quinta-feira, 18 de outubro de 2018

TOURNIQUET - Gazing at Medusa


Ano: 2018
Tipo: Full Length
Selo: Pathogenic Records
Importado


Tracklist:

1. Sinister Scherzo
2. Longing for Gondwanaland
3. Memento Mori
4. All Good Things Died Here
5. The Crushing Weight of Eternity
6. The Peaceful Beauty of Brutal Justice
7. Can’t Make Me Hate You
8. One Foot in Forever
9. Gazing at Medusa


Banda:


Tim “Ripper” Owens - Vocais (músico convidado)
Chris Poland - Guitarra solo (músico convidado)
Aaron Guerra - Guitarras, vocais
Ted Kirkpatrick - Bateria, baixo


Ficha Técnica:

Ted Kirkpatrick - Produtor
Aaron Pace - Mixagem, masterização
Jason Juta - Arte da capa
Deen Castronovo - Vocais em “Gazing at Medusa”


Contatos:

Assessoria:

Texto: “Metal Mark” Garcia


Acima de qualquer pensamento ideológico/religioso, um fã de Metal deveria se apegar aquilo que é mais importante: a música em si. Mas em tempos em que o ódio às diferenças impera, é mais fácil se apegar a fórmulas de pensamentos em grupo do que ao talento musical de muitos. No Brasil, a terra em que toda forma de radicalismo sempre imperam (e se justificam das maneiras mais ridículas possíveis), muitas boas bandas passam despercebidas porque imperam ideais e ideologias, e raramente a música fala mais alto. Se fosse o oposto, garanto que 99% dos fãs estariam apreciando “Gazing at Medusa”, disco novo do veterano norte-americano TOURNIQUET, que é um dos grandes discos do ano, sem sombra de dúvidas!

Marcado por conta da mensagem cristã de suas letras, poucos parecem ter ouvidos abertos para reconhecer seu talento. Além do mais, o grupo sempre foi bastante amorfo, sempre buscando evoluir conforme o tempo. Mas a consensualidade sempre foi um ponto forte de sua identidade, pois o antigo Thrash/Heavy Metal que todos conhecemos ainda pulsa nesse disco, somente mais encorpado e com muitas influências do Metal moderno. Ou seja, lapidado pelos anos, o grupo nos trás em “Gazing the Medusa” um disco de Thrash/Heavy Metal moderno, com muitos elementos agressivos delineados por linhas melódicas privilegiadas. Além disso, ao lado de Ted Kirkpatrick (único membro restante da formação original) e de Aaron Guerra (veterano que está com o grupo desde os anos 90), estão como convidados o guitarrista Chris Poland (reconhecido por ter feito parte do MEGADETH e gravado clássicos como “Killing is my Bussiness... and Business is Good” e “Peace Sells... But Who’s Buying?”) e Tim “Ripper” Owens (conhecido vocalista que já passou por JUDAS PRIEST, ICED EARTH, YNGWIE J. MALMSTEEN’S RISING FORCE, e que tem outros trabalhos hoje em dia). Além deles, o baterista Deen Castronovo (outro bem conhecido, pois tocou com OZZY OSBOURNE, BAD ENGLISH, GZR, e muitos outros) fazendo vocais em uma participação especial. Não tinha como dar errado se dependesse dos músicos.

E não deu, pois a beleza e vigor de “Gazing at Medusa” é algo sedutor, é um disco que gruda nos ouvidos, além de esbanjar agressividade e energia.

As mãos de Ted seguraram a responsabilidade de produzir o disco, além de Aaron Pace ter sido o responsável pela mixagem e masterização. Desta forma, a sonoridade do disco é moderna e abrasiva, com aqueles timbres fortes e distorcidos, mas que de forma alguma são incompreensíveis aos nossos ouvidos. Longe disso, a clareza é enorme, de forma que as melodias são bem audíveis e conseguimos entender os arranjos de cada faixa, por mínimo que sejam. Peso, agressividade, melodia e clareza estão balanceados, que nos brinda com uma qualidade sonora que beira a perfeição.

Além disso, a capa de Jason Juta é linda, bem feita e com um toque sinistro que casou perfeitamente com a musicalidade do disco (e obviamente com o título).

O 10o disco do TOURNIQUET é fenomenal, cheio de pegadas ganchudas, melodias que são facilmente assimiladas por nossos ouvidos, além de carregado de influências agressivas modernas. Óbvio que o grupo caprichou, fazendo talvez um de seus melhores discos, se não for o melhor, pois o tempo lapidou o grupo. E como elas são inspiradas, como fazem bem aos ouvidos justamente pela autenticidade.

A impressão que o disco nos dá é de algo compacto, rígido e sem espaços, tamanha a homogeneidade em termos de qualidade de suas canções. A modernidade Heavy/Thrash Metal vibrante de “Sinister Scherzo” nos mostra arranjos que beiram o Metal extremo nas guitarras, mas cheias de melodias muito bem feitas, além de um peso absurdo. Mais pesada e densa (mas sem que as melodias fiquem ocultas) é “Longing for Gondwanaland”, onde os vocais mostram timbres rasgados entremeados por outros mais graves encaixados em uma base instrumental diversificada (e que trabalho da bateria em termos de técnica). Segue-se com o peso cadenciado e soturno de “Memento Mori”, onde a interpretação dos vocais nos leva a compreender algo das letras, sem contar que os riffs de guitarras estão perfeitos. Um pouco mais veloz e com evidente influência de Thrash Metal old school é “All Good Things Died Here”, mas percebam a técnica quase jazzística em vários momentos, e o andamento prioritariamente cadenciado mostra um peso descomunal. A vocação para algo que transita entre o US Metal e o Thrash Metal da Bay Area é algo claro em “The Crushing Weight of Eternity”, repleta de riffs de bom gosto (e que grudam nos ouvidos) sob uma ambientação atual. De início introspectivo e melancólico, “The Peaceful Beauty of Brutal Justice” vira um murro nos tímpanos, mas sempre com mudanças rítmicas ótimas (muito peso e técnica de baixo e bateria). Pegando mais uma vez o lado mais lento e cheio de emoção, temos “Can’t Make Me Hate You” (que vocais de primeira). O dinamismo entre as guitarras e a base rítmica é o ponto forte de “One Foot in Forever”, e que debulhadas nos solos. E fechando, a brutalidade opressiva de “Gazing at Medusa” chega para deixar os ouvidos dos mais incautos doendo, e os vocais diferentes do restante do disco ficaram ótimos, com timbres que variam do rasgado ao melodioso sem pudores, e que refrão!

Se você se preocupa mais com a religião alheia do que com a música, passe longe, pois esse disco não é para sua mente; se você é dos que acreditam que o mais importante é a música em si, só é preciso deixar uma coisa clara: “Gazing at Medusa” é um disco que vicia!

Parabéns ao TOURNIQUET por um disco tão formidável, que não sai do meu aparelho de som há dias!


Nota: 100%