segunda-feira, 2 de julho de 2018

DEEP PURPLE - Graz 1975


Ano: 2018
Tipo: Duplo CD ao vivo
Selo: Shinigami Records / earMUSIC
Nacional


Tracklist:

CD 1:

1. Burn
2. Stormbringer
3. The Gypsy
4. Lady Double Dealer
5. Mistreated

CD 2:

1. Smoke on the Water
2. You Fool No One
3. Space Truckin’


Banda:


David Coverdale - Vocais
Jon Lord - Teclados, órgão
Ritchie Blackmore - Guitarras
Glenn Hughes - Baixo, vocais em “Burn”, “The Gypsy”, Smoke on the Water” e “Space Truckin’”
Ian Paice - Bateria, percussão


Ficha Técnica:

Martin Birch - Produção
Martin Pullan - Mixagem, masterização
Geoff Barton - Notas
Alexander Mertsch - Layout, artwork


Contatos:

Assessoria:
E-mail:

Texto: Marcos Garcia


O passado ainda guarda muitos discos nas gavetas, com tapes que estão juntando poeira. Mesmo hoje, na época em que o formato digital está cada vez mais relevante no meio musical, existem discos de décadas atrás que ainda não viram a luz do dia. Um dos que finalmente chegam a nós é “Graz 1975”, mais um disco ao vivo do quinteto inglês DEEP PURPLE. E esta versão, lançada pela Shinigami Records, nos apresenta este show histórico completo pela primeira vez.

Gravado em 04/03/1975 no Eishalle Liebenau, em Graz (cidade encravada no coração da Áustria, a segunda maior do país, perdendo apenas para Viena), e nos trás um show da turnê de “Stormbringer”, ou seja, um show da MK III. O que o torna especial é o fato de que, dois shows depois, o irritadiço guitarrista Ritchie Blackmore (que já andava muito aborrecido pelas influências de Soul Music que David e Glenn estavam trazendo para a banda) deixaria o grupo, ou seja, é um disco que (assim como “Live in Paris 1975”) vai marcando a saída dele e o fim da MK III.

Óbvio que ouvir um disco ao vivo do quinteto, naqueles anos, significava ver uma aula de improvisos, transformando versões de estúdios mais curtas em gigantes. Que o digam “Mistreated”, “Smoke on the Water” e “Space Truckin’”. E isso mostra a força mais Bluesy e melodiosa da MK III, e digamos de passagem: esses sujeitos ao vivo eram difíceis de serem batidos por seus contemporâneos. Talvez o DEEP PURPLE seja, dos anos 70, a banda mais coesa e forte em termos de shows.

Mesmo para os exigentes padrões modernos dos dias de hoje, a produção sonora de “Graz 1975” não soa ruim ou datada. Gravado com o estúdio móvel dos ROLLING STONES, e tendo a produção feita pelas mãos do mago Martin Birch, não é de estranhar que tudo soe tão claro aos ouvidos. Ainda mais com a remixagem e remasterização de 2014, ambas assinadas por Martin Pullan, sem falar na história por trás do disco escrita nas notas de Geoff Barton, além do encarte com fotos e cartazes da época, em um trabalho muito bom de Alexander Mertsch.

Se algo pode ser dito do DEEP PURPLE nesta época é a força de sua coesão. Nada soa fora do lugar, nada é errado, e isso sem que o grupo soe forçado. Longe disso, a espontaneidade e energia reinam o disco inteiro, algo que realmente é diferente dos tem. E sim, “Graz 1975” nem parece ser um disco com uma banda que está em ponto de rachar.

O CD é duplo, com o show inteiro durando uma hora e quase 20 minutos. E com 8 canções, já sabem que existem gigantes em termos de improviso.

No CD 1, já temos logo de cara as pedradas de “Burn” e “Stormbringer”, ambas icônicas e cheias de energia (com um trabalho fenomenal de baixo e bateria, sem falar nos duetos de David e Glenn). Logo em seguida, a belíssima e forte em termos de melodias “The Gypsy” e a rocker “Lady Double Dealer” (um dos hits da MK III). E fechando, começam as aulas de improviso, pois vem a densa e climática “Mistreated”, preenchida por improvisos de guitarras em seu início, sem falar na interpretação rascante e cheia de feeling; alguns teclados diferentes podem ser ouvidos, além da comunicação com o público ser de primeira.

O CD 2 é onde os improvisos ficam ainda maiores, dando um valor ainda maior à clássica “Smoke on the Water” (uma das músicas mais icônicas e conhecidas do Metal/Hard Rock, e onde a interpretação mais macia e bluesy de David deu uma diferenciada bem interessante em relação à versão original), os improvisos clássicos e experimentais de teclados do mestre Jon Lord que dão início a “You Fool No One” (que encaixaram perfeitamente nesse Rockão com jeito Progressivo). Agora, os mais de 20 minutos de “Space Truckin’” são uma viagem e tanto, inclusive com gritos agudos de Glenn em certas partes onde os teclados são mais evidentes, partes “noir” com jeito “bar, violão e voz”, mas o grupo caprichou bastante.

“Graz 1975” é um senhor disco, e por ser antigo, não existem overdubs posteriores. Logo, temos a experiência ao vivo de forma impactante.

O DEEP PURPLE não decepciona...

Nota: 91%

STATIK MAJIK - Eternamente viciados em música (Entrevista)



Por Marcos Garcia


Para quem conhece o cenário underground do RJ, o nome do veterano STATIK MAJIK é bem conhecido, com um trabalho que transita entre o Metal tradicional, o Stoner Metal/Rock e o Hard Rock. Mas a banda, após vários EPs, demos e dois álbuns, encerrou suas atividades em 2015. Mas como tudo que é bom retorna, eis que eles estão de novo na ativa, tendo junto ao veterano Luis Carlos “Carlinhos” (bateria, backing vocals) o novato Alexandre Pontes (baixo, vocais, também do grupo AS DRAMATIC HOMAGE) e o regresso de Artur Círio (guitarras, vocais, o mesmo que gravou “Stoned on Musik”). E lá fomos nós bater um papo com a banda e saber sobre o passado, o presente e as ambições do trio nesse retorno.

Luis Carlos

MG: Antes de tudo, quero agradecer muito por esta oportunidade, e vamos entrar quente (sem duplo sentido, risos): por mais que a pergunta seja chata e repetitiva, o que levou o STATIK MAJIK a parar em 2015? Aparentemente, a banda vivia um ótimo momento.

Luis Carlos: Não percebi em mim, durante aquela época, que isso estava para acontecer, tanto que volta e meia era algum rompante de acabar com a banda, ou mesmo, sair da Statik. A banda acabou em 2015, mas isso já vinha acontecendo desde 2013. A decisão de sair do grupo, na pior das hipóteses, foi a pior decisão possível, porque muitas pessoas passaram a me dizer que não haveria sentido a banda continuar sem aquele que fundou o grupo e que tanto batalhou para que ela acontecesse, mas elas não sabiam que a Statik estava se tornando mais um fardo do que um prazer para mim. Poucas pessoas percebiam isso, ou, pelo menos aquelas que se importavam comigo e não com o “Luis Carlos baterista da STATIK MAJIK”. Sempre acontecia uma coisa boa aqui e ali, e isso ia amenizando e fazendo com que eu continuasse, mas que no final acabou refletindo em uma péssima escolha de minha parte. A banda vivia um bom momento, mas não eu, porque ninguém ou poucos ainda sabem que o último show da STATIK MAJIK foi um inferno astral devido aos conflitos internos no grupo e que encerrar as atividades da banda alguns dias depois foi um alívio para mim, como foi uma forma de preservar uma banda íntegra e possível de retorno. Vendo hoje, a decisão foi a mais correta possível.


MG: Na época, vocês estavam colhendo os frutos do lançamento de “Wrath of Mind”. Como foi a aceitação do CD, a recepção de público e crítica? Chegaram a ter um bom feedback do exterior?

Luis Carlos: A aceitação foi ótima, e acredite, continua sendo até hoje. Durante todo esse tempo a banda não foi esquecida, tanto que sempre acontecia de alguém vir falar comigo. Tivemos feedback, mas não tanto quanto deveria, já que a turnê europeia não funcionou tão bem quanto as sul-americanas, provavelmente por termos feito com uma agência ruim e amadora. Mas outras coisas que foram se mostrando ruins dentro da Statik foram as turnês, porque nelas é que os problemas começaram a vir à tona. Foi válido tocar em muitos países europeus, vale a experiência, mas não é como muitos ventilam por aí de que tudo é sucesso e um mar de rosas. (risos)


Alex Pontes
MG: Outra pergunta daquelas: você é um workaholic dentro do Metal, pois escreve artigos no A Arte Condenada, colabora em outras publicações, já teve produtora de shows, ou seja, não para nunca. Como lidar com tudo isso agora que o STATIK MAJIK está de volta?

Luis Carlos: Em se tratando de música, a Statik se torna agora a minha prioridade, porque estou tendo que colocar a “casa em ordem” pelos três anos que a banda ficou inativa. O Blog está parado e será mais fácil escrever para algum outro veículo, pois isso não demanda tanta responsabilidade de minha parte em ter que fazer tudo, e quanto a produtora de shows, eu já cogitei voltar, mas provavelmente se eu fizer algum evento agora, será “um na vida e outro na morte”, porque eu vejo o lado comercial e mercadológico de nossa cidade hoje muito deficiente e nada que valha meu esforço e investimento.


MG: Nessa volta, a formação é bem diferente da que parou. Há alguma razão especial para essas novas cabeças contigo no grupo?

Luis Carlos: Artur e Alexandre são “novos integrantes”, mas “velhos conhecidos”. Se existe uma razão especial, essa razão se chama: talento.

MG: Falando nisso, Artur gravou o “Stoned on Musik”, mas os shows foram com foi com Thiago D’Lopes. O que o levou a sair, e como foi que ele retornou ao grupo? E como o Alexandre entrou na banda? E como está o clima na banda com eles dois?

Artur Círio: Na época, em 2010, eu tive compromissos com o COLDBLOOD pela América do Sul e precisei desfalcar a STATIK MAJIK naquela ocasião. Hoje, quase dez anos depois, é muito bom fazer parte do time de novo com pessoas sérias e amigas!

Alexandre Pontes: Eu e o Luis Carlos já trabalhamos musicalmente juntos em outros projetos, e de certa forma sempre viemos acompanhando nossos trabalhos, e digo por mim que sempre admirei e respeitei muito o trabalho que ele exercia com a STATIK MAJIK, então certo dia eu recebi a proposta, conversamos sobre muitas coisas que poderiam influenciar e trazer entusiasmo nessa nova fase e creio que chegamos em um bom consenso, pra mim será ótimo voltar a tocar contrabaixo e com pessoas engajadas musicalmente pois sei que vou aprender muita coisa com eles apesar de todos esses anos.


MG: O STATIK MAJIK é veterano, e com um som que veio evoluindo com o passar dos anos. O EP “Redemption” tem uma pegada mais Doom Metal anos 90 e Stoner Rock, enquanto o “Stoned on Musik” já nos mostra algumas influências mais Hard Rock clássico anos 70, e “Wrath of Mind” tem um jeitão Classic Rock com um toque Hard/Glam. Óbvio que a assinatura sonora não mudou, mais foi aglutinando influências, pelo visto. Dessa forma, o que podemos esperar do que vem por aí?

Alexandre Pontes:A banda tem uma identidade musical mas creio que devido as nossas influências particulares dentro do estilo próximo ao que a banda fez nos 2 CDs gravados, devemos estabelecer uma fonte de renovação no som, nada fora do contexto, e como o Luis disse, estamos trabalhando nas ideias para que as músicas façam jus ao legado da banda.

Luis Carlos: São novos integrantes, e com isso, novos pensamentos e influências. Eu acredito que venha uma STATIK MAJIK bem mais pesada. Sei que todos precisam de um rótulo, mas a Statik procura fazer sua música sem pensar dentro de um estilo. Estamos compondo, colhendo novas ideias, e no decorrer disso tudo, pode ser que acrescentemos novos elementos em nossa música ou quem sabe novos integrantes. Tudo é possível, tudo parece novo e encorajador agora, e estamos muito, muito animados para tocar.


MG: Aliás, já que falamos do que vem por aí, já existem planos para EP, Single ou mesmo álbum novo?

Luis Carlos: Estamos com novas ideias fluindo constantemente e será a partir dos resultados delas que decidiremos se isso vai valer um single ou um EP. Para um álbum novo e mais completo, eu ainda acho prematuro para esse ano, por isso, acredito eu que seja mais provável que lancemos um single, e com isso, quem sabe um lyric vídeo ou clipe.


Artur Círio
MG: Outro ponto que os diferencia de grande parte das bandas que assumem uma postura Stoner Metal/Rock é a qualidade sonora. Tanto “Stoned on Musik” quanto “Wrath of Mind” são discos com sonoridades excelentes, e nem de longe lembram bandas que preferem algo sujo como muitos fazem. O que os leva a preferir esse formato de algo mais claro a algo que beira a podridão?

Luis Carlos: Acredito que o “Stoned” se aproxime mais dessa “sujeira” do que o “Wrath”. Eu acho essas bandas atuais de Stoner um “pé no saco”, pouco me agrada, tudo soa muito parecido e cópia do Black Sabbath, inclusive no visual. Mesmo o KYUSS, banda que é considerada o pai do estilo, nunca foi referência pra Statik, pois quando formei o grupo em 2002, foi pensando em bandas como WITCHFINDER GENERAL, TROUBLE, PENTAGRAM, SAINT VITUS, COUNT RAVEN, que eu queria ter como referência pra banda. Nem é questão de preferência, mas em acreditar que por mais que você esteja inserido em um estilo, isso não significa que tenha que parecer com todas elas. A Statik já foi até criticada por usar “pedais duplos” na bateria e ter um vocal mais Heavy. Olha que ridículo (risos)


MG: Apesar do momento político ruim do país, o STATIK MAJIK volta à ativa, assim como o PAINSIDE, o SYREN anda bem ativo, o IMAGO MORTIS acaba de lançar disco novo, o METALMORPHOSE segue firme. Isso parece mostrar que as vertentes mais melodiosas do Metal andam abrindo mais espaços no RJ. Acha que isso é fato, e se sim, existe motivos para isso?

Luis Carlos: Acredito que cada um tenha suas motivações e interesses em voltar ou continuar tocando. Nisso tudo, o que é parecido é essa vontade de tocar “Rock Pesado” em um país que não dá valor para o seu estilo.


MG: Por falar em espaços, já existe previsão do show da volta? Se sim, aproveite o espaço e divulgue!

Luis Carlos: Não, ainda não. Por enquanto nossa prioridade é fazer músicas novas e lançar em nossas redes sociais.


MG: Nunca perguntei isso a vocês, logo, é hora: quais são os músicos que te influenciam? Suas bandas favoritas? E como vê o momento em que gigantes como o BLACK SABBATH anunciam a aposentadoria?

Luis Carlos: Se eu falar do meu instrumento, posso citar Bill Ward, John Bonham e Neil Peart, mas se eu colocar a música como um todo, citaria Dave Ghrol (FOO FIGHTERS). Esse cara é sensacional. Quanto as bandas, tem aquelas clássicas, onde se inclui a “aposentada” BLACK SABBATH, porque eles são o “Pai de todos”. (risos)


MG: É isso. Por favor, deixe sua mensagem final aos fãs do STATIK MAJIK e leitores do Heavy Metal Thunder Brasil.

Luis Carlos: Quando anunciei o retorno da STATIK MAJIK as respostas foram as melhores possíveis, pois nossas redes sociais tiveram rapidamente um feedback super positivo. Eu só tenho a agradecer por todos aqueles que acreditam na Statik, e também por quem não acredita mais, isso é motivador, acreditem. (risos) Agradeço o espaço cedido, é uma honra para nós fazer parte do Heavy Metal Thunder Brasil!!!


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