terça-feira, 30 de julho de 2019

ASMODEUS - Parabellum


Ano: 2018
Tipo: Full Length
Selo: Independente
Nacional


Tracklist:

1. Guerra
2. Escravos do Mal
3. PNCDBA
4. Sangue de Minhas Mãos
5. Ilusão
6. Tortura Mental
7. Poder Fracassado
8. Pobre Diabo


Banda:


Elineudo Morais - Vocais
Fábio Morcego - Guitarras
Anderson Frota - Baixo
Acácio Vidal - Bateria


Ficha Técnica:

Asmodeus - Produção
Taumaturgo Moura - Gravação, Mixagem, Masterização
Iuri Corvalan - Artwork (capa)


Contatos:

Site Oficial:
Assessoria: ac.frota@uol.com.br
E-mail:

Texto: “Metal Mark” Garcia


Introdução:

As primeiras bandas do Metal extremo dos anos 80 tiveram profundo impacto no cenário brasileiro. Basta ver como SEPULTURA, HOLOCAUSTO, SARCÓFAGO, MUTILATOR, e outros tantos ostentavam claras influências de nomes como VENOM, SODOM, DESTRUCTION, SLAYER, KREATOR, POSSESSED e outros.

E não é de se admirar que um remanescente dos anos 80, o quarteto ASMODEUS, de Fortaleza (CE) mostre personalidade em “Parabellum”, seu primeiro registro.


Análise geral:

O quarteto surgiu nos anos 80, e esteve em hiato de 1986 até 2015, sem nunca ter deixado um registro fonográfico. Mas finalmente, o fizeram ano passado, e verdade seja dita: eles têm o que dizer com seu Thras/Black/Death Metal à lá anos 80.

Embora influenciados por bandas seminais de Metal extremo como BATHORY, VENOM e DESTRUCTION, pulsa na música da banda influências da NWOBHM e mesmo do Metal dos anos 70, dando uma diversidade que funciona bem, e diferente de muitos outros que estão preocupados em emular os anos 80, isso flui deles de forma espontânea.

Aliás, diga-se de passagem: que energia a música deles possui, além de uma agressividade Old School muito bem moldada por harmonias simples e diretas, mas ótimas.


Arranjos/composições:

Assim como os mestres do passado, o grupo não faz algo tecnicamente exagerado. Longe disso, a técnica da banda é simples, mas os arranjos espontâneos de suas canções são impressionantes de tão pegajosos. Sim, eles são capazes de seduzir os ouvintes.

E mesmo na simplicidade, os andamentos mostram um conjunto bom e diversificado.


Qualidade sonora:

A banda bem que poderia ter tido algo um pouco mais moderno para afiar suas influências. O som ficou mais cru que o necessário, mas não ao ponto de danificar seus esforços, ou mesmo de transformar a audição de “Parabellum” em algo complicado, que necessite de esforços. Não, tudo flui bem, soa bem, embora essa crueza 80 pudesse ser descartada em prol de algo mais bem delineado.

Já os tons instrumentais possuem um charme Old School muito bom.

Uma dica ao grupo: gravem com esses tons instrumentais, mas busquem algo mais definido. Se puderem, Joel Grind (do TOXIC HOLOCAUST) é um mestre nisso.


Arte gráfica/capa:

Iuri Corvalan assina a capa de “Parabellum”, que é bem simples e direta, mas deixa claro que o grupo vem disposto a detonar ouvidos e provocar torcicolos.


Destaques musicais:

Sem querer traçar referências desnecessárias, o trabalho do grupo poderia ser comparado aos mestres do KORZUS em “Sonho Maníaco” e DORSAL ATLÂNTICA em “Antes do Fim”, ou seja, cantado em português e capaz de deixar os ouvidos apitando.

“Guerra” é simples, direta e ganchuda, exibindo um andamento forte e coeso, perfeito para gastar os ossos dos pescoços alheios, enquanto “Escravos do Mal” mostra aquele Power/Black Metal de raiz cheio de influências de Hardcore e JUDAS PRIEST, com vocais e guitarras muito bem colocados. Um pouco mais refreada e melódica é “PNCDBA”, uma instrumental curta que antecede a veloz e agressiva “Sangue de Minhas Mãos”, outro Thrash/Black Metal anos 80 em termos sonoros, mostrando vocais agressivos em tons normais muito bons. Em “Ilusão”, a banda revisita influências de Hard Rock setentista à lá BLACK SABBATH e BLUE OYSTER CULT, com boa presença de baixo e bateria, e embora um pouco mais veloz (e apresentando boas conduções nos dois bumbos), “Tortura Mental” também tem um toque de Metal anos 70 muito bom. Agressiva e brutal é “Poder Fracassado”, com um ritmo levemente cadenciado, criando uma aura Rock ‘n’ Roll sujo á lá MOTORHEAD, o que permite boas melodias surgirem das guitarras. E bem cadenciada e causticante é “Pobre Diabo”, com riffs à lá CELTIC FROST muito bons.

Ah, sim: “Parabellum” pode ser ouvido nas seguintes plataformas digitais.



Conclusão:

Pode-se aferir que o ASMODEUS consegue com “Parabellum” recuperar o tempo, mas que venham logo com algo novo.

Os fãs merecem uma banda assim.


Nota: 8,1/10,0


Bandcamp

LOW LEVELS OF SEROTONIN - Katharsis


Ano: 2019
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1. Intro
2. The Wind Tries to Say Something
3. O Saber
4. Chaos
5. Redundant Lies Become Truths
6. A Pale Tone
7. Endorphin
8. Out of my Control
9. Instrumental


Banda:


William Gonçalves - Todos os Instrumentos, Vocais Limpos
Guilherme Malosso - Vocais Guturais, Vocais Gritados


Ficha Técnica:

William Gonçalves - Produção, Artwork (exceto Capa)
Douglas Martins - Produção, Mixagem, Masterização
Carlos Fides - Arte da Capa


Contatos:

Site Oficial:
Instagram:
Assessoria:

Texto: “Metal Mark” Garcia


Introdução:

Experimentalismos de vanguarda no Metal nacional são raridades, pois ainda rege um forte conservadorismo musical no cenário. Eles são pouco, mas existem, e em geral, sempre são trabalhos diferenciados, longe do ponto comum.

E a cidade de Americana (SP) sempre foi fértil para nomes promissores. E um deles é o do LOW LEVELS OF SEROTONIN, que chega com seu primeiro trabalho, “Katharsis”, lançado pela Heavy Metal Rock Records.


Análise geral:

A verdade é que o LOW LEVELS OF SEROTONIN nasce de ideias musicais de William Gonçalves, ex-membro do DESDOMINUS, que criou um híbrido de Doom Death Metal com influências introspectivas, gerando algo que soa ríspido, agressivo, mas melancólico. E soa completamente diferente do que se ouve por aí.

Sim, é bem diferente, pois de momentos Death Metal com toques de Black Metal agressivos, logo surgem inesperadas partes sombrias e densas. E isso realmente surpreende, pois o “approach” da banda é bem não-convencional.


Arranjos/composições:

Basicamente, o grupo surgiu em 2017, e William veio desde então trabalhando nesse material. A verdade é: realmente esse conjunto de influências ser transformado em música não é difícil, mas soar pessoal o é. E “Katharsis” soa bem pessoal.

Nos momentos mais intimistas, surgem influências que vão do Doom Metal ao Jazz Rock “noir” (como ouvido em “A Pale Tone”), e os agressivos também mostram abertura musical a outros gêneros. Isso proporciona uma energia diferenciada ao trabalho, algo que realmente embala o fã, algo que seduz os sentidos. Isso graças a arranjos bem feitos, à fluência de muitas influências.


Qualidade sonora:

Tendo o ex-colega de DESDOMINUS, Douglas Silva produzindo, mixando e masterizando o disco (sendo que Douglas também é o cabeça do DEEP MEMORIES), a verdade é que a criação da qualidade sonora de “Katharsis” é ótima, clara e bem feita, agressiva quando necessário, densa e melancólica em outros momentos, mas sempre cristalina, com tudo claro aos ouvidos.

E mesmo a escolha de timbres é muito boa, em que pese que a bateria poderia soar melhor.


Arte gráfica/capa:

A capa é assinada por Carlos Fides, dando a clara ideia do que o grupo mostra musicalmente, e o restante da arte (inclusive a diagramação do encarte) é do próprio William.


Destaques musicais:

Em cada momento de “Katharsis”, o ouvinte precisa estar de mente aberta, e preparada para surpresas, pois a Esfinge de Édipo está diante dele no CD player.

Após uma introdução enigmática, vem “The Wind Tries to Say Something”, uma canção que apresenta foco nas mais partes mais agressivas, mas sempre permitindo que boas melodias fluam nas guitarras, o mesmo tipo de elementos encontrados em “O Saber”, que é mais técnica e com vocais guturais de primeira intercalados com levadas empolgantes e melodias melancólicas. Em “Chaos”, contrastes de riffs de guitarra ríspidos e vocais guturais com partes de melodias melancólicas surgem aos borbotões (mesmo com alguns momentos mais rápidos e ganchudos), elementos similares ao que se ouve em “Redundant Lies Become Truths”. Já “A Pale Tone” mostra algo bem soturno e introspectivo como as bandas de Doom Gothic da segunda metade dos anos 90, embora existam partes de teclados grandiosas. “Endorphin” é uma instrumental mezzo Gothic Rock, mezzo Heavy Metal por conta dos contrastes entre partes de peso e melancolia. Já com algumas partes Death/Black anos 90 bem evidentes e bem vindas, tem-se “Out of my Control”, mas quando as partes mais Doom à lá TIAMAT/MOONSPELL antigos surgem, não há como não notá-las, e que solos de guitarras. E fechando, tem-se uma instrumental feita basicamente nos teclados, bem ambientada e com uma aura depressiva enorme.

Não é um disco muito simples de assimilar, mas vale a pena!


Conclusão:

O LOW LEVELS OF SEROTONIN veio para ficar com “Katharsis”, verdade seja dita. Agora, é ouvir e aproveitar essa viagem de vanguarda.


Nota: 8,7/10,0


Out of My Control

IMPLEMENT - Bleeding Alone


Ano: 2019
Tipo: Full Length
Selo: Independente
Nacional


Tracklist:


1. Wrekage (Intro)
2. Infernum Brothel
3. Worm in My Brain
4. Bleeding Alone
5. Grave of Desire
6. Pentecostal Insanity
7. The Keys of Hell
8. Red Flag
9. Great Terror
10. Catacomb
11. Mirror of Ilusion


Banda:


Ivan Ribeiro - Vocais, Baixo
Márcio “Oicram” Kizar - Guitarras
Ângelo Acácio - Bateria


Ficha Técnica:

Nenel Lucena - Mixagem, Masterização
Ivan Ribeiro - Arte da capa


Contatos:

Assessoria: https://www.facebook.com/LexMetalisAA (Lex Metalis Assessoria e Agenciamento)

Texto: “Metal Mark” Garcia


Introdução:

Death Metal tradicional nos moldes dos anos 90 ainda é uma fórmula bastante usada nos dias de hoje, e rende frutos interessantes, outras vezes nem tanto, mas em geral o saldo é positivo. E o Nordeste do Brasil sempre foi um ótimo celeiro para Metal extremo.

Não é à toa que o trio IMPLEMENT, de Recife (PE) chega a toda carga com seu primeiro “full length”, o brutal e insano “Bleeding Alone”.


Análise geral:

Imaginem uma banda à lá anos 90 de Death Metal com influências de CANNIBAL CORPSE, MORBID ANGEL, MASTER, BOLT THROWER e NAPALM DEATH, tudo misturado, mas com passagens com “inserts” de Thrash Metal, e algumas passagens mais lentas. Pois é, eles são assim, Traditional Death Metal até os ossos, com uma música esmagadora, mas sempre com boas mudanças de tempo e técnica instrumental.

Sim, é preciso segurar o pescoço, pois o “headbanging” é insano!


Arranjos/composições:

O trio foge à regra de repetir o que outros já fizeram. Na realidade, sem inventar, estão mostrando que têm personalidade, pois ao invés de aceitarem modelos musicais impostos, preferem aglutinar influências (como o solo de guitarra mais melodioso e as debulhadas do baixo na faixa “Bleeding Alone”), e assim, vão pondo as coisas do jeito deles.

Além disso, cada uma das canções tem suas particularidades que os ouvidos mais experientes perceberão, mas que dão fluência ao trabalho do trio. Além disso, o trabalho do grupo mostra boa diversidade rítmica, riffs brutos e de fácil assimilação, vocais guturais urrados à lá Chris Barnes com alguns gritos agudos, mas tudo sempre consensual, bruto e coeso. 


Qualidade sonora:

Eis um ponto que fez a diferença em “Bleeding Alone”: a sonoridade.

Sem deixar de fora a estética crua e agressiva do gênero, a banda optou por uma estruturação sonora idêntica a muitas bandas de Death Metal dos anos 90 (ou seja, uma crueza orgânica, com timbres instrumentais simples), mas com a clareza definida das modernas produções. E funcionou muito bem, verdade seja dita.


Arte gráfica/capa:

A capa é ótima, criação do baixista/vocalista Ivan Ribeiro, que encaixou com o contexto sonoro do grupo. E isso apresentando em um elegante pacote em digipack.


Destaques musicais:

Bruto, porém bem feito e destilando agressividade, “Beeling Alone” tende a ganhar os fãs sem muitas audições.

“Wrekage” é uma introdução apenas, que precede a pancada de “Infernum Brothel”, um bate-estacas Old School de primeira, com mudanças de andamento presente (mostrando que baixo e bateria estão bem entrosados), seguida pela empolgante “Worm in My Brain” (vocais guturais e passagens urradas de muito bom gosto, além de pegajosos riffs de guitarra), e da brutal “Bleeding Alone” (que apesar de ser mais reta e direta, mostra uma boa técnica em termos de bateria, fora partes técnicas do baixo). Contrastes de partes velozes e momentos pegajosos refreados surgem em “Grave of Desire”, enquanto “Pentecostal Insanity” é uma pancada com velocidades nos moldes do “Swedish Old School Death Metal”, embora com partes lentas. Outro amassa-crânios opressivo é mostrado em “The Keys of Hell” (e que riffs bem feitos), enquanto passagens com tempos medianos (vem velozes ou lentos) preenchem a ganchuda “Red Flag”, e uma influência primordial do Death Metal (no caso, o Hardcore) aparece em momentos de “Great Terror”. Outra com muita energia e ótima empolgação é a brutal “Catacomb”, e fechando, a lenta de ácida “Mirror of Ilusion”, que começa lenta e logo ganha um pouco mais de velocidade, mas mantendo a energia alta em todos os momentos.

E sim, o disco é de fato muito bom.


Conclusão:

É fato que o IMPLEMENT é uma banda bem estruturada e usou sua experiência para fazer de “Bleeding Alone” um trabalho muito bom, que merece ser ouvido e curtido.


Nota: 8,1/10,0


Bleeding Alone (Playlist Youtube)

THE CROSS - Still Falling


Ano: 2019
Tipo: Full Length
Selo: The Metalvox Recs & Distro, Violent Records, Black Order Productions, Totem Records, Eclipsys Lunarys Productions
Nacional


Tracklist:

1. The Witch’s Last Conjuration
2. Flames of Deceit
3. The Fall   
4. Scars of an Illusion
5. Flames of Deceit (1993 demo version)
6. The Fall (1993 demo version)
7. Scars of an Illusion (1993 demo version)
8. Unto the Deep


Banda:


Eduardo Slayer - Vocais
Paulo Monteiro - Guitarras
Mario Baqueiro - Baixo
Louis - Bateria


Ficha Técnica:

Louis - Produção, Mixagem, Masterização
Mario Baqueiro - Artwork
Maria Tarrafa - Artwork
Camila Carvalho (EMINENT SCORN) - Vocais em 1
Lord Vlad (MALEFACTOR) - Vocais em 2
Sérgio “Ballof” Borges (HEADHUNTER D.C.) - Vocais em 3
Alex Habigzang (DYING SUFFOCATION) - Vocais em 3
Zé Felipe - Vocais em 8


Contatos:

Site Oficial:
Instagram:
Assessoria: https://sanguefrioproducoes.com/artistas/THE+CROSS/69 (Sangue Frio Produções)

Texto: “Metal Mark” Garcia


Introdução:

O cenário Doom Metal do Brasil é bem amplo, com cada uma das subvertentes do gênero possuindo um representante no país. Aliás, que se diga de passagem que nomes como SERPENT RISE, PENTACROSTIC, SILENT CRY e outros deram contribuições ótimas ao cenário. Mas poucos sabem que o grupo baiano THE CROSS (de Salvador) é o pioneiro do gênero no país. Vindo ao mundo em 1990, a sua Demo Tape “The Fall” (de 1993) é um clássico do gênero, e em homenagem aos 25 anos de seu lançamento (completados ano passado), eis que eles trazem esse EP, “Still Falling”.


Análise geral:

A ideia inicial era ser uma banda com claras influências de BLACK SABBATH, TROUBLE e CANDLEMASS, mas o grupo exibe ainda influências de Metal extremo, logo, acabam tendo momentos de Doom Death Metal e mesmo alguns elementos de Black Metal aqui e ali.

Óbvio que os anos amadureceram o grupo (hoje um quarteto), e temos aqui uma banda que sabem fazer uma música soturna, densa e de qualidade, sem complicar com técnica instrumental elaborada. Nada disso, aqui tudo soa compacto e forte, com o forte sendo as ambientações fúnebres.


Arranjos/composições:

O trabalho do grupo se baseia em um formato tradicional de Doom Metal (ou seja, ambientação fúnebre com instrumentos clássicos, sem adendos como teclados, violinos ou outros), logo, sua musicalidade não é complexa (embora seja bem arranjada). Além disso, o uso de vocais em timbres urrados/rasgados contrastando com vozes em tons de lamento é muito boa.

Em termos de variações rítmicas, a banda apresenta ótimas passagens, mas raramente ousando sair dos tempos lentos do gênero. Mas mesmo assim, a fluidez de suas canções é incrível, em algo em gruda nos ouvidos.


Qualidade sonora:

No EP, existem basicamente três partes: as regravações das 3 canções de “The Fall”, as próprias originais (vindas da Demo de 1993), e uma nova.

As regravações são bem feitas, procurando aliar a crueza do Doom Metal com algo bem feito, e o resultado é ótimo, com tudo claro, pesado e com sua devida dose de clareza.

As originais, obviamente, têm aquela sujeira dos anos 90 em termos de Metal nacional. Mas além de servirem como testemunho de uma época de ouro, a qualidade não é tão ruim assim. É cru, mas se consegue compreender o que está sendo tocado.

E “Unto the Deep”, a faixa inédita, apresenta uma sonoridade moderna e clara, mas mantendo o peso e agressividade naturais do trabalho do grupo, com tudo compreensível aos ouvidos.


Arte gráfica/capa:

A arte ficou bem simples, com uma imagem de fundo apresentando algo que remete ao título do disco. Mas a diagramação simples das letras no encarte ficou ótima, além de fotos da banda, todas do passado, serem apresentadas.

Algo simples, direto, mas funcional.


Destaques musicais:

É difícil não se apaixonar pela música do grupo...

“The Witch’s Last Conjuration” é uma introdução sinistra com vocais femininos, que vai preparando o ouvinte para a longa e ótima “Flames of Deceit”, um funeral lento e soturno, com uma ambientação opressora criada pelas guitarras, e onde os vocais mostram sua versatilidade. Também longa e climática é “The Fall”, onde baixo e bateria guiam os andamentos com muito peso, e as ambientações das guitarras são absurdamente sinistras. E triturando de vez o que ainda houver sobrado dos ossos alheios, vem a pulverizadora “Scars of an Illusion”, que dá sequência ao jeito “Doom Metal raiz” de ser do grupo, mostrando mudanças de andamento muito boas.

Em seguida, vem as versões de 1993 (ou seja, as originais da Demo Tape “The Fall”) para “Flames of Deceit”, “The Fall”, e “Scars of an Illusion”, todas mostrando que os anos permitiram ao THE CROSS criar alguns arranjos novos, presentes nas novas versões. Mas, ao mesmo tempo, permite que ouvinte note a consensualidade entre o passado e o presente do grupo, que a personalidade musical dos anos 90 e dos tempos atuais continua intacta.

“Unto the Deep”, canção que encerra o EP, já mostra uma maior diversidade de texturas musicais, mais camadas melódicas, e mesmo certa elegância bem requintada, algo que a banda acumulou no amadurecimento, mas sem que se perca sua essência. E mostra o que se pode esperar do grupo para o futuro.


Conclusão:

No Brasil, ser pioneiro em um estilo tão comercialmente inviável (verdade seja dita: devido ao ranço extremo do cenário no país, poucos fãs de Metal possuem a devida abertura para absorver um estilo tão azedo e com andamentos tão lentos) é um ato de coragem. E o THE CROSS merece palmas por, mesmo depois de tantos anos e provações no underground, continuarem em sua luta.

E “Still Falling” é um ótimo aperitivo, deixando os fãs ansiosos por algo novo da banda.


Nota: 9,0/10,0


Youtube Playlist

segunda-feira, 29 de julho de 2019

SUNROAD - Heatstrokes


Ano: 2019
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1. Mind the Gap
2. Given and Taken
3. Screaming Ghosts
4. Lick My Lips
5. Empty Stage
6. Unleash Your Heat
7. Heatstrokes
8. Spelbound Age
9. Overwhelmed
10. Dare to Dream


Banda:


André Adonis - Vocais, Guitarra Base, Guitarra Solo em 3 e 7
Mayck Vieira - Guitarras, backing vocals
P. Jordan - Baixo, backing vocals
Fred Mika - Bateria, backing vocals


Ficha Técnica:

Fred Mika - Produção, Artwork
Netto Mello - Produção, Mixagem, Masterização


Contatos:

Site Oficial:
Assessoria: www.somdodarma.com.br (Som do Darma)

Texto: “Metal Mark” Garcia


Introdução:

Hoje em dia, o mundo inteiro tem experimentado o renascimento do Hard/Glam Metal dos anos 80. O estilo realmente faliu nos anos 90 nos EUA, e apesar de gigantes do estilo por lá ainda terem moral, o sucesso comercial de antes não existe. E isso faz com que outros países sejam criadouros de banda do gênero, entre eles, Suécia e Finlândia têm sido os mais notáveis.

Mas quem disse que o Brasil fica de fora?

Cada vez mais, bandas do gênero estão surgindo por aqui, e não é nenhum pecado dizer que uma das pontas de lança daqui é o quarteto SUNROAD, de Goiânia, que na ativa há quase 15 anos, chegam com seu sétimo disco de estúdio, o excelente “Heatstrokes”.


Análise geral:

A identidade do quarteto não é complexa de ser investigada: o mais puro Hard/Glam Metal dos anos 80, com boa dose do Hard Rock dos anos 70. Só que a banda está com uma pegada pesada (ainda mais que em seus discos anteriores) e a técnica que remete diretamente ao US Metal dos anos 80 (nomes como LIZZY BORDEN e MALICE surge naturalmente como referência sonora).

Mas não se preocupem: quem é fã não tem do que reclamar, pois a identidade de antes continua evidente. É apenas um novo ângulo que a banda se permitiu na abordagem de seu jeito de fazer música.

E pode-se aferir: eles capricharam MUITO!


Arranjos/composições:

Nada no trabalho do quarteto é mais eficaz que sua capacidade de arranjar as canções de maneira espontânea e melodiosa, caprichando nas partes de refrães (que são pegajosos demais, e essa é uma das características mais fortes da banda), boas ambientações de teclados. Mas quando partes para vocais-guitarras-baixo-bateria, é bom sair da frente, pois o caldo engrossa de vez.

O que ocorreu com o grupo é que resolveram colocar para fora ainda mais de sua agressividade e energia, ganhando peso como conseqüência direta, mas sem abrir mão de melodias “chicletosas” e ótimas ambientações acessíveis.

Basicamente: é estilo “bateu, levou”, ou adaptando-se o bordão para o mundo musical, “ouviu, gostou”.


Qualidade sonora:

Se em trabalhos anteriores o balanço crueza-peso-clareza estava um pouco fora do ponto certo, dessa vez, eles acertaram em cheio.

A sonoridade de “Heatstrokes”, criada por Fred Mika e Netto Mello consegue dar às canções aquilo que elas precisam: a clareza para que suas melodias estejam acessíveis aos ouvidos, a força e o peso de seu lado mais Heavy Metal, mas aquele toque de “Rock cru” essencial.

Muito da crueza sonora vem dos timbres, escolhidos a dedo e lapidados da melhor forma possível.


Arte gráfica/capa:

A arte é de Fred Mika, e ficou muito bonita com essa imagem de fundo. O encarte possui uma diagramação simples, também usando a arte da capa como fundo. Algo bem tradicional, mas que sempre rende bons frutos.


Destaques musicais:

“Heatstrokes” é um disco que realmente vale o tempo investido, pois a banda caprichou bastante.

“Mind the Gap” abre o play com uma pegada pesada e agressiva, mas com lindas linhas melódicas (especialmente no refrão), e um leve acento de AOR. Em “Given and Taken” o lado US Metal dos anos 80 aflora, com belas debulhadas do baixo, além de riffs certeiros e boa dose de agressividade. O peso melodioso se faz presente mais uma vez em “Screaming Ghosts”, cuja ambientação é bem crua, o que torna as melodias mais duras, mas mesmo assim, acessíveis; e o mesmo ocorre com a mais arrastada “Lick My Lips” (ambas com belas partes de bateria). Belos teclados introduzem e estão presentes na sensível e pegajosa “Empty Grace” (uma balada daquelas que fariam sucesso nos programas de rádio dos anos 80), onde os contrastes de vocais bem postados e momentos mais pesados surgem. E “Unleash Your Heat” parece uma outro curta e grossa para fechar a balada. Também bem acessível e pegajosa é a hardoza “Heatstrokes”, que embora mostre peso, tem aquele jeito AOR bem evidenciado no refrão e na ambientação da canção, mesmo elementos da grudenta “Spelbound Age” (que apesar da acessibilidade, soa mais elaborada em termos de guitarras), um Hard mais cadenciado e duro. Novamente rebuscando os elementos do US Metal vem a pancada melódica “Overwhelmed”, com harmonias simples, mas certeiras (é ouvir e ser seduzido), mesmo elementos da pegada mais lenta e bruta de “Dare to Dream” (outra pancada Hard ‘n’ Heavy nos moldes norte-americanos).

Eita disquinho bão pra ninguém botar defeito, e pode ser ouvido nas seguintes plataformas digitais:

Spotify: http://bit.ly/2YlhOrU 
Deezer: http://bit.ly/2YrgzaU
iTunes: https://apple.co/2W5nmJw 
Google Play: http://bit.ly/2HkSDzY 
Amazon: https://amzn.to/2HkS7lw 
Youtube: http://bit.ly/30lBOfX


Conclusão:

Os anos de experiência e a coragem do SUNROAD lhes permitiram construir um disco tão bom como “Heatstrokes”, e pelo visto, é mais uma banda que vai conquistar o exterior antes do Brasil. Se bem que eles merecem muito!

Nota: 9,2/10,0


Lick My Lips



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