Ano: 1986
Tipo: Full Length
Selo: Geffern Records
Nacional
Tracklist:
1. Angel of Death
2. Piece by Piece
3. Necrophobic
4. Altar of Sacrifice
5. Jesus Saves
6. Criminally Insane
7. Reborn
8. Epidemic
9. Postmortem
10. Raining Blood
11. Aggressive Perfector
12. Criminally Insane (Remix)
Banda:
Tom Araya - Vocais,
baixo
Kerry King - Guitarras
Jeff Hanneman - Guitarras
Dave Lombardo -
Bateria
Ficha Técnica:
Rick Rubin - Produção
Howie Weinberg -
Masterização
Andy Wallace -
Engenharia de som
Larry Carroll - Arte
da capa
Contatos:
Site Oficial: https://www.slayer.net/
Facebook:
https://www.facebook.com/slayer
Assessoria:
E-mail:
Texto: M. Garcia
1986.
Neste ano que começava a segunda metade dos anos 80, as
bases e características do que chamamos de Thrash Metal foram finalmente
assentadas com o lançamento de “Master
of Puppets” do METALLICA. Mas já
seguidos por uma imensa legião de fãs, o SLAYER
era considerado o mais insano e brutal grupo daqueles anos. E parecia que eles
não estavam dispostos a deixar que ninguém lhes tirasse isso, já que o mercado
foi inundado por discos extremos na agressividade naqueles anos.
Mal sabiam, mas o quarteto de Huntington Park (California)
estava preparando um disco definitivo, que iria fazer todos os grupos extremos
virarem seus seguidores. E sinceramente, poucos discos podem ser tão marcantes
e influentes como “Reign in Blood”.
A verdade é que “Hell
Awaits” (de 1985) havia recebido uma resposta em termos de venda muito boa.
Eles estavam prontos para o pulo do gato com seu próximo disco, logo, o
batalhador Brian Slagel (dono da Metal Blade Records e produtor do
grupo) correu atrás de uma gravadora grande. E de todos, foi a Def Jam Recordings (especializada em
Hip Hop, que tinha Rick Rubin como Manda-Chuva)
quem levou, pois Rick foi conversar em pessoa com o grupo, para convencê-los a
dar este passo. E lembrando: a Def Jam
era um selo que tinha distribuição da Columbia Records, logo, portas poderiam
se abrir.
Mas os fãs da época suaram frio vendo o SLAYER assinando com um selo enorme, ainda mais um que trabalhava prioritariamente
com Hip Hop. Para quem viveu aqueles tempos, é fácil lembrar-se de quantos
grupos saíram de selos independentes como ótimos e viraram bandas de Glam Metal
nas “majors”.
Mal sabiam o que “Reign
in Blood” faria com a percepção de todos...
Antes de gravarem o disco, pela primeira vez, o grupo fez
uma sessão de fotos profissionais, usada em um “tour book”, bem como uma das
fotos é a clássica da contracapa da versão em vinil. Algumas mostravam a banda
de bermudas coloridas, e que provocaram comoções nos radicais da época. Nunca
esqueço que a revista Metal chegou a
ser acusada de montagem.
A primeira coisa é que eles fugiram completamente do modelo!
Antes de tudo, as músicas ficaram bem mais curtas. Óbvio que
era uma influência do Hardcore/Punk Rock, mas ao mesmo tempo, o grupo estava
cansado de ouvir muitas repetições de riffs (o que eles tiveram ao ouvir os
discos recentes do METALLICA e MEGADETH). Por isso, tudo mais curto,
mais rápido, e uma ferocidade absurda. É o SLAYER
mostrando que ninguém tinha condições de batê-los em termos de agressividade e
brutalidade. Menos de 30 minutos de amassa-crânios, de um festival de
ferocidade ímpar. Sinceramente, eis aqui o disco que veio para lançar as bases
do que seria o Death Metal dos anos 90.
Traduzindo: o SLAYER
foi além, criando músicas rápidas e muito brutais, abandonando das evidentes influências
da NWOBHM que existiam em “Show No Mercy”,
e deixando para trás as canções longas que são a característica de “Hell Awaits”. Aqui, nasceu o SLAYER que se popularizou, com seus
riffs de guitarras marcantes, agressivos e de fácil assimilação (uma descrição
interessante dos 80 era que a velocidade era tamanha que lembrava um ataque de
vespas, devido ao zunido), solos doentios que duelam em questão de segundos,
uma base rítmica sólida e veloz (sem deixa de ser técnica em termos de
bateria), e vocais em tons agressivos próximos ao normal. Uma fórmula triunfal
que ganhou o mundo e influenciou gerações.
Em “Reign in Blood”,
pela primeira vez, o quarteto teve uma produção sonora de ponta. Rick Rubin chamou a responsabilidade de
produzir, pela primeira vez, um disco de uma banda de Metal, tendo Howie Weinberg na masterização e Andy Wallace na engenharia de som. Ele
ajudou a moldar o som do SLAYER por
toda sua carreira, pois de lá para cá, esse “inprint” não mudou continua. No
caso, Rock limpou o som deles de todos os efeitos que eram usados “no talo”,
ficando algo mais orgânico, direto e seco, fazendo com que os timbres abrasivos
ficassem mais audíveis. Sim, era uma qualidade de banda grande à disposição
deles, que souberam usar disso muito bem.
Na arte, fugindo do primitivismo ingênuo dos discos
anteriores, o artista Larry Carroll
(especialista em ilustrações de cunho político, com trabalhos feitos para The Progressive, Village Voice, The New
York Times e outras publicações) trouxe algo estilisticamente mais complexo
e marcante, mas sombrio e completamente doentio. E capa mostra tudo o que o som
do disco é sem tirar e nem pôr.
A verdade é que com “Reign
in Blood”, o SLAYER estabelece
um novo paradigma musical dentro do Thrash e do Death Metal: a velocidade
insana, aliada à musicalidade impactante, dura e sem firulas da banda, mais os
temas agora mais maduros de suas letras (o satanismo infantilóide deu lugar a
algo mais violento, totalmente focado em mortes, medos humanos em uma abordagem
subjetiva entre outras coisas mais agressivas).
Contracapa da versão em vinil. |
E sem tocar em rádios, sem vídeos na MTV, “Reign in Blood” vendeu mais de 500.000 cópias!
Tal como todos os discos clássicos, “Reign in Blood” tem suas muitas polêmicas:
1. O conteúdo lírico do disco e a capa fizeram com que a Columbia Records se negasse a distribuí-lo.
Resultado: a Geffen Records se responsabilizou
pela distribuição;
2. “Reign in Blood”
não pode ser veiculado em rádios pelas letras;
3. No ano de 1988, em uma matéria da finada Metal, pouco depois do lançamento de “South of Heaven”, é mencionado que o SLAYER foi acusado de causar problemas
idênticos aos que sabemos do JUDAS
PRIEST e OZZY OSBOURNE por suas
letras. Embora não se encontrem informações na internet sobre isso (eu procurei
e não achei);
4. O único caso que vi de assassinatos relacionados à banda:
os pais de Elyse Pahler (uma jovem de
15 anos que foi estuprada e morta por Jacob
Delashmutt, Joseph Fiorella e Royce
Casey) acusaram e processaram o quarteto em 1996 de “inspirarem os
assassinos”. Óbvio que o caso foi encerrado em favor do quarteto;
5. A maior de todas: a letra de “Angel of Death” trata do médico nazista Joseph Mengele e seus experimentos com seres humanos no campo de
concentração de Auschwitz-Birkenau.
Só que isso causou uma comoção enorme entre os sobreviventes do campo de
concentração em questão, e que dura até os dias de hoje, sendo que vez por
outra o grupo se vê obrigado a dar declarações negando qualquer tipo de
simpatia pelo regime nazista.
Sim, apesar de ser estranho, já havia o pensamento do
politicamente correto na época. A sorte é que na época, os fãs de Metal estavam
mais preocupados com a música do que com vertentes políticas e orientações
morais. Cada um com a sua, mas os amigos pessoais desse que vos escreve que são
fãs incondicionais de “Reign in Blood”
nunca fariam mal a uma mosca sequer. Hora de repensarem suas prioridades.
Este autor tem uma: ouvir “Reign in Blood”, esse clássico da música extrema mundial.
Ah, sim: Kerry King ainda tinha cabelos compridos na época.
Ah, sim: Kerry King ainda tinha cabelos compridos na época.