segunda-feira, 9 de julho de 2018

OCULTAN - Quintessence


Ano: 2018
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1. Intro
2. Kalima
3. Dragão Negro
4. Queen of Shadows
5. Apophis
6. Set-Typhon
7. Father of the True Light
8. Anti Cosmic Legion


Banda:


C. Imperium Vociferous Necrocosm - Vocais
Lady of Blood - Guitarras
Kazoth Bey - Baixo
Mephisto Luciferius - Bateria


Ficha Técnica:

C. Imperium Vociferous Necrocosm - Produção, mixagem, masterização, arte da capa, layout, design
Lady of Blood - Produção, mixagem, masterização
Márcio Rogério Silva - Arte do encarte
Dara Mortimer - Corais


Contatos:

Site Oficial:
Assessoria:


Texto: M. Garcia


Certa vez, em um show em junho de 2004, este autor conversava com um amigo músico. Ele me falou de quanto gostava do jeito mais simples e direto de algumas bandas de Black Metal. Inclusive ele já endeusava o quarteto OCULTAN naqueles dias. Hoje, 14 anos depois e com vários discos lançados após “The Coffin” (que é o disco da época em que eu e este músico amigo conversamos), o grupo paulista continua sendo uma das grandes forças do Black Metal brasileiro, e seu décimo álbum, “Quintessence”, só prova isso. Um lançamento que a Heavy Metal Rock Records botou no mercado.

Óbvio que eles evoluíram muito nesses anos, lançando discos excelentes m atrás do outro. Talvez porque o OCULTAN não fuja de sua personalidade, porque não abrem mão de seu jeito de fazer música. Mas mesmo assim, a evolução é clara, lapidando muito bem o talento deles. Continua sendo sujo, distorcido e cru, como é uma tradição deles, mas ainda encorpado com a sabedoria que o tempo lhes deu. E digamos de passagem: eles não erram!

A produção musical está um pouco mais crua do que se ouve no trabalho anterior, o ótimo “Nexion Chaos”. Mas como dito antes, a sabedoria em equilibrar a sujeira dura de sua sonoridade com a necessidade de se fazer entender, o quarteto já desenvolveu há anos. O peso é garantido, a agressividade é ótima (embora usando de uma estética mais melodicamente obscura), e o grupo se mostra inspirado.

No que tange a arte gráfica, dessa vez, o grupo busco algo mais elaborado, visualmente mais bonito, talvez para contrastar com a rispidez sonora. Mas ficou ótima, com capa instigante e a arte do encarte, perfeita. Além disso, tudo vem em um formato Digipak de 3 painéis (veja na foto ao lado).

Há alguns anos o OCULTAN vem promovendo uma sequência de grandes álbuns. E “Quintessence” não foge à regra. Os vocais continuam mostrando uma ótima alternância entre timbres guturais e outros mais rasgados (embora mais evoluídos desde que C. Imperium assumiu a função integralmente), assim como a base rítmica de Kazoth Bey (baixo) e do estreante Mephisto Luciferius (bateria) é sólida, pesada e bem trabalhada (tanto que as mudanças de tempos estão presentes no disco todo, dando maior diversidade ao trabalho da banda), e o excelente trabalho em termos de riffs de guitarras realmente aclimatam o som do grupo, dando aquele jeito soturno e obscuro à lá SWOBM (Second Wave of Black Metal). Mas não se enganem: eles não são tão puristas, pois se percebem algumas influências de Death Metal aqui e ali, aglutinando ainda mais valor ao trabalho da banda.

Após uma introdução bem climática, temos a rigidez brutal e atmosférica de “Kalima” (recheada de ótimas passagens de ritmo, fora o conjunto de riffs de guitarra seja ótimo), seguida do jeitão mais tradicional (em termos de OCULTAN) de “Dragão Negro” (ou seja, é uma canção mais simples, direta ao ponto, mas com ótimos vocais). Uma ambientação bem obscura aguarda o ouvinte em “Queen of Shadows”, uma canção de andamento mais lento, privilegiando o peso, e mostrando guitarras excelentes, enquanto a brutalidade técnica de “Apophis” mostra-se mais veloz, embora com ritmos alternados excelentes (ótimas conduções nos dois bumbos). Já buscando algumas passagens melodiosas que remetem ao Black Metal praticado por bandas do Oriente Médio (e que encaixam como uma luva) é “Set-Typhon”, onde os vocais novamente se destacam (espero que nunca mais C. Imperium pense em tocar e cantar ao mesmo tempo, pois é um dos melhores vocalistas do Black Metal brasileiro, sem exageros). “Father of the True Light” novamente mostra uma pegada melodiosa e azeda até os ossos, com riffs simples e de fácil assimilação pelo ouvinte (e se reparem, existem trechos de vocais agonizantes de fundo, mostrando como este aspecto da banda não ara de evoluir). E fechando, a causticante “Anti Cosmic Legion” vem mostra parte de guitarras empolgantes demais (não canso de escrever isso: Lady of Blood é uma das melhores guitarristas do gênero do Brasil), adornada por arranjos muito bons.

E assim, o OCULTAN mostra que permanece fiel às suas raízes e convicções, mas sem abrir mão de saberem crescer musicalmente. Ou seja, existe um equilíbrio, e por isso, “Quintessence” já nasce como um dos melhores discos de Metal extremo do ano.

Nota: 100%