quinta-feira, 3 de maio de 2018

AMORPHIS - Queen of Time


Ano: 2018
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1. The Bee
2. Message in the Amber
3. Daughter of Hate
4. The Golden Elk
5. Wrong Direction
6. Heart of the Giant
7. We Accursed
8. Grain of Sand
9. Amongst Stars
10. Pyres on the Coast


Banda:


Tomi Joutsen - Vocais
Esa Holopainen - Guitarras
Tomi Koivusaari - Guitarras
Olli-Pekka Laine - Baixo
Santeri Kallio - Teclados
Jan Rechberger - Bateria


Ficha Técnica:

Jens Bogren - Produção, mixagem, masterização
Chrigel Glanzmann - Flautas
Albert Kuvezin - Vocais
Jørgen Munkeby - Saxofone
Anneke van Giersbergen - Vocais em “Amongst Stars”


Contatos:

Site Oficial: www.amorphis.net
Assessoria:

E-mail:


Texto: Marcos Garcia


Desde os anos 90 que o grupo finlandês AMORPHIS não cansa de surpreender os fãs de Metal. Sendo um dos pioneiros do chamado Death Metal melódico com “Tales from the Thousand Lakes”, a criatividade deles não parou por ali: foram juntando cada vez mais elementos musicais diferentes e jogando na mistura, se ampliaram fronteiras musicais quando outras bandas começaram a se acomodar em uma determinada fórmula. E mais uma vez, o sexteto surpreende em “Queen of Time”, seu mais recente disco, que a Shinigami Records e a Nuclear Blast lançam no Brasil.

Mais uma vez, o sexteto expandiu fronteiras.

Evitando qualquer rótulo musical possível (já que tentar fazer isso com eles é quase impossível), a música repleta de psicodelia atualizada, aliada à vocais guturais e outros limpos e carregados de emoção, ganhou em termos de elegância, já que eles enriqueceram ainda mais usando de uma orquestra e corais, algo inédito para eles. Se discos como “Silent Waters”, “Skyforger” e “Under the Red Cloud” são mostras do quanto eles podem mudar as regras do jogo e expandir possibilidades, em “Queen of Time” temos um disco irrepreensível, mais denso e com maior profundidade de emoções, maior expressividade, e assim, vemos que o nível que eles alcançaram é bem alto!

E pelo visto, ninguém segura o AMORPHIS!

Na produção de “Queen of Time”, ninguém menos que Jens Bogren, um dos gênios das gravações de discos da atualidade. E pela diversidade musical que permeia o disco, percebe-se que o trabalho distou de algo simples, mas tudo funciona como um relógio, com tudo com seus devidos efeitos e volumes, tudo nos seus devidos lugares e com timbres bem pensados. E, além disso, tudo soa orgânico, vivo, e cheio de energia.

Senhores de um estilo bem próprio, o sexteto busca na diversidade que os cerca dar um acento coeso a “Queen of Time”, e conseguem. A forte psicodelia e elementos progressivos continuam presente, assim como as partes mais agressivas e ritmos quebrados aqui e ali. Mas a dinâmica entre instrumentos e vocais ficou ainda mais apurada, e sente-se que a inspiração foi a tônica a guiar o grupo no processo de composição. E em um disco em que saxofones, flautas, orquestra e vocais diferenciados se misturam dessa forma, somente bandas com uma capacidade criativa além do normal poderiam sobressair. E o AMORPHIS é assim.

Não existem pontos fracos no disco inteiro, todas as faixas são excelentes. E destacam-se a sinuosa e cheia de contraste entre momentos mais amenos e outros brutais “The Bee”, o ranço Folk da grandiosa “Message in the Amber” (onde belas passagens de teclados preenchem todos os espaços, além de toques jazzísticos feitos por baixo e bateria), o peso denso e emotivo de “Daughter of Hate” (alguns ritmos quebrados aparecem aqui e ali, junto com vocais rasgados), a profundidade melódica progressiva e tocante de “The Golden Elk”, os elementos de Space Rock que adornam a bela “Wrong Direction” (que refrão, além de alguns toques Post Rock que surgem nas guitarras, fora o baixo soando gorduroso em vários pontos), a força progressiva e psicodélica de “Heart of the Giant”, com ótimas guitarras e partes orquestrais; “We Accursed” (belíssima e com toques Folk, que apresenta também um solo de guitarra belíssimo e e arranjos bem feitos nos teclados), o peso mais bruto de “Grain of Sand” e a prevalência de vocais guturais (embora existam partes de vozes limpas e o refrão seja todo em contraste de ambos os tons citados e ainda existam corais excelentes), a lindíssima “Amongst Stars”, intensa em suas melodias e combinação de vocais (verdade seja dita: a participação de Anneke van Giersbergen nos vocais, mais o enriquecimento feito pelas flautas não tem preço), e a bem trabalhada e cheia de melodias sedutoras “Pyres on the Coast” (que trabalho lindo das guitarras mais uma vez). É, não dá para destacar canções, uma vez que a inspiração e homogeneidade do álbum é enorme. E além disso tudo, este disco marca a volta do baixista Olli-Pekka Laine após 17 anos fora do grupo.

O AMORPHIS dá mais um passo adiante, e coloca “Queen of Time” como um forte candidato a disco do ano.


Nota: 100+%



DIMMU BORGIR - Eonian



Ano: 2018
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1. The Unveiling
2. Interdimensional Summit
3. ÆTheric
4. Council of Wolves and Snakes
5. The Empyrean Phoenix
6. Lightbringer
7. I Am Sovereign
8. Archaic Correspondence
9. Alpha Aeon Omega
10. Rite of Passage


Banda:


Shagrath - Vocais
Silenoz - Guitarra base
Galder - Guitarra solo


Ficha Técnica:

Dimmu Borgir - Produção
Jens Bogren - Engenharia,
Daray - Bateria
Gerlioz - Teclados
Gaute Storås - Arranjos de ópera e orquestrações
Schola Cantrum Choir - Corais
Francesco Ferrini - Orquestrações
Zbigniew Bielak - Artwork


Contatos:

Assessoria:

E-mail:

Texto: Marcos Garcia


Uma das coisas mais chatas de se ver quando falamos de lançamentos de discos de bandas consagradas são as comparações. Os fãs parecem esquecer que uma banda é composta de pessoas, e uma dinâmica de transformação sempre as guia em busca de novas conquistas e expressões musicais. Raras são as bandas que tendem ao continuísmo puro e simples. Mas existem aqueles que parecem nos desafiar com seus discos novos, de uma forma em que reações estilo “amo ou odeio” começam a surgir. E desde que despontaram para o sucesso, o DIMMU BORGIR sempre causa frisson em seus fãs (e longas reclamações e “mimimis” nas mídias sociais). Com “Eonian” (lançado por aqui pela parceria da Shinigami Records com a Nuclear Blast Brasil) não seria diferente.

Para início de conversa, é preciso ter em mente que o grupo possui fases distintas: aquela mais atmosférica e focada em ambientações sombrias (que pode ser ouvida em “For All Tid” de 1995, e “Stormblåst” de 1996), o início do uso de maior agressividade aliada a teclados mais diversificados (em “Enthrone Darkness Triumphant” de 1997 e “Spiritual Black Dimensions” de 1999), a fase de grandiosidade técnica, agressividade ainda maior e orquestrações mais evidentes (que se ouve em “Puritanical Euphoric Misanthropia” de 2001, “Death Cult Armageddon” de 2003, e “In Sorte Diaboli” de 2007), e o início de um trabalho mais esmerado no uso de orquestra e corais operísticos (em “Abrahadabra”, de 2010). Com uma diversidade musical tão grande, é preciso ter em mente que o trio pode lançar mão de muitas possibilidades. Em “Eonian”, oito anos desde seu último álbum de músicas inéditas, o DIMMU BORGIR rebusca a simplicidade técnica da era de “Enthrone Darkness Triumphant” e “Spiritual Black Dimensions”, mas com o mesmo “approach” sinfônico de “Abrahadabra”, só que mais espontâneo e menos mecânico que este (o que nos leva a questionar se as confusões na banda naqueles tempos não influíram nisso).

Ou seja: o trio está de volta em grande estilo, doa a quem doer.

Desta vez, a banda buscou a ajuda de Jens Bogren para a engenharia de som, visando uma sonoridade mais orgânica, e acertaram: o que se ouve em “Eonian” é algo realmente limpo e bem cuidado, mas pesado, denso e com aquela ambientação mezzo sinfônica, mezzo soturna, e com uma escolha de timbres ótima. Tudo está em seu devido lugar, soando pesado e agressivo, mas com as melodias da banda bem evidentes.

E diferentemente do que fazem há um tempo, o trio preferiu uma arte gráfica mais simples, com apenas duas cores, e que foi feita por Zbigniew Bielak. O desenho é ótimo, verdade seja dita, mas esta aproximação um pouco mais simples, provavelmente, deve ser para que os fãs fiquem com as atenções todas voltadas apenas ao mais importante: a música.

E em termos musicais, muito já se viu de “mimimi” desde que a banda lançou as primeiras músicas de divulgação de “Eonian”. No fundo, creio que muitas palavras e poucas audições causaram uma ilusão em massa, pois o disco inteiro é muito bom. O DIMMU BORGIR soube se renovar, e ao mesmo tempo, expandir fronteiras em termo de criatividade e arranjos. E mais uma vez, o grupo levou sua criatividade e capacidade de criar arranjos musicais a extremo, mesmo nessa singela simplicidade em termos de linhas melódicas.

Todas as músicas são excelentes, e vale destacar algumas como referência nas primeiras audições.

A força melódica soturna e simples de “Interdimensional Summit” com seus corais e vocais bem encaixados (esta é o primeiro Single do disco, e mostra um belo contraste entre o suave e o extremo), o sabor suave e denso que possui “ÆTheric” (com arranjos mais simples, mas mostrando um excelente trabalho de guitarras), as passagens sinistras das harmonias bem estruturadas de “Council of Wolves and Snakes”, o toque atmosférico que se percebe em “Lightbringer” (boas variações rítmicas, e um trabalho muito bom na bateria), o mix inteligente de partes orquestrais e corais sinistros de “I Am Sovereign”, o feeling opressivo dos tempos de “Archaic Correspondence” (onde um pouco da velha agressividade do grupo surge de forma mais evidente), e a ótima “Alpha Aeon Omega” (que possui estruturação harmônica que lembra demais os tempos de “Enthrone Darkness Triumphant”, mas usando do alinhavo orquestral e sinfônico de hoje em dia).

Se me perguntarem se os 8 anos valeram a pena, direi que “Eonian” está bem acima das expectativas, e vem para firmar de vez o DIMMU BORGIR como um dos grandes nomes do Metal mundial (já que eles transcenderam as barreiras do Black Metal há anos). Mas se vocês querem ficar reclamando da banda e comparando-os a outros grupos, sinceramente, creio que você deveria ir ouvir MPB ou similares...

P.S.: o disco sai agora, dia 4 de Maio, logo, deve estar nas lojas em breve.

Nota: 100%



COSMIC ROVER - Cosmic Rover



Ano: 2018
Tipo: Extended Play (EP)
Selo: Independente
Nacional


Tracklist:

1. Never Forget
2. Space Motherfucker
3. Cosmic Rover
4. Bright Highway


Banda:


Edson Graseffi - Vocais, bateria
Rick Rocha - Guitarras
Rodrigo Felix - Baixo


Ficha Técnica:

Henrique Baboom - Produção


Contatos:

Site Oficial:
Assessoria:

E-mail:


Texto: Marcos Garcia

  
Um estilo que anda bem em evidência no cenário é o Stoner Rock/Metal.

Todos os dias, bandas e mais bandas nessa mesma pegada referenciando grupos do passado surgem, algumas com trabalhos ótimos, outros nem tanto. E no Brasil, poucos andam fazendo o estilo, e além disso, quando uma banda por aqui coloca a mão em qualquer gênero, sempre mostra algo diferente do original. Se devido à exposição atual a coisa anda ficando desgastada lá fora, grupos como o COSMIC ROVER, trio de SP, ajudam a dar um gás novo. O primeiro EP do grupo, “Cosmic Rover”, é uma mostra clara disso.

Nas fileiras do trio estão músicos bem experientes. Rick Rocha já tocou no LABORATORI, enquanto o baixista Rodrigo Félix é conhecido na noite paulista. Na bateria, Edson Graseffi, do PANZER, que mostra seus dons vocais no trio pela primeira vez. E unidos, o grupo destila um Stoner Rock/Metal pesado, denso e cheio de groove, mas com influências de Space Rock e mesmo SOuthern Rock. Mas o que diferencia o grupo dos similares gringos que infestam o cenário é sua maior fluência melódica, não soando tão “duro” como eles. Pelo contrário, o COSMIC ROVER é bem azeitado, possui um suingue todo próprio, soando solto, vivo e cheio de energia. E a selvageria Stoner não tem fim!

Na sonoridade, o trio conseguiu um mix interessante de algo claro e bem feito em termos estéticos, com o peso e som orgânico tão essencial do gênero, mais uma diferença deles para seus pares de estilo. Tudo é claro e inteligível no EP, fugindo um pouco do padrão, embora exista um evidente clima “ao vivo” na gravação (não existem guitarras base durante os solos, dando uma impressão de gravação em “one take”). E isso é bom.

Soando vivo e com pegada, o trabalho do COSMIC ROVER vem para dar um gás novo, e justamente pela experiência de seus componentes o som deles é mais redondo aos ouvidos, e longe do “mais do mesmo” enjoativo que empesteia o gênero. Muito de C.O.C. e DOWN, e algo de SOUNDGARDEN e MONSTER MAGNET podem ser detectados, mas sem que o grupo soe sem identidade. Pelo contrário, isso se percebe claramente em suas composições.

Em “Never Forget”, uma pegada mais pesada e densa, com guitarras de primeira e um andamento mais arrastado de primeira. Um pouco mais agitada e mostrando influências melódicas do Rock clássico é “Space Motherfucker”, mais reta, direta e cheia de energia, com bons vocais (esses tons roucos pegaram muito bem). Rebuscando o azedume dos anos 70, “Cosmic Rover” é uma clássica canção de Stoner Rock, que mostra riffs sinuosos e melodias mais simples (e com ótima técnica na bateria). Já em “Bright Highway”, toda fluência e peso do groove setentista se evidenciam, algo mais suingado e denso, com boa noção melódica.

“Cosmic Rover” será liberado para audição nos próximos dias, logo, aproveitem para ouvir o quanto o COSMIC ROVER tem para dar ao cenário nacional.


Nota: 88%