Ano: 2018
Tipo: Full Length
Selo: Shinigami Records
Nacional
Tracklist:
1. Light of
Transcendence
2. Travelers
of Time
3. Black
Widow’s Web
4. Insania
5. The
Bottom of My Soul
6. War
Horns
7. Caveman
8. Magic
Mirror
9. Always
More
10. ØMNI - Silence
Inside
11. ØMNI - Infinite
Nothing
Banda:
Fabio Lione - Vocais
Rafael Bittencourt -
Guitarras
Marcelo Barbosa -
Guitarras
Felipe Andreoli -
Baixo
Bruno Valverde -
Bateria
Ficha Técnica:
Jens Bogren -
Produção, mixagem
Tony Lindgren -
Masterização
Daniel Martin Diaz - Capa
Gustavo Sazes -
Layout
Alession Lucatti -
Teclados
Nei Medeiros -
Teclados em “Insania” e “Always More”
Dedé Reis - Percussões em “Travelers in Time”,
“Black Widow’s Web”, “War Horns” e “Caveman”
Wellington Sancho - Percussões em “The Bottom
of My Soul”, “Magic Mirror”, “Always More”, e “Silence Inside”
Tiago Loei -
Percussões em “Insania”
Francesco Ferrini -
Orquestrações
Kiko Loureiro -
Guitarra solo em “War Horn”
Sandy - Vocais em “Black Widow’s Web”
Alissa White-Gluz - Vocais em “Black Widow’s
Web”
Alírio Netto - Corais
Bruno “Detonator”
Sutter - Corais
Contatos:
Site Oficial: http://angra.net
Twitter: https://twitter.com/AngraOfficial
Instagram: https://www.instagram.com/AngraOfficial/
Bandcamp:
Google+:
Assessoria: http://hoffmanobrian.com.br/ (Hoffman & O’Brian)
E-mail:
Texto: Marcos Garcia
Existem três bandas no Metal nacional que estão em um
patamar que, nos dias de hoje, se tornaram difíceis de serem alcançadas: SEPULTURA, KRISIUN, e obviamente, o ANGRA. E no caso do último, eles vivem
tendo que enfrentar renascimentos sucessivos (por conta de mudanças de formação
que envolvem membros fundadores e/ou importantes), o que sempre deixa os fãs
apreensivos. No caso atual, após a saída de Kiko Loureiro (que se juntou ao MEGADETH), novas instabilidades se criaram na base de fãs. Mas os
fãs podem ficar tranquilos: “ØMNI”,
que é disco mais recente do quinteto, e que foi lançado no Brasil pela Shinigami Records, é excelente.
No lugar de Kiko
está Marcelo Barbosa, conhecido pelo
trabalho com o ALMAH. O estilo da
banda, aquele Power/Prog Metal melodioso, técnico e com boa noção de virtuose,
além de toques de ritmos regionais (como podem ser percebidos na condução
rítmica de “Travelers in Time”),
continua intacto, embora não tão voltado a algo tão denso e introspectivo como “Secret Garden”. O quinteto volta a ter
um clima mais positivo, pois o aspecto técnico deu um pouco mais de ênfase ao
seu lado Prog, com passagens etéreas dignas de bandas de Rock Progressivo. Além
disso, as linhas melódicas estão bem pegajosas, capazes de nos envolver com
facilidade.
“ØMNI” nos mostra
uma produção de alto nível, já que Jens
Bogren (o mesmo que já trabalhou com ORPHANED
LAND, MOONSPELL, AMON AMARTH, SEPULTURA e outros) assina o álbum, e ele
deixou qualidade de som cristalina e pesada nas medidas certas, e assim, as linhas
melódicas da banda ficaram bem evidentes. A escolha de timbres foi ótima, pois
assim a música do grupo ganhou peso, mas mantendo a definição ao ponto de todos
os arranjos ficarem evidentes. E a arte da capa ficou muito bem feita, antenada
com a proposta musical da banda.
O quinteto mostra amadurecimento no disco novo, já que ousou
mostrar alguns elementos musicais que, muitas vezes, fogem do universo do Heavy
Metal, como o uso de contrastes vocais em “Black
Widow’s Web” (onde Alissa White-Gluz,
do ARCH ENEMY e a cantora Pop Sandy aparecem como convidadas), as
belas orquestrações, e tudo o mais. Além disso, verdade seja dita: a banda vive
um momento criativo e tanto.
“ØMNI” é um disco
precioso, com 11 canções excelentes. E se destacam o murro Power/Prog Metal
pesado de “Light of Transcendence”
(que arranjos de guitarras, especialmente os duetos), os experimentalismos
percussivos no início de “Travelers of
Time” (um dos melhores momentos de baixo e bateria do disco inteiro), a
polêmica e provocadora de mimimis chatos “Black
Widow’s Web” (os vocais suaves se contrastam bem com os guturais e a voz
grandiosa de Fabio, sem falar nas
variações entre partes agressivas e outras mais amenas), o peso grandioso e
adornado de lindos corais e orquestrações de “Insania”, a mistura de elementos regionais brasileiros e linhas
melódicas carregadas de emoção na linda “The
Bottom of My Soul” (uma aula de interpretação dos vocais, que com uma versatilidade de timbres excelente), a pegada
Prog/Jazz de “Magic Mirror”, o
jeitão melodioso quase Pop de “Always
More” (que arranjos emocionantes e ternos), a diversidade pesada e
melodiosa de “Silence Inside”, e a
orquestral “Infinite Nothing”.
Um comentário extra sobre “Black Widow’s Web”: os fãs mais radicais não aceitam misturas, e
muitos ficaram enchendo a paciência alheia sem nem entender a canção direito. MAS:
1. O Heavy Metal e suas vertentes são filhos diretos do
Rock, que por si só, é fruto de uma mistura imensa de estilos musicais
(inclusive Gospel norte-americano). Isso é fato, logo, seu choro radicalóide e
puritano é uma contradição grosseira;
2. Tal puritanismo levou o Metal no Brasil à bancarrota
financeira, com pessoas se recusando a irem a points e shows onde acabam se
aborrecendo, e não aproveitando um bom momento, já que gente chata assim se
recusa a manter a ignorância guardada dentro de si. Gostar ou não de uma banda,
música, disco é direito de todos, mas encher a paciência não, especialmente
quando sua opinião não é solicitada. Respeito é bom e todos gostam;
3. Atitudes como esta do ANGRA chamam a atenção de muitos possíveis
novos fãs para o gênero, tanto que a canção foi muito bem sucedida no Spotify,
um sucesso como há anos o Metal não experimenta. Isso potencializa o alcance de
um estilo musical já tão combalido por palhaçadas que os fãs de Metal adoram fazer (que
parecem adora dar uma de radicais e serem vistos como pessoas ridículas por
tantos outros).
No mais, “ØMNI” é o melhor disco do ANGRA em muitos anos, e os coloca de novo como uma das forças
motrizes do Metal brasileiro.
Nota: 100%