sexta-feira, 25 de maio de 2018

DYSNOMIA ‎- Anagnorisis


Ano: 2018
Tipo: Full Length
Selo: Independente
Nacional


Tracklist:

1. Anagnorisis
2. Vorax Chronos
3. The Fall of Phaethon
4. Janus - Faced Serpents
5. Library of Babel
6. Prometheam
7. Occam’s Razor
8. Sertões


Banda:


João Jorge - Vocais, guitarras
Fabrício Pereira - Guitarras
Denilson Sarvo - Baixo
Érik Robert - Bateria


Ficha Técnica:

Dysnomia - Produção
Gabriel do Valle - Produção, mixagem, masterização
Carlos Fides - Artwork


Contatos:

Assessoria: http://www.metalmedia.com.br/dysnomia/ (Metal Media)



Texto: Marcos Garcia


Sobreviver no Metal brasileiro é quase que uma prova de insistência, e não de resistência. O descaso dos fãs com as bandas nativas, as dificuldades econômicas, a falta de apoio e outros fatores mostram que não é fácil. E vejam que falo de um dos países com a cena mais diversificada de todos, pois tudo que é estilo tem representantes por aqui, e alguns que nem mesmo constam lá fora. Tem bandas no Brasil com sonoridades únicas, que vão sendo construídas na base da raça e lapidadas pelo tempo e dificuldades. E assim, com todos esses fatores, vem ao mundo “Anagnorisis”, segundo álbum do quarteto DYSNOMIA, de São Carlos (SP).

A verdade seja dita: eles estão em outro nível, cada vez mais evoluídos e diferenciados de outras bandas por aqui. Poderíamos dizer que eles seguem uma linha sonora que mixa o Technical Death Metal com o Thrash Metal moderno de bandas da Suécia como THE HAUNTED (mais lá no início da carreira), ou seja, é algo bruto e opressivo, mas bem tocado, com levadas empolgantes, ótimas melodias e passagens que grudam nos ouvidos. E podemos dizer que eles deram um passo adiante em relação ao ótimo “Proselyte” de 2016. A evolução é de saltar os olhos.

Ou seja, se preparem para ouvirem um dos melhores discos nacionais do ano!

Em termos de sonoridade, “Anagnorisis” consegue ter aquela fusão entre algo agressivo e pesado com aquele nível de clareza essencial. Tudo soa com timbres excelentes e bem definidos, e em todos os instrumentos estão ajustados nos devidos lugares. E a arte do disco é muito boa, com contrastes não muito convencionais, mas que encaixaram perfeitamente na proposta musical da banda.

Arranjos bem burilados, técnica e peso nas medidas certas, o DYSNOMIA faz com que a audição de “Anagnorisis” seja uma experiência prazerosa aos ouvidos dos mais iniciados. Ao mesmo tempo, se pode perceber que a inspiração está em alta, dosando a agressividade com inteligência. Houve uma autêntica catarse na música do grupo, que agora soa pessoal, algo deles.

Uma riqueza de arranjos musicais diversificados preenche “Anagnorisis”, com ótimos arranjos de guitarras e uma aula de mudanças de ritmo. Esta mesma riqueza vai preencher a voraz “Vorax Chronos” (que tem uma quedinha maior para o Death Metal, com um trabalho muito bom de baixo e bateria). E uma dinâmica de riffs interessante e com um toque de groove surge em “The Fall of Phaethon” (as partes mais lentas são excelentes, e que vocais). Um pouco mais tradicional em termos de Death/Thrash Metal é “Janus - Faced Serpents”, mas se preparem para uma torrente de energia com boa técnica que vai causar torcicolos. Mais uma vez se percebe certo toque de groove em algumas partes de “Library of Babel”, que transpira arranjos e detalhes de primeira. Em “Prometheam” se percebe como a capacidade da banda associar influências de Thrash e Death Metal é assustadora, com boas passagens e mudanças de tempos. Com um jeitão mais voltado ao Death/Thrash clássico (embora bem mais técnico), “Occam’s Razor” vem carregada de guitarras de primeira, com riffs certeiros e solos bem feitos. E fechando, “Sertões” tem trechos com clara influência de ritmos brasileiros, para dar uma ambientação melódica interessante ao trabalho agressivo do quarteto, bem como é uma das faixas mais diversificadas do disco.

Por todo disco, se percebem referências a autores de livros e obras, fazendo clara alusão aos temas das letras (vale a pena pesquisar sobre eles, garanto), o que torna “Anagnorisis” um disco inteligente e que deve ser apreciado em sua totalidade. Inteligência em tempos que o povo prefere cerveja a um livro...

O DYSNOMIA evoluiu, e começa a dar claras mostras que o Brasil vai ficar pequeno para eles. E esse disco é a mostra de quanto eles são capazes.

Nota: 100%

PHIL CAMPBELL AND THE BASTARD SONS ‎- The Age of Absurdity


Ano: 2018
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1.      Ringleader
2.      Freak Show
3.      Skin and Bones
4.      Gypsy Kiss
5.      Welcome to Hell
6.      Dark Days
7.      Dropping the Needle
8.      Step Into the Fire
9.      Get On Your Knees
10.  High Rule
11.  Into the Dark
12.  Silver Machine


Banda:


Neil Starr - Vocais
Phil Campbell - Guitarras
Todd Campbell - Guitarras, gaita
Tyla Campbell - Baixo
Dane Campbell - Bateria


Ficha Técnica:

Romesh Dodangoda - Produção, engenharia, mixagem
Christian Wright - Masterização
Matt Riste - Artwork


Contatos:

Assessoria:



Texto: Marcos Garcia


Desde 2015, um dos pináculos do Heavy Metal e do próprio Rock ‘n’ Roll, o inesquecível MOTORHEAD, descansa em paz. E merecidamente, já que a contribuição do grupo (seja como trio ou quarteto) para os estilos musicais citados acima é inestimável. Mas dizer que os músicos da banda iriam ficar parados é outra coisa. O baterista Mikkey Dee se encontra no SCORPIONS, mas o guitarrista Phil Campbell arregaçou as mangas e deu início a uma nova empreitada, PHIL CAMPBELL AND THE BASTARD SONS, que nos chega com “The Age of Absurdity”, e a Shinigami Records e Nuclear Blast Brasil botaram o disco nas lojas por aqui.

Mas a que Phil e seus filhos (sim, quase todos os membros são filhos dele) estão vindo, afinal de contas?

Óbvio que muitos encontrarão similaridades com o MOTORHEAD, pois Phil passou 32 anos de sua vida na banda, ajudando a moldar uma parte de sua musicalidade. Mas são bandas ligadas apenas pelo “approach” mais visceral, sujo e espontâneo. Mas ao mesmo tempo, se percebe que o quinteto tem outras aspirações sonoras, com algumas incursões no Blues, e por aí vai. E “The Age of Absurdity” transpira espontaneidade e mesmo simplicidade, mas sempre com ótimas composições e boa dose de acessibilidade em muitos momentos. E esse disco cheira a bar, cigarros e whisky, verdade seja dita.

Para criar uma atmosfera mais simples e orgânica, o grupo trouxe Romesh Dodangoda (que já trabalhou com o MOTORHEAD, BRING ME THE HORIZON, BULLET FOR MY VALENTINE). Mas ao mesmo tempo, existe um feeling moderno, com boa dose de limpeza e muito peso. Tudo funciona perfeitamente, mesmo porque o quinteto não necessita de uma superprodução. E o lado gráfico ficou excelente, com uma apresentação digna de um disco de Rock ‘n’ Roll de raiz.

Basicamente, a música do PHIL CAMPBELL AND THE BASTARD SONS é baseada em feeling, ou seja, no bom e velho Rock ‘n’ Roll sujo sem compromissos com quem quer seja. O negócio aqui é pôr para fora o que se sente, sem firulas e sem querer saber da opinião alheia. As músicas soam espontâneas, com ótimas melodias de simples assimilação, um trabalho de peso e muita energia. É ouvir e gostar.

O disco é ótimo de ponta a ponta, sem deixar espaços para deméritos. Mas há momentos sublimes e dignos de palmas, como se pode ouvir na energia contagiante de “Ringleader” (um trabalho direto e ótimo das guitarras) e “Freak Show” (há momentos em que os andamentos remetem ao AC/DC, ou seja, uma base rítmica sólida e pesada), no jeito mais moderno de “Skin and Bones”, o Rock ‘n’ Roll descompromissado de “Gypsy Kiss” (mais uma vez, guitarras de primeira, e vocais bem encaixados), o jeitão bluesy cheio de feeling de “Welcome to Hell” (reparem bem o uso de uma gaita, um recurso bem pouco usado nas bandas mais atuais), a energia crua e direta de “Dark Days”, o toque de sensibilidade da balada “Into the Dark” (é, quase mesmo, pois os momentos mais pesados causam dores em quem tem próteses dentárias), e o coice melodioso e bruto de “Silver Machine”.

Podemos assim dizer que Phil e família mostram que ainda podem dar muito ao Rock em “The Age of Absurdity”, logo, mãos à obra e ouçam até furar (o disco ou os tímpanos)!

Nota: 87%




FUNERATUS ‎- Accept the Death


Ano: 2018
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1. Accept the Death
2. Rise and Fall Again
3. Asphalt Eaters
4. Lost Souls
5. Indian Healing
6. Follow the Track
7. Victory
8. Vision From Hell
9. Endless Battle


Banda:


Fernando - Vocais, baixo
André Nalio - Guitarras
Guru Reis - Bateria


Ficha Técnica:

Funeratus - Produção
Joca - Produção
Andy Classen - Mixagem, masterização
Alcides Burn - Artwork
Fábio Laguna - Teclados na introdução de “Vision From Hell”


Contatos:

Site Oficial:
Assessoria: http://www.metalmedia.com.br/funeratus (Metal Media)



Texto: Marcos Garcia


A vocação para estilos extremos do Brasil sempre foi fonte de muitos trabalhos excepcionais. Mas cabe dizer às novas gerações que existem bandas de longa experiência tocando por aí, que são tão lendárias como gigantes de nosso cenário. Óbvio que mesmo o Metal não é justo, e muitos nomes ótimos ficam ocultos da maioria. Nisso, poucos sabem o quanto o trio FUNERATUS, de Mococa (interior de São Paulo), pode dar ao Metal extremo brasileiro. E seu terceiro álbum, “Accept the Death” vem mostrar isso, bem como coroar o ótimo momento da banda.

Uma das coisas mais extraordinárias de “Accept the Death” é ver como o grupo, dono de 25 anos de experiência e muitas lutas no underground, soube se adaptar aos tempos modernos sem abrir mão de sua musicalidade característica. Ainda temos no disco o bom e velho Death Metal bruto e agressivo até os ossos de sempre, com clara influência da Velha Escola dos anos 90, mas com muitas partes onde se percebe que eles não pararam no tempo. Ou seja, o trabalho do trio continua sendo um deleite para os fãs mais tradicionais, mas atualizado e pronto para novos desafios.

Ou seja, se preparem, pois eles estão com sede de sangue!

Gravado no Brasil, mas com mixagem e masterização feitas na Alemanha, a sonoridade de “Accept the Death” é excelente, mantendo timbres pesados e agressivos, mas com uma clareza assustadora. Sim, o disco tem peso e brutalidade em uma apresentação mais moderna e bem cuidada, no nível de grandes nomes de fora, mas sempre nos permitindo compreender o que eles estão tocando. E a arte da capa e do encarte são ótimas, antenadas com a proposta musical/lírica do trio.

Na ausência de álbuns desde “Echoes in Eternity” de 2004, o FUNERATUS vem com muita vontade e energia de sobra, fazendo de “Accept the Death” um disco ótimo, inclusive com arranjos musicais bem pensados. E a forma de tocar Death Metal e mesmo de sua sonoridade possuem assinaturas pessoais (vejam os timbres do contrabaixo, como ele é presente o tempo todo), o que torna a audição desse álbum algo realmente prazeroso.

A banda soube distribuir a inspiração em cada uma das composições, e destacam-se algumas por mera referência inicial. E o melhor de tudo: o trio funciona como uma unidade insana, capaz de esmagar pescoços!

A pancada seca e brutal de “Accept the Death” com seus riffs insanos, as passagens trampadas de “Rise and Fall Again” (ótimas mudanças de ritmo, mostrando a força e presença de baixo e bateria), a opressão esmagadora de “Lost Souls” (reparem que existem algumas partes bem jazzísticas em alguns momentos, sem falar que a banda novamente mostra mudanças de tempo muito boas), o dueto “Follow the Track” (nessa, o trio realmente soa como um tanque de guerra: coeso, brutal e técnico, e nas medidas certas) e “Victory” (o andamento não tão veloz ajuda a dar um peso enorme em algumas partes, onde a técnica da bateria fica bem evidente), e a pegada mais técnica e não tão veloz da instrumental “Endless Battle” (que não está aqui apenas para preencher espaço, mas mostra como a brutalidade característica do grupo consegue englobar um trabalho técnico ótimo).

Se realmente o terceiro disco de uma banda é um teste, podemos dizer que o FUNERATUS passou com louvor, pois “Accept the Death” mostra que são um nome extremamente relevante no cenário nacional, e que podem ocupar o espaço ao lado de bandas como KRISIUN e REBALLIUN sem temor. Música e raça para isso, essa banda tem de sobra.
  
Nota: 96%