terça-feira, 7 de agosto de 2018

THE GARD (Prog/Heavy Metal - Campinas/SP)



Início de atividades: 2010

Discos lançados: Madhouse

Formação  atual: 

Beck Norder - Vocais, baixo
Allan Oliveira - Guitarras
Lucas - Bateria

Cidade/Estado: Campinas/SP



MG: Como a banda começou?O que os incentivou a formarem uma banda?

Allan Oliveira: A THE GARD já existia com algumas formações diferentes antes dessa que lançou o álbum e está junta desde 2010. A ideia era nos expressar através do Rock, que é o estilo que nos une. Sempre quisemos compor nossa própria música e fazer nossa arte. E, então, acabamos nos encontrando em um bar em Indaiatuba e conversando sobre este anseio.


MG: Quais as maiores dificuldades que estão enfrentando no cenário?

Allan: Encontrar espaços adequados para apresentarmos nosso show, isto é, com equipamentos de som bons, um bom espaço para receber o público, que pague dignamente os músicos (proporcional ao público), que coloque atrações autorais em dias “bons” (sexta-feira, sábado e quinta-feira) e em horários bons (20h – 00h).


MG: Como estão as condições em sua cidade em termos de Metal/Rock? Conseguem tocar com regularidade? A estrutura é boa?


Allan: Infelizmente a maior parte dos bares e casas de show só querem contratar bandas cover. As bandas de música autoral aparecem em dias em que já não há movimento (domingos a tarde, quarta-feira), sem falar que o cachê, quando tem, não paga nem o transporte dos músicos.


MG: Hoje em dia, muitos gostam de declarar o fim do Metal, já que grandes nomes estão partindo, e outros parando. Mas e vocês, que são uma banda, como encaram esse tipo de comentário?

Allan: Na década de 60, quando os Beatles começaram a tocar, falava-se que a era da música com guitarras, o rock, estava para acabar. Depois de quase 60 anos, o rock ainda é um estilo musical revelador e que atrai muitos fãs. Os tempos são outros, e a maneira de consumir essa música também mudou ao decorrer do tempo... A música ainda existe, só estamos nos adaptando a isso de ver a primeira geração de roqueiros partirem.


MG: Em termos de Brasil, o que ainda falta para o cenário dar certo? Qual sua opinião?

Allan: Acho que falta mais eventos culturais promovidos gratuitamente para a população. E que esses eventos articulem com artistas locais para que possam se apresentar. Cidades grandes têm grande população, consequentemente mais público, mais bandas, por isso deveriam ter mais eventos.


MG: Deixem sua mensagem final para os leitores.

Allan -Escutem nosso álbum “Madhouse”! Se você é fã de rock, música bem trabalhada e que misture sonoridades de outros estilos musicais, escute “Madhouse”! Se você quer uma prova que o Rock está vivo, com mais pegada e com muita criatividade para mostrar, escute “Madhouse”! Escute “Madhouse”!

Mais Informações:
www.thegardband.com
www.facebook.com/thegardband
www.youtube.com/thegardband
www.soundcloud.com/thegardband
www.instagram.com/thegard_band



BLIXTEN (Heavy Metal - Araraquara e São Carlos/SP)



Início de atividades: Setembro de 2013 

Discos lançados: "Stay Heavy" (EP - 2018)

Formação  atual: 

Kelly Hipólito  - Vocais
Miguel Arruda - Guitarras
Aron Marmorato - Baixo
Murilo Deriggi - Bateria

Cidade/Estado: Araraquara e São Carlos - SP



MG: Como a banda começou? O que os incentivou a formarem uma banda?


Kelly Hipólito: A banda começou num misto de vontade e liberdade.

Já estive em banda durante muito tempo, sempre tocando cover, minhas composições ficavam de lado. Queria ter uma banda que tivesse a minha cara, as minhas inspirações, que fosse eu ali nas músicas e nada mais. A BLIXTEN já teve várias formações, e sempre pareceu que a gente não tinha seu lugar definido na cena. A banda estava escondida dentro da própria banda. Até encontrar os meninos que fazem parte da formação de hoje. E está dando super certo, a BLIXTEN agora tem cara de BLIXTEN.


MG: Quais as maiores dificuldades que estão enfrentando no cenário?

Kelly: Os contratantes são as maiores dificuldades. Porque o público tá aí, sempre esteve.

Muitos não querem dar uma ajuda de custo na viagem de uma banda que vem de fora, ficam naquela de dar apenas uma porcentagem da entrada, ou querem te pagar com bebida. Quem entra nessa vida de corpo e alma, sabe o quanto isso dói. Gastamos dinheiro pra várias coisas, ensaios, figurino, instrumentos, aulas, gravações e tantos outros detalhes que fazem a diferença. Aquele litrão que você oferece no final do show não vai nos ajudar.


MG: Como estão as condições em sua cidade em termos de Metal/Rock? Conseguem tocar com regularidade? A estrutura é boa?

Kelly: Tem muita banda ótima, muito músico sensacional.

A última vez que tocamos em Araraquara foi em junho, na seletiva para o Araraquara Rock, então não foi 100% um show, foi uma competição.

Tem um pessoal por aqui que sempre está fazendo evento para as bandas tocarem, mas é sempre o mesmo estilo, Hardcore (o que na verdade a maioria das bandas daqui são assim), sempre que posso compareço para prestigiar as bandas dos amigos, mas no caso de tocar, não dá pra enfiar ovo cozido no meio de sorvete, porque você sabe que não vai dar certo.

Temos poucas casas de shows com uma boa estrutura, não vou citar nomes.

Em São Carlos precisamos tocar mais…


MG: Hoje em dia, muitos gostam de declarar o fim do Metal, já que grandes nomes estão partindo, e outros parando. Mas e vocês, que são uma banda, como encaram esse tipo de comentário?



Kelly: É um grande absurdo, talvez é porque o pessoal esteja tão acostumado com os clássicos que esqueceram do novo. Já tive essa visão pobre da cena, a BLIXTEN me proporcionou ver tudo isso de forma diferente. Você não precisa repetir a mesma fórmula que uma banda que você curte usou lá nos anos 80, esqueça isso, deu certo uma vez, e pronto, acabou.

Eu sou uma grande fã de Twisted Sister, Anthrax, Dio e Warlock, aprendi muito com eles, e tenho um pouco de cada deles na hora que eu canto, assim como os meninos tem o deles na hora de tocar, mas quando a gente se junta pra criar, somos nós quatro sendo apenas nós. Toda vez que subimos ao palco, mostramos que o Heavy Metal não morreu, e nunca irá, ele apenas volta mais forte.


MG: Em termos de Brasil, o que ainda falta para o cenário dar certo? Qual sua opinião?


Kelly: Aquilo que eu falei anteriormente… Além dos contratantes, é o público parar de sentir falta dos clássicos e ver que o novo também é sensacional, cheio de fúria, sua banda clássica também foi uma banda nova se descobrindo.



MG: Deixem sua mensagem final para os leitores.

Kelly: Permaneçam verdadeiros naquilo que vocês acreditam.

Lute com toda a garra, defendam aquilo que vocês praticam.

Stay heavy, stay hard, stay true as steel!



Mais Informações: 



ARANDU ARAKUAA - Mrã Waze


Ano: 2018
Tipo: Full Length
Selo: Independente
Nacional


Tracklist:

1. Sy-gûasu
2. Gûaîupîá
3. Îasy
4. Danhõ’re
5. Huku Hêmba
6. Ko Kri (instrumental)

7. Jurupari

8. Gûaînumby
9. Îagûara Kûara
10. Abaré Angaíba
11. Rowahtu-ze  


Banda:


Zândhio Huku - Vocais, guitarras, viola caipira, instrumentos indígenas
Lís Carvalho - Vocais, pífano
Guilherme Cezario - Guitarras
Saulo Lucena - Baixo, vocais
João Mancha - Bateria, percussão


Ficha Técnica:

Caio Duarte - Produção, mixagem e masterização


Contatos:

Site Oficial:
Assessoria:  

Texto: M. Garcia


Em termos de Alma Mater, o povo brasileiro ainda carece de maior aprofundamento e compreensão do que vem a ser seu conjunto de características nativas. Óbvio que não se podem negar as contribuições culturais dos povos europeus e africanos para moldar a identidade cultural do nosso povo. Mas muitas vezes, deixamos de lado o aprofundamento intelectual necessário para compreender e assimilar a cultura do índio, talvez o grupo étnico mais maltratado e desdenhado de todos. Nisso, já existem bandas de Metal por aqui que rebuscam a essência dos povos indígenas, e sem sombra de dúvidas, o ARANDU ARAKUAA continua sendo um dos nomes mais fortes dentro do que podemos chamar de Folk Metal brasileiro. E é uma honra poder não só ouvir (o que por si só já é algo prazeroso), mas resenhar “Mrã Waze”, seu terceiro e mais recente álbum.

A banda mais uma vez lança de elementos indígenas associados ao Metal em suas vertentes mais variadas (inclusive com partes extremas) para criar algo único, algo original e diferente, que tem momentos em que impera a agressividade, e outros onde as melodias se tornam mais interiorizadas mais introspectivas e melancólicas. A maior das diferenças de “Mrã Waze” e seus antecessores é a coesão, pois a cada disco lançado, a banda vai ganhando riqueza musical e o seu estilo vai ficando mais e mais sólido, com ótimas partes instrumentais, vocais diversificados (urros extremos se entremeiam com doces vozes femininas e timbres masculinos normais quase xamânicos), além da maior exposição do lado indígena de sua música.

Outra característica única da banda, como já é de conhecimento de todos, é o uso de linguagens indígenas. Tupi, Xavante, e Akwẽ Xerente são os idiomas usados (exceto em “KoKri”, uma faixa instrumental onde o título vem do Krahô), o que torna tudo ainda mais único.

Sim, “Mrã Waze” é outra obra prima do grupo. E para os que tanto reclamam de originalidade, eu os desafio a verem algo similar ao grupo lá fora.

A produção do disco ficou muito boa, tentando ser translúcida nos momentos mais melodiosos, mas com peso e agressividade quando eles pegam mais pesado. E digamos de passagem: construir uma sonoridade para “Mrã Waze” não deve ter sido muito simples, pois conseguir associar tantos elementos diferentes juntos é bem difícil, mas ficou de alto nível. Até a arte gráfica esboça a dualidade harmônica do indígena com a natureza que o cerca.

“Mrã Waze” significa “Respeito à Natureza” no idioma Akwẽ Xerente, e por isso, tem em si um conceito bem complexo, mas que pode ser resumido a “todos unidos em matéria e espírito”, algo harmônico para todos. E é a harmonia que surge em seus arranjos musicais, na dinâmica entre cada uma das canções do disco. É impossível não se sentir atraído por tamanha diversidade e beleza em termos musicais.

Sy-gûasu” é uma faixa totalmente focada nos elementos indígenas, quase como um ritual de purificação/pacificação de todos, seguida dos contrastes entre o suave e o agressivo que formam “Gûaîupîá” (que lindas passagens de vocais femininos e viola caipira, mas as partes agressivas são excelentes), assim como a tribal “Îasy” (onde as guitarras mostram riffs muito bons, além de muita criatividade). Em “Danhõ’re”, muitos elementos do Sertanejo dão as caras (nada a ver com o estilo em voga e que tantos amam), e mostrando belas cordas e percussões. Com uma vibração positiva e sedutora, temos a complexidade dual (em termos de melodias e agressividade) de Huku Hêmba”. Na instrumental “Ko Kri”, novamente temos mais abrangência dos temas regionais guiados pela viola caipira. Em Jurupari”, por sua vez, o grupo tem uma pegada mais direta, seca e agressiva guiada pelas guitarras, mas o trabalho nos ritmos ditados por baixo e bateria está ótimo. Já em Gûaînumbyeles voltam a ter mais enfoque na introspecção, focando mais nas melodias bem feitas e executadas com cordas limpas, percussões e chocalhos que seguem belas linhas vocais limpas. Novamente carregando no peso e técnica, “Îagûara Kûara” mostra bem todos os lados do diamante que é a música do grupo (novamente corais muito bons). Em outra mistura de partes agressivas com toda uma ambientação indígena e outros momentos mais introspectivos, temos Abaré Angaíba”, onde percussões e vocais masculinos dão um tom bem melancólico e denso ao final da canção (embora encerre com partes mais duras e brutas). E Rowahtu-ze” vem com um jeito que mixa o azedume extremo com técnicas não convencionais ao Metal e muitos vocais que lembram um pajé recitando suas orações.

No fundo, o ARANDU ARAKUAA é uma das bandas mais criativas do país, e merece respeito por isso. Mas digamos que além de excelente, “Mrã Waze” vem forte para ser um dos grandes discos de 2018!

Ele já pode ser ouvido nas plataformas digitais, mas a versão física de “Mrã Waze” está quase saindo do forno.

Para melhor informar o caro leitor, abaixo estão os nomes das canções com suas traduções, e informação de qual idioma usado.

Sy-gûasu - Grande Mãe, no idioma Tupi
Gûaîupîá - Espírito dos Pajés Bons, no idioma Tupi
Îasy - Lua, no idioma Tupi
Danhõ’re - Cantar, no idioma Xavante
Huku Hêmba - Espirito da Onça, no idioma Akwẽ Xerente
Ko Kri - Água Fria, no idioma Krahô
Jurupari - Deus dos Sonhos, no idioma Tupi
Gûaînumby - Beijar-Flor, no idioma Tupi
Îagûara Kûara - Toca da Onça, no idioma Tupi
Abaré Angaíba - Padre Mau, no idioma Tupi
Rowahtu-ze - Ensinamento, no idioma Akwẽ Xerente

Nota: 100%


SAGITTARION - Reborn


Ano: 2018
Tipo: Extended Play (EP)
Selo: Independente
Nacional


Tracklist:

1. Reborn
2. Scarlet Rose
3. Rock ‘N’ Roll Armageddon
4. Hate by My Side
5. Gipsy and the Beast


Banda:


Kleber Ramalho - Vocais
Thiago D’ Lopes - Guitarras, backing vocals
Rick Ferris - Baixo
Bernardo Sagulo - Bateria


Ficha Técnica:

Sagittarion - Produção
Thiago Freitas - Mixagem, remasterização


Contatos:

Site Oficial:
Assessoria:  
E-mail:


Texto: M. Garcia


Muitas vezes, a percepção que se tem do Rio de Janeiro em termos de Metal é que aqui só tem bandas das vertentes mais agressivas do Metal. Tudo bem, nomes como SYREN, DREADNOX, PAINSIDE e alguns outros ajudam a mostrar que isso não é uma verdade absoluta. Hoje em dia, ainda existem boas bandas de vertentes mais melodiosas na Cidade Maravilhosa. Um dele é o do quarteto SAGITTARION, que depois de anos de luta, enfim consegue lançar seu primeiro trabalho, o EP “Reborn”.

No caso, o grupo mostra uma mistura de Hard Rock setentista com a energia e pegada do Metal dos anos 80, mais um enfoque moderno e melodioso que tornam tudo ainda mais agradável. Além disso, muitas das melodias de fácil assimilação nos remetem diretamente ao Glam Metal norte-americano. Desta forma, temos um trabalho que sangra em juventude e melodias, mas sempre com uma grande dose de personalidade. E como eles têm talento!

Este EP começou a ser gravado ainda em 2016, mas devido a algumas dificuldades, somente agora chega a nossas mãos. Assim, podemos aferir que a produção foi caprichada, sendo clara aos ouvidos, com as doses certas de peso e agressividade para não prejudicar a vocação melodiosa deles. E ficou ótimo, já que tudo é assimilado por nossos ouvidos sem problema algum.

As canções de “Reborn” mostram um trabalho que vem para somar, com talento e muita garra. Além disso, como já mencionado, as melodias grudam em nossos ouvidos. E embora a banda evite exibições técnica individuais, se percebe que o nível técnico de seus integrantes é muito bom. E as canções do EP são ótimas!

O EP abre com a grudenta e sinuosa “Reborn” (com ótimas partes de guitarras, especialmente os solos melodiosos e bem feitos, além de um refrão grudento muito legal), seguida do peso quase Stoner Rock moderno de “Scarlet Rose” (o peso de baixo e bateria são de deixar o queixo caído), e do jeito quase Hard/Glam de “Rock ‘N’ Roll Armageddon” e sua pegada envolvente (que refrão “chicletoso”). O peso do Metal tradicional se faz presente nas melodias bem feitas de “Hate by My Side” (que bom trabalho dos vocais, verdade seja dita), enquanto a técnica refinada das guitarras fica mais evidentes em “Gipsy and the Beast”.

Podemos dizer que “Reborn” vem para mostrar uma nova estrela em ascensão no Metal carioca. E assim, o SAGITTARION mostra-se promissor para o futuro, mas sendo agora uma excelente pedida para nossos ouvidos.

Nota: 86%