sexta-feira, 10 de maio de 2019

LEGION OF THE DAMNED - Slaves of the Shadow Realm


Ano: 2019
Tipo: Full Length
Importado


Tracklist:

1. The Widows Breed
2. Nocturnal Commando
3. Charnel Confession
4. Slaves of the Southern Cross
5. Warhounds of Hades
6. Black Banners in Flames
7. Shadow Realm of the Demonic Mind
8. Palace of Sin
9. Priest Hunt (Bonus Track)
10. Azazel’s Crown (Bonus Track)
11. Dark Coronation / Outro 


Banda:


Maurice Swinkels - Vocais
Twan van Geel - Guitarras
Harold Gielen - Baixo
Erik Fleuren - Bateria


Ficha Técnica:

Andy Classen - Produção, gravação, mixagem, masterização
Gyula Havancsák - Artwork
Christopher Peel - Piano


Contatos:

Assessoria:

Texto: “Metal Mark” Garcia


Introdução:

Nos dias de hoje, as bandas têm expandido mais e mais os intervalos entre lançamentos de álbuns novos. O fator que pesa mais nesse sentido é que elas, por conta das exigências de terem que tocar cada vez mais (ou seja, aumentar o número de shows) para venderem merchandising e manterem-se na ativa, isso aumenta o nível de estresse, o que afeta a qualidade das composições. Ao mesmo tempo, dependendo das dimensões do grupo, isso pode fazer com que tal fato diminua a base de fãs. É preciso saber equilibrar as coisas em um tempo em que o “streaming” não paga tão bem quanto as vendas de CDs anos atrás.

Pode ser este o fator que fez com que o quarteto holandês LEGION OF THE DAMNED tenha tido um intervalo de cinco anos entre seu último álbum e “Slaves of the Shadow Realm”, seu mais recente trabalho.


Análise geral:

Basicamente, este intervalo de tempo entre “Ravenous Plague” (de 2014) e “Slaves of the Shadow Realm” serviu para dar uma recarregada nas baterias, pois apesar da banda não abrir mão de seu Thrash/Death Metal bem feito de sempre, a inspiração musical está de alto nível, superando o seu antecessor.

Além disso, as canções transpiram a força que esses 8 anos de estabilidade na formação lhes deu, pois é um dos discos mais sólidos do grupo, e além disso, o nível técnico andou dando uma melhorada.

Ou seja: quem já é fã do LEGION OF THE DAMNED continuará sendo, e ainda poderão conquistar alguns novos com “Slaves of the Shadow Realm”.


Arranjos/composições:

Como já dito, o nível técnico da banda melhorou, se percebendo isso na força e solidez da base rítmica (que também está mostrando um ótimo trabalho em termos de variações), os riffs estão ainda mais grudentos que antes (uma das características mais marcantes do quarteto), ao passo que os vocais esganiçados deram uma melhorada substancial.

Os arranjos do quarteto sempre foram de primeira, o que é interessante: usando de clichês simples e muita criatividade, eles ajudam a dinâmica das canções, ou seja, eles preenchem as linhas melódicas sem estarem ali por estar, fazem parte do todo sem destoar. Aliás, como as músicas são fluidas, sem que soem enjoativas ou longas demais.


Qualidade sonora:

Novamente, a banda optou por trabalhar com o produtor Andy Classen tomando conta de tudo (inclusive da mixagem e masterização). Dessa vez, a opção foi por algo mais encorpado e “cheio”, diferente da qualidade mais seca do disco anterior (em que também haviam trabalhado com Andy). E ele soube fazer a mistura de peso e agressividade que é tão marcante da banda, mas sem que se perdesse a noção de definição sonora.

Os timbres sonoros é que surpreenderam, já que o foco foi em algo mais voltado ao Death Metal como haviam feito em “Descent into Chaos”.


Arte gráfica/capa:

Todo o trabalho gráfico é do húngaro Gyula Havancsák, que entendeu perfeitamente o que a banda queria, e fez uma arte muito bonita, enfocada no lado mais sombrio.


LEGION OF THE DAMNED
Destaques musicais:

Com “Slaves of the Shadow Realm”, os holandeses vieram revigorados e prontos para causar dores de pescoço e ouvidos, mas sempre com uma qualidade musical inquestionável.

The Widow’s Breed: a ponta de lança do disco tinha que ser uma música marcante e cheia de energia. A velocidade é de dar torcicolos, mas com boas mudanças de ritmo e um massacre imposto por baixo e bateria (que belas conduções nos bumbos, diga-se de passagem).

Nocturnal Commando: um assalto Death/Thrash Metal de marcar o fã, usando uma estética técnica mais simples, focando em um refrão grudento, e guitarras excelentes (o que sempre foi uma marca registrada da banda).

Charnel Confession: o ritmo diminui, focando em algo um pouco mais duro e bruto, com uma ambientação densa e agressiva que permite que os vocais mostrem um trabalho de primeira.

“Slaves of the Southern Cross”: nesta, o ritmo se alterna entre partes mais ráipidas (no jeito do grupo), e outras mais cadenciadas. O impacto sonoro é tamanho que chega a doer os ouvidos dos mais incautos. E é a faixa do vídeo oficial de divulgação do álbum.

“Warhounds of Hades”: veloz e cheia de partes “Thrashy” empolgantes, é outra em que a combinação de riffs cativantes e vocais bem colocados tem o efeito de prender a atenção do ouvinte.

“Shadow Realm of the Demonic Mind”: outro momento bem marcante do disco, com partes ganchudas que não há como resistir, graças ao ótimo trabalho das guitarras.

Ainda existe uma versão (importada e CD+DVD) com duas faixas extras, as ótimas “Priest Hunt” (cadenciada e empolgante, e com certo acento de Black Metal em alguns momentos) e “Azazel’s Crown” (mais veloz, direta e reta, um murro com ótimo trabalho de baixo e bateria).


Conclusão:

“Slaves of the Shadow Realm” mostra que o LEGION OF THE DAMNED ainda está longe de ficar estagnado, e que honra suas raízes holandesas em termos de Metal extremo. E vale a aquisição, sem sombra de dúvidas!

Nota: 86,0/100,0


The Widow’s Breed



Slaves of the Southern Cross



Bandcamp

ENFORCER - Zenith


Ano: 2019
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1. Die for the Devil
2. Zenith of the Black Sun
3. Searching for You
4. Regrets
5. The End of a Universe
6. Sail On
7. One Thousand Years of Darkness
8. Thunder and Hell
9. Forever We Worship the Dark
10. Ode to Death
11. To Another World (Bonus Track) 


Banda:


Olof Wikstrand - Vocais, guitarras
Jonathan Nordwall - Guitarras
Tobias Lindqvist - Baixo
Jonas Wikstrand - Bateria, vocais, teclados, piano


Ficha Técnica:

Olof Wikstrand - Produção, mixagem
Jonas Wikstrand - Produção, mixagem
Howie Weinberg - Masterização
Velio Josto - Arte (capa)


Contatos:

Site Oficial: www.enforcer.se
Assessoria: 
E-mail:

Texto: “Metal Mark” Garcia


Introdução:

Um fenômeno que muito ocorria nos anos 80: quando uma banda do underground, e com discos já lançados, ingressava em uma grande gravadora, era quase que 99% certo deles amaciarem o som (a inclinação ao Hard/Glam e ao AOR eram o sinal mais evidente disso), em busca de algo mais comercial e palatável a um público mais amplo. A banda queria sucesso, a gravadora queria vender, e isso causou imensos dissabores aos fãs daqueles tempos. Alguns discos eram terríveis, e houveram discos que marcaram a história de tão bons, sendo reconhecidos mesmo naqueles tempos, ou que a história acabou lhes fazendo justiça.

Por isso, é recomendado aos fãs que tenham muita calma ao lidarem com “Zenith”, novo trabalho do quarteto sueco ENFORCER, que acabou de sair no Brasil via Shinigami Records/Nuclear Blast Brasil.


Análise geral:

É fato que “Death by Fire” (2013) e “From Beyond” (2015) conquistaram legiões de fãs pelo mundo inteiro e lhes rendeu reconhecimento, justamente por terem um som selvagem e cheio de energia nos moldes da NWOBHM, ao ponto de ser considerado um dos pilares do “Old School Heavy Metal”. Mas se antes era um Heavy/Speed Metal intenso agora deu uma caída para o Heavy Metal tradicional com muita influência de Hard Rock.

Basicamente, eles deram uma polida em suas músicas, e ao mesmo tempo, aumentaram a ênfase nas melodias, o que fez com que aquela energia desmedida e selvagem dos discos anteriores ficasse mais contida, mais encorpada. E ao mesmo tempo, ficou mais acessível, sem, no entanto descaracterizar o trabalho musical deles, mas ainda existem momentos que remetam ao que estavam fazendo antes como “Searching for You”.

É como se o ENFORCER de antes revisitasse suas influências de DEF LEPPARD (fase “High ‘n’ Dry” e “Pyromania”), TOKYO BLADE (especialmente a fase de “Night of the Blade”) e outros que tinham grande influência de Hard Rock. Mas se por um lado ficou mais acessível e melódico, continua excelente. Em uma analogia, é como olhar um mesmo diamante por um outro ângulo.


Arranjos/composições:

Por ficar mais polido, leia-se: as canções estão estrategicamente arranjadas. É isso, pois a espontaneidade de antes está aliada ao arranjar bem as canções, sem negar que elas continuam soando com boas doses de energia. Mas agora, backing vocals estratégicos à lá Glam Metal/Hard Rock aparecem bastante (uma reparada em “Die for the Devil” esclarece isso). Além disso, a técnica musical da banda deu uma diluída, pois eles preferiram focar mais nas canções em si.

Mas em termos de dinâmica entre os instrumentos musicais e os vocais, além de encaixe de arranjos, pode-se dizer que “Zenith” é o disco em que o ENFORCER mais caprichou no aspecto, bem como soube criar refrães e backing vocals de assimilação bem simples.


Qualidade sonora:

Os irmãos Olof Wikstrand e Jonas Wikstrand capricharam na produção e na mixagem do disco, algo que até o momento era inédito. A crueza de antes deu lugar a uma estética mais limpa e definida. Óbvio que ainda existe uma ambientação “Old School” permeando suas canções porque buscaram tons instrumentais que pudessem soar claros, mas orgânicos.


Arte gráfica/capa:

O quarteto nunca foi dado a ter artes gráficas rebuscadas nas capas de seus álbuns, talvez para manter o foco dos fãs apenas em sua música (tirando a de “Into the Night”). Dessa vez, embora ainda não seja nada extremamente exagerado, destoa da prevalência do preto comum, embora ainda com tons escuros.


Destaques musicais:

Basicamente, “Zenith” é um disco bem feito e com ótimas composições, mas que tende a deixar os fãs mais antigos de ouvido em pé nas primeiras audições por sua acessibilidade musical. Mas conforme os ouvidos vão se acostumando, a impressão é que ele é um dos melhores trabalhos dos suecos.

Die for the Devil: O disco abre com um Hard ‘n’ Heavy poderoso, extremamente acessível e melódico, com momentos limpos contrastando com partes mais pesadas, mas sempre com uma estética grudenta (reparem no refrão). Baixo e bateria mostram uma base sólida e trabalhada na medida certa.

Zenith of the Black Sun: Aqui o ritmo diminui, focando mais no lado pesado da banda. È uma canção pesada, mas com backing vocals e melodias que deixam claro a vocação comercial da mesma. Os vocais estão ótimos.

Searching for You: a energia dessa aqui fará com que os medidores ficarem o tempo todo no vermelho. É como dito acima: é uma música em que o grupo mostra uma pegada mais voltada aos seus trabalhos anteriores, com maior velocidade, vocais em timbres altos e guitarras esbanjando riffs de primeira.

One Thousand Years of Darkness: basicamente, elementos um pouco incomuns (como teclados) dão as caras aqui, e é outra canção em que peso e acessibilidade dão as mãos. Mais uma vez, ótimo trabalho de guitarras.

Thunder and Hell: esta é daquelas que vai levar os fãs á loucura ao vivo, graças a alta velocidade e sua estética completamente NWOBHM. E nisso, a segurança da base rítmica é importantíssima, por isso, apostam em algo mais simples e funcional, mas pesado.

Forever We Worship the Dark: embora os toques Hard/Glam estejam claros além do necessário, é uma canção muito boa de ouvir graças ás linhas melódicas caprichadas, e aos vocais e backing vocals bem arranjados.

A versão nacional ainda tem um bônus que é “To Another World”, o que valoriza demais o disco. E para quem ama itens, existe uma versão importada toda cantada em espanhol.


Conclusão:

“Zenith” é um disco é muito bom, que mostra que o ENFORCER sabe evoluir, transitando para algo mais acessível sem perder sua essência. Óbvio que muitos fãs antigos irão torcer o nariz de cara, mas se derem uma chance ao disco, perceberão que deram uma chance, mas a si mesmos.

E parabéns a banda por ousar sair do ponto comum e desafiar a si mesma.

Nota: 88,0/100,0

Die for the Devil



Searching for You



Regrets



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