segunda-feira, 11 de março de 2019

ACCEPT: Symphonic Terror - Live at Wacken 2017


Ano: 2019
Tipo: 2CD+DVD
Nacional


Tracklist:


Disco 1 (DVD):

Parte 1 - Accept:

1. Die by the Sword
2. Restless and Wild
3. Koolaid     
4. Pandemic
5. Final Journey

Parte 2 - Headbanger’s Symphony:

6. Night on Bald Mountain
7. Scherzo
8. Romeo and Juliet
9. Pathétique
10. Fouble Cello Concerto in G Minor
11. Symphony No. 40 in G Minor

Parte 3: Accept with Orchestra:

12. Princess of the Dawn
13. Stalingrad
14. Dark Side of My Heart
15. Breaker
16. Shadow Soldiers
17. Dying Breed
18. Fast as a Shark
19. Metal Heart
20. Teutonic Terror
21. Balls to the Wall
22. Making of: Wacken                   
23. Making of: Headbanger’s Symphony                       


Disco 2 (CD):

1. Die by the Sword                         
2. Restless and Wild                       
3. Koolaid                  
4. Pandemic                          
5. Final Journey                   
6. Night on Bald Mountain                        
7. Scherzo                 
8. Romeo and Juliet                        
9. Pathétique                        
10. Double Cello Concerto in G Minor                
11. Symphony No. 40 in G Minor                         


Disc 3 (CD):

1. Princess of the Dawn                 
2. Stalingrad                         
3. Dark Side of My Heart                
4. Breaker                  
5. Shadow Soldiers                         
6. Dying Breed                     
7. Fast as a Shark                
8. Metal Heart                       
9. Teutonic Terror                 
10. Balls to the Wall


Banda:


Mark Tornillo - Vocais
Wolf Hoffmann - Guitarras, guitarras em “Headbanger’s Symphony”
Uwe Lulis - Guitarras
Peter Baltes - Baixo
Christopher Williams - Bateria, bateria em “Headbanger’s Symphony”


Ficha Técnica:

Phillip Shouse - Guitarras em “Headbanger’s Symphony”
Daniel Silvestri - Baixo em “Headbanger’s Symphony”
Melo Mafali - Teclados em “Headbanger’s Symphony”, arranjos orquestrais
Czech National Symphony - Orquestra em “Headbanger’s Symphony” e “Accept with Orchestra”
Miguel Augusto - Gravação
Péter Sallay - Arte da capa
Kerstin Winkle - Artwork, layout


Contatos:

Assessoria:  
E-mail:  

Texto: “Metal Mark” Garcia


Introdução: “Uma tradição de muitos anos dentro do Metal” é uma ótima definição usada para se falar de discos ao vivo. Pode-se dizer que, inclusive, são quase que um vestibular, pois para muitos, um disco ao vivo malfeito ou com uma performance ruim pode jogar fora todo o trabalho de qualquer grupo. Mas quando o nome do quinteto germânico ACCEPT é citado, fica óbvio que este teste para eles é sempre motivo de alegrias para os fãs. E fugindo um pouco do esquema tradicional, eles lançaram “Symphonic Terror - Live at Wacken 2017”, que acabou se sair no Brasil graças aos esforços conjuntos da Shinigami Records e da Nuclear Blast Brasil.


Análise geral: O grupo resolveu fazer algo diferente do usual em termos de discos ao vivo, e mesmo daqueles em que existe uma orquestra com a banda. O show tem 3 partes distintas: a primeira é o comum, ou seja, só a banda tocando suas canções; a segunda é instrumental e neoclássica (basicamente, algum material do disco solo do guitarrista Wolf de 2016, “Headbangers Symphony”; e uma inédita; e ele é acompanhado pela Orquestra Nacional da República Tcheca, ou Czech National Symphony, e alguns músicos que gravaram seu disco solo), e a terceira onde o quinteto toca alguns de seus clássicos juntamente com a referida orquestra.

O show foi gravado em 3 de Agosto de 2017 no Wacken Open Air festival, diante de 80000 fãs, sem mencionar os que acompanharam via live stream na época.

O estilo do grupo, como todos já sabem, está consolidado nesses mais de 50 anos de atividade (levando em conta o período em que o grupo era chamado Band X): o bom e velho Heavy Metal melodioso e pesado, com ótimas melodias, corais e backing vocals bem encaixados, ótimo nível técnico, uma energia absurda, tudo focado em guitarras insanas (riffs ganchudoso e solos melodiosos), base rítmica sólida (baixo e bateria com ótima técnica e precisão absurda, e uma pena que este é o último trabalho da banda com o baixista Peter Baltes), e vocais agressivos de primeira. Mas a diferença é: tem a personalidade que moldou o Metal germânico de tal forma que o termo é quase sinônimo de ACCEPT, sem contar que influenciou totalmente o Power Metal e o Speed Metal (e talvez o Thrash Metal).

“Aovivabilidade”: A verdade é que aquilo que se captou na época e o que se tem nesse lançamento é idêntica. Sim, aparentemente não existem muitos acertos de estúdio “Symphonic Terror - Live at Wacken 2017”. Tudo é de alto nível, mas em termos de captação, ou seja, áudio e vídeo são apresentados como o foram no dia.

Qualidade sonora/visual: Chega a ser quase uma heresia ter que falar desse aspecto. Tudo está perfeito, com takes ótimos das câmeras e a captação ficou excelente (a qualidade das imagens é absurda); e o som não fica atrás, inclusive com a participação entusiasmada do público presente. Mais um pouco e a sensação seria de que o fã estaria lá!


Peter Baltes e Wolf Hoffmann
Arte gráfica/capa: Um material de vídeo/áudio assim tem que ter uma arte gráfica de primeira. Não poderia ser de outra forma, e esse formato digipak de oito páginas (ou seja, quatro internas e quatro externas) com uma capa linda e cujo significado do show fica evidente (e é uma referência à capa de uma das edições recentes em CD de “Restless and Wild”). O encarte é cheio de fotos do show, informações sobre o evento, e tudo em 12 páginas belíssimas.


Setlist: é outro ponto excelente do álbum, pois o grupo soube escolher bem quais as canções que seriam apresentadas e em qual momento. Por isso, na primeira parte, apenas com o quinteto, deram mais ênfase na fase mais atual.

Óbvio que faltaram alguns clássicos, mas se fossem relacionados aqui, o leitor teria a clara percepção que o ACCEPT teria que fazer um show de 4 horas, e isso para começar!


Destaques musicais/vídeos: Enquanto muitos veteranos estão dando sinais evidentes de cansaço (e que a aposentadoria merecida está próxima), o ACCEPT está vivendo o melhor e mais criativo momento de sua carreira, esbanjando vontade, energia e juventude. Além disso, na primeira parte do show, eles focam bastante na fase em que Mark faz os vocais (das cinco, somente “Restless and Wild” não o é), e duas vieram do mais recente da banda da época (o ótimo “The Rise of Chaos”).

Da primeira parte, “Accept”, não tem como não ficar arrepiado e de olhos arregalados pela energia e performance do quinteto em “Die by the Sword” (desce a cortina, e o quinteto desce a marreta, com muita movimentação e o público os recebendo como heróis), a clássica “Restless and Wild” (80000 pessoas batendo palmas ao mesmo tempo é algo incrível), os hits “Koolaid” (canção mais amena, com aquela energia crua germânica que só o quinteto tem) e “Pandemic” (a atitude da banda no palco mostra uma espontaneidade que anda escassa nos gigantes nos tempos atuais), e a ótima “Final Journey”.

“Headbanger’s Symphony” vem em seguida. Com um “set” todo instrumental, a presença da orquestra enriquece o show, mostrando a força do disco solo de Wolf, que diferente de muitos que seguem uma linha mais Barroca quando fazem trabalhos dessa forma, preferiu algo mais voltado ao Romantismo. E longe de ser entediante e/ou cansativo, não dá para despregar os olhos e ouvidos!

E se percebe na beleza de “Night on Bald Mountain” (adaptação de uma obra do compositor russo Modest Mussorgsky de mesmo nome), “Scherzo” (outra adaptação, dessa vez da “9ª. Sinfonia” de Beethoven), “Pathétique” (também de Beethoven, escrita originalmente para piano), “Fouble Cello Concerto in G Minor” (que no disco é “Double Cello Concerto in G Minor”, mas que ganhou algo diferente, e cuja base é “Concerto Para Dois Violoncelos em G Menor”, de Vivaldi), e “Symphony No. 40 in G Minor” (que vem de da sinfonia de mesmo nome de Mozart), além das novas “Romeo and Juliet” o quanto os elementos de música clássica fazem parte do Heavy Metal como um todo, especialmente para quem achava que aquele “insert” clássico de “Metal Heart” era obra do acaso ou plágio. Depois disso, talvez alguns dos guitarristas do chamado Neoclássico no Metal entendam que técnica e velocidade não são tudo, e Wolf é um excelente professor.


Fechando o DVD, tem-se “Accept with Orchestra”, ou seja, 10 temas clássicos do quinteto alemão onde são acompanhados por orquestra.

Aqui, a coisa fica ainda melhor, pois velhos clássicos como “Princess of the Dawn” (os arranjos orquestrais ficaram perfeitos sobre as bases de guitarra, e com o público cantando o refrão com a banda), “Breaker” (que foi recuperada, após anos de desuso, pois não foi registrada em discos da atual fase do grupo, onde as cordas da orquestras se encaixam como uma luva), o eterno hino “Fast as a Shark” (já de noite, com muita pirotecnia, uma energia selvagem e o público cantando a introdução com muita vontade), a clássica “Metal Heart” (quem diria que 20 anos depois seria tão idolatrada, pois na época do lançamento do disco, foi considerada um fiasco, e embelezada pela orquestra, sua natureza clássica aflora de vez, o que se percebe claramente durante o solo de guitarra), junto com as recentes “Stalingrad” (que ganhou uma aura elegante, especialmente em seu início), “Dark Side of My Heart” (impossível não agitar em casa, pois as melodias grudam nos ouvidos, com vocais e backing vocals perfeitos), “Shadow Soldiers” (um jeitão mais cadenciado e melodioso envolvente), “Dying Breed” (agressividade e melodia na medida certa, com uma base rítmica sólida que permite que a participação da orquestra dê aquele brilho especial á ela), e “Teutonic Terror” (a canção que ressuscitou a banda após anos inativa, e que se tornou um de seus hits). E nenhum grande show do ACCEPT (talvez nenhum show, melhor dizendo) estaria completo sem “Balls to the Wall”, maior hit do quinteto de todos os tempos (essa repaginada com a atual formação ficou perfeita, e a participação de sopros e cordas só lapidou o que já era perfeito).

Para os que gostam de ouvir um disco sem se prenderem ao vídeo, temos o mesmo “setlist” distribuído em dois CDs, logo, poderão ouvir no carro, na casa dos amigos, no trabalho, enfim, onde bem desejarem.



No DVD, ainda se tem “Making of: Wacken”, onde é mostrado o anúncio do show à imprensa e os planos da gravação de um disco ao vivo, bem como a explicação do que seria o evento, cenas do quinteto ensaiando com a orquestra (com muitas partes bem divertidas), a chegada da turma ao backstage do Wacken e a preparação de tudo por lá, os testes da iluminação e efeitos especiais, o assédio á banda por membros da equipe do festival, a entrada e a saída deles do palco, enfim, muitos extras que são preciosos.

Fechando, o “Making of: Headbanger’s Symphony” mostra o árduo trabalho de se montar toda a estrutura para este show, com depoimentos de Wolf sobre como a música Clássica faz parte de sua música. E tudo entremeado com cenas do show e outras. Sempre bem divertido e informativo.
                         

Conclusão: Como dito antes, enquanto muitos gigantes da mesma época deles já dão sinais de cansaço, o ACCEPT mostra que está vivendo um excelente momento, que ainda tem muito a contribuir ao cenário mundial.

Encerrando, “Symphonic Terror - Live at Wacken 2017” corrobora a frase do caríssimo e querido amigo/irmão Ricardo Batalha (da Roadie Crew): se você gosta de Metal, gosta de ACCEPT. Sem mais!


Nota: +100%


Symphony No. 40 in G Minor:



Breaker:



Shadow Soldiers:



Balls to the Wall:



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