sexta-feira, 10 de agosto de 2018

KATAKLYSM - Meditations


Ano: 2018
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

CD:

1. Guillotine
2. Outsider
3. The Last Breath I’ll Take Is Yours
4. Narcissist
5. Born to Kill and Destined to Die
6. In Limbic Resonance
7. …And Then I Saw Blood
8. What Doesn’t Break Doesn’t Heal
9. Bend the Arc, Cut the Cord
10. Achilles Heel


DVD (Faixas marcadas com * são partes de um documentário):

1. Intro
2. In Shadows & Dust
3. Beyond Salvation
4. Why these 2 albums?*
5. Illuminati
6. Chronicles of the Damned
7. Bound in Chains
8. Rediscovering These Albums*
9. Where the Enemy Sleeps...         
10. Centuries (Beneath the Dark Waters)
11. *We Have a Different Drummer Now*
12. Face the Face of War
13. Years of Enlightment/Decades in Darkness
14. Intermission*
15. The Ambassador of Pain
16. The Resurrected
17. The Fans*
18. As I Slither
19. For All Our Sins
20. Generations*
21. The Night They Returned
22. Serenity in Fire
23. Drumming on the Different Albums*
24. Blood on the Swans
25. 10 Seconds from the End
26. The Tragedy I Preach
27. Meditations*
28. Under the Bleeding Sun
29. Credits


Banda:


Maurizio Iacono - Vocais
J.F. Dagenais - Guitarras
Stephane Barbe - Baixo
Oli Beaudoin - Bateria


Ficha Técnica:

Paul Logus - Masterização
Jay Ruston - Mixagem
Ocvlta Designs by Surtsey - Capa, Layout
Francis Bouillon - Samples


Contatos:

Assessoria:
E-mail:

Texto: M. Garcia


Há muito, já sabemos que é comum a banda transitar de um trabalho inicial mais bruto para algo diferente. E quanto mais longa a carreira, maior podem ser as diferenças. Isso nem sempre é bem vindo pelos fãs das fases mais cruas, mas abre a possibilidade dos grupos alcançarem novos fãs (e manter uma boa base dos antigos). Mas evoluir (e abraçar este processo) é algo para os fortes e corajosos, e nisso, o KATAKLYSM nunca se deixou ser manipulado. “Meditations”, seu mais recente trabalho (que nos chega via Shinigami Records/Nuclear Blast Brasil), prova isso para quem quiser ouvir.

O fato é que mesmo sendo rotulado como um grupo de Death Metal, esses canadenses nunca deram muita bola para isso. Apenas seguem seus instintos, vão e fazem. E no caso de “Meditations”, eles mantêm o pé firme no seu estilo, mas abrindo para alguns elementos mais modernos, ao mesmo tempo em que as melodias que permeiam sua música de uns anos para cá estão se tornando mais e mais evidentes, e nem tudo é tão extremo em termos de velocidade. Ou seja, esse disco dá continuidade à evolução musical encontrada em “Of Ghosts and Gods” de 2015, mas mantendo a autenticidade e essência brutal e furiosa de sempre.

A gravação teve uma mudança sensível: JF Dagenais dividiu a responsabilidade de fazer a parte de engenharia de som o baterista Oli Beaudoin. Na mixagem, o grupo trouxe Jay Ruston (conhecido por seus trabalhos com ANTHRAX, STONE SOUR, ARMORED SAINT, ADRENALINE MOB e outros), além de Paul Logus (que também já trampou com o ANTHRAX, além de CRADLE OF FILTH e SONS OF APOLO). Tudo converge em termos de sonoridade para ser o disco mais profissional possível do quarteto, além de permitirem que ele soe moderno e vigoroso. Nisso, a engenharia fez uma parte ótima, com timbres agressivos, mas secos e que dão uma ótima noção do que eles estão tocando. Além disso, a arte da capa é de Suzy Iacono, e transpira (de forma subjetiva) o título do disco, mas reparem bem que o escudo do quarteto se encontra ali, criando o “link” entre as novas ideias com a identidade amorfa do grupo.

Podemos dizer que “Meditations” é, de longe, o disco mais variado do KATAKLYSM. Óbvio que eles não negam seu passado, os fãs mais antigos perceberão isso, mas se recusam a ficarem regravando o mesmo disco, usando arte e nomes diferentes, e jogam na cabeça dos fãs. De forma algum, se percebe que as composições do disco são todas muito bem feitas, com arranjos que se encaixam uns nos outros perfeitamente, além de mostrarem a velha agressividade de sempre.

Em dez temas arrasadores, eles mostram que também apuraram sua técnica, o que lhes garante maior diversidade musical. “Guillotine” é veloz, apesar de curta, já mostra aos fãs a que eles vieram (que melodias bem sacadas). Em “Outsider”, um pouco mais arrastada, temos uma faixa com elementos musicais mais modernos e ótimo trabalho dos vocais (até a dicção melhorou). Transitando entre a aura opressiva com tempos mais lentos e o impacto melódico das guitarras, “The Last Breath I’ll Take is Yours” é maravilhosa, e que nos seduz facilmente, assim como o azedume de “Narcissist” (belo trabalho de baixo e bateria, e a canção nos lembra de um pouco os elementos que ouvimos em “Blood in Heaven”). Em “Born to Kill and Destined to Die”, uma composição mais simples em termos de arranjos e com ritmo oscilando entre partes mais cadenciadas e outras em tempo mediano, percebem-se a presença de excelentes solos de guitarra. Já explorando um pouco mais partes com os famosos “blast beats”, temos “In Limbic Resonance”, outra que explora bem as melodias das guitarras sem deixar de ser brutal. A cadência do ritmo é um dos elementos de “...And Then I Saw Blood”, uma canção instigante, que empolga o ouvinte e que tem melodias decorativas maravilhosas. O clima fica ainda mais bruto e opressivo em “What Doesn’t Break Doesn’t Heal”, pois o andamento mais cadenciado privilegia essa ambientação carregada, mesmos elementos de “Bend the Arc, Cut the Cord”. E fechando, “Achilles Heel”, que tem uma pegada mais moderna, que remete a “Of Ghosts and Gods”, apenas com melodias mais soltas e evidentes. Até se percebe bem subjetivamente alguma influência do EX-DEO em certas passagens, mas o pesso opressivo do quarteto não permite que esta fique tão óbvia.

O KATAKLYSM veio para quebrar barreiras, e tenham certeza: “Meditations” veio pavimentar o caminho do quarteto para um público maior.

Ah, sim: como se já não fosse muito, a versão nacional de “Meditations” ainda tem um DVD bônus, cheio de músicas ao vivo, um documentário e muito mais. E assim, este lançamento vira um item obrigatório para todos!

Nota: 92%



IMMORTAL - Northern Chaos Gods


Ano: 2018
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1. Northern Chaos Gods
2. Into Battle Ride
3. Gates to Blashyrkh
4. Grim and Dark
5. Called to Ice
6. Where Mountains Rise
7. Blacker of Worlds
8. Mighty Ravendark


Banda:


Demonaz - Vocais, guitarras
Horgh - Bateria


Ficha Técnica:

Peter Tägtgren - Produtor, mixagem, baixo
Jonas Kjellgren- Masterização
Jannicke Wiese-Hansen - Arte da capa

  
Contatos:

Assessoria:
E-mail:

Texto: M. Garcia


Para quem ainda não sabe, bandas possuem as mesmas vicissitudes de matrimônios, ou seja, apesar do glamour que circunda o mundo show business, existem as crises e, muitas vezes, a separação. No caso de grupos musicais, quando um membro importante sai, fica sempre a curiosidade: será que a banda irá adiante ou vai parar? E como ela ficará sem aquele integrante que carregava parte da personalidade da mesma?

Um bom caso para esta analogia é o IMMORTAL, trio de Bergen (Noruega), e um dos nomes mais populares do Black Metal mundial, sem sombra de dúvidas. Com a saída do guitarrista/vocalista Abbath em 2015 (que deu início a uma banda que leva o próprio nome), muito se questionou sobre o que resultaria dessa separação. E finalmente, todos os questionamentos são respondidos na forma de “Northern Chaos Gods”, mais recente trabalho deles. E que tem versão nacional pela parceria da Shinigami Records com a Nuclear Blast Brasil. Ainda bem!

E nas versões Digipack ou Jewelcase (a escolha do cliente)!

Na realidade, o grupo está reduzido a um dueto, com Horgh na bateria e Demonaz mais uma vez as guitarras e assumindo os vocais. O baixo foi tocado pelo produtor e velho conhecido Peter Tägtgren (do HYPOCRISY e do PAIN). Em termos musicais, é preciso dizer que a saída de Abbath não causou avarias significativas à personalidade musical deles, pois o que se ouve em “Northern Chaos Gods” é o estilo clássico do IMMORTAL, remetendo bastante ao que aos clássicos “Blizzard Beasts” e “At the Heart of the Winter”, ou seja, aquela velocidade exorbitante aliada à boa técnica instrumental, além de peso e criatividade (pois não temos um disco de um fôlego só). E os vocais estão muito bem, embora diferentes (óbvio, com timbres rasgados mais agudos).

Em termos de produção, não há o que reclamar: as mãos de Peter para vertentes extremas de Metal não eram, associando à agressividade brutal do grupo uma estética limpa, com boa definição nos instrumentos. Os timbres instrumentais estão muito bons, beirando os que se ouve em “All Shall Fall”, ou seja, a estética mais crua está associada às canções, não a algo mal feito. Em termos gráficos, a simplicidade remete às raízes do Black Metal, e é quase uma declaração de que eles estão vivos, e dispostos a voltarem ao seu lugar de direito.

Para os que não sabem, Demonaz teve problemas severos de tendinite nas mãos, mas se submeteu a uma cirurgia, e pôde retomar as guitarras uma vez mais. O que é bom, pois o IMMORTAL pode nos brindar com mais uma pérola musical Sim, “Northern Chaos Gods” tem todos os elementos que os fãs da banda gostam, além de manter a identidade que o grupo delineou para si. E em termos de arranjos, continuam em alto nível, mesmo na simplicidade técnica a que os fãs já se acostumaram (prova que se pode fazer algo excelente sem ter que exagerar na execução das canções).

O disco já abre com uma paulada feroz e rápida, “Northern Chaos Gods” (que mantém a tradição de riffs velozes e simples, mas apresentando mudanças de ritmo muito interessantes), que é seguida de uma canção com os mesmos elementos, apenas mais técnica, que é “Into Battle Ride”. Em “Gates to Blashyrkh”, temos algo mais climático e soturno bem tradicional do trabalho deles, com alguns dedilhados ótimos nas guitarras, e a base mostrando um trabalho sólido de primeira (a bateria está ótima). A tempestade musical gélida continua intensa na rapidez explicita de “Grim and Dark”, onde algumas passagens mais lentas e envolventes nos agarram pelos ouvidos. Não tão veloz é “Called to Ice”, que mostra uma pegada esmagadora e ganchuda (haja pescoços). Se acham que o disco não poderia manter o nível ou melhorar, uma ouvida na forte “Where Mountains Rise” vai mudar suas concepções, pois que riffs e vocais (as linhas melódicas são perfeitas). Veloz, mas com arranjos lentos pontuais bem explorados, temos “Blacker of Worlds”, com alguns riffs impressionantes de tão grudentos. E fechando, a longa “Mighty Ravendark”, que é outra canção não tão rápida, mas que nos embala perfeitamente por sua base rítmica sólida, seus riffs grudentos e vocais insanos.

“Northern Chaos Gods” é o típico disco que cala a boca dos detratores, que leva os fãs a suspirarem. E verdade seja dita: agora temos duas bandas excelentes. E que o IMMORTAL continue sua saga de gélida por muitos anos!

Nota: 100+%