada”: Curta e grossa, o típico Hardcore do ABC Paulista, com partes rápidas e brutas, e outras mais melodiosas e quase irônicas. A adrenalina sobe a níveis estratosféricos.

“Inimigo no Espelho”: O momento em que o quinteto mais se aproxima do Thrash Metal, já que as partes mais lentas propiciam esta proximidade; mas os tempos rápidos que aparecem vez por outra mostram o quão eles têm de Hardcore nas veias.

“Pesadelo Latino Americano”: Outra que é curta e grossa, um murro de velocidade direto nos tímpanos.

“Vida Útil”: Aqui as influências do Thrash Metal Old School surgem em alguns fraseados das guitarras, como em seu início (que lembram bastante o SLAYER da fase “Show No Mercy”), mas o jeitão do Crossover Norte Americano domina o restante por conta das partes velozes.

Conclusão: A verdade é que “O Caos Será a Tua Herança” não nasceu com a vontade de revolucionar algo. O lance do GRINDING REACTION é fazer sua música sem dar bola para modismos ou mesmo elogios passageiros. O grupo veio, está aí há 18 anos e deve continuar jogando pedras no sistema por muitos anos. Música para isso eles têm.

E “O Caos Será a Tua Herança” pode ser ouvido nas seguintes plataformas digitais.


Nota: 87%


“Os Fins Justificam os Meios”:  http://bit.ly/2X03vsY





Spotify

R. I. V. - Prog-Core

Ano: 2019
Tipo: Full Length
Selo: Independente
Nacional


















Tracklist:

1. War Flames
2. Headache
3. No... P.A.S.
4. Rainbow Warrior’s Mayday
5. Progressive Core
6. Testicle Man
7. Caligula 2332 D.C.
8. Freaks in Action
9. Animal
10. Delicious Nham! Nham!
11. Ashes
12. Spiral


Banda:


Helbert de Sá - Vocais, guitarras
Ana Lima - Baixo
Ricardo Parreiras - Bateria


Ficha Técnica:

Helbert de Sá - Mixagem, masterização


Contatos:

Site Oficial: http://www.riv.com.br

Texto: “Metal Mark” Garcia


Introdução: Ao ser introduzido a novos conceitos e formas de se fazer música, os fãs em geral tem uma torcida de nariz de descontentamento. É normal ver isso em fãs mais tarimbados, como ocorria quando discos como “Apocalyptic Raids” e “Seven Churches” foram lançados. Mesmo “Kill ‘Em All” teve uma recepção atravessada pelos mais velhos, enquanto os jovens abraçaram essas novas manifestações, e ocorre até hoje (os que aceitaram o POSSESSED em 1985 recriminam os fãs de AVENGED SEVENFOLD e DISTURBED hoje em dia). O inovador sempre tem essas reações, logo, o trio mineiro R.I.V. (RHYTHMS IN VIOLENCE) pode se preparar para esta sabatina, pois “Prog-Core” nasceu para causar polêmica.

Análise geral: Antes de tudo, o conceito Prog-Core é uma fusão de tantos elementos de tantos vertentes de Metal que fica difícil fazer considerações mais profundas. De forma aproximada, seria a fusão da técnica do Prog Metal com um Hardcore/Crossover raivoso e agressivo, mais toques experimentais, muito Groove gorduroso, e mais, muito mais que isso. É desafiador, e por isso, merece aplausos.

Arranjos/composições: Ritmos quebrados e boa técnica são permeados por uma ambientação agressiva, com ótimo trabalho de baixo e bateria, guitarras eficientes em riffs que acompanham toda a diversidade rítmica, além de vocais com timbres agressivos. A verdade é que trio se tornou ainda mais rebuscado e complexo do que se ouve no EP “Welcome to Prog-Core”, mas sem que suas canções se tornem entediantes (pode ser para quem vive parado no tempo). Arranjos bem feitos, partes empolgantes e uma soma de influências musicais tão díspares entre elas que fazer tal alquimia não deve ter sido simples.

Qualidade sonora: Aos que ainda não entendem: o sufixo “core” (em termos musicais) é uma referência ao Hardcore. Logo, a sonoridade do álbum é mais seca, bruta e suja, sem ficar enfeitando demais o trabalho do grupo com infinitas edições. Mas existem momentos em que os timbres de guitarra se tornam carregados e com toques modernos. Poderia ser melhor, mas está de bom nível.

Arte completa

Arte gráfica/capa: Nisso, toda a insanidade musical do trio fica óbvia. O belo digipack usado nos mostra uma arte mostra um “link” entre criação de “Prog-Core” ao processo em que o Monstro de Frankenstein foi desenvolvido. Logo, é algo de alto nível.



Destaques musicais: Despojado e criativo, “Prog-Core” vem para desafiar as velhas gerações de fãs, bem como para abrir possibilidades musicais diferentes. Muitos irão ficar de “mimimi” na internet, mas o R.I.V. representa o novo, o vivo, e o excelente. Logo, destacam-se por mera conveniência as seguintes canções:

“War Flames”: Tempos quebrados e muita adrenalina permeiam a canção de abertura do disco. Mas se preparem, pois partes mais empolgantes de Crossover/Thrash Metal aparecem, e o trabalho de baixo e bateria está muito bom (embora o timbre da caixa pudesse ser melhor). E se repararem, tem-se toques experimentais no meio do caos que o trio cria.

“Headache”: O nível de caos aumenta com o uso de efeitos especiais bem colocados, ainda se tem contrastes entre momentos mais Hardcore e outros experimentais. As guitarras estão ótimas. Esta é uma das faixas do EP “Welcome to Prog-Core”, aqui em uma versão mais bem gravada.

R.I.V.
“Rainbow Warrior’s Mayday”: Aqui o lado Crossover do grupo fica mais evidenciado, e mesmo com uma diversidade rítmica não tão ampla, os toques mais experimentais continuam presentes. Os vocais e corais ficaram muito bons.

“Progressive Core”: Bons contrastes entre os tempos, com partes mais cadenciadas, outras mais técnicas e momentos velozes. Mas cuidado: o caldeirão experimental do trio continua fervendo!

“Caligula 2332 D.C.”: É uma das faixas mais “calmas” do disco (se é que existem momentos sem muito caos nele), onde o grupo foca mais em criar algo agressivo e com toques de Groove moderno no meio do Crossover ríspido que é essa canção.

“Freaks in Action”: Essa música deve ser uma auto-biografia deles, já que tome mudanças de ritmo, experimentos, groove e tudo misturado de uma vez só. Mas é empolgante, grudenta e convidativa ao slamdancing.

“Delicious Nham! Nham!”: Com uma mistura de humor negro e crítica na letra, é um Crossover raivoso, cheio de energia e um pouco mais simples e direto, um murro nos ouvidos.

“Ashes”: Esta exibe partes mais cadenciadas contrastando com momentos velozes, adornada com arranjos diferentes e mesmo alguns “breakdowns” modernos. Uma torrente de agressividade com adrenalina fluindo aos borbotões dos falantes.

Conclusão: A verdade é que “Prog-Core” é um disco bem inovador, diferente e que tende a causar muito bate-boca. Mas seu valor é incontestável, e o R.I.V. se mostra uma opção ótima para os que conseguem aceitar aquilo que é novo sem problemas. Desta forma, se deixa tomar por estes novos Drs. Frankensteins do Metal/Hardcore.

Nota: 90%