sexta-feira, 29 de junho de 2018

BLUYUS - #Rock


Ano: 2018
Tipo: Ful Length
Selo: Independente
Nacional


Tracklist:

1.      Asas
2.      Bússula
3.      De Pai Para Filho
4.      Jardim
5.      Luz
6.      Nada Mais
7.      Porto
8.      Promessas
9.      Razões do Coração
10.  Vento
11.  Todo Amor
12.  Velhos e Bons Tempos


Banda:


Alexandre Bluyus - Vocais, guitarras
Euclídes - Baixo
Ricardo - Bateria


Ficha Técnica:

Alexandre Bluyus - Produção
Fred Semensato - Mixagem
Estúdio PSP - Masterização
  

Contatos:


Texto: Marcos Garcia


O Rock ‘n’ Roll brasileiro vai muito além do que o grande público sequer imagina.

Longe dos nomes mais conhecidos do dito Rock Brasil dos anos 80 e seus seguidores, muita coisa boa foi feita por aqui. E ainda é, pois a criatividade musical não é volátil como o grande público brasileiro (que está mais preocupado em “estar na moda” como muitos do que estar satisfeito consigo mesmo). Uma prova é “#Rock”, disco de BLUYUS.

Pela ampla experiência do mentor do trio, o guitarrista/vocalista Alexandre Bluyus (que já passou por nomes como Scavenger, Gestalt, Other Dogs, entre outros), já se pode apostar que vem um disco muito bom por aí. E vem, pois aqui temos o mais puro Rock ‘n’ Roll com uma forte conotação comercial, ou seja, um trabalho musical com o jeito Rocker duro e direto, mas com melodias de fácil assimilação, ótimos refrões e boa dose de técnica e feeling. E é uma ótima opção para os ouvidos cansados do dia a dia de tanto lixo musical que somos forçados a consumir nas ruas e pela TV.

A produção é do próprio Alexandre, tendo Fred Semensato na mixagem e a masterização feita pelo Estúdio PSP. Fica óbvio que a opção é pela qualidade sonora mais simples e orgânica possível, sem exagerar em infinitas edições digitais. Tudo soa bem feito e orgânico, mas sem exageros. Tudo apenas para que possamos assimilar com mais facilidade e música do trio.

Sendo o segundo trabalho do BLUYUS, fica claro que a busca por algo que soe acessível, mas que seja Rock, que seja feito com energia e vontade. E mesmo sendo um músico de boa formação (Alexandre é formado pela Faculdade de Música Santa Cecília, pertencente à turma de graduados de 1997), se percebe que o ecleticismo mezzo Rock, mezzo Blues, e com boa fluência no Pop bem feito, funciona muito bem.

Das 12 canções de “#Rock”, se destacam o jeitão intimista com um toque de Blues e certo swing de “Asas” (reparem no uso bem pensando no wah-wah em vários momentos), a força acessível e envolvente de “Bússula”, o intimismo suave e tocante de “De Pai Para Filho” e “Jardim” (ambas com boas conduções de ritmo, ou seja, com baixo e bateria fazendo um bom trabalho), o toque distorcido que se encaixa perfeitamente nas melodias de “Promessas”, e a rocker e cheia de energia “Velhos e Bons Tempos”.

Ou seja, “#Rock” é um disco delicioso de se ouvir. Ouçam e aproveitem!

Nota: 84%

GLOWING TREE - Bucolic


Ano: 2018
Tipo: Ful Length
Selo: Independente
Nacional


Tracklist:
  
1.      Animals (This Sounds Black!)
2.      Johnny Parker
3.      Reasons to Cry
4.      Psycho Paper
5.      Slacker Generation
6.      Half Dead Boy
7.      Unfinished Subjects
8.      Pictures of Life
9.      Seeing Red
10.  Goodbye

  
Banda:


Jean Felipe – Vocais, guitarras
Fábio Fiore - Teclados, backing vocals
Scott Denis - Baixo, backing vocals
Ryan Marcel - Bateria


Ficha Técnica:

Marcelo Costa - Produção, mixagem, masterização
Jean Felipe - Produção
Jolene Casko - Arte da capa


Contatos:


Texto: Marcos Garcia


Desde que o Rock saiu da evidência nas grandes mídias, e retornou ao Underground nos anos 90, muitos acreditam que o estilo está morto. Óbvio que sabemos que a coisa não é por aí, pois o público continua presente, apenas fragmentado (sim, estamos falando dos que adoram viver dentro de subdivisões). Sempre existem boas bandas surgindo aqui e ali, e só mesmo os que estão mais despertos conseguem percebê-las. E um grupo muito legal é o GLOWING TREE, quarteto paulista que nos chega com “Bucolic”, seu primeiro disco de estúdio.

Surgido como um projeto do vocalista/guitarrista Jean, que trabalha como produtor de Rock Progressivo e Rock Alternativo, o que temos plena convicção é que o quarteto tem uma forte vocação para misturar ambos os estilos, mais uma boa dose de Classic Rock e Hard Rock, o que nos mostra uma música cheia de energia, melodiosa, e que ora é mais elétrica e empolgante, ora mais densa e introspectiva, mas sempre um trabalho bem feito e que seduz o ouvinte, pois eles evitam algo tecnicamente muito complexo (existe técnica, mas não é o foco deles). É ouvir e assimilar.

A produção buscou algo mais orgânico e seco em termos de sonoridade para “Bucolic”, tentando fugir das infinitas edições digitais. Está limpa na medida certa para compreendamos o que o grupo faz, com uma boa dose de peso e sujeira, embora pudesse ser melhor, pois o trabalho da banda pede (e merece, pois é muito bom). E a arte da capa de Jolene Casko ficou muito boa, transparecendo o que eles buscam sonoramente.

Por ser o primeiro registro de uma banda jovem (embora os músicos pareçam calejados), “Bucholic” mostra um trabalho musical que tende a evoluir mais e mais, pois as possibilidades deles são muitas. Mas mesmo assim, já é algo de respeito, e que vai ganhar muitos fãs.

Em 10 canções, o grupo se mostra inspirado.

O jeitão mais rocker e sujo de “Animals (This Sounds Black!)” (com guitarras muito boas e ótimas melodias mais simples) e de “Johnny Parker” (onde algumas partes mais introspectivas se fazem presentes, e que mostra um refrão muito legal), os toques Progressivos evidentes de “Reasons to Cry”, os toques de Bossa Nova que permeiam a atmosfera claramente Prog de “Slacker Generation”, as belas passagens de teclados que ornamentam a ambientação ‘Rock Progressivo’ anos 70 de “Pictures of Life” (que belas guitarras, e com um jeitão meio JETHRO TULL em alguns momentos), e a pegada mais Hard Rock de “Seeing Red” evidenciam que o grupo tem talento e futuro.

Eles são bons, como “Bucholic” mostra, mas a tendência é que evoluam mais, e o futuro promete.

E o disco pode ser ouvido nas seguintes plataformas:


Nota: 81%

ANTHRAX - Kings Among Scotland


Ano: 2018
Tipo: Duplo CD ao vivo
Nacional


Tracklist:

CD 1:

1.      A.I.R.
2.      Madhouse
3.      Evil Twin
4.      Medusa
5.      Blood Eagle Wings
6.      Fight ‘Em ‘Til You Can’t
7.      Be All, End All
8.      Breathing Lightning


CD 2:

1.      Among the Living
2.      Caught in a Mosh
3.      One World
4.      I Am the Law
5.      A Skeleton in the Closet
6.      Efilgnikcufecin (N.F.L.)
7.      A.D.I. / Horror of It All
8.      Indians
9.      Imitation of Life
10.  Antisocial


Banda:


Joey Belladonna - Vocais
Scott Ian - Guitarras, backing vocals
Jonathan Donais - Guitarras, backing vocals
Frank Bello - Baixo, backing vocals
Charlie Benante - Bateria
  

Ficha Técnica:

Jay Ruston - Mixagem, masterização
Andy Buchanan - Arte da capa


Contatos:

Site Oficial: http://anthrax.com/
Assessoria:
E-mail:

Texto: Marcos Garcia


E nos Estados Unidos, no início dos anos 80, as bandas do Big Four norte-americano disseram: “que haja o Thrash Metal”, e de lá para cá, muita água rolou embaixo da ponte.

Óbvio que os nomes são bem conhecidos de todos os fãs. Mas um dos mais influentes é o do quinteto nova-iorquino ANTHRAX. Muitos elementos criados pelo grupo são encontrados na musicalidade das bandas mais jovens do gênero. E coroando o bom momento que eles estão vivendo, eis que temos em mãos “Kings Among Scotland”, disco ao vivo (e duplo). E a Shinigami Records em parceria com a Nuclear Blast Brasil lançou esta jóia por aqui.

Gravado no show do grupo em 15 de fevereiro passado em um show completamente lotado em termos de público (os ingressos estavam esgotados) no Barrowland Ballroom, em Glasgow (Escócia), a verdade é simples: o quinteto ao vivo ainda mostra a mesma intensidade, o mesmo sentimento de quando ainda eram jovens. A sonoridade está excelente, e assim, fica evidente a participação, bem como a forma excelente do grupo. Nem parece um grupo já com quase 40 anos de vida.

As gravações ao vivo sempre são um desafio, mas a mixagem de Jay Ruston (que produziu “For All Kings”, último trabalho de estúdio do quinteto) deu vida e brilho ao som do grupo, sem que a espontaneidade e energia de um show de Metal sejam perdidas (o que realmente é algo difícil de conseguir). E na arte de Andy Buchanan, uma homenagem/sátira à capa de “Rock and Roll Over” do KISS (lembrando que eles são fãs declarados do quarteto).

Mesmo experiente, a energia ao vivo do ANTHRAX é algo absurdo. E o setlist é ótimo, pois ao lado de clássicos como “A.I.R.”, “Madhouse” e “Caught in a Mosh”, estão “Breathing Lightning”, “Blood Eagle Wings”, mostrando que eles não estão com a mínima vontade de viver de passado, ou mesmo perto da aposentadoria. Aliás, no setlist, percebe-se que eles tocaram o “Among the Living” completo, e por isso, músicas de “Fistful of Metal” e “Persitence of Time” acabaram ficando de fora, o que não desqualifica o disco. É óbvio que sempre falta alguma coisa em discos ao vivo de bandas tão antigas, e estamos falando de um disco com duas horas de duração!

O poder de fogo de “Kings Among Scotland” é para dar torcicolos crônicos em muitos, pois a energia é absurda.

Nem dá para destacar esta ou aquela música, pois a solidez da atual formação é imensa e nada deve às anteriores. Mas não tem como o coração não bater com força quando tocam canções como “A.I.R.” (reparem na solidez do trabalho insano de Frank e Charlie na base rítmica), o hino “Madhouse” (um dos primeiros grandes sucessos do grupo, onde o veterano Scott e o novato Jonathan mostram entrosamento na muralha de riffs da canção, e com o solo de guitarra que busca ser fiel ao original), “Medusa” (uma das canções em que Joey se apresenta melhor), “Fight ‘Em ‘Til You Can’t” (que energia intensa), “Be All, End All” (reparem como o público participa bastante), “Breathing Lightning” (uma das melhores canções mais novas da banda, mostrando que o grupo realmente é fiel ao que faz, mas que sabe se renovar). E isso só no CD 1.

No CD 2 ainda existem massacres para o pescoço como “Among the Living”, a clássica e obrigatória “Caught in a Mosh” (sem essa, não é um show do ANTHRAX), a pancadaria pesada e cadenciada de “I Am the Law”, a dobradinha insana de “A Skeleton in the Closet” e “Efilgnikcufecin (N.F.L.)” (se não entendeu, leia de trás para frente, e eu sempre quis escrever isso em um review deles), o clássico absoluto “Indians” (a introdução de bateria fez com que o público fosse à loucura, com Joey pausando a música e chamando o povo para o moshpit), e a versão Thrasher do grupo para o velho clássico do grupo francês TRUST, “Antisocial” (que muitos ainda devem achar que é deles, já que esta música marcou ossos).

Não é o primeiro disco ao vivo do ANTHRAX, mas com certeza “Kings Among Scotland” é um dos melhores, se não for o melhor.

NOT! (Os fãs mais velhos entenderão a referência)
  
Nota: 97%



quinta-feira, 28 de junho de 2018

DIVULSOR (Death Metal - Curitiba/PR)




Início de atividades: 2015
Discos lançados: “Defiled Corridors of Ruptured Oblivion” (EP)
Formação atual: Bruno Schmidt – Vocais, guitarras, programação de bateria
Cidade/Estado: Curitiba - PR


BD: Como a banda começou? O que o incentivou a formar uma ‘one man band’?

Bruno Schmidt: Olá, primeiramente obrigado pela oportunidade de estar no Heavy Metal Thunder! Olha sempre toquei em outras bandas de metal, mas o DIVULSOR começou a tomar forma eu compus riffs mais velozes e queria gravar e tocar ao vivo, mas todos sabem da dificuldade em manter uma formação fixa em banda. Não penso como sendo uma one-man-band na verdade, mais como Death Metal mesmo.


BD: Falem um pouco sobre este atual EP. Como foi feita a parte de composição, gravação e lançamento?

Bruno: A composição do EP “Defiled Corridors of Ruptured Oblivion” foi um apanhado de ideias antigas e novas, cada riff me vem na cabeça com uma bateria específica e então monto tudo. Gravação acabou tomando um pouco mais de tempo que pensei, mas não será o caso do full length que está por vir esse ano. Lançamento por enquanto somente a Sevared Records nos EUA lançou o EP, mas creio também que pro próximo trabalho a distribuição será um pouco maior.


BD: Quais as maiores dificuldades que está enfrentando no cenário?

Bruno: Bem as dificuldades são as coisas dos underground, que é o que todos conhecem, mas não me queixo muito porque todos tem sido bem receptivos com o DIVULSOR, nos lugares que vou tocar e as pessoas não conhecem o som, mas acabo recebendo bastante apoio e o público tem gostado. As dificuldades também são aquelas coisas do país, estradas ruins, correios péssimos, com atraso de envio, essas coisas.


BD: Como estão as condições em sua cidade em termos de Metal/Rock? Conseguem tocar com regularidade? A estrutura é boa?

Bruno: Olha aqui em Curitiba tem poucos lugares na verdade, antigamente tinham mais casas, tenho tocado com alguma frequência, mas tenho tocado mais em outras cidades do que aqui.


BD: Hoje em dia, muitos gostam de declarar o fim do Metal, já que grandes nomes estão partindo, e outros parando. Mas e você, como encara esse tipo de comentário?

Bruno: É triste ver nomes grandes e importantes se aposentando ou integrantes morrendo, sou curioso para saber quais serão os nomes que estarão tocando daqui a vamos dizer, 20 anos. Morrendo não está, na verdade vejo que o metal nunca esteve tão popular quanto hoje.


BD: Em termos de Brasil, o que ainda falta para o cenário dar certo? Qual sua opinião?

Bruno: No Brasil o Metal se vira do jeito que pode, antigamente era tudo mais difícil, hoje estamos muito mais na rota de shows, temos disponibilidade de equipamentos melhores. Tem muita pilantragem e preguiça de investir em qualidade de estrutura eu vejo, e os problemas corriqueiros do país agravam tudo isso. 


BD: A banda já trabalha em um novo álbum certo? Fale um pouco mais dele para os nossos leitores.

Bruno: Bem no momento as demos estão terminadas e será um disco de curta duração, em torno de 30 min, mais brutal e não vejo a hora de apresentar essas músicas novas.


BD: Além deste novo material, quais são os projetos futuros da banda?

Bruno: Olha, a prioridade do DIVULSOR é fazer shows e permanecer dentro do circuito Death Metal.


BD: Deixe sua mensagem final para os leitores.

Bruno: Mais uma obrigado pelo espaço concebido no Heavy Metal Thunder Brasil, aos leitores que forem curiosos em ouvir, o som do DIVULSOR está disponível nas plataformas online, adquirir em formato físico do EP comigo e interesse para shows também é só entrar em contato. Valeu pela força e pelo apoio às bandas autorais aí.


Links para contatos:

Links para audição:


sexta-feira, 22 de junho de 2018

IMAGO MORTIS - L.S.D.


Ano: 2018
Tipo: CD
Nacional


Tracklist:

1. The LSD Theorem
2. Binary Viscerae
3. Hieros Gamos
4. Incantation
5. The Promise
6. Two Headed Chimaera
7. A Farewell Kiss
8. Black Widow
9. Alone
10. Exile
11. Epitáfio de Um Amor
12. Love Sex and Death (Theme)


Banda:


Alex Voorhees - Vocais
Daemon Ross - Guitarras
Rafael Rassan - Guitarras
Charles Soulz - Teclados
Paulo Ricardo Silva - Baixo, baixo fretless
André Delacroix - Bateria


Ficha Técnica:

Alex Voorhees - Produção, mixagem
Michel Marcos - Masterização
Julia Crystal - Vocais em “The Promise”
Mari  Elbereth  Figueiredo - Vocais em “Two Headed Chimaera”
Thiago Connall - Darbuka, Bodhrán em “The LSD Theorem” e “Hireos Gamos”
Alcides Burn - Artwork


Contatos:

Site Oficial:
Assessoria:
  
Texto: Marcos Garcia


O que poderíamos, em um cenário musical em que a inovação é quase que um pecado mortal (tendo em vista o número absurdo de bandas retrô que surgem todos os dias), definir como uma banda que se diferencia?

Em uma aproximação de caráter subjetivo, poderíamos dizer que uma banda desse tipo é aquela que transcende os rótulos, aglutinando influências musicais diversificadas, e que assim é capaz de recriar-se conforme o tempo passa, e se colocar acima daquelas que apenas repetem fórmulas musicais já erodidas. A criatividade não se faz em cima de clichês musicais exauridos, mas em algo que tenha frescor, que vem da alma do músico e nos dá aquela sensação de novidade. E isso é algo para os que sabem ousar, aqueles que não têm medo de reações adversas e narizes torcidos. Dessa maneira, chegamos à conclusão que o sexteto carioca IMAGO MORTIS é um gigante em termos de ser criativo, e comprovando isso, eis que após 12 anos de espera, eles acabam de soltar “L.S.D.”, seu mais novo trabalho.

Mais uma vez, o grupo usa de um conceito único em suas letras: a sigla L.S.D. significa “Love, Sex and Death”, uma alusão às substâncias químicas que provocam a “paixão”. Na realidade, o romantismo aqui é tratado de uma forma totalmente poética e subjetiva, embora adornada com pensamentos que rementem à filosofia de Platão, Schopenhauer, e Nietzsche, bem como estudos da antropóloga Helen E. Fisher, algo do tantrismo, e mesmo reflexões pessoais sobre o amor, a morte, a vida em si, e como a espiral formada por esses três elementos nos envolve cotidianamente. Realmente algo bem papo-cabeça.

Só que estamos falando de música, e isso, o IMAGO MORTIS sempre tem o que mostrar. Definir o trabalho deles como Doom Metal é ser displicente, já que são tantos elementos aglutinados que remetem à New Age, Bossa Nova, Jazz, ao Rock Progressivo, juntamente com influências de Metal moderno, estilos extremos de Metal e tantos outros que fica difícil tentar pôr um rótulo único. Se podemos aferir algo nesse sentido, temos aqui uma abordagem eclética e moderna de Doom Metal. Por isso, a melhor coisa a fazer para começar a compreender o que “L.S.D.” musicalmente é fugir de qualquer tipo de limitação. Digamos que o impacto criativo desse álbum é tão grande como o que conhecemos de “Vida - The Play of Change”, e que ora soa vigoroso, forte e pesado, ora mais denso, melancólico e introspectivo. É uma autêntica viagem, e meus caros: que disco!

Sim, “L.S.D.” é formidável, um desafio que merece ser encarado de peito aberto.

A produção é do Alex Voorhees, e o trabalho que ele teve não foi simples, pois a sonoridade de “L.S.D.” é digna de muitos discos gringos, com tudo soando audível, sem que detalhe algum fique escondido de nossos ouvidos, mas com energia e muito peso. A timbragem dos instrumentos contribuiu bastante já que ela soa cristalina nos momentos mais suaves; e pesada quando o grupo cai para o lado mais agressivo de sua personalidade. Tudo feito com esmero e cuidado para que o grupo posso ser compreendido em sua totalidade (o que não é simples).

A arte gráfica, muito bem trabalhada, é do veterano artista Alcides Burn, que mostra inspiração e segue a ideia do conceito à risca. No encarte, tudo muito simples em termos de texturas de fundo, mas sabendo usar os tons escuros de vermelho e preto para prender a atenção do ouvinte.

Se já temos dificuldade de rotular o que IMAGO MORTIS faz, quanto mais o disco vai tocando, mais se percebe que, musicalmente, o álbum está longe de ser simples de ser assimilado. Uma audição apenas não é suficiente para absorver tantos detalhes e ecleticismo, embora também não chegue ao minimalismo soporífero de muitos (Não tem nada a ver com técnica musical exacerbada, mas com riqueza de arranjos). Longe disso, as canções de “L.S.D.” prendem completamente nossa atenção, graças a belas linhas melódicas que se distribuem por todas as canções do álbum, e a harmonias bem construídas.

Com mais de 13 minutos de duração, a gigantesca “The LSD Theorem” abre o disco, com muitas partes percussivas e com belas cordas (quase um ritual hindu tântrico) que chega mostra uma canção rica em andamentos e com belíssimas mudanças de timbres vocais (as partes interpretativas são belíssimas). Misturando teclados jazzístiscos com partes brutais e outras mais técnicas, bumbos velozes e alguns tempos quebrados, temos “Binary Viscerae”, onde muita influência de estilos mais modernos de Metal extremo dão as caras. Os mesmos elementos podem ser ouvidos em “Hieros Gamos”, embora seja um pouco mais simples e focada na agressividade (e onde baixo e bateria se destacam em uma base rítmica sólida). Mais introspectiva e bela, “Incantation” possui belos duetos de guitarras, além de pianos bem encaixados. Também bem sensível e cheia de melodias caprichadas é “The Promise”, onde temos a participação especial de Julia Crystal, cantora de New Age que empresta seu talento para criar lindos duetos vocais. “Two Headed Chimaera” rebusca o contraste de partes melodiosas e pesadas com momentos brutais, e outra onde temos excelentes duetos vocais, dessa vez com a presença de Mari Elbereth Figueiredo (ex-vocalista do MELYRA, e atual CHRONICODE). Em “A Farewell Kiss”, surgem aquelas linhas mais etéreas e pesadas comuns às bandas de Doom Gothic Metal, mas logo o peso dos andamentos mais lentos do Doom Metal se impõe, mas sempre adornados com guitarras fantásticas e teclados bem encaixados. Curta e beirando o Thrash Metal, “Black Widow” é outra canção marcada por uma simplicidade técnica mais evidente, mas que é genial (e mais uma vez, o peso criado por baixo e bateria é de primeira). A longa e densa “Alone” tem um enfoque belo e introspectivo, e aquele leve toque de melancolia dado pelos teclados que é uma das marcas registradas do sexteto (e que solos de guitarra). “Exile” é curtinha, uma instrumental de pianos e teclados que antecede “Epitáfio de Um Amor”, declamada em português, é um poema quase filosófico permeado por orquestrações e alguns arranjos de guitarras providenciais, mas sem quebrar o clima soturno. E “Love Sex and Death (Theme)” alterna partes mais melancólicas e intimistas (onde o baixo debulha na técnica) com outros mais grandiosos, onde teclados preenchem os espaços e a bateria mostra-se muito pesada (e nas partes agressivas, com vocais gritados, as guitarras tecem belas linhas melódicas).

Desta forma, a nova encarnação do IMAGO MORTIS se mostra vigorosa e criativa como as anteriores. Logo, “L.S.D.” é um dos grandes discos do ano de 2018, logo, merece estar na coleção de qualquer fã de Metal que se preze. E conforme for sendo assimilado pelos fãs, é um candidato a seguir os passos de “Vida - The Play of Change”: se tornar um clássico do Metal nacional.

Nota: 100%

terça-feira, 19 de junho de 2018

MARDUK - Viktoria


Ano: 2018
Tipo: Full Length
Importado


Tracklist:

1. Werewolf
2. June 44
3. Equestrian Bloodlust
4. Tiger I
5. Narva
6. The Last Fallen
7. Viktoria
8. The Devil’s Song
9. Silent Night


Banda:


Mortuus - Vocais
Morgan - Guitarras
Devo - Baixo
Widigs - Bateria


Ficha Técnica:

Marduk - Produção, mixagem, masterização
Mortuus - Capa


Contatos:

Site Oficial: http://www.marduk.nu/
Assessoria:
E-mail:


Texto: Marcos Garcia


Existem momentos na carreira de uma banda em que mudanças ocorrem, justamente para mostrar o amadurecimento dos seus integrantes. Esta é uma força que não pode ser contida, logo, o melhor é que se abrace e deixe que ele (o amadurecimento) faça sua parte. E sendo guiado por sua identidade forjada a ferro e fogo, mas com a evolução a seu lado, o quarteto sueco MARDUK chega com mais um assalto musical, seu décimo quarto disco de estúdio, “Viktoria”.

Musicalmente, “Viktoria” nos mostra o quarteto explorando elementos musicais de seu passado, da época de discos como “Opus Nocturne” e “Heaven Shall Burn... When We Are Gathered”, ou seja, aquela agressividade intensa e brutal de sempre, mas com alguns momentos não tão velozes e extremos como de costume (“Werewolf” é um ótimo exemplo disso). Mas óbvio que ataques com velocidades estonteantes estão presentes, além de músicas bem cadenciadas e opressivas. E não, o MARDUK não mudou seu “insight” lírico, continua explorando temas satânicos e históricos que causam desespero nos SJW e adeptos do politicamente correto (embora não haja nada errado com esse tipo de letra). Mas é preciso dizer que a experiência do grupo continua dando aquela diferenciada entre o grupo e muitos outros. O quarteto possui identidade, e ponto final.

Sim, “Viktoria” é mais uma gema preciosa na discografia da banda.

Gravado mais uma vez nos Endarker Studios, tendo os próprios integrantes cuidando da produção, mixagem, masterização e engenharia sonora, este disco tem uma produção mais bem cuidada que muitos fãs mais extremistas gostariam, mas a sonoridade mais bem delineada permite que o quarteto se expresse muito melhor musicalmente. Tudo está claro aos ouvidos, com timbres ótimos, mas bem pesado, e com a agressividade e energia fluindo pelos falantes.

Já em termos de arte gráfica, a capa é uma das mais simples que a banda já teve, se não for a mais simples. Mas é essa a ideia: usando uma imagem mais direta (que foi trabalhada por Mortuus), inspirada pelos pôsteres da Reichspropagandaleitung de do Office of War Information, ela fixa em nossa memória quase que instantaneamente.

E pode-se aferir que “Viktoria” é um disco maduro. Vemos que Mortuus está cantando de maneira formidável, usando muito bem de todos os timbres de voz que possui (indo de tons rasgados a outros mais urrados sem problemas), bem como a massa rítmica criada por Devo (baixo) e Widigs (bateria) é sólida e técnica, guiando bem os tempos da banda. E Morgan continua sendo um dos melhores guitarristas de Black Metal de todos os tempos, um mestre com riffs excelentes e que são de fácil assimilação. Aliado ao talento de cada um de seus membros, existe a inspiração em termos musicais, sendo arranjar as canções de maneira sóbria (e nenhuma delas ultrapassa muito dos 4 minutos de duração), mas sempre criativa e de bom gosto.

As sirenes de ataque aéreo dão início à sinistra “Werewolf”, uma canção brutal, mas onde a velocidade não é exacerbada, com um trabalho instrumental simples, além de ótimos vocais. Já mais veloz e na pegada tradicional do grupo, temos “June 44”, os vocais alternam bastante de timbres, seguindo as mudanças de andamento (que destacam o ótimo trabalho de baixo e bateria). Em “Equestrian Bloodlust”, outra com um jeito mais tradicional da banda em termos de velocidade, onde as guitarras reinam supremas em seus riffs certeiros. Mais cadenciada e densa é “Tiger I”, com uma energia opressiva e cativante, e uma aula de interpretação dos vocais. Rapidez e impacto é o que temos em “Narva”, outra aula de riffs e arranjos fenomenais em termos de guitarras. “The Last Fallen” mostra alternância entre partes mais lentas, outras mais tradicionais em termos de Black Metal (aquelas em que as guitarras criam uma atmosfera muito soturna), e outras muito rápidas, e percebe-se ótimo trabalho de bateria, especialmente nos dois bumbos. O baixo pulsa bem evidente em muitos momentos de “Viktoria”, especialmente nas partes mais cadenciadas, outra canção impactante e que funcionará bem ao vivo. Outra que fará a alegria nas apresentações ao vivo é “The Devil’s Song”, veloz, direta e seca, mas mostrando ótimos arranjos de guitarras. E fechando, temos a sinistra e lenta “Silent Night”, que vem para triturar os ossos, mais uma vez com os vocais fazendo um trabalho ótimo, com timbres muito bons.

“Viktoria” mostra como a máquina de guerra Black Metal chamada MARDUK está azeitada e pronta para tomar de assalto o mundo inteiro. E assim, vai preparando os fãs para a “March of Blood and Iron Tour”, a próxima turnê deles na América do Sul em setembro e outubro próximos. Até lá, ouçam mais e mais esse disco, onde o grupo mais uma vez para estar entre os grandes destaques do ano.

Nota: 100%