sexta-feira, 1 de junho de 2018

ST. MADNESS - Bloodlustcapades


Ano: 2018
Tipo: Full Length
Importado


Tracklist:

1. Day of the Dead
2. Folsom Prison Blues
3. Don’t Be Like the Blind
4. The Arrogance of Man
5. This is Your Reality
6. Made in China
7. Walk Your Own Path
8. Bloodlustcapades
9. Can’t Help Falling in Love with You
10. Warnings from the Past
11. King of the Damn World
12. Rigel
13. He’s Riding a Harley in Heaven


Banda:


Prophet - Vocais
Syd Ripster - Guitarras, backing vocals
Svarlet Rivers - Baixo
Big Daddy Sug - Bateria


Ficha Técnica:

Patrick Flannery - Produção, mixagem, masterização
Larry Elyea - Produção, mixagem, masterização
St. Madness - Produção
Dave Cornwall - Cordas em “Don’t Be Like the Blind”, cordas e piano em “Walk Your Own Path”, Moog noise em “Rigel”
Jeff West - Artwork


Contatos:

Site Oficial:



Texto: Marcos Garcia


Muitas vezes, perdemos uma das noções mais importantes do Metal e do próprio Rock em nossas concepções individuais (e mesmo grupais) sobre os estilos: que Metal e Rock são, prioritariamente, formas de diversão. Sim, pois são tantas regras e ditos sobre eles que deixamos de lado o lado divertido de se ouvir música. Mas é por isso que grupos como o quarteto norte-americano ST. MADNESS são importantes, pois nos lembram da essência da música. E o novo disco deles, “Bloodlustcapades” é uma aula de se fazer Metal com o coração, mas sempre sendo divertido.

Mesmo tendo 25 anos de muitas loucuras e Metal nas costas, o quarteto continua vigoroso em sua mistura de Thrash Metal com aspectos do Groove Metal e Metal tradicional (especialmente nas melodias), mas longe de soar datado. A energia que flui das canções de “Bloodlustcapades” é bem jovial, algo que anda em baixa em muitas bandas veteranas. Ao mesmo tempo, tudo soa coeso, pesado e em seus devidos lugares, algo que eles sempre souberam fazer.

Simplificando: “Bloodlustcapades” mostra uma faceta nova e jovem do ST. MADNESS, mas mantendo a coerência com seu passado.

A produção sonora é caprichada. Sonoridade limpa e pesada, mantendo todos os detalhes musicais da banda expostos, é a melhor qualidade sonora que a banda já teve, além do fato que os timbres instrumentais foram muito bem escolhidos. Tudo para que o quarteto pesado e cheio de “punch”.

E a arte, montada em “cartoons”, é muito legal, uma diversão muito interessante. É um tipo de arte gráfica que caiu em desuso, mas que sempre rende bons frutos, ainda mais cheia de referências a Elvis Presley e Johnny Cash. E a representação dos integrantes do ST. MADNESS ficou muito leal mesmo.

O grupo deu um passo adiante e abraçou a evolução sonora, sem, no entanto perder suas raízes e essência. A identidade deles continua a mesma da época de “God Bless America”, apenas se atualizando. E podemos dizer que todas as canções estão com uma gama de arranjos muito boa, sem comprometer o espírito espontâneo que sempre temos os discos deles.

Todas as canções são excelentes, mas é preciso mencionar o alto nível da pesada e moderna “Day of the Dead” (ótimas linhas de guitarras e vocais), o peso colossal e o feeling que fluem de “Don’t Be Like the Blind” (um jeitão meio Country/Southern Rock permeia a canção, com ótimas mudanças de tempo), a agressividade moldada com ótimas linhas melódicas de “The Arrogance of Man” (baixo e bateria mostram um ótimo trabalho nesta canção), a divertida “This is Your Reality” (reparem nos backing vocals bem postados), a pegada mais emotiva de “Walk Your Own Path” (mais uma vez, a banda mostra uma pegada melancólica cheia de influências do Southern Rock), a força agressiva e impactante de “Bloodlustcapades” (que guitarras!), as linhas melódicas cheia de Groove de “King of the Damn World”, e o jeito mezzo BLACK SABBATH e mezzo PANTERA de “He’s Riding a Harley in Heaven” são os melhores momentos do disco. Mas não se atrevam a deixar de lado as versões esmagadoras para “Folsom Prison Blues” de JOHNNY CASH e “Can’t Help Falling in Love with You” de ELVIS PRESLEY que eles fizeram, pois honram as originais, mas colocando a essência do ST. MADNESS nelas.

Mais um trabalho de primeira do grupo, que veio lembrar a todos que Rock é, antes de tudo, diversão.

Nota: 93%

NERVOSA - Downfall of Mankind


Ano: 2018
Tipo: Full Length
Selo: Napalm Records (distribuição nacional pela Shinigami Records)
Importado com distribuição no Brasil


Tracklist:

1. Intro
2. Horrordome
3. Never Forget, Never Repeat
4. Enslave     
5. Bleeding
6. ... And Justice for Whom?
7. Vultures    
8. Kill the Silence
9. No Mercy
10. Raise Your Fist!
11. Fear, Violence and Massacre
12. Conflict
13. Cultura do Estupro
14. Selfish Battle


Banda:


Fernanda Lima - Baixo, vocais
Prika Amaral - Guitarras
Luana Dametto - Bateria    


Ficha Técnica:

Martin Furia - Produção
Hugo Silva - Arte da capa, design, artwork
V.O. Pulver - Mixagem
Alan Douches - Masterização
Michael Gilbert - Guitarras (convidado especial)
Rodrigo Oliveira - Bateria (convidado especial)
João Gordo - Vocais (convidado especial)


Contatos:

Assessoria: https://www.facebook.com/lpmetalpress/ (LP Metal Press)

Texto: Marcos Garcia


“Victim of Yourself” trouxe um Thrash Metal Old School bruto, cru e direto; “Agony” já mostrou maior abrangência musical, com muito da energia do Death Metal surgindo entre as linhas melódicas do Thrash Metal mais moderno. Logo, a pergunta que surge é: como o NERVOSA, trio de Thrash Metal de São Paulo (SP) se apresenta em “Downfall of Mankind”, recém-lançado terceiro disco da banda?

Basicamente, o grupo mistura um pouco dos dois discos anteriores, sem contar que mostra que vai adiante. As músicas de “Downfall of Mankind” soam mais duras e diretas (algo que remeterá ao primeiro álbum), enquanto a pegada furiosa e cheia de brutalidade em algumas partes, juntamente com diversidade dos andamentos entre as músicas, são evoluções do que se ouve em “Agony”. Mas se percebe que a fúria sonora está em outro patamar, chega a doer os ouvidos menos experientes, especialmente em partes bem extremas.

Logo, o NERVOSA está mostrando suas garras, sua fúria incontida, e verdade seja dita: está altamente empolgante!

Produzido pelo argentino Martin Furia (que cuidou da engenharia da banda em sua última turnê europeia), que realmente deu uma sonoridade impactante e agressiva a “Downfall of Mankind”, e a escolha dos timbres instrumentais deixa claro que o lance era soar como um coice de mula nos dentes. Mas mesmo assim, se percebe que a estética bem acabada da produção deixou a sonoridade clara de uma maneira que se consegue compreender o que elas estão tocando. E mais um ponto: o disco soa vivo, moderno e pesado, fugindo da estética “old school” que tantos adoram emular.

E a arte de Hugo Silva dá uma ambientação sinistra ao disco, reforçando a atmosfera opressiva.

A verdade seja dita: a experiência em grandes festivais e longas turnês levou a banda a outro patamar musical. É um disco profissional, mas feito com muita espontaneidade, capaz de deixar os ouvidos apitando devido à agressividade desmedida. Mas se repararem, a banda mostra arranjos musicais mais simples, e os andamentos mudam bastante de uma faixa para outra (e mesmo dentro delas). E por ser o disco de estreia da baterista Luana, ela parece ter chumbo nas mãos e nos pés, e trouxe muitos tempos do Death Metal consigo. Além disso, temos a participação de alguns convidados, como o vocalista João Gordo (do RDP, como se fosse necessário maiores apresentações), o guitarrista Michael Gilbert (do FLOTSAM & JETSAM), e o baterista Rodrigo Oliveira (do KORZUS). Agora, caiam dentro, e preparem o queixo!

A verdade é que “Downfall of Makind” transpira uma fúria musical absurda, e é do jeito “ame ou odeie”, não tem meios termos. É para esmagar ossos e destruir pescoços!

“Horrordome” é uma faixa incendiária, cheia de energia, e bem veloz, mostrando um ritmo insano (e com ótimo trabalho da bateria), seguida da escarrada brutal de “Never Forget, Never Repeat”, que possui passagens de tempos bem interessantes, fora riffs excelentes. Com uma pegada Thrasher mais clássica com uma moldagem moderna, “Enslave” é rascante até os ossos (que urros extremos, e ótima dicção). A cadência opressiva do início de “Bleeding” é esmagadora, mas se alterna com partes rápidas que remetem a “Victim of Yourself”. E o moshpit come solto na empolgante “... And Justice for Whom?”, outra em que a banda rebusca seus elementos mais clássicos (embora existam partes de 1X1 insanas). O clima Death/Thrash fica ainda mais denso em “Vultures”, um dos momentos mais agressivos do disco, mesmo em seus momentos Thrash Metal. Outra que nos leva a pensar no primeiro disco em termos de energia e riffs é “Kill the Silence”, uma faixa ferina e cheia de energia de fazer o queixo cair, fora boas mudanças de tempo, assim como “No Mercy” (que tem alguns momentos mais elaborados de baixo e bateria). Uma introdução que entremeia discursos de líderes políticos revolucionários abre a explosão de agressividade de “Raise Your Fist!”, que mais uma vez mostra a junção dos elementos de “Victim of Yourself” e “Agony”, especialmente nas guitarras (a modernidade é tamanha que existem algumas partes delas que nos remetem um pouco a “Chaos A. D.”). Mais simples, direta e na cara é “Fear, Violence and Massacre”, onde a base baixo e bateria mostra sua eficiência e coesão. Com uma diversidade técnica um pouco maior, temos “Conflict”, onde mais uma vez os vocais estão ótimos (o uso de mudanças de timbre se tornou recorrente na música da banda, o que é bom). A tradicional música cantada em português da banda é a golfada de ódio de “Cultura do Estupro”, com uma pegada bem tradicional do grupo, mostrando mais uma vez como baixo e bateria estão bem entrosados (e onde vemos o dueto de Fernanda com João Gordo). E a faixa-bônus “Selfish Battle” vem encerrar o disco, sendo que existe uma ambientação diferente em algumas partes, com ótimas melodias e vocais limpos ótimos (Fernanda, bem que poderias usar mais esse recurso, hein?), mas quem rouba a cena é mesmo Prika com solos melodiosos ótimos e bases bem feitas.

O NERVOSA deu um passo adiante com “Downfall of Mankind”, e logo serão o grande nome do Metal nacional no exterior, quer queiram, quer não. E apesar de não existir previsão para lançamento nacional, ele será distribuído por aqui pela Shinigami Records.

Nota: 100%


SABBATH BRAZIL SABBATH - The Brazilian Tribute to Black Sabbath


2018
Tipo: Tributo (CD Duplo)
Nacional


Tracklist:

CD 1:

1. OBSKURE - The Wizard
2. LEVIAETHAN - Children of the Grave
3. TAILGUNNERS - Heaven in Black
4. GENOCIDIO - Tomorrow’s Dream
5. UGANGA - Voodoo
6. ANCESTTRAL - Sabbra Cadabra
7. ORQUIDEA NEGRA - Heaven and Hell
8. CHEMICAL DISASTER - Iron Man
9. HELLISH WAR - Get a Grip
10. FOR BELLA SPANKA - Digital Bitch
11. KING BIRD - Supernaut
12. SYREN - Black Moon
13. KORZUS: Neon Knights
14. PANIC - I
15. MALEFACTOR - War Pigs

CD 2:

1. SILVER MAMMOTH - Symptom of the Universe
2. TAURUS - Cornucopia
3. MX - The Mob Rules
4. VULTURE - In for the Kill
5. HEADHUNTER D.C. - Eletric Funeral
6. DROWNED - Sabbath Blood Sabbath
7. STEEL WARRIOR - The Shining
8. JAILOR - After Forever
9. ANTHARES - Hole in the Sky
10. VOODOOPRIEST - TV Crimes
11. ATTRACTHA - N.I.B.
12. REVENGIN’ - Headless Cross
13. SEXTRASH - Loner
14. ANEUROSE - Psychophobia
15. DEMONS OF NOX - Paranoid


Contatos:

Site Oficial:
Assessoria:
E-mail:

Texto: Marcos Garcia


É preciso ser claro e direto: nenhum nome na história da música será mais relevante que o do BLACK SABBATH quando se falar em Heavy Metal. Por mais que existam explicações mirabolantes sobre como o estilo foi gerado, é consensual entre os headbangers que o quarteto Aston (conhecido pelos mais velhos como “a Bruxa de Birmingham”) é o pioneiro, que eles criaram esta forma de música que tanto amamos. Tudo surgiu deles e foi sendo aperfeiçoado. Tony Iommi, Ozzy, Geezer, Bill, Geoff, Dio, Vinnie, Ian, Tony Martin e tantos outros músicos que passaram pela banda ajudaram a alimentar os sonhos de muitos, e juntamente com o JUDAS PRIEST e o MOTORHEAD, são as fundações de toda diversidade que Heavy Metal possui. Nada mais justo que receber homenagens, especialmente agora que eles pararam, e mesmo estando um pouco distante da era dos tributos, a Secret Service Records nos brinda com mais um tributo duplo composto apenas por bandas brasileiras, “Sabbath Brazil Sabbath - The Brazilian Tribute to Black Sabbath”.

30 bandas dos mais variados gêneros de Metal, e de tudo que é canto do Brasil entraram no tributo, e o mais legal: muitas realmente trazem releituras das canções do grupo, abrangendo todas as suas fases (sim, não existem apenas clássicos aqui); outras preferem fazer uma versão personalizada da música escolhida. Por isso, o resultado final é mais que satisfatório.

Óbvio que, como todo tributo, a qualidade sonora oscila de canção para canção, uma vez que cada gênero de Metal tem suas pessoalidades em termos de sonoridade. Mas isso não chega a ser um problema. A arte da capa é de W. Perna (baixista do GENOCÍDIO), e ficou excelente, bem aquele clima soturno que permeia o trabalho do BLACK SABBATH.

Sem mais delongas, como não se pode destacar uma ou outra música, falemos delas.

OBSKURE: os veteranos de Fortaleza (CE) chegam com uma versão Death Metal arrasadora para “The Wizard”, preservando inclusive algumas partes de gaita da versão original. Mas reparem como eles preferiram algo mais moderno, inclusive com uso de bumbos duplos.

LEVIAETHAN: “Children of the Grave” é a canção que o quarteto de Porto Alegre (RS) fez para homenagear os mestres. E ficou ótima, mais pesada e com uma boa dose de agressividade. Embora a distorção seja típica dos trabalhos do grupo, a pegada é bem próxima à versão clássica, inclusive respeitando bastante os riffs e solos.

TAILGUNNERS: o quinteto de São Paulo (SP) foi buscar em “Tyr” sua canção, e fazem em “Heaven in Black” um trabalho fantástico, colocando sua personalidade da música (especialmente pelo trabalho técnico de vocais, baixo e bateria, pois o primeiro trouxe uma carga emotiva ótima), e como as melodias originais foram respeitadas, é um dos grandes momentos do disco.

GENOCIDIO: o quarteto pioneiro de Death/Thrash Metal de SP trouxe a carga pesada de seu estilo para “Tomorrow’s Dream”, que por ser da fase mais elaborada da primeira encarnação da Bruxa, encaixou nesse jeito azedo e duro de ser. E como o grupo está azeitado, tudo funciona como uma máquina.

UGANGA: trazendo algo mais raiz e orgânico em termos de gravação, o quinteto Crossover de Uberlândia (MG) deu uma pegada mais seca a “Voodoo”, que ficou excelente, especialmente porque os vocais com timbres mais duros deram um sabor diferente à canção, que ficou bem nos moldes da original.

ANCESTTRAL: se “Sabbra Cadabra” é um dos maiores hinos do quarteto de Birmingham, mas mãos de outro quarteto (este de SP) deram uma diferenciada da versão original, com timbres mais bem definidos, e uma carga Thrash Metal que encaixou como uma luva. Que guitarras!

ORQUIDEA NEGRA: fazer uma versão para “Heaven and Hell” é sempre algo difícil, pois é um dos maiores hinos do Metal. Mas o quarteto de Lages (SC) se deu muito bem, e fez bonito, sem sair muito das harmonias originais, e com um trabalho ótimo dos vocais.

CHEMICAL DISASTER: A simplicidade aparente de “Iron Man” a torna uma canção bem simples de se tocar, mas difícil de interpretar. E o quinteto de Santos (SP), sem medo do desafio, deu uma roupagem Old School Death Metal bem violenta a ela. E ficou muito bem, inclusive nos permitindo ver como os vocais guturais encaixam bem nas melodias originais.

HELLISH WAR: a ousadia do quinteto de Heavy/Power Metal de Campinas (SP) é percebida ao fazerem uma versão para “Get a Grip”, de “Forbidden”. Mas com a experiência deles, o jeito mais clássico do quinteto encaixou e trouxe uma vida melódica e agressiva à canção, especialmente em termos de guitarras e vocais.

FOR BELLA SPANKA: o quinteto de Gothic Rock/Metal de Belo Horizonte (MG) faz uma versão que é bem mais melodiosa que a original de “Digital Bitch”, inclusive com o uso de teclados bem evidentes. Mas ficou ótima, honrando o Sabbat e diversificada em termos de elementos musicais.

KING BIRD: sem querer reinventar a roda, o quarteto de Hard Rock de São Paulo fez uma versão bem tradicional e carregada de groove de “Supernaut”, que ficou excelente. E não é apenas uma releitura, mas tem a pegada deles, inclusive com um jeitão setentista saudável (e como a banda é coesa).

SYREN: O quarteto carioca foi buscar sua canção em “Headless Cross”, e deram um jeitão Metal tradicional moderno fenomenal a “Black Moon”, que ficou excelente, e os vocais interpretativos deram uma vida nova à original, mesmo porque a maioria dos fãs da Bruxa não gosta desse disco.

KORZUS: o quinteto Thrasher da Pompéia (bairro de SP) nunca foi de recuar em desafios, e mandaram uma versão que mixa a agressividade natural do grupo com as melodias intensas do hino “Neon Knights”. Vocais rasgados, bateria abusando dos dois bumbos, mas o quinteto mostra a sua coesão como banda, mostrando o porquê são tão respeitados.

PANIC: outro que respeita o Sabbath, mas que preferiu fazer as coisas do jeito deles. E o jeito Thrasher insano que deram à “I” ficou excelente, distando muito da canção original, mas com andamentos ótimos e excelentes guitarras (uma tradição do quinteto desde os anos 80).

MALEFACTOR: “War Pigs” é um hino do Sabbath, e uma de suas músicas mais icônicas. Por isso, tentar fazer versões dela pode ser perigoso, mas nada que os baianos da Sexta Legião do Metal não pudessem lidar. As harmonias são quase idênticas às originais, ganhando apenas maior agressividade e modernidade. E os vocais mostram maior diversidade de timbres, indo do suave ao agressivo sem problemas, com destaque para a base rítmica.

Estas 15 são do CD 1. E o CD 2 vem cuspindo fogo logo de cara.

SILVER MAMMOTH: “Symptom of the Universe” é o ultimo grande clássico do Sabbath na primeira passagem de Ozzy. E nas mãos do quinteto do São Paulo, ficou ótima, respeitando bastante a original. Há aquele toque de psicodelia setentista característico da banda (que vem dos teclados), que deu um toque de classe extra, e as guitarras estão ótimas, como sempre.

TAURUS: o quarteto Thrasher carioca de Niterói resolveu ir buscar uma música não tão clássica assim, que é “Cornucopia”, mas isso lhes permitiu dar uma diferenciada da original, graças à dose de agressividade melodiosas característica do grupo. E a versatilidade musical da versão original foi respeitada, mas com a personalidade atualizada do grupo fluminense.

MX: a agressividade clássica de “The Mob Rules” ficou intacta nas mãos do quarteto Thrasher de Santo André (SP). Como sempre, guitarras bem agressivas, vocais roucos e muita técnica nas partes rítmicas, e eles colocam a personalidade deles na canção, mas mantendo as características da versão original. Jason lives!

VULTURE: o quarteto de Death Metal de Itapetininga (SP) foi buscar no caótico “Seventh Star” (devido ao período tenso e de incertezas que o Sabbath vivia na época) sua canção, “In for the Kill”, e que encaixou bem na musicalidade deles. O grupo soube trabalhar a técnica bluesy diversificada da música com sua personalidade brutal, e o resultado ficou muito bom, especialmente as partes de guitarras (reparem nos solos).

HEADHUNTER D.C.: o culto da morte de Salvador (BA) resolveu descer a marreta e detonar uma versão Death Metal Old school de “Eletric Funeral”, que adicionou elementos opressivos à canção, sem descaracterizá-la. Reparem como os urros guturais encaixaram bem.

DROWNED: “Sabbath Blood Sabbath” é uma canção que já nasceu perfeita. Imaginem quando o quinteto Death Metal de Belo Horizonte (BH) coloca toda sua potencialidade nela: uma música fantástica, com vocais usando uma ótima diversidade de timbres (inclusive nas partes amenas), instrumental sólido e perfeito. Óbvio que os mineiros fizeram tudo do jeito deles, mas sem mudar muito a estruturação clássica da música.

STEEL WARRIOR: de Itajaí (SC) para o mundo, o quarteto de Metal tradicional pegou outra canção de um disco polêmico (“The Eternal Idol” é outro disco envolvido em um período conturbado para o Sabbath), que é “The Shining”. Respeitando todas as linhas melódicas originais sem mudar muito, a leitura deles é perfeita, com ótimas melodias e vocais muito bons.

JAILOR: esses curitibanos enfiaram sua agressividade Thrasher nas linhas grooveadas de “After Forever”, criando diferenças singulares em relação à original, com momentos cheios daquela energia que nos leva ao moshpit. E ficou excelente, com ótimos vocais e base rítmica de primeira (mas reparem como as guitarras faíscam os solos de forma insana).

ANTHARES: o quinteto de Sampa resolveu dar uma respeitada a “Hole in the Sky” até certo ponto, pois a pegada e ambientação são completamente Thrash Metal com uma boa dose de Hardcore (nos vocais). E esse caminho do meio entre ambos os estilos ficou ótimo, deu um jeitão meio MOTORHEAD de ser a esta versão (que belo trabalho de baixo e bateria, hein?).

VOODOOPRIEST: também optando por transitar entre as melodias da versão original e a agressividade do próprio estilo, o quinteto de Thrash/Death Metal de São Paulo (SP), “TV Crimes” ganhou contornos mais ríspidos, mas mantendo a base harmônica original. Ótimas partes das guitarras (solos ótimos), base rítmica bem técnica e os vocais ferozes e de bom gosto de sempre.

ATTRACTHA: de quarteto para quarteto, os paulistas resolveram descer a marreta para homenagear os ingleses, e desenharam um jeito mais moderno e bruto para “N.I.B.” que ficou ótimo, sem perder a noção de melodia. E como a bateria ficou de primeira, e assim, o baixo também cresceu junto (mas nem por isso, guitarras e vocais deixam de estar excelentes).

REVENGIN’: sendo um dos clássicos da banda após as fases de Ozzy e Dio, mexer em “Headless Cross” é uma mostra de ousadia. E o quinteto carioca de Symphonic Metal mostrou coragem, fazendo uma versão ótima, com teclados bem evidentes, muito peso, vocais femininos de primeira, mas sempre respeitando as linhas melódicas originais (exceto pelas orquestrações de teclados).

SEXTRASH: o quarteto de Death Metal mineiro de BH resolveu apostar suas fichas em uma versão mais crua e ríspida para “Loner” (de “13”). A música original já tem elementos que remetem ao estilão clássico dos primeiros álbuns do Sabbath. Mas os rapazes resolveram colocar mais agressividade e impacto, mostrando guitarras rascantes e vocais roucos à lá Lemmy.

ANEUROSE: rasgando com fúria Thrash Metal sem limites, o quinteto mineiro de Lavras vem disposto a não deixar pedra sobre pedra com uma versão poderosa para “Psychophobia”. Transitando entre a pancadaria desmedida do Thrash Metal e as harmonias originais, eles se deram bem, colocando de si na música. E que vocais de primeira!

DEMONS OF NOX: devido a uma disputa judicial pelo nome, a banda carioca de Death Metal teve que usar outro. Mas a versão Death/Black da banda para a clássica “Paranoid” ficou ótima, com uma ambientação mais sinistra, com vocais guturais, mas sabiamente mantiveram a mesma estruturação musical, sem mexerem demais. O resultado final fala por si: excelente.

No mais, “Sabbath Brazil Sabbath - The Brazilian Tribute to Black Sabbath” já pode ser encomendado à Secret Service Records. Reservem a sua cópia antes que acab!

Nota: 100%