Por Marcos Garcia
Para quem conhece o cenário underground do RJ, o nome do
veterano
STATIK MAJIK é bem
conhecido, com um trabalho que transita entre o Metal tradicional, o Stoner
Metal/Rock e o Hard Rock. Mas a banda, após vários EPs, demos e dois álbuns,
encerrou suas atividades em 2015. Mas como tudo que é bom retorna, eis que eles
estão de novo na ativa, tendo junto ao veterano
Luis Carlos “Carlinhos” (bateria, backing vocals) o novato
Alexandre Pontes (baixo, vocais, também
do grupo
AS DRAMATIC HOMAGE) e o
regresso de
Artur Círio (guitarras,
vocais, o mesmo que gravou
“Stoned on Musik”).
E lá fomos nós bater um papo com a banda
e saber sobre o
passado, o presente e as ambições do trio nesse retorno.
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Luis Carlos |
MG: Antes de tudo, quero agradecer muito por esta
oportunidade, e vamos entrar quente (sem duplo sentido, risos): por mais que a
pergunta seja chata e repetitiva, o que levou o STATIK MAJIK a parar em 2015? Aparentemente, a banda vivia um ótimo
momento.
Luis Carlos: Não
percebi em mim, durante aquela época, que isso estava para acontecer, tanto que
volta e meia era algum rompante de acabar com a banda, ou mesmo, sair da Statik. A banda acabou em 2015, mas
isso já vinha acontecendo desde 2013. A decisão de sair do grupo, na pior das
hipóteses, foi a pior decisão possível, porque muitas pessoas passaram a me
dizer que não haveria sentido a banda continuar sem aquele que fundou o grupo e
que tanto batalhou para que ela acontecesse, mas elas não sabiam que a Statik estava se tornando mais um fardo
do que um prazer para mim. Poucas pessoas percebiam isso, ou, pelo menos
aquelas que se importavam comigo e não com o “Luis Carlos baterista da STATIK
MAJIK”. Sempre acontecia uma coisa boa aqui e ali, e isso ia amenizando e
fazendo com que eu continuasse, mas que no final acabou refletindo em uma
péssima escolha de minha parte. A banda vivia um bom momento, mas não eu,
porque ninguém ou poucos ainda sabem que o último show da STATIK MAJIK foi um inferno astral devido aos conflitos internos no
grupo e que encerrar as atividades da banda alguns dias depois foi um alívio
para mim, como foi uma forma de preservar uma banda íntegra e possível de
retorno. Vendo hoje, a decisão foi a mais correta possível.
MG: Na época, vocês estavam colhendo os frutos do lançamento
de “Wrath of Mind”. Como foi a
aceitação do CD, a recepção de público e crítica? Chegaram a ter um bom
feedback do exterior?
Luis Carlos: A
aceitação foi ótima, e acredite, continua sendo até hoje. Durante todo esse
tempo a banda não foi esquecida, tanto que sempre acontecia de alguém vir falar
comigo. Tivemos feedback, mas não tanto quanto deveria, já que a turnê europeia
não funcionou tão bem quanto as sul-americanas, provavelmente por termos feito
com uma agência ruim e amadora. Mas outras coisas que foram se mostrando ruins
dentro da Statik foram as turnês,
porque nelas é que os problemas começaram a vir à tona. Foi válido tocar em
muitos países europeus, vale a experiência, mas não é como muitos ventilam por
aí de que tudo é sucesso e um mar de rosas. (risos)
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Alex Pontes |
MG: Outra pergunta daquelas: você é um workaholic dentro do
Metal, pois escreve artigos no A Arte
Condenada, colabora em outras publicações, já teve produtora de shows, ou
seja, não para nunca. Como lidar com tudo isso agora que o STATIK MAJIK está de volta?
Luis Carlos: Em
se tratando de música, a Statik se
torna agora a minha prioridade, porque estou tendo que colocar a “casa em
ordem” pelos três anos que a banda ficou inativa. O Blog está parado e será
mais fácil escrever para algum outro veículo, pois isso não demanda tanta
responsabilidade de minha parte em ter que fazer tudo, e quanto a produtora de
shows, eu já cogitei voltar, mas provavelmente se eu fizer algum evento agora, será
“um na vida e outro na morte”, porque eu vejo o lado comercial e mercadológico
de nossa cidade hoje muito deficiente e nada que valha meu esforço e
investimento.
MG: Nessa volta, a formação é bem diferente da que parou. Há
alguma razão especial para essas novas cabeças contigo no grupo?
Luis Carlos: Artur e Alexandre são “novos integrantes”, mas “velhos conhecidos”. Se
existe uma razão especial, essa razão se chama: talento.
MG: Falando nisso, Artur gravou o “Stoned on Musik”, mas os shows foram com foi com Thiago D’Lopes. O que o levou a sair, e como foi que ele retornou ao grupo? E como o Alexandre entrou na banda? E como está o clima na banda com eles dois?
Artur Círio: Na época, em 2010, eu tive compromissos com o COLDBLOOD pela América do Sul e precisei desfalcar a STATIK MAJIK naquela ocasião. Hoje, quase dez anos depois, é muito bom fazer parte do time de novo com pessoas sérias e amigas!
Alexandre Pontes: Eu e o Luis Carlos já trabalhamos musicalmente juntos em outros projetos, e de certa forma sempre viemos acompanhando nossos trabalhos, e digo por mim que sempre admirei e respeitei muito o trabalho que ele exercia com a STATIK MAJIK, então certo dia eu recebi a proposta, conversamos sobre muitas coisas que poderiam influenciar e trazer entusiasmo nessa nova fase e creio que chegamos em um bom consenso, pra mim será ótimo voltar a tocar contrabaixo e com pessoas engajadas musicalmente pois sei que vou aprender muita coisa com eles apesar de todos esses anos.
MG: O STATIK MAJIK
é veterano, e com um som que veio evoluindo com o passar dos anos. O EP “Redemption” tem uma pegada mais Doom
Metal anos 90 e Stoner Rock, enquanto o “Stoned
on Musik” já nos mostra algumas influências mais Hard Rock clássico anos 70,
e “Wrath of Mind” tem um jeitão
Classic Rock com um toque Hard/Glam. Óbvio que a assinatura sonora não mudou,
mais foi aglutinando influências, pelo visto. Dessa forma, o que podemos
esperar do que vem por aí?
Alexandre Pontes:A banda tem uma identidade musical mas creio que devido as nossas influências particulares dentro do estilo próximo ao que a banda fez nos 2 CDs gravados, devemos estabelecer uma fonte de renovação no som, nada fora do contexto, e como o Luis disse, estamos trabalhando nas ideias para que as músicas façam jus ao legado da banda.
Luis Carlos: São
novos integrantes, e com isso, novos pensamentos e influências. Eu acredito que
venha uma STATIK MAJIK bem mais
pesada. Sei que todos precisam de um rótulo, mas a Statik procura fazer sua música sem pensar dentro de um estilo.
Estamos compondo, colhendo novas ideias, e no decorrer disso tudo, pode ser que
acrescentemos novos elementos em nossa música ou quem sabe novos integrantes.
Tudo é possível, tudo parece novo e encorajador agora, e estamos muito, muito
animados para tocar.
MG: Aliás, já que falamos do que vem por aí, já existem
planos para EP, Single ou mesmo álbum novo?
Luis Carlos:
Estamos com novas ideias fluindo constantemente e será a partir dos resultados
delas que decidiremos se isso vai valer um single ou um EP. Para um álbum novo
e mais completo, eu ainda acho prematuro para esse ano, por isso, acredito eu
que seja mais provável que lancemos um single, e com isso, quem sabe um lyric
vídeo ou clipe.
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Artur Círio |
MG: Outro ponto que os diferencia de grande parte das bandas
que assumem uma postura Stoner Metal/Rock é a qualidade sonora. Tanto “Stoned on Musik” quanto “Wrath of Mind” são discos com sonoridades
excelentes, e nem de longe lembram bandas que preferem algo sujo como muitos
fazem. O que os leva a preferir esse formato de algo mais claro a algo que
beira a podridão?
Luis Carlos:
Acredito que o “Stoned” se aproxime
mais dessa “sujeira” do que o “Wrath”.
Eu acho essas bandas atuais de Stoner um “pé no saco”, pouco me agrada, tudo
soa muito parecido e cópia do Black Sabbath, inclusive no visual. Mesmo o KYUSS, banda que é considerada o pai do
estilo, nunca foi referência pra Statik,
pois quando formei o grupo em 2002, foi pensando em bandas como WITCHFINDER GENERAL, TROUBLE, PENTAGRAM,
SAINT VITUS, COUNT RAVEN, que eu queria ter como referência pra banda. Nem
é questão de preferência, mas em acreditar que por mais que você esteja
inserido em um estilo, isso não significa que tenha que parecer com todas elas.
A Statik já foi até criticada por
usar “pedais duplos” na bateria e ter um vocal mais Heavy. Olha que ridículo
(risos)
MG: Apesar do momento político ruim do país, o STATIK MAJIK volta à ativa, assim como
o PAINSIDE, o SYREN anda bem ativo, o IMAGO
MORTIS acaba de lançar disco novo, o METALMORPHOSE
segue firme. Isso parece mostrar que as vertentes mais melodiosas do Metal
andam abrindo mais espaços no RJ. Acha que isso é fato, e se sim, existe
motivos para isso?
Luis Carlos:
Acredito que cada um tenha suas motivações e interesses em voltar ou continuar
tocando. Nisso tudo, o que é parecido é essa vontade de tocar “Rock Pesado” em
um país que não dá valor para o seu estilo.
MG: Por falar em espaços, já existe previsão do show da
volta? Se sim, aproveite o espaço e divulgue!
Luis Carlos: Não,
ainda não. Por enquanto nossa prioridade é fazer músicas novas e lançar em
nossas redes sociais.
MG: Nunca perguntei isso a vocês, logo, é hora: quais são os
músicos que te influenciam? Suas bandas favoritas? E como vê o momento em que
gigantes como o BLACK SABBATH
anunciam a aposentadoria?
Luis Carlos: Se
eu falar do meu instrumento, posso citar Bill
Ward, John Bonham e Neil Peart,
mas se eu colocar a música como um todo, citaria Dave Ghrol (FOO FIGHTERS).
Esse cara é sensacional. Quanto as bandas, tem aquelas clássicas, onde se
inclui a “aposentada” BLACK SABBATH,
porque eles são o “Pai de todos”. (risos)
MG: É isso. Por favor, deixe sua mensagem final aos fãs do STATIK MAJIK e leitores do Heavy Metal Thunder Brasil.
Luis Carlos:
Quando anunciei o retorno da STATIK MAJIK
as respostas foram as melhores possíveis, pois nossas redes sociais tiveram
rapidamente um feedback super positivo. Eu só tenho a agradecer por todos
aqueles que acreditam na Statik, e
também por quem não acredita mais, isso é motivador, acreditem. (risos)
Agradeço o espaço cedido, é uma honra para nós fazer parte do Heavy Metal Thunder Brasil!!!
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