sexta-feira, 31 de maio de 2019

OLDLANDS - Source of Eternal Darkness


Ano: 2019
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1. Prayers for Nothing
2. Rotten Nazarene
3. Field of Victory
4. I Just Want to Die
5. The Real Face of Penury
6. Obscuring My Thoughts
7. The Chosen One
8. Metal Maldito (Escaravelho do Diabo tribute)


Banda:


Vox Morbidus - Vocais, Guitarras, Baixo, Teclados, Bateria


Ficha Técnica:

Vox Morbidus - Produção, Mixagem, Masterização
Moisés Alves de Moraes - Arte da Capa
Profanuz Daiamon - Vocais em “I Want to Die”


Contatos:

Site Oficial:
Instagram:
Assessoria: https://www.sanguefrioproducoes.com/bandas/OLDLANDS/61 (Sangue Frio Produções)

Texto: “Metal Mark” Garcia


Introdução:

O Black Metal é um estilo que possui uma característica interessante de ser observada: por mais que uma banda faça um trabalho voltado às origens do estilo, não soa datado. Ou seja, o Black Metal nunca perde seu “appeal”, seja nas formas mais novas ou mais antigas em que é feito.

E mais uma vez o OLDLANDS, uma “one man band” do Paraná, honra o passado com “Source of Eternal Darkness”, seu primeiro álbum, que chega para todos pela Sangue Frio Produções.


Análise geral:

Basta dizer que o trabalho que se ouve no disco é Old School Black Metal, ou seja, aquela forma bem artesanal e suja de se fazer o estilo, com momentos velozes e cortantes, outros mais lentos, e algumas partes puramente atmosféricas (ou seja, com instrumentos em tons limpos, mas soando de forma soturna). É quase um compêndio do que se encontra de melhor na SWOBM, mas com personalidade.

Um dos pontos fortes do CD é que ele tem uma forma de abordar o estilo que permite o uso de melodias sombrias, solos de guitarra vez por outra, além de boa diversidade técnica (sem exagerar nesse aspecto). Dessa forma, soa envolvente, sujo, mas bem feito. Um disco que fãs de ANCIENT antigo, OLD MAN’S CHILD da fase “Born of the Flickering”, entre outros.

E sim, é muito bom!


Arranjos/composições:

A alma do trabalho do OLDLANDS é a simplicidade. Nada é muito complicado, o que não significa que a capacidade de Vox Morbidus de criar riffs cortantes e ganchudos, bases rítmicas sólidas e coesas e arranjos de teclados sinistros seja primitiva. Longe disso, é justamente por ser tão simples que soa agradável aos ouvidos dos fãs.

Aliás, um aspecto bem forte do álbum é justamente a troca de ambientações, uma hora soando mais sinistro, outra mais agressivo e rápido, mas sempre com uma dinâmica ótima dos instrumentos entre si e com os vocais rasgados em timbres bem altos.


Qualidade sonora:

Embora seja suja e crua (justamente para reforçar a aura artesanal e mórbida de “Source of Eternal Darkness”), a qualidade sonora não é ruim ou decepcionante. Longe disso, essa sujeira e crueza fazem parte da música em si, e não poderia soar mais claro do que já é (embora todos os instrumentos estejam audíveis). É uma questão de estética artística, do “know-how” de todo um estilo.

Muito do charme do álbum vem da escolha dos timbres instrumentais bem próximos da velha escola. Algo que sempre surte um efeito de primeira em quem é fã de Black Metal.


Arte gráfica/capa:

Mais uma vez, a arte em si é simples, quase como um simples desenho em preto sobre um fundo branco, algo extremamente comum nos primeiros lançamentos do gênero nos anos 90. Até mesmo a diagramação do encarte não é rebuscada, e nem precisa ser.


Destaques musicais:

Não é difícil de um fã de Black Metal, ou mesmo de Metal extremo como um todo, gostar de “Source of Eternal Darkness”. Há um charme artesanal e sedutor no álbum inteiro, e embora todas as canções sejam ótimas, destacam-se:

Prayers for Nothing: sinistra e com uma crueza absurda, ela possui um início calmo e introspectivo, preparando o ouvinte para uma faixa com arranjos musicais simples, riffs diretos, mas com “appeal” que seduz, e isso sem falar que os vocais encaixaram perfeitamente no instrumental.

Rotten Nazarene: bruta e direta, é uma canção um pouco mais veloz e que vai lembrar a simplicidade maciça de discos como “Under the Sign of the Black Mark” e “Under a Funeral Moon”, mas sem ser uma imitação. E que refrão marcante!

I Just Want to Die: um momento mais atmosférico, com andamentos mais refreados e com ótimas conduções de ritmos na bateria (dois bumbos muito bem colocados), e justamente a contraposição de vocais que torna tudo ainda mais interessante.

The Real Face of Penury: uma pancadaria Old School de respeito, com bons solos de guitarra. Aliás, boas mudanças de ritmos simples não deixarão os fãs entediados.

The Chosen One: sabem aquela típica canção Black Metal onde transpiram as influências de Hardcore? Pois é, esta é uma delas, novamente usando de melodias gélidas e boa coleção de riffs cortantes até os ossos (sem mencionar um momento onde o baixo mostra suas garras).

Metal Maldito: sem abrir mão do contexto do disco, eis uma versão para uma canção do ESCARAVELHO DO DIABO, banda de MG, e que soa fria e crua, mas na mesma pegada do OLDLANDS.

Aliás, o disco vai dizer que só possui duas canções, mas são 8 ao todo (é necessário prestar atenção ao tempo).


Conclusão:

Eis que finalmente o OLDLANDS mostra sua face para todos, e “Source of Eternal Darkness” é o disco certo para aqueles que sentem saudades dos anos 90, ou os que gostam de algo mais “de raiz”.

No fundo, basta não ser preocupado com rótulos musicais e vai gostar do disco.


Nota: 90,0/100,0


Bandcamp

TIAMAT - The Astral Sleep


Ano: 1991 (original) - 2019 (relançamento)
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1. Neo Aeon (instrumental)
2. Lady Temptress
3. Mountain of Doom
4. Dead Boys' Quire
5. Sumerian Cry (Part III)
6. On Golden Wings
7. Ancient Entity
8. The Southernmost Voyage
9. Angels Far Beyond
10. I Am the King (...of Dreams)
11. A Winter Shadow
12. The Seal (instrumental)
13. A Winter Shadow (faixa bônus)
14. Ancient Entity (faixa bônus)


Banda:


Johan Edlund - Vocais, Guitarra Base
Thomas Petersson - Guitarra solo, violão
Jörgen Thullberg - Baixo
Niklas Ekstrand - Bateria


Ficha Técnica:

Waldemar Sorychta - Produção, guitarras adicionais em “Ancient Entity”
Siggi Bemm - Engenharia
Kristian Wåhlin - Arte da Capa
Dirk Rudolph - Layout, Design
Jonas Malmsten - Teclados


Contatos:

Site Oficial:
Instagram:
Assessoria:
E-mail:

Texto: “Metal Mark” Garcia


Introdução:

É de conhecimento de todos que a cena sueca de Death Metal teve forte prevalência no início dos anos 90. Nomes como ENTOMBED, DISMEMBER, UNLEASHED e outros capitanearam uma autêntica invasão, disputando com a cena da Flórida (EUA) em termos de popularidade e produtividade. E por lá  houveram bandas que foram tão boas quanto os gigantes do estilo, que receberam o status de bandas cult, e embora não sejam tão grandes (comercialmente falando), são respeitadas por conta de sua história.

E poucos negam o fato que o TIAMAT era uma força motriz no cenário sueco de Death Metal na primeira metade dos anos 90. Como “Sumerian Cry” (primeiro disco da banda) foi gravado dois meses antes de “Left Hand Path”, mas lançado posteriormente, o quarteto pode ser considerado um pioneiro do cenário do país. E para a alegria dos fãs, a Cold Art Industry Records vem e coloca no mercado brasileiro uma versão luxuosa para “The Astral Sleep”, segundo disco deles.


Análise geral:

Este é um disco de 1991, logo, é do ano em que o Death Metal está começando a se evidenciar na Europa, enquanto o Metal está começando a perder espaço no “mainstream” norte-americano (devido aos primeiros ecos do Grunge/Alternative Rock). Nisso, “The Astral Sleep” se mostra uma sequência lógica de seu antecessor, com toques mais sofisticados em sua estruturação harmônica. A brutalidade e crueza do Death Metal aliada aos tempos lentos e ambientação soturna do Doom Metal clássico que o grupo fazia naqueles dias os tornava pioneiros do conhecido Doom Death Metal ao lado de PARADISE LOST, MY DYING BRIDE e ANATHEMA, se diferenciando justamente por preferir um “insight” mais refinado que seus pares (e que teria seu ápice em “Clouds”, disco posterior).


Arranjos/composições:

A crueza e mesmo certa ingenuidade que pulsam das canções de “The Astral Sleep” não são forçadas, mas uma consequência daqueles anos. A diferença é que sutilezas como o uso de teclados e partes acústicas, algo que ainda era bem diferente (e inusitado) para o início dos anos 90.

Óbvio que a simplicidade técnica inicial do Death Metal permeia o disco, mas existem partes que mostram boas incursões de cada instrumento (como o baixo em “Lady Temptress”). Os arranjos são fluidos, as mudanças de andamento concedem dinamismo às canções e impedem que “Astral Sleep” seja um disco de um fôlego só. Óbvio que toda aquela diversidade sonora de “Wildhoney” ainda não aparece, mas já acena de longe que ela está presente (bastando observar o uso de violão e teclados em “Mountains of Doom”).


Qualidade sonora:

Falar da sonoridade de um disco de Death Metal dos anos 90 é fazer chover no molhado: crueza em níveis bem altos, sem causar confusão à percepção do ouvinte, e mesmo uma busca por algo mais encorpado e definido é sensível. Relembrando: os modelos de gravação/sonorização ainda não existem, estão sendo criados.

As mãos do competente Waldemar Sorychta tomaram conta do disco como produtor, sendo um dos primeiros trabalhos dele nessa área. Mas se percebe que a timbragem e captação ficaram de primeira, graças ao trabalho de Siggi Bemm.


Arte gráfica/capa:

Como já é de praxe da Cold Art Industry Records, a arte é um primor por si só.

O disco vem em um formato jewelcase clássico (as famosas caixas de acrílico), envolto em um slipcase, mas encarte em formato pôster, tudo respeitando a versão original. E para aqueles que gostam de compras de edição inicial, um pôster, cartão e adesivo lhe aguardam.



Destaques musicais:

É preciso reforçar: em “The Astral Sleep”, o TIAMAT ainda é uma banda de Death Metal com forte influência de Doom Metal, logo, se buscarem algo de “Clouds”, “Wildhoney” e posteriores, irão se decepcionar. Aqui impera a agressividade e crueza. Mas para quem é fã da banda, ou do gênero, não terá o que reclamar.

Lady Temptress: agressiva e pesada, esta canção possui algumas mudanças de ritmo bem interessantes. E é interessante parar e ver como a base rítmica está bem (em especial o baixo, com passagens bem técnicas em alguns momentos).

Mountain of Doom: um pouquinho do refinamento que “Clouds” mostrará em termos de acabamentos estéticos, melodias, violões e enfoque nos teclados começa a aparecer. Menos abrasiva que sua antecessora, é cheia de ótimas passagens melodiosas, especialmente as mais próximas ao refrão.

Dead Boys’ Quire: mais uma em que a ambientação soturna supera a agressividade, com momentos densos e bem melancólicos. Se não fossem os vocais esganiçados, seria uma faixa perfeita para “Clouds”. Destaque para as guitarras e violões.

Sumerian Cry (Part III): o lado puramente Death Metal sueco se faz presente (salvo algumas partes mais lentas e melodiosas). Mais veloz e com alguns momentos 1 X 1 na bateria, é cheia de energia e empolgante.

On Golden Wings: um típico Doom Death Metal dos anos 90, apenas com alguns momentos mais sutis em meio ao peso agressivo. É outra que parece que se encaixaria muito bem em “Clouds”, onde baixo e bateria mostram uma base com boas mudanças, mas sem perder o peso.

Ancient Entity: outra que mostra aquela pegada bem pesada típica do Death Metal sueco, mas a inclusão de melodias orientais em algumas partes de guitarra mostra o experimentalismo futuro do grupo. Ótimas guitarras e vocais.

The Southernmost Voyage: e eis que uma música que mostra a diversidade musical que se encontra se o ouvinte for capaz de imaginar um cruzamento entre a dureza aveludada de “Clouds” e o lado mais soturno de “Wildhoney”. Densa e introspectiva, esta é uma canção capaz de entorpecer os sentidos.

Angels Far Beyond: peso abusivamente intenso aliado a toques Progressivos, mas sem deixar o Death Metal de lado. Do meio para frente, ganha mais energia e pegada, e mesmo toques de Metal tradicional podem ser ouvidos nos riffs.

I Am the King (...of Dreams): a pancadaria costumeira do Death Metal sueco mais uma vez surge. É quase como uma despedida desse jeito mais seco e agressivo de ser da banda.

A Winter Shadow: um pouco mais rebuscada do que o resto do disco em termos de ritmo (o baixo mostra isso mais uma vez em certos momentos), mas existe uma ambientação sinistra interessante em algumas partes, e em outras, impera o bate-estacas na bateria.

Nessa versão se tem ainda versões mais cruas para “A Winter Shadow” e “Ancient Entity”, ambas oriundas do EP “A Winter Shadow” de 1990, pegando ainda o jeito mais duro e brutal do grupo em sua fase inicial.



Conclusão:

“The Astral Sleep” pode ser visto como uma despedida que o TIAMAT estava fazendo do lado mais cru e bruto naqueles dias, já começando sua transição para algo esteticamente bem feito e mais polido. E por isso, a aquisição dessa versão nacional (limitada a 500 cópias) é tão essencial para os fãs de Metal extremo, e para todos que gostam de observar a história do Metal através de música.

É ouvir e se deixar ser envolvido.


Nota: 96,0/100,0


Youtube (sem as faixas bônus):