segunda-feira, 18 de junho de 2018

THE DEAD DAISIES - Burn It Down


Ano: 2018
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1. Resurrected
2. Rise Up
3. Burn It Down
4. Judgement Day
5. What Goes Around
6. Bitch
7. Set Me Free
8. Dead and Gone
9. Can’t Take It with You
10. Leave Me Alone
11. Revolution (cover do THE BEATLES)


Banda:


John Corabi - Vocais
David Lowy - Guitarra base
Doug Aldrich - Guitarra solo
Marco Mendoza - Baixo
Deen Castronovo - Bateria


Ficha Técnica:

Marti Frederiksen - Produção
Anthony Focx - Mixagem
Howie Weinberg - Masterização
Sebastian Ronde - Arte da capa, design, artwork


Contatos:

Assessoria:

E-mail: tdd@mrange.de

Texto: Marcos Garcia


Quando se falar em Classic Rock (ou Hard Rock), poucas bandas jovens podem dizer que têm o estilo no sangue. Esse estilo requer profundo conhecimento de causa, e nisso, verdade seja dita: o quinteto THE DEAD DAISIES é imbatível. E o novo disco da banda, “Burn It Down”, vem para comprovar isso. Ainda bem que a Shinigami Records lançou mais esta joia do grupo por aqui.

O quarto trabalho de estúdio da banda tem uma novidade: nas baquetas está o lendário Deen Castronovo, conhecido músico que já passou pelo JOURNEY e pelo BAD ENGLISH. E musicalmente, a banda continua destilando aquele Hard Rock vigoroso e sujo, cheio de ótimas melodias de simples assimilação, refrãos muito bem construídos (bateu no ouvido, gamou, simples assim), e uma musicalidade que embora não prime pela técnica, é ótima. A única coisa que soa diferente aos seus discos anteriores é que o grupo parece ainda mais coeso, e sabendo usar muito bem o talento individual de cada um de seus músicos.

Em termos de sonoridade, o grupo mais uma vez soube manter os elementos de sua música exclusivamente nos instrumentos, usando uma gravação clara e que consegue captar o feeling de suas músicas. Óbvio que está denso e pesado, mas muito bem definida em termos de instrumentos. Nada soa excessivamente sujo ou excessivamente polido, tudo na medida certa. Além disso, a arte gráfica da banda, como sempre, pega os elementos visuais mais clássicos do gênero e cria algo que é a cara do quinteto: despojado e livre de concepções comerciais.

O THE DEAD DAISIES é algo arrasador quando se ouve, pois a espontaneidade de suas canções é evidente, algo descompromissado. E justamente por ter todo esse carrego setentista, livre de grandes ideias revolucionárias, que é apaixonante. Esse Hard Rock clássico, preenchido de influências bluesy (muito graças aos vocais de John), ganha uma roupagem nova, e soa com vida e energia sempre.

Não, não tem como destacar uma música ou outra como “as melhores”. O grupo parece ser capaz de gerar músicas excelentes de forma infinita!

As belas melodias setentistas de “Resurrected” (reparem nos solos carregados de “wah-wah” e puro feeling), o peso selvagem e ritmo denso de “Rise Up” (como a base rítmica está pesada, e com boa técnica em termos de baixo e bateria, e que refrão maravilhoso), o jeitão bluesy à lá Mississipi de algumas partes de “Burn It Down” (até hoje, nunca entendi como o MOTLEY CRUE não ficou com John, pois como a voz dele é cheia de nuances fenomenais), o feeling intimista sedutor que se alterna com momentos agressivos em “Judgement Day” (uma aula de espontaneidade, com riffs e solos são fantásticos), a psicodelia pesada e opressiva dos tempos de “What Goes Around”, o ritmo quase tribal e de simplicidade técnica de “Bitch”, as passagens mais carregadas de melancolia bluesy “noir” de “Set Me Free” (sim, eles sabem usar muito bem esse recurso, e temos uma balada linda, bem construída e cheia de melodias de primeira, com os vocais dando um sabor especial à canção), a fogosa e com aquele jeitão AC/DC “Dead and Gone” (ou seja, uma energia sem tamanho criada por uma música simples), o murro Hard Rock à lá LED ZEPPELIN de “Can’t Take It With You”, e a destruidora de tímpanos “Leave Me Alone” (um hardão colossal, com uma energia absurdamente empolgante, apoiado em uma base rítmica pesada, guitarras densa e vocais de primeira). E, além disso, a versão nacional ainda nos trás o Hard ‘n’ Roll grudento que o quinteto fez de “Revolution”, canção do THE BEATLES.

Do jeito que o THE DEAD DAISIES é, vai ser mais fácil a banda acabar do eu lançarem um disco ruim, então aproveitem “Burn It Down”, ouvindo no volume máximo!

Nota: 100%


LETHAL STORM - Manipulated Mind


Ano: 2018
Tipo: Full Length
Selo: Independente
Nacional


Tracklist:

1. Manipulated Mind
2. As Another Day Begins
3. Where’s the Respect
4. Psychopath
5. Chemical Slave
6. Mass Annihilation
7. Disorder
8. Violence
9. Corruptos
10. Blood Storm
11. Words of Mankind


Banda:


Douglas Mota - Vocais
Diego Mota - Guitarras
Cleber Zeferino - Guitarras
Haroldo Sanchez - Baixo
Fabio Luiz - Bateria


Ficha Técnica:

Lethal Storm - Produção
Guilherme Malosso - Produção, mixagem, masterização
Jean Michel (Designations Artwork) - Artwork


Contatos:

Site Oficial:
Assessoria:
  
Texto: Marcos Garcia


A agressividade musical é, basicamente, o componente mais forte do DNA do Metal brasileiro. O percentual de bandas que transitam pelos estilos mais extremos de Metal por aqui não é pequeno, deve ser de aproximadamente 70-75% do total. Mas o interessante é que muitos preferem fazer a coisa a seu modo que apelar a modelos já bem determinados em termos musicais. E o quinteto LETHAL STORM, de Campinas (SP) segue este rumo, como seu primeiro álbum, “Manipulated Minds”, deixa bem claro.

Podemos dizer que eles seguem uma via mais tradicional de Death metal, tendo por base bandas como SUFFOCATION e DEICIDE, mas incorporando à sua música grandes e claras doses de Thrash Metal moderno, o que lhes afere um toque técnico e fluido muito bom. Só que estas palavras de forma alguma despem o trabalho deles de identidade ou valor. Pelo contrário: o grupo prefere fazer sua música com o coração, escrevendo suas harmonias em uma visão bem pessoal. É agressivo, pesado, mas bem tocado, e bem feito. Ah, sobre a energia, não se preocupem: é de dar dores no pescoço de tanto que incita o “headbanging”.

Preparem-se, pois “Manipulated Minds” é uma bicuda de coturno nos ouvidos!

Sonoramente, o grupo conseguiu um bom nível, com uma escolha muito boa para os timbres instrumentais (algo mais seco e definido), fazendo com que a agressividade atinja níveis absurdos. Mas ao mesmo tempo, as canções soam pesadas e claras, permitindo que tenhamos acesso ao melhor de sua música. E isso sem mencionarmos que a arte gráfica de capa e encarte reforça o clima denso e bruto de suas canções.

Bruto e cheio de energia, mas ao mesmo tempo grudento e envolvente, o trabalho do LETHAL STORM chega em boa hora, deixando claro que se pode fazer algo de ótimo nível nas condições adversas de nosso país. Além disso, o quinteto soube arranjar muito bem suas composições, evitando assim que suas músicas soem repetitivas. E a influência Thrasher nos leva a ficarmos envolvidos por estas 11 canções bem feitas.

Destaques: o açoite de brutalidade infligido por “Manipulated Mind” (ótimo trabalho técnico de baixo e bateria, com boas mudanças de ritmo), a tempestade de peso e riffs de guitarra insanos que se ouve em “As Another Day Begins” (essa dupla de guitarras promete coisas boas para o futuro, e sem mencionar os vocais mais guturais bem encaixados), o ritmo mais lento e denso de “Psychopath” (outra em que as guitarras fazem bonito, especialmente pelos riffs cortantes e solos doentios à lá King/Hanneman), o soco nos dentes feroz e rápido chamado “Chemical Slave” (baixo e bateria mostrando força mais uma vez), a brutalidade opressiva de “Disorder”, a opressão imposta pelos ritmos alternantes de “Violence” (os vocais estão ótimos, como no disco todo), e a empolgação Death/Thrash Metal de “Words of Mankind” (algumas melodias muito boas surgem na canção, evidenciando que eles têm muito a oferecer). Garantia de surdez absoluta e aporrinhação aos vizinhos churrasqueiros de fim de semana!

O LETHAL STORM chega bem com “Manipulated Mind”, mostra que tem talento e potencial para ser um nome forte do cenário nacional. Quem viver, verá.

Ponho fé!

Nota: 84%


UGANGA - Manifesto Cerrado


Ano: 2018
Tipo: DVD (Documentário/Ao vivo)
Nacional


Tracklist:

1. Documentário

Show:

2. Sua Lei, Minha Lei
3. O Campo
4. Nas Entranhas do Sol
5. Couro Cru
6. Opressor
7. Moleque de Pedra
8. Modus Vivendi
9. Who Are the True (VULCANO cover)
10. Aos Pés da Grande Árvore
11. Noite


Banda:


Manu “Joker” - Vocais
Christian Franco - Guitarras
Thiago Soraggi - Guitarras
Maurício “Murcego” Pergentino - Guitarras
Raphael “Ras” Franco - Baixo, vocais
Marco Henriques - Bateria, vocais


Ficha Técnica:

Vouglas Eremita - DJ em “Couro Cru”
Juarez “Tibanha” Távora - Vocais em “Moleque de Pedra”
Mestre Mustafá - Percussão em “Noite”
Tatiane Ribeiro - Percussão em “Noite”
Lílian Salgado - Percussão em “Noite”


Contatos:

E-mail: 

Texto: Marcos Garcia


Fazer Metal ou qualquer estilo de Rock no Brasil sem apoio de público ou da grande mídia é um ato de coragem. Sim, de muita coragem, de resistência e vontade de ferro, pois em um país de terceiro mundo, onde o aspecto financeiro pouco ajuda (e até mesmo atrapalha), tudo é mais difícil, mesmo as iniciativas seminais. Mas para os raçudos como o pessoal do UGANGA, isso parece ser algo motivador. E “Manifesto Cerrado”, DVD que celebra os 20 anos da banda, é uma mostra disso.

Óbvio que falar do Thrashcore/Crossover eclético do grupo é desnecessário. É denso, sujo e com cheiro de becos, mas cheio de influências de dos mais variados estilos de Metal, e mesmo algumas coisas de fora. Por isso cai bem, pois pouco tem com bandas que rebuscam uma sonoridade mais anos 80, e pouco com as bandas Hardcore mais jovens e melodiosas.

Antes de tudo, é preciso esclarecer que o DVD é composto de duas partes:

1. Documentário: onde os 20 anos da banda são contatos;
2. Show ao vivo: uma apresentação especial do grupo em uma antiga estação de trem, o espaço Stevenson, em Araguari (MG).

Primeiramente, falemos do documentário.

Em 20 anos de atividade, muita coisa acontece. E o interessante é que existe documentação em vídeo, com takes de participação em programas na MTV (um deles, com o vocalista Manu ainda na bateria), cenas de shows antigos (inclusive um onde levaram um cover para “Tearing” do ROLLINGS BAND), filmagens da gravação do primeiro disco, entre outras, inclusive gravações de quando a banda ainda se chamava GANGA ZUMBA, entre outros.

Mas um dos momentos mais legais é mesmo quando a banda é exibida durante as gravações de “Opressor” (último disco de estúdio do grupo), onde o produtor Gustavo Vazquez fala de sua visão sobre o disco (inclusive a pré-produção, pois temos takes de Gustavo na troca da caixa de bateria, para ilustrar essa parte do processo de criação do disco). Ainda encontramos Arthur do VULCANO comentando o cover para “Who Are the True”, Murillo do GENOCÍDIO falando da participação de Manu em “I Deny” (do CD “In Love With Hatred”) e de sua participação no solo de “Who Are the True”, Juarez do SCOURGE aparece gravando sua participação em “Opressor”, de Ralf Klein (do MACBETH)... É muita coisa, tanto que boa parte do documentário é focado nas gravações e estresses ocorridos nesse período.

Nos takes da passagem do quinteto pela Europa, há momentos hilários de pura descontração que contrastam com a energia crua do quinteto em suas apresentações. Os comentários da galera do TERRORDOME ilustram bem isso. Há ainda depoimentos de Eliton Tomasi (manager e assessor de imprensa da banda), falando de como estava sendo o contato da banda com o Velho Continente.

Já na volta ao Brasil, temos um pedaço da entrevista de Manu no programa “Pegadas de Andreas Kisser”, cenas do casamento de Thiago (o pessoal mais true não vai comprar esse DVD por isso). Mas há também os comentários sobre as contusões dos integrantes na época (todo mundo teve uma), e outros problemas eternos que realmente levaram os integrantes a outro nível de estresse que realmente quase levou o grupo a seu fim.

Mas pelo visto, isso foi só para fortalecer o grupo. As dúvidas que a banda tinha foram levadas diretamente do documentário para o show.

Nisso, podemos falar sobre a apresentação ao vivo.

Na época, o processo de pré-produção desgastou a banda, e os problemas de saúde, pessoais, familiares e outros que são narrados no documentário realmente os colocaram em um momento de “ou dá ou desce”, ou seja, de questionamento se valia a pena continuar a banda ou pararem por ali. A cereja do bolo é o afastamento de um ano de Christian por conta da saúde.

No depoimento escrito que antecede o show, se percebe a intensidade do que eles passaram, tanto que apresentação é bem diferente, com a banda tocando em círculo, ou seja, os integrantes olhavam apenas uns para os outros. Além disso, a apresentação só teve familiares, amigos, parceiros, equipe. Traduzindo: somente pessoas próximas estiveram presentes nessa apresentação.

No repertório, pancadas retas e diretas que remetem a todos os discos do grupo, em um setlist bem variado. Percebe-se que realmente há uma energia densa, quase que palpável, cercando o quinteto. E essa energia se distribuiu bastante por todas as canções, resultando em versões arrasadoras para “Sua Lei, Minha Lei” (caos total, energia positiva fluindo aos montes), “Nas Entranhas do Sol” (uma canção mais densa, pesada e azeda, cm clara influência do BLACK SABBATH em muitas partes), “Couro Cru” (uma versão mais atual desse Hardcore bruto e direto, com a presença de “scratchs” de DJ Eremita), a agressividade rasgada de “Moleque de Pedra” (onde Juarez do SCOURGE faz uma participação, mesmo acidentado, mostrando o que é a fraternidade de quem é da “Old School” aos mais jovens), a mais cadenciada “Modus Vivendi”, a insanidade caótica da versão para “Who Are the True” do VULCANO (a participação de Maurício “Murcego” Pergentino acrescentou ainda mais peso e um toque de Rock ‘n’ Roll às guitarras), e “Aos Pés da Grande Árvore” (outra pancada). Encerrando, com um toque tribal/mulato à apresentação, os atabaques de Mestre Mustafá, Tatiane Ribeiro e Lílian Salgado em “Noite” (um encerramento meramente percussivo que serve para evocar o significado do nome UGANGA). E através dessa energia que fluiu da música durante todo o show realizou um exorcismo e revitalizou o quinteto, que já está pronto para novos desafios.

O trabalho da edição e captação de vídeo de Eric Shunway, mais a captação, mixagem e masterização de Gustavo Vazquez valorizaram muito “Manifesto Cerrado”, pois tanto em termos de imagem quanto de som não há o que reclamar. Alías, diga-se de passagem: pela que se vê e ouve no show, o som do UGANGA é bem orgânico, longe da busca da perfeição em estúdio. O som é o que eles tocam ao vivo, pura e simplesmente.

O lado gráfico ficou ótimo, pois além da capa muito boa criada por Marco Henriques (baterista do grupo e irmão de Manu), mas o encarte é muito legal, recheado daquelas colagens de fotos tão comuns dos anos 80, e que são bem pouco utilizadas nos dias de hoje.

Encerrando: “Manifesto Cerrado” mostra que a família UGANGA está mais unida que nunca, e que está afiada para novos compromissos sonoros. E em uma boa iniciativa do Poder Público, o DVD foi  financiado pelo Programa Municipal de Incentivo à Cultura (PMIC) de Araguari (MG), sendo que o documentário foi exibido no Museu da Imagem e do Som (MIS) / Cine Santa Tereza, no mês de Junho de 2017 como parte da programação oficial do projeto “Mostra Minas no Metal”, evento que foi paralelo ao festival “Monster Of Metal”. 

Ah, sim: tanto o documentário quanto o show foram disponibilizados pela banda no Youtube, visando democratizar ao máximo o acesso das pessoas ao lançamento. Mas merece muito a aquisição da versão física.

Ah, sim 2: este autor se permitiu abordar o documentário antes do show por mera conveniência.

Nota: 96%


LYRIA - Immersion


Ano: 2018
Tipo: Full Length
Selo: Independente
Nacional


Tracklist:

1. Follow the Music
2. Get What You Want
3. Let Me Be Me
4. The Rain
5. Give You Just a Minute
6. Best of Me
7. Last Forever
8. Hard to Believe
9. Something is Rotten
10. Ashes of My Fears
11. Run to You


Banda:


Aline Happ - Vocais
Rod Wolf - Guitarras
Thiago Zig - Baixo, vocais adicionais em “Get What You Want”, “Let Me Be Me”, e “Ashes of My Fears”


Ficha Técnica:

Marcelo Oliveira - Gravação, produção, mixagem, masterização, arranjos das orquestrações e corais, guitarras adicionais em “Last Forever”, violão em “Run to You”, programação de bateria, orquestrações
Aline Happ - Design do encarte, fotografia (contracapa)
Patrick Happ - Fotografia (capa)
Roberta Guido - Fotografia


Contatos:

Assessoria: http://orbecomunicacao.com/ (OrBe Comunicação)

Texto: Marcos Garcia


O Rio de Janeiro, embora cm um cenário distante do que já foi um dia em termos de público, ainda é um celeiro relevante para o Metal nacional, com ótimas bandas surgindo todos os dias, e com as antigas mostrando evolução constante. E um nome que realmente evoluiu muito é o do LYRIA, grupo carioca de Symphonic Metal. Se o primeiro disco, “Catharsis”, dava sinais que um talento estava surgindo na terra do Sol escaldante e praias, em “Immersion”, recém-lançado segundo álbum deles, isso fica ainda mais nítido.

Basicamente, a palavra que se poder aferir ao grupo nesse segundo trabalho é “profissionalismo”.

Em tudo, “Immersion” transpira que cada aspecto do trabalho musical deles foi talhado tendo em mente o profissionalismo de seus integrantes, sem que se perca a espontaneidade. E podemos dizer que o grupo trouxe para suas linhas melódicas os timbres instrumentais pesados e agressivos do Metal moderno, que não descaracterizaram sua canção, mas lhe deu maturidade. Sem querer fazer comparações (o que não seria justo com o grupo), este segundo disco vai nos trazer à mente a formulação que o NIGHTWISH usou em “Century Child” e “Once”, ou seja, melodias sinfônicas pesadas com a agressividade moderna da época. E isso dá à música deles uma energia imensa, sem que a elegância seja perdida, e continua sendo algo extremamente sedutor aos ouvidos.

Direto e reto: “Immersion” é um passo adiante na carreira do grupo.

A produção realmente caprichou em tudo. Tudo se ouve e se entende em “Immersion” sem problemas ou maiores esforços, sem falar que a escolha de timbres instrumentais ficou excelente. É uma sonoridade pesada e densa, mas esteticamente clara, que permite as melodias evoluírem e nos envolverem completamente. Além disso, a capa do trabalho ficou caprichada, elegante e muito bem feita, dando a ideia ao ouvinte do que o aguarda ao ouvir o disco.

O fato é que o LYRIA se faz um grupo profissional, que faz um trabalho musical visando ser assim. Não gastam o tempo deles reclamando das vicissitudes do circuito Metal brasileiro, mas focam suas energias criativas na música em si. Por isso, tudo que se ouve nesse álbum tem um toque extra de bom gosto. E sim, como eles souberam arranjar seu trabalho de forma minimalista, mas sem que aquele jeito espontâneo (que é imprescindível) seja obliterado. É Symphonic Metal com um “q” de ecleticismo em termos de Metal, pois existem alguns vocais urrados e momentos influenciados por estilos mais extremos.

O grupo desfila 11 composições muito bem feitas, que merecem ser apreciadas em sua totalidade (o que demanda mais de uma simples audição, embora a música deles não seja difícil de ser assimilada). Mas se destacam a beleza encorpada e densa de “Follow the Music” (belos arranjos de corais, sem mencionar que esses vocais macios e bem postados nos embalam), a pegada mais agressiva e cheia de mudanças rítmicas de “Get What You Want” (os contrastes entre partes mais introspectivas e outras mais pesadas é ótimo, ajudando a perceber que o baixo está muito bem, e se ouvem vocais mais agressivos contrastando com os limpos), o groove intenso e moderno que permeia “Let Me Be Me” (percebam como o grupo realmente investe pesado em termos de elegância, com teclados fazendo um fundo melódico de primeira, sem falar nos solos de guitarra), as belas passagens de teclados e melodias mais simples de “Best of Me” (há certo feeling acessível na canção, e é justamente ele que faz essas melodias agarrarem em nossos ouvidos e não saírem mais), as linhas melódicas e estruturação musical de “Last Forever”, o jeito mais pesado e direto de “Something is Rotten”, e a beleza terna de “Run to You”. Mas o disco inteiro é uma mostra de bom gosto e talento, logo, podem ouvir de ponta a ponta sem medos.

“Immersion” abre um novo caminho para o LYRIA, logo, aproveitem e deixem emergir pela música deles.

O disco já se encontra nas plataformas digitais:

Spotify: https://open.spotify.com/artist/2IeoYHbIvFxDInNLHFt0XQ
iTunes: https://itunes.apple.com/us/artist/lyria/510168369?mt=11

Nota: 91%