2018
Tipo: Tributo (CD Duplo)
Nacional
Tracklist:
CD 1:
CD 2:
15. DEMONS
OF NOX - Paranoid
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Texto: Marcos Garcia
É preciso ser claro e direto: nenhum nome na história da
música será mais relevante que o do BLACK
SABBATH quando se falar em Heavy Metal. Por mais que existam explicações
mirabolantes sobre como o estilo foi gerado, é consensual entre os headbangers
que o quarteto Aston (conhecido pelos mais velhos como “a Bruxa de Birmingham”)
é o pioneiro, que eles criaram esta forma de música que tanto amamos. Tudo
surgiu deles e foi sendo aperfeiçoado. Tony Iommi, Ozzy, Geezer,
Bill, Geoff, Dio, Vinnie, Ian, Tony Martin e tantos outros músicos que
passaram pela banda ajudaram a alimentar os sonhos de muitos, e juntamente com
o JUDAS PRIEST e o MOTORHEAD, são as fundações de toda diversidade
que Heavy Metal possui. Nada mais justo que receber homenagens, especialmente
agora que eles pararam, e mesmo estando um pouco distante da era dos tributos,
a Secret Service Records nos brinda
com mais um tributo duplo composto apenas por bandas brasileiras, “Sabbath Brazil Sabbath - The Brazilian
Tribute to Black Sabbath”.
30 bandas dos mais variados gêneros de Metal, e de tudo que é
canto do Brasil entraram no tributo, e o mais legal: muitas realmente trazem
releituras das canções do grupo, abrangendo todas as suas fases (sim, não
existem apenas clássicos aqui); outras preferem fazer uma versão personalizada
da música escolhida. Por isso, o resultado final é mais que satisfatório.
Óbvio que, como todo tributo, a qualidade sonora oscila de canção
para canção, uma vez que cada gênero de Metal tem suas pessoalidades em termos
de sonoridade. Mas isso não chega a ser um problema. A arte da capa é de W. Perna (baixista do GENOCÍDIO), e ficou excelente, bem
aquele clima soturno que permeia o trabalho do BLACK SABBATH.
Sem mais delongas, como não se pode destacar uma ou outra
música, falemos delas.
OBSKURE: os
veteranos de Fortaleza (CE) chegam com uma versão Death Metal arrasadora para “The Wizard”, preservando inclusive
algumas partes de gaita da versão original. Mas reparem como eles preferiram
algo mais moderno, inclusive com uso de bumbos duplos.
LEVIAETHAN: “Children of the Grave” é a canção que
o quarteto de Porto Alegre (RS) fez para homenagear os mestres. E ficou ótima,
mais pesada e com uma boa dose de agressividade. Embora a distorção seja típica
dos trabalhos do grupo, a pegada é bem próxima à versão clássica, inclusive
respeitando bastante os riffs e solos.
TAILGUNNERS: o quinteto
de São Paulo (SP) foi buscar em “Tyr”
sua canção, e fazem em “Heaven in Black”
um trabalho fantástico, colocando sua personalidade da música (especialmente
pelo trabalho técnico de vocais, baixo e bateria, pois o primeiro trouxe uma
carga emotiva ótima), e como as melodias originais foram respeitadas, é um dos
grandes momentos do disco.
GENOCIDIO: o
quarteto pioneiro de Death/Thrash Metal de SP trouxe a carga pesada de seu
estilo para “Tomorrow’s Dream”, que
por ser da fase mais elaborada da primeira encarnação da Bruxa, encaixou nesse
jeito azedo e duro de ser. E como o grupo está azeitado, tudo funciona como uma
máquina.
UGANGA: trazendo
algo mais raiz e orgânico em termos de gravação, o quinteto Crossover de
Uberlândia (MG) deu uma pegada mais seca a “Voodoo”,
que ficou excelente, especialmente porque os vocais com timbres mais duros
deram um sabor diferente à canção, que ficou bem nos moldes da original.
ANCESTTRAL: se “Sabbra Cadabra” é um dos maiores hinos
do quarteto de Birmingham, mas mãos de outro quarteto (este de SP) deram uma
diferenciada da versão original, com timbres mais bem definidos, e uma carga
Thrash Metal que encaixou como uma luva. Que guitarras!
ORQUIDEA NEGRA: fazer
uma versão para “Heaven and Hell” é
sempre algo difícil, pois é um dos maiores hinos do Metal. Mas o quarteto de
Lages (SC) se deu muito bem, e fez bonito, sem sair muito das harmonias originais,
e com um trabalho ótimo dos vocais.
CHEMICAL DISASTER: A
simplicidade aparente de “Iron Man”
a torna uma canção bem simples de se tocar, mas difícil de interpretar. E o
quinteto de Santos (SP), sem medo do desafio, deu uma roupagem Old School Death
Metal bem violenta a ela. E ficou muito bem, inclusive nos permitindo ver como
os vocais guturais encaixam bem nas melodias originais.
HELLISH WAR: a
ousadia do quinteto de Heavy/Power Metal de Campinas (SP) é percebida ao
fazerem uma versão para “Get a Grip”,
de “Forbidden”. Mas com a
experiência deles, o jeito mais clássico do quinteto encaixou e trouxe uma vida
melódica e agressiva à canção, especialmente em termos de guitarras e vocais.
FOR BELLA SPANKA:
o quinteto de Gothic Rock/Metal de Belo Horizonte (MG) faz uma versão que é bem
mais melodiosa que a original de “Digital
Bitch”, inclusive com o uso de teclados bem evidentes. Mas ficou ótima,
honrando o Sabbat e diversificada em termos de elementos musicais.
KING BIRD: sem
querer reinventar a roda, o quarteto de Hard Rock de São Paulo fez uma versão
bem tradicional e carregada de groove de “Supernaut”, que ficou excelente. E não
é apenas uma releitura, mas tem a pegada deles, inclusive com um jeitão
setentista saudável (e como a banda é coesa).
SYREN: O quarteto
carioca foi buscar sua canção em “Headless
Cross”, e deram um jeitão Metal tradicional moderno fenomenal a “Black Moon”, que ficou excelente, e os
vocais interpretativos deram uma vida nova à original, mesmo porque a maioria
dos fãs da Bruxa não gosta desse disco.
KORZUS: o quinteto
Thrasher da Pompéia (bairro de SP) nunca foi de recuar em desafios, e mandaram
uma versão que mixa a agressividade natural do grupo com as melodias intensas
do hino “Neon Knights”. Vocais
rasgados, bateria abusando dos dois bumbos, mas o quinteto mostra a sua coesão
como banda, mostrando o porquê são tão respeitados.
PANIC: outro que
respeita o Sabbath, mas que preferiu
fazer as coisas do jeito deles. E o jeito Thrasher insano que deram à “I” ficou excelente, distando muito da
canção original, mas com andamentos ótimos e excelentes guitarras (uma tradição
do quinteto desde os anos 80).
MALEFACTOR: “War Pigs” é um hino do Sabbath, e uma
de suas músicas mais icônicas. Por isso, tentar fazer versões dela pode ser perigoso,
mas nada que os baianos da Sexta Legião do Metal não pudessem lidar. As
harmonias são quase idênticas às originais, ganhando apenas maior agressividade
e modernidade. E os vocais mostram maior diversidade de timbres, indo do suave
ao agressivo sem problemas, com destaque para a base rítmica.
Estas 15 são do CD 1. E o CD 2 vem cuspindo fogo logo de
cara.
SILVER MAMMOTH: “Symptom of the Universe” é o ultimo grande
clássico do Sabbath na primeira
passagem de Ozzy. E nas mãos do
quinteto do São Paulo, ficou ótima, respeitando bastante a original. Há aquele
toque de psicodelia setentista característico da banda (que vem dos teclados),
que deu um toque de classe extra, e as guitarras estão ótimas, como sempre.
TAURUS: o quarteto
Thrasher carioca de Niterói resolveu ir buscar uma música não tão clássica
assim, que é “Cornucopia”, mas isso
lhes permitiu dar uma diferenciada da original, graças à dose de agressividade
melodiosas característica do grupo. E a versatilidade musical da versão
original foi respeitada, mas com a personalidade atualizada do grupo
fluminense.
MX: a
agressividade clássica de “The Mob Rules”
ficou intacta nas mãos do quarteto Thrasher de Santo André (SP). Como sempre,
guitarras bem agressivas, vocais roucos e muita técnica nas partes rítmicas, e
eles colocam a personalidade deles na canção, mas mantendo as características
da versão original. Jason lives!
VULTURE: o quarteto
de Death Metal de Itapetininga (SP) foi buscar no caótico “Seventh Star” (devido ao período tenso e de incertezas que o Sabbath vivia na época) sua canção, “In for the Kill”, e que encaixou bem
na musicalidade deles. O grupo soube trabalhar a técnica bluesy diversificada
da música com sua personalidade brutal, e o resultado ficou muito bom, especialmente
as partes de guitarras (reparem nos solos).
HEADHUNTER D.C.: o
culto da morte de Salvador (BA) resolveu descer a marreta e detonar uma versão
Death Metal Old school de “Eletric
Funeral”, que adicionou elementos opressivos à canção, sem
descaracterizá-la. Reparem como os urros guturais encaixaram bem.
DROWNED: “Sabbath Blood Sabbath” é uma canção que
já nasceu perfeita. Imaginem quando o quinteto Death Metal de Belo Horizonte
(BH) coloca toda sua potencialidade nela: uma música fantástica, com vocais
usando uma ótima diversidade de timbres (inclusive nas partes amenas),
instrumental sólido e perfeito. Óbvio que os mineiros fizeram tudo do jeito
deles, mas sem mudar muito a estruturação clássica da música.
STEEL WARRIOR: de
Itajaí (SC) para o mundo, o quarteto de Metal tradicional pegou outra canção de
um disco polêmico (“The Eternal Idol”
é outro disco envolvido em um período conturbado para o Sabbath), que é “The Shining”.
Respeitando todas as linhas melódicas originais sem mudar muito, a leitura
deles é perfeita, com ótimas melodias e vocais muito bons.
JAILOR: esses
curitibanos enfiaram sua agressividade Thrasher nas linhas grooveadas de “After Forever”, criando diferenças
singulares em relação à original, com momentos cheios daquela energia que nos
leva ao moshpit. E ficou excelente, com ótimos vocais e base rítmica de
primeira (mas reparem como as guitarras faíscam os solos de forma insana).
ANTHARES: o quinteto
de Sampa resolveu dar uma respeitada a “Hole
in the Sky” até certo ponto, pois a pegada e ambientação são completamente
Thrash Metal com uma boa dose de Hardcore (nos vocais). E esse caminho do meio
entre ambos os estilos ficou ótimo, deu um jeitão meio MOTORHEAD de ser a esta versão (que belo trabalho de baixo e
bateria, hein?).
VOODOOPRIEST:
também optando por transitar entre as melodias da versão original e a
agressividade do próprio estilo, o quinteto de Thrash/Death Metal de São Paulo
(SP), “TV Crimes” ganhou contornos
mais ríspidos, mas mantendo a base harmônica original. Ótimas partes das
guitarras (solos ótimos), base rítmica bem técnica e os vocais ferozes e de bom
gosto de sempre.
ATTRACTHA: de quarteto
para quarteto, os paulistas resolveram descer a marreta para homenagear os
ingleses, e desenharam um jeito mais moderno e bruto para “N.I.B.” que ficou ótimo, sem perder a noção de melodia. E como a
bateria ficou de primeira, e assim, o baixo também cresceu junto (mas nem por
isso, guitarras e vocais deixam de estar excelentes).
REVENGIN’: sendo
um dos clássicos da banda após as fases de Ozzy
e Dio, mexer em “Headless Cross” é uma mostra de ousadia. E o quinteto carioca de Symphonic
Metal mostrou coragem, fazendo uma versão ótima, com teclados bem evidentes, muito
peso, vocais femininos de primeira, mas sempre respeitando as linhas melódicas
originais (exceto pelas orquestrações de teclados).
SEXTRASH: o quarteto
de Death Metal mineiro de BH resolveu apostar suas fichas em uma versão mais crua
e ríspida para “Loner” (de “13”). A música original já tem
elementos que remetem ao estilão clássico dos primeiros álbuns do Sabbath. Mas os rapazes resolveram
colocar mais agressividade e impacto, mostrando guitarras rascantes e vocais
roucos à lá Lemmy.
ANEUROSE: rasgando
com fúria Thrash Metal sem limites, o quinteto mineiro de Lavras vem disposto a não
deixar pedra sobre pedra com uma versão poderosa para “Psychophobia”.
Transitando entre a pancadaria desmedida do Thrash Metal e as harmonias originais, eles se
deram bem, colocando de si na música. E que vocais de primeira!
DEMONS OF NOX: devido
a uma disputa judicial pelo nome, a banda carioca de Death Metal teve que usar
outro. Mas a versão Death/Black da banda para a clássica “Paranoid” ficou ótima, com uma ambientação mais sinistra, com vocais
guturais, mas sabiamente mantiveram a mesma estruturação musical, sem mexerem demais.
O resultado final fala por si: excelente.
No mais, “Sabbath
Brazil Sabbath - The Brazilian Tribute to Black Sabbath” já pode ser encomendado
à Secret Service Records. Reservem a sua cópia antes que acab!
Nota: 100%