sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

PÄNZER - Fatal Command


2017
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1.      Satan’s Hollow
2.      Fatal Command
3.      We Can Not Be Silenced
4.      I’ll Bring You the Night
5.      Scorn and Hate
6.      Afflicted
7.      Skullbreaker
8.      Bleeding Allies
9.      The Decline (...And the Downfall)
10.  Mistaken
11.  Promised Land
12.  Wheels of Steel


Banda:


Schmier - Vocais, baixo
V.O. Pulver - Guitarras
Pontus Norgren - Guitarras
Stefan Schwarzmann - Bateria


Ficha Técnica:

Schmier - Produção
V.O. Pulver - Produção, mixagem, masterização
Gyula Havancsák - Artwork


Contatos:

Youtube:
Instagram:
Bandcamp:
Assessoria:

E-mail:

Texto: Marcos Garcia


Depois de muitas polêmicas, eis que o PÄNZER alemão volta à carga. E não, não estamos falando do tanque de guerra, mas do agora quarteto que se assumiu como banda (antes, era um projeto paralelo), e vem com toda a força com “Fatal Command”, seu segundo disco, que chega a terras brasileiras via Shinigami Records/Nuclear Blast Brasil.

Mas o que esperar da banda?

Antes de tudo, é preciso esclarecer que o guitarrista Herman Frank (sim, ele mesmo, o ex-guitarrista do ACCEPT) deixou a banda em 2016, e em seu lugar, entraram V.O. Pulver (do PULVER, além de produtor musical, o mesmo que trabalhou com o DESTRUCTION em “Thrash Anthems II” além do próprio PÄNZER em “Send Them All to Hell”) e Pontus Norgren (o shredder do HAMMERFALL). Schmier e Stefan são remanescentes da formação original. E essa mudança teve certo impacto no trabalho do grupo, pois agora, a música do quarteto soa mais melodiosa e com toques elegantes em seu jeito totalmente German Metal à lá ACCEPT com um toquezinho de agressividade Thrash Metal aqui e ali.

Basicamente, “Fatal Command” segue a linha de seu antecessor, apenas um pouco mais melodioso e com um trabalho de guitarras mais apurado (ter duas guitarras em uma banda sempre expande possibilidades sonoras), e quem gostou de “Send Them All to Hell” vai continuar gostando.

A produção ficou excelente. Tudo funciona bem, com uma clareza de alto nível, permitindo que cada mínimo detalhe da música da banda fique evidenciado. Nada ficou escondido (embora a música da banda não seja muito complexa), com bons timbres em todos os instrumentos. A arte gráfica ficou de alto nível, com uma capa extremamente anárquica e bem humorada (não explicarei o motivo de tal afirmação, basta que olhem com calma) que remete aos anos 80, mas com uma diagramação de encarte bem feita e inteligente (sem ser complicada demais).

O PÄNZER veio queimando estrada, pois mesmo que sua música soe extremamente bem trabalhada (o que nem é o objetivo da banda), ela é altamente envolvente, sedutora e cheia daquela energia que conhecemos do Metal alemão: é ouvir e gostar, e na segunda ouvida, você estará cantarolando. E embora “Fatal Command” seja mais bem arranjado que “Send Them All to Hell”, isso não faz com que ele soe menos agradável.

E preparem os ouvidos, pois eles não estão brincando em serviço!

Canções como a ganchuda e cheia de energia “Fatal Command” (que peso em termos de baixo e bateria), a simples e rasgada “We Can Not Be Silenced” (onde os vocais se mostram bem diferentes do que estamos acostumados), as lindas bases e duetos de guitarras que permeiam “I’ll Bring You the Night”, a agressiva e cheia de boas mudanças de ritmo “Afflicted”, a cadência dura e extremamente envolvente de “Skullbreaker”, as melodias “in your face” de “Bleeding Allies”, o ritmo lento e denso da amassa-ossos “The Decline (... And the Downfall)”, e a ganchuda “Promised Land” com seu jeitão mezzo ACCEPT e mezzo MOTORHEAD. E de bônus, um hino da NWOBHM ganha uma nova roupagem: a clássica Wheels of Steel” do SAXON, com um jeitão bem despojado e espontâneo, aquele peso que só o Metal alemão tem, e que ficou excelente nas mãos do quarteto, mas sem descaracterizar a versão original.

Não chega a ser inovador (e nem tem motivos para sê-lo), mas “Fatal Command” é um disco de primeira e mostra que o PÄNZER veio para ficar.

Nota: 91%



ENSLAVED - E


2017
Tipo: Full Length
Selo: Shinigami Records / Nuclear Blast Brasil
Nacional


Tracklist:

1.      Storm Son
2.      The River’s Mouth
3.      Sacred Horse
4.      Axis of the Worlds
5.      Feathers of Eolh
6.      Hiindsiight
7.      Djupet
8.      What Else is There? 


Banda:


Grutle Kjellson - Vocais, baixo
Ivar Bjørnson - Guitarras, teclados, backing vocals
Arve Isdal - Guitarra solo
Cato Bekkevold - Bateria, percussão
Håkon Vinje - Teclados, vocais limpos


Ficha Técnica:

Ivar Bjørnson - Produção, engenharia
Grutle Kjellson - Produção
Jens Bogren - Mixagem
Tony Lindgren - Masterização
Iver Sandøy - Engenharia
Ice Dale - Engenharia
Truls Espedal - Artwork
Daniel Måge - Músico convidado (flauta em “Feathers of Eolh”)
Kjetil Møster - Músico convidado (saxofone em “Hiindsiight”)
Einar Kvitrafn Selvik - Músico convidado (vocais em “Hiindsiight”)
Iver Sandøy - Músico convidado (efeitos, bateria em “Djupet”)


Contatos:

Site Oficial: http://enslaved.no/
Bandcamp:
Assessoria:


Texto: Marcos Garcia


O Metal na Noruega se firmou desde a primeira metade dos anos 90. Após todas as controvérsias e polêmicas referentes à cena Black Metal do país, as atenções dos Metalheads do mundo começaram a se voltar ao país, e comprovou-se que a Noruega era um verdadeiro criadouro de nomes promissores. Muito se evoluiu de lá para cá, algumas bandas mantiveram suas raízes mais extremas, e outras começaram a ter maior diversidade. Mas poucos grupos da velha guarda foram tão ousados como o ENSLAVED, quinteto radicado na cidade de Bergen (mas que tem origens em Haugesund), que mesmo tendo uma sonoridade original próxima ao Black Metal local, foi evoluindo e aglutinando influências de Rock Progressivo. Hoje, ouvindo o novo trabalho do grupo, “E” (recém lançado em nosso país pela Shinigami Records em parceria com a Nuclear Blast Brasil).

O grupo há alguns anos se caracterizou por uma música híbrida entre o Viking Metal brutal e agressivo de suas origens com toda uma ambientação etérea e elegante vinda do Rock Progressivo. E em “E”, o lado Progressivo e experimental da banda está ainda mais evidenciado (reparem que saxofones e flautas aparecem pontualmente em certas canções), embora sem alterar a vocação metálica do grupo, e sem que a banda tenha obliterado seu lado mais extremo.

Explicando: se você gosta do ENSLAVED em seus últimos discos, vai gostar de “E” sem problema algum.

A produção sonora de “E” é algo fantástico, equilibrando bem todos os elementos que compõem a música do grupo. Limpa e fluida para que as partes melodiosas e progressivas fiquem claras aos nossos ouvidos, mas mesmo assim, pesada e densa para que os momentos agressivos fiquem pesados. E sem contar que o lado experimental do grupo também ficou bem evidente aos ouvidos.

E na apresentação visual, toda a influência do Rock Progressivo dos anos 70 fica extremamente clara. A capa nos recorda o lado Viking Metal, mas a editoração e apresentação do encarte é totalmente Progressiva, não há dúvidas.

Como uma tradição, o ENSLAVED lança mão de músicas longas, cheias de mudanças de ritmos e muitas viagens etéreas setentistas. Mas isso não os impede de mostrarem como podem crescer e criar algo pesado, agressivo e cheio de bom gosto de uma forma tão diferente do usual. E como dito antes: o quinteto apenas explora ainda mais possibilidades sonoras nesse álbum.

“E” não é lá muito fácil de ser assimilado para quem não está acostumado com a banda. Mas é impossível não ser seduzido pelas lindas melodias bem trabalhadas de “Storm Son” (extremamente Progressiva, com lindas passagens de teclados à lá anos 70 e cordas limpas em seu início, vocais limpos, e mesmo as partes mais ríspidas são excelentes), a pegada um pouco mais voltada ao início de carreira ouvida claramente em “The River’s Mouth” (riffs mais crus, além de maior proeminência de vocais rasgados, embora as partes com vocais limpos nos remetam ao jeitão atual do trabalho deles), o peso mamutesco bem arranjado de “Sacred Horse” (uma exibição de gala de baixo e bateria, que além de mostrarem muito peso, esbanjam boa técnica, especialmente quando as partes mais sofisticadas com teclados ficam claras), a cadência envolvente e sedutora de “Axis of the Worlds” (os vocais mais crus e os melodiosos contrastam perfeitamente, sem que a banda abuse demais de um instrumental técnico), o jeitão realmente Jazz/Rock Progressivo em vários momentos de “Feathers of Eolh” (há certa complexidade técnica aqui, fora que o lado experimental nos mostra ótimas possibilidades futuras para a banda, além de momentos introspectivos bem encaixados), o trabalho também técnico e com tempos quebrados de “Hiindsiight” (as linhas melódicas são fantásticas, com boa dose de técnica instrumental, mas logo partes cadenciadas duras e brutais surgem, sem falar nos momentos onde o saxofone aparece), a longa “Djupet”, onde o grupo mostra que pode ir do agressivo ao progressivo sem pudores (reparem como as guitarras com riffs mais simples nos seduzem, sem falar que o baixo está mostrando ótima técnica). E encerrando, temos “What Else is There?”, uma versão estilizada e progressiva do quinteto para uma canção do grupo norueguês de Ambient/Synth Pop RÖYKSOPP, que está bem nessa personalização do ENSLAVED.

Dessa forma, “E” é um disco obrigatório não só para os fãs da banda, mas também para todos que apreciam as fusões entre Metal extremo e Rock Progressivo. Aliás, recomendo o ENSLAVED a qualquer fã de Metal de bom gosto.

Nota: 100%


DESTRUCTION - Thrash Anthems II


Ano: 2017
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1.      Confused Mind
2.      Black Mass
3.      Frontbeast
4.      Dissatisfied Existence
5.      United by Hatred
6.      The Ritual
7.      Black Death
8.      The Antichrist
9.      Confound Games
10.  Rippin’ You Off Blind
11.  Satan’s Vengeance
12.  Holiday in Cambodia


Banda:


Schmier - Vocais, baixo
Mike - Guitarras
Vaaver - Bateria


Ficha Técnica:

Destruction - Produção
V.O. “Otti” Pulver - Produção, guitarra solo em “Black Death”, e 2o e 4o solos de guitarras em “Satan’s Vengeance”
Gyula Havancsák - Artwork
Ol Drake - Músico convidado (guitarra solo em “Confused Mind”; 1o, 3o e 5o solos em em “Dissatisfied Existance”; “Rippin’ You Off Blind”; 2o e 4o solos em “United by Hatred”; “Antichrist”, e “Confound Games” )


Contatos:

Bandcamp:
Assessoria:

E-mail:

Texto: Marcos Garcia


O tempo em que bandas andaram regravando músicas e discos do passado, algo comum na década passada, está aparentemente quase encerrado. É necessário esclarecer (para o bem da verdade) que muitas vezes, o trabalho fica comprometido porque as composições em suas versões originais já são clássicas, e que podem ter ajudado a pavimentar os caminhos de determinada vertente de Metal. Mas existem casos em que novas versões são bem vindas, e que honram as originais. O DESTRUCTION, um dos integrantes do trio de ferro do Thrash Metal alemão, fez isso com o disco “Thrash Anthems” e se saiu muito bem. Logo, surge a pergunta: o que “Thrash Anthems II” pode acrescentar ao que eles haviam feito?

A resposta é simples: muita coisa!

Lançado pela Shinigami Records e pela Nuclear Blast Brasil por aqui, “Thrash Anthems II” tem algumas músicas clássicas que ficaram fora do primeiro volume por pura falta de espaço (como “Confused Mind” e “Black Mass”), e algumas que, apesar de nunca terem sido consideradas grandes, mereciam uma nova chance (o caso de “United by Hatred” e “Satan’s Vengeance”). Além do mais, no caso das canções em que o baterista original Tommy (que deixou o grupo para seguir a carreira de policial) gravou, a bateria ganhou mais técnica e diversidade (sejamos francos: Tommy não era um baterista com técnica à altura da música do grupo). Assim, velhos hinos estão soando atuais e com um sopro fresco de vida.

Traduzindo: preparem os ouvidos!

A produção moderna e vigorosa de “Thrash Anthems II” deu às velhas canções uma dose a mais de agressividade merecida, sem contar os timbres instrumentais estão excelentes. Além disso, a banda mostra um equilíbrio perfeito entre peso, melodia e clareza, honrando seu passado e com os pés firmes no presente. Além disso, a arte é de primeira, com uma capa muito legal, e o encarte cheio de fotos antigas, as letras e tudo mais.

Assim como no primeiro volume, “Thrash Anthems II” nos brinda com uma música inédita, “Frontbeast”, além da versão para “Holidays in Camboja”, hino Punk Rock/HC do DEAD KENNEDYS. As outras varrem a carreira da banda entre o EP “Sentence of Death” (estréia da banda em disco), passando por “Infernal Overkill”, “Eternal Devastation” e “Release from Agony”, e fechando em “Cracked Brains” (disco em que o baixista/vocalista Schmier não participou na época). Nisso, se percebe quanto o grupo foi seminal para o Thrash Metal alemão.

Todas as canções são excelentes, mas não falar nos riffs velozes e solos de “Confused Mind”, na energia crua temperada com ótima técnica de “Black Mass” (como os timbres vocais mais recentes deram uma vida toda nova à canção), o trabalho mais técnico e raçudo de “Dissatisfied Existance”, a rifferama fenomenal de “United by Hatred” e seus tempos mais cadenciados (como a bateria melhorou em termos técnicos), a roupagem mais técnica e bem acabada de “Ritual”, “Black Death” e “Antichrist” (se eles tivessem essa evolução toda nos anos 80…); a cadência evolvente e agressivamente fluida de “Confound Games”, a incorporação e total reaproveitamento da trabalhada e cheia de mudanças rítmicas “Rippin’ Off You Blind” (já que, como ditto acima, Schmier não fez as vozes originais), e a clássica e sempre subestimada “Satan’s Vengeance” (sejamos sinceros: poucos fãs se deram ao trabalho de conhecê-la ou classificá-la como um clássico em um EP onde estavam “Total Desaster” e “Mad Butcher”). E além delas, “Frontbeast” nos permite traçar um paralelo interessante entre o passado e o presente do grupo, em ver como evoluíram sem perder a essência, pois essa exibição de gala de riffs fantásticos, vocais ríspidos como uma lixa d’água e base rítmica sólida e bem trabalhada caberia tranquilamente em “Eternal Devastation”. E a versão deles para “Holiday in Camboja” ficou ainda mais agressiva que a original, mas sem mexer no andamento original, e permite que todos comprovem por si mesmos como o Thrash Metal realmente tem referências no Punk Rock e Hardcore.

Definitivamente: viver em um mundo onde o DESTRUCTION não existisse, sinceramente, seria algo bem sem sal…

Nota: 100%