sexta-feira, 26 de outubro de 2018

ANTHRAX - The Greater of Two Evils


Ano: 2014 (lançamento) / 2018 (relançamento)
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1. Deathrider
2. Metal Thrashing Mad
3. Caught in a Mosh
4. A.I.R.
5. Among the Living
6. Keep It in the Family
7. Indians
8. Madhouse
9. Panic
10. I Am the Law
11. Belly of the Beast
12. N.F.L.
13. Be All End All
14. Gung-Ho


Banda:


John Bush - Vocais
Rob Caggiano - Guitarra solo
Scott Ian - Guitarra base, vocais, guitarra solo em “Panic” e “Anthrax”
Frank Bello - Baixo, backing vocals
Charlie Benante - Bateria


Ficha Técnica:

Anthrax - Produção
Rob Caggiano - Engenharia de som, mixagem
Anthony Ruotolo - Engenharia de som
Michael Rich - Engenharia de som
Joey Vera - Engenharia de som


Contatos:

Assessoria:
E-mail:

Texto: “Metal Mark” Garcia


Fazer discos de regravações é sempre lidar com o perigo. E quanto maior e mais importante a banda, isso vai ganhando contornos de tragédia, especialmente se houveram mudanças de formação. Mas existem bandas que mostram os dentes e encaram sem medos desafios. O ANTHRAX nunca foi comodista, logo, ouvir o trabalho da banda em “The Greater of Two Evils”, relançado pela Shinigami Records em parceria com a Nuclear Blast Brasil, é um enorme prazer.

O que este disco tem, afinal de contas?

Na realidade, “The Greater of Two Evils” é um gravado “ao vivo em estúdio”, com músicas clássicas que foram votadas pelos fãs na época pelo site do quinteto. O mais interessante é notar que a formação da época fez bonito em velhas canções, mantendo suas características originais, mas impondo suas personalidades, trazendo assim uma vida nova ao que já era ótimo. E um dos pontos mais fortes é perceber como músicas das fases de Neil Turbin e Joey Belladonna. Sim, temos faixas que estiveram em todos os discos do grupo de vocalista que gravou “Fistful of Metal” (de 1984) até “Persistence of Time” (de 1990). E como a banda já estava em alta mais uma vez com os fãs de Thrash Metal devido ao sucesso de We’ve Come for You All, não tinha como dar errado.

Desta forma, “The Greater of Two Evils” é um disco moderno, pesado, mas que honra o passado do grupo.

Produzido pelo próprio quinteto, o disco tem as mãos de Rob Caggiano na mixagem, levando em conta que a espontaneidade e “feeling” orgânico não fossem perdidos. Mas ao mesmo tempo, se compreende o que a banda toca claramente, mesmo tendo em mente que os timbres instrumentais são bem “plug ‘n’ play”, ou seja, a banda entrou, regulou seus instrumentos e tocou sem ter compromisso algum com infinitas edições digitais posteriores (se percebe isso claramente durante as partes de solos de “Caught in a Mosh”, pois só existe uma linha de guitarra base, nada mais que isso). E a arte da capa, como sempre, mostra algo diferente do universo do Thrash Metal, ou seja, nada de referências a temas sociais ou capetarias.

O fato é: “The Greater of Two Evils” marca um novo tempo para o quinteto, uma vez que é o último registro dessa formação (o vocalista John Bush sairia da banda em 2005, e apesar de participar de shows entre 2009 e 2010, não mais gravou discos de estúdio com o grupo), pois apesar do jeito moderno, este disco reaproximou o ANTHRAX de suas raízes, de sua musicalidade característica e conhecida por seus fãs.

E sobre as músicas, óbvio que sempre vai ter aquele papo de “ah, faltou essa”. Mas será que o grupo teria como realmente cumprir o desejo de todos?

No mais, é preciso dizer que a abordagem para velhos clássicos como a insana Deathrider” (cheia de passagens quebradas e com vocais vigorosos, mas mantendo a energia insana de antes intocada), a simplicidade cheia de energia de “Metal Thrashing Mad” (primeiro clássico do grupo entre fãs e críticas, e o solo de guitarras ficou de primeira nessa repaginada), os tempos insanos de “Caught in a Mosh” (onde o trabalho de baixo e bateria é de primeira, fora os vocais e backing vocals tão legais) e em “A.I.R.”, a energia de “Keep It in the Family” (digamos que essa versão consegue finalmente colocar tudo que a canção poderia para fora), a trinca de ouro formada pelas clássicas “Indians” (onde alguns arranjos de bateria são novos), “Madhouse” (as guitarras mantém aquele jeito insano e melodioso da original, sem falar que o baixo está brilhante) e “Panic” (com aquele jeitão Heavy/Power Metal seminal da primeira metade dos anos 80 ainda presente, apenas com uma roupagem mais atual), o hino “I Am the Law” (espero que todos lembrem que ela é uma homenagem ao Judge Dredd, célebre personagem de quadrinhos), e a passagem bombástica de “N.F.L.” e “Gung-Ho”. Óbvio que todas as outras são perfeitas, clássicos que marcaram a vida de muitos, e essa lista serve de mera referência.

A verdade é que “The Greater of Two Evils” nasceu para reconectar o ANTHRAX com eles mesmos, mostrar que poderiam ir adiante, mas sem abandonar seu passado cheio de glória.

Ouçam até sangrarem os ouvidos, pois esse disco merece!

Nota: 100%


ANTHRAX - We’ve Come for You All


Ano: 2004 (original) / 2018 (Relançamento)
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1. Contact (instrumental)
2. What Doesn’t Die
3. Superhero
4. Refuse to Be Denied
5. Safe Home
6. Any Place but Here
7. Nobody Knows Anything
8. Strap It On
9. Black Dahlia
10. Cadillac Rock Box
11. Taking the Music Back
12. Crash
13. Think About an End
14. W.C.F.Y.A.
15. Safe Home (versão acústica)
16. We’re a Happy Family (Ramones cover)


Banda:


John Bush - Vocais
Rob Caggiano - Guitarra solo
Scott Ian - Guitarra base, vocais
Frank Bello - Baixo, backing vocals, vocais em “Crash”
Charlie Benante - Bateria, violões


Ficha Técnica:

Scrap 60 Productions - Produção, Mixagem
Charlie Benante - Direção de arte, mixagem
George Marino - Mastering
Alex Ross - Artwork (capa)
Luke M. Wilson - Artwork
Ylana Glickman - Artwork
Dimebag Darrell - Guitarra solo em “Strap It On” e “Cadillac Rock Box”
Roger Daltrey - Vocais adicionais em “Taking the Music Back”


Contatos:

Assessoria:
E-mail:

Texto: “Metal Mark” Garcia


Os anos 90 foram cruéis para muitas bandas de Thrash Metal. O fim do sucesso comercial do final dos anos 80 por conta da onda Grunge/Alternative Rock nos EUA foi um fator de enorme impacto, sem mencionar que as bandas tentaram evoluir, e acabaram deixando os velhos fãs insatisfeitos, e sem conseguirem conquistar novos. Um dos que mais sofreu com isso foi o ANTHRAX, pois quinteto de Nova York (e um dos membros do Big Four do Thrash Metal norte-americano) teve problemas em ser aceito em um novo formato por seus fãs mais antigos. Além disso, a saída do guitarrista solo Dan Spitz ainda deixou sequelas que se arrastaram por “Stomp 442” e “Volume 8: The Threat is Real”. Mas a experiência mostra que quem é rei não perde a majestade, logo, em 2003, vem ao mundo “We’ve Come for You All”, nono disco de estúdio do grupo, e os trazia de volta ao Thrash Metal. E ele está sendo relançado, e a dobradinha Shinigami Records/Nuclear Blast Brasil brinda os fãs com a versão nacional deste.

A solidez que o ANTHRAX apresenta no disco nos leva a deixar para trás qualquer coisa de ruim feita nos anos 90. O quinteto estava de volta ao Thrash Metal que ajudaram a criar e divulgar, embora adornado com um alinhavo moderno e algumas influências de Hard Rock e Rock ‘n’ Roll evidentes (Cadillac Rock Box” é a prova do disso), e assim, temos um disco de Thrash Metal feroz, moderno e vibrante, com um ótimo trabalho nas guitarras (a entrada de Rob Caggiano na guitarra solo ajudou bastante), mas com melodias intensas e cativantes. É das linhas harmônicas do grupo que vem a dose de modernidade que a banda se permitiu, trazendo-os para o presente definitivamente.

E assim, “We’ve Come for You All” nos brinda com um saudável retorno ao estilo do qual são co-criadores.

Scrap 60 Productions nada mais é que um apelido usado por Rob Caggiano e sua equipe (que contava com Eddie Wohl e Steve Regina) em trabalhos de produção musical (sendo que a mixagem eles dividiram com Charlie Benante), e são eles que deram à sonoridade do disco uma solidez enorme, peso e clareza, além de um toque de atualização que o trabalho do grupo tanto necessitava. Tudo soa agressivo, pesado e impactante, mas claro e bem feito, usando timbres instrumentais modernos (especialmente nas guitarras). E isso salta os olhos do ouvinte.

Na arte, a capa é assinada pelo conhecido artista de quadrinhos Alex Ross, além de um conjunto de vários outros artistas.

A verdade é que este “comeback” ao Thrash Metal não é uma “back to the roots”. Não, podemos dizer que o ANTHRAX se reinventou. Óbvio que We’ve Come for You All é um disco do gênero, mas mais próximo do futuro, sendo assim uma continuação lógica para “Persistence of Time”, e mesmo para “Sounds of the White Noise”. Aliás, o talento tanto de Rob como de John Bush dão um toque diferenciado de peso e classe ao disco, que se mostra bem arranjado e versátil.

Esta versão nos brinda com 16 canções, mas com algumas diferenças do original, pois aqui, tem-se a versão para We’re a Happy Family” do RAMONES, além de uma versão acústica belíssima para “Safe Home”. Esta última sendo a primeira vez que aparece por nossas terras.

O disco inteiro é excelente, distribuindo qualidade de forma bem homogênea por todas as canções. Mas verdade seja dita: o Thrash Metal insano e vigoroso de “What Doesn’t Die” (que trabalho de baixo e bateria, mostrando peso, entrosamento e técnica), o jeito mais introspectivo e denso de “Superhero” (uma aula de interpretação dos vocais), o jeito moderno e com partes cheias de “feeling” de “Refuse to Be Denied” (o uso de partes de guitarras limpas casou muito bem com a estrutura melódica da canção), as lindas melodias de “Safe Home” (uma canção que remete ao Hard Rock dos anos 70, embora mostre partes agressivas bem feitas), o arrasa-quarteirão moderno de “Nobody Knows Anything”, os blast beats bem sacados na agressiva “Black Dahlia” (chega a ter partes em que parecem vindas do Death Metal), a pegada melodiosa intensa e envolvente de “Cadillac Rock Box” (muita influência de Hard Rock e Southern Rock podem ser ouvidas, especialmente no solo de guitarra de Dimebag Darrel, do PANTERA, que aparece como convidado), os toques providenciais de acessibilidade musical mostrados em “Taking the Music Back” (onde os vocais estão ótimos, inclusive com a presença de Roger Daltrey, do THE WHO, dando uma palhinha) e em “Think About an End” (outra vez, é possível ver a influência de Hard Rock nas linhas melódicas e vocais). Óbvio que os bônus merecem menção: “Safe Home” em sua versão acústica ganhou ares de Country/Folk Music, enquanto o jeitão mais sujo e descontraído de “We’re a Happy Family” casou bem com o disco.

Verdade seja dita: We’re a Happy Family” é o começo da retomada do sucesso para o ANTHRAX, que viria a se tornar a pedra angular do que viria em seus discos futuros.

Nota: 97%


SOULFLY - Ritual


Ano: 2018
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1. Ritual
2. Dead Behind the Eyes
3. The Summoning
4. Evil Empowered
5. Under Rapture
6. Demonized
7. Blood on the Street
8. Bite the Bullet
9. Feedback!
10. Soulfly XI


Banda:


Max Cavalera - Vocais, guitarra base
Marc Rizzo - Guitarra solo, guitarra flamenca
Mike Leon - Baixo
Zyon Cavalera - Bateria, percussão


Ficha Técnica: 

Randy Blythe - Vocais em “Dead Behind the Eyes”
Ross Dolan - Vocais em “Under Rapture”
Josh Wilbur - Produção, gravação, mixagem
Brad Blackwood - Masterização
Nick Rowe - Engenharia de som
Josh Brooks - Engenharia de som
Eliran Kantor - Artwork
Marcelo Vasco Arts - Artwork do encarte (adicional), design


Contatos:

Assessoria:
E-mail:  

Texto: “Metal Mark” Garcia


Sempre envolto em polêmicas por conta da relação azeda com os membros de sua antiga banda, ou pelas turnês tocando músicas da mesma, Max Cavalera acaba ficando mais conhecido por isso que por seu trabalho musical de qualidade. E verdade seja dita: ele não precisa, pois o SOULFLY mostra sempre ser uma banda diferenciada e capaz de suportar todo o caos experimental que ele possa conceber. Nisso, “Ritual”, mais novo disco do grupo, prova como isso é fato. E graças ao lançamento nacional feito pela Shinigami Records e sua parceira Nuclear Blast Brasil, fica mais fácil de ter acesso ao disco.

Para os que acompanham a carreira da banda há longos anos, sabe que há certa intermitência entre seus discos, sempre oscilando entre algo mais agressivo e algo mais “swingado”. Em “Ritual” temos um equilíbrio, onde a banda soa pesada e com aquele groove moderno que estamos acostumados a ouvir em seus discos, que permeia o estilo Thrash/Industrial experimental do quarteto. Mas ao mesmo tempo, as melodias modernas do grupo estão bem compreensíveis, e de certa forma, mais simples de serem compreendidas.

Ou seja, “Ritual” vai de encontro ao que os fãs esperam do grupo, apenas mais seco e direto que antes.

Josh Wilbur (conhecido por seus trabalhos com LAMB OF GOD, GOJIRA, TRIVIUM e outros) é quem cuidou da produção, gravação e mixagem do disco, enquanto a masterização é assinada por Brad Blackwood, o que resulta em uma qualidade sonora mais bem delineada, com tudo claro e compreensível, mas sem retirar o lado mais gorduroso que é característico da música do grupo. E mesmo nos momentos mais tribais ou agressivos, tudo está muito bem definido. A capa, assinada pelo conhecido artista Eliran Kantor mostra as raízes quase espiritualizadas de Max, mas se adequando ao trabalho musical do grupo.

É preciso entender que a pluralidade musical sempre fez parte do trabalho do SOULFLY, logo, há momentos em que há maior inclinação para o groove do New Metal, em outros para a pancadaria do Thrash Metal, e isso dentro de uma mesma canção. Mas óbvio que “Ritual” é o mais equilibrado dos trabalhos do grupo. Esta dualidade fica evidente até mesmo pela participação de Randy Blythe (vocalista do LAMB OF GOD) nos vocais em “Dead Behind the Eyes” e de Ross Dolan (baixista/vocalista do IMMOLATION) nos vocais em “Under Rapture”, logo, se preparem. Mas ao mesmo tempo, a solidez de 5 anos dessa formação nos concede músicas bem arranjadas e com uma enorme espontaneidade.

Os melhores momentos de um disco com esse amplo leque de possibilidades musicais residem em “Ritual” (esta com uma vibração e energia mais moderna, voltada ao Groove/New Metal, com um trabalho ótimo dos vocais), o peso mais agressivo de “Dead Behind the Eyes” (aqui, temos algo mais voltado ao Thrash Metal, com guitarras pesadas em riffs mais simples, embora cheia de arranjos minimalistas) e de “The Summoning” (muita influência do Crossover de Nova York aparece, especialmente nos andamentos), a opressão cavalar de “Evil Empowered” (reparem como baixo e bateria estão muito bem em termos de técnica e peso, além da influência percussiva latina em certos momentos), o jeito que transita entre o Thrash/Groove dos anos 90 com algo de Death Metal de “Under Rapture”, o jeito “hardcorizado” de “Blood on the Street” e “Feedback” (os vocais de Max continuam inconfundíveis, mesmo depois de tantos anos), e a viagem experimental de “Soulfly XI” (violões flamencos de Marc Rizzo e toques de saxofone mostram a versatilidade experimental do grupo, e reparem bem no uso de percussões latinas e uma ambientação introspectiva dada pelos teclados).

No mais, “Ritual” mostra-se um disco cheio de frescor e vitalidade, logo, vem para manter em alta o nome do SOULFLY e de Max entre os fãs.

Nota: 92%