segunda-feira, 10 de junho de 2019

Revelações do Death Metal - entrevista com o POSSESSED



Por “Metal Mark” Garcia


O nome do POSSESSED é uma lenda no meio do Metal extremo. A banda lançou o primeiro compêndio do Death Metal, “Seven Churches”, mas se separou em 1987, tentou retornar em 1990 (e se separou de novo em 1993), e retornou como um quinteto em 2007. Agora, após 12 anos após o retorno do POSSESSED (and 32 após o lançamento de “The Eyes of Horror”, seu ultimo lançamento), a banda soltou “Revelations of Oblivion”, seu terceiro álbum, e causou uma profunda comoção no cenário Metal.

Tivemos a oportunidade de entrevistar Emilio Marquez, o baterista da banda, para falar sobre o disco novo e mais.


MMG: Oi Emilio. Obrigado pela oportunidade, e a primeira pergunta é: em 2007, a notícia do retorno do POSSESSED diziam que era apenas uma banda tributo. Mas parece que as coisas cresceram, e o POSSESSED se ergueu dos mortos. Os tempos do tributo eram um fato? Se sim, o que os fez decidirem se tornarem a nova encarnação da banda?

Emilio Marquez: Olá, Metal Mark. Primeiro, obrigado pela entrevista e interessse no POSSESSED.

“Tempos de tributo”, bem, pode ser se fosse outro senão Jeff (N.R.: Jeff Becerra, vocalista do grupo e único membro da formação clássica), haha...

Minha antiga banda pediu a Jeff para se juntar a nós no palco em L.A. (CA) para um show. E ele fez isso. Logo depois, nos bastidores, ele me perguntou o que eu achava da ideia de trazer o POSSESSED de volta ao mundo. E o resto é história. Em 2010-2011 é quando a nova formação se uniu e começou a escrever “Revelations of Oblivion”. E ele foi escrito com respeito pelo antigo legado do POSSESSED.


Jeff Becerra
MMG: Quando se houve “Revelations of Oblivion” pela primeira vez, a primeira ideia é de que a técnica instrumental melhorou em relação ao passado, como alguns detalhes que podem ser ouvidos. Isso significa que você junto com Daniel (Gonzalez - Guitarras), Robert (Cardenas - Baixo, backing vocals), e Claudeous (Creamer - Guitarras), junto com Jeff compuseram as canções todos juntos, e não com alguém fazendo tudo sozinho? E como foi trabalhar com os rapazes e Jeff?? Oh, antes que eu esqueça: as partes de bateria estão ótimas!

Emilio: “Shadowcult” e “Dammed” foi escrita por Bobby e eu. Dan faz sua parte e e criou arranjos melhores para as canções. O resto das canções foi escrita por Jeff e Dan. Todas as partes de bateria foram feitas por mim. Quando nos juntamos, juntamos cada riffs e partimos dali. Esta banda trabalha junta, então existe uma parte que um de nós não gosta, nos livramos dela. Aceitamos críticas construtivas. Tudo o que for bom para a banda. E Jeff escreve todas as letras. Claudeous escreveu todos os solos dele já que o álbum já estava escrito quando ele entrou. Bobby escreveu 95% de suas partes de baixo. É muito simples trabalhar com Jeff e esta formação. E obrigado pelo comentário sobre minhas partes de bateria. Dissecamos cada parte para ver se ela se encaixa.


Daniel Gonzalez
MMG: Outra característica que chama a atenção dos fãs no disco é que 80% da musicalidade remete aos tempos de “Seven Churches”, mas existem momentos em que alguns elementos de “Beyond the Gates” e “The Eyes of Horror” aparecem claramente. Talvez esses elementos tenha aparecido devido ao tempo tocando as canções desses discos, concorda?

Emilio: Tivemos que fazer isso, mas com novos e modernos sons, já que vivemos em 2019. O sentimento é do POSSESSED à moda antiga para os fãs e nós, que também somos fãs. Todo o som característico e único do POSSESSED.  O novo tem que ser o que foi e mais ainda. E Jeff soa surpreendente!


MMG: Indo fundo em “Revelations of Oblivion”: quando a notícia chegou a vocês, vocês se sentiram pressionados a gravarem um novo álbum de uma banda lendária após 32 anos sem lançamentos? Todos vocês são músicos experientes, mas o POSSESSED é creditado como um dos criadores do Death Metal.

Emílio: Um pouco de pressão, pois sabia fãs, zines, selos e músicos iriam olhar para esse disco com um microscópio. Isso significa que se tocássemos em um estilo diferente que não fosse o estilo original do POSSESSED, seria suicídio. Como o CELTIC FROST tocando “Cherry Orchards”. Vejo cada canção como sua própria entidade. E adoraria tocar esse álbum todo para o Brasil qualquer dia. E sobre seu comentário sobre ser um dos criadores do Death Metal, é uma honra tocar com essa formação. Obrigado, Jeff.


MMG: Jeff e Daniel produziram o disco, mas Peter Tägtgren foi contratado para trabalhar na mixagem, masterização, trabalhou como co-produtor e na gravação também. Como foi a experiência de trabalhar com Peter, um cara que eu presumo ser também um fã do POSSESSED? E o que a banda acha do resultado final da qualidade se som? Por falar nisso, existem alguns momentos em que alguns timbres da bateria me lembram os de “Seven Churches”, logo, isso é intencional?

Claudeous Creamer
Emilio: Peter é fantástico, profissional, tranquilo e um verdadeiro gentleman. É ótimo trabalhar com pessoas desse nível. Todos fizeram suas partes um dia antes do programado, o que deu Jeff, no final, 3 dias para fazer 3 canções. Mais uma vez, os vocais de Jeff ficaram doentios!

Sendo honesto, de cara esperávamos uma mixagem diferente. Ela soava ótima, mas não fantástica. Peter, sendo um verdadeiro profissional, trabalhou duro para satisfazer a vontade de cada um na mixagem. No final, achei que estava 95% perfeita.

Os outros 5% perdidos foi de eu pedir por mais ataque na caixa, mas isso era eu sendo exigente. E não foi intencional soar como “Seven Churches”, mas obrigado pelo comentário.


MMG: Agora, “Revelations of Oblivion” está lançado. Quais são as expectativas para o disco? E como tem sido a recepção por parte da imprensa e dos fãs?

Emilio: Tem sido excelente. Sabíamos que (o disco) seria aceito, mas como de costume, existem comentários negativos, como as pessoas fazem. Temos sorte por conta dos fãs e resenhas positivas. Fazemos isso por vocês, pois sem os fãs, não há nada.


Robert Cardenas
MMG: Ouvindo o disco duas ou três vezes, os fãs perceberão a importância do POSSESSED para a criação do Death Metal, mas talvez alguns fiquem desapontados por estarem procurando um “Seven Churches” parte 2. O que acha disso, e qual seria um bom conselho para aqueles que ainda não ouviram “Revelations of Oblivion”?

Emilio: “Seven Churches” é o que é: um clássico. Estamos indo adiante satisfazendo os velhos e novos fãs do POSSESSED. Por favor, visitem a Nuclear Blast diretamente  para comprar ou resenhar “Revelation of Oblivion”. @nuclearblastshop.



MMG: “Graven” é a primeira música retirada de “Revelation of Oblivion” para um vídeo oficial. Por que a banda escolheu esta em meio a tantas ótimas canções? E o video é realmente ótimo, então, quem teve a ideia para ele, a banda, a gravadora, ou alguém mais?

Emilio: “Graven” não foi gravada pensando em ser mostrada em um vídeo tão doentio, em que se correlacionam os vocais doentios de Jeff com a apresentação de Peter Stormare, e é perfeito!

É melhor mostrar a cara de Jeff e Peter que a minha em um cenário tão horripilante (risos).

Jeff mencionou o cenário, e a companhia de vídeo fez o resto.


Takes das gravações de “Revelations of Oblivion” 

MMG: Não sei se sabe disso, mas “Revelations of Oblivion” foi lançado aqui no Brasil pela Shinigami Records/Nuclear Blast Brasil. O que acha disso? E pode ser que tal fato venha a possibilitar o POSSESSED de invadir o país e desencadear a fúria de “Revelations of Oblivion”. E como está a agenda de show? Esperamos que o Brazil esteja mesmo nos planos...

Emilio: Eu sempre disse que o Brasil é maravilhoso. Tenho muito respeito pela cena Metal do Brasil, e suas bandas são bem brutais \,,/.

E esperançosamente, logo estaremos aí. Estamos negociando, mas tem alguma dica, meu amigo?

POSSESSED

MMG: esta é bem ingênua, mas como você se sente tocando no POSSESSED? Sim, pois talvez você tenha crescido ouvindo os discos da banda, se tornou fã, e agora toca nela.

Emilio: É um sonho que se tornou realidade. Estou honrado em tocar no legado do Death Metal do POSSESSED. Obrigado, Jeff.


MMG: Bem, é isso. Muito obrigado mais uma vez pelo tempo, Emilio, e, por favor, deixe sua mensagem para os leitores do Heavy Metal Thunder Brasil.

Emilio: Se o tempo permitir, mantenham contato.


Contatos:



P.S.: O Heavy Metal Thunder Brasil gostaria de agradecer a Shinigami Records e a Marcos Franke (da assessoria de imprensa da Nuclear Blast Brasil) pela oportunidade de entrevistar o músico.

Veja os vídeos de “No More Room in Hell” e “Graven”, músicas retiradas de “Revelations of Oblivion”:


No More Room in Hell



Graven