sexta-feira, 14 de junho de 2019

Estrada direta ao Rock ‘n’ Roll - entrevista com o PRISTINE



Por “Metal Mark” Garcia

“Uma banda de Rock de Tromsø” são as palavras que começam a biografia do grupo PRISTINE em sua página no Facebook. E eles são uma banda excelente, pois a música da banda é um Classic Rock guiado por uma dose de energia e podem fazer seus tímpanos explodirem!

O quinto e mais recente lançamento do grupo, o álbum “Road Back to Ruin” está sendo lançado no Brasil pela Shinigami Records/Nuclear Blast Brasil, então tivemos a oportunidade de falar com a vocalista e compositora Heidi Solheim.

Heidi Solheim


MMG: Antes de tudo, gostaria de agradecer por esta oportunidade de entrevistar você, e para começar, por favor, conte a história do PRISTINE em algumas palavras, pois são poucos os fãs brasileiros que já foram devidamente apresentados à sua música no momento.

Heidi Solheim: Muito obrigado por suas palavras gentis! É muito bom falar com você também. PRISTINE vem do extremo norte da Noruega, uma bela e destacada parte do mundo. É tão ao norte que no verão o sol nunca se põe, e no inverno, é a estação escura sem luz alguma. Esta é uma parte do mundo cheia de contrastes, solidão e brutalidade da natureza.

PRISTINE foi fundado ao redor de mim e de minha música em 2010. Me mudei para a cidade de Tromsø e encontrei a banda lá. Eu já havia escrito algumas músicas e quis experimentar com uma banda. Rapidamente aprendemos que temos um fraco pelos ícones do Rock dos anos 70, bandas psicodélicas e vocalistas de Blues/Rock. Em 2011, lançamos nosso debut na Noruega, chamado “Detoxing”, e começamos nosso caminho em direção ao ponto em que estamos hoje.

MMG: A Noruega é bem conhecida por sua cena de Metal extremo, especialmente o Black Metal de Oslo e Bergen. Mas vocês são uma banda de Rock ‘n’ Roll. Acredita que este fato, este contraste, pode chamar alguma atenção para seu trabalho musical?

Heidi: A cena Black Metal da Noruega é bem conhecida pelos fãs de Metal e para o mundo em geral, e muitas belas coisas extremas vieram da Noruega naquela época. A impressão de muita gente da cena musical em sua totalidade é colorida pelo crescimento do Black Metal naqueles tempos, mas para nós, não era um gênero ou acontecimentos que sabíamos muito. Oslo e Bergen são cidades distantes de nossa parte do país, então nos sentíamos como tudo aquilo tivesse acontecido em outro mundo diferente do qual crescemos.

Espen Jakobsen
Mas eu tenho notado que perguntas sobre nossa ligação com a cena Black Metal norueguesa surgem frequentemente, e para um país tão pequeno, é uma comparação natural, eu acho, 😊


MMG: Mesmo com vocês tendo 4 discos até agora, parece que “Road Back to Ruin”, lançado pela Nuclear Blast Records, pode ajudá-los a crescer mais. E como ele foi lançado em Abril passado, vocês já têm um feedback dele, estou correto? E como os fãs têm recebido “Road Back to Ruin”?

Heidi: Nós temos experimentado um feedback quente e ótimo pelo lançamento de “Road Back To Ruin” até agora! Tem sido absolutamente fantástico e tocante ler e experimentar as reações ao nosso disco. Uma verdadeira motivação para continuarmos a escrever novas músicas e tocar em mais cidades!

MMG: Nos aprofundemos em “Road Back to Ruin”: quais são as diferenças e similaridades dele com seus discos anteriores?

Heidi: Penso que o PRISTINE se tornou uma banda mais sofisticada e “robusta” depois desses anos. Como “Road Back to Ruin” nós fomos com uma atitude mais corajosa em relação à gravação e à composição. Se olharmos nosso primeiro disco, “Detoxing”, creio que evoluímos para uma banda mais pesada de Classic Rock. Ainda lançamos música diversificada com melodias fortes e muitos contrastes, em minha opinião. Mas em “Road Back to Ruin”, acredito que levamos a diversidade a outro nível. Penso que este é o álbum que lançamos com a maior diferença em expressões e “feeling” na música.


MMG: “Road Back to Ruin” possui dez excelentes canções, mostrando influências de bandas de Classic Rock como BLACK SABBATH, DEEP PURPLE e outras, mas com uma energia crua que chama a atenção do ouvinte de maneira forte. Como foram as coisas durante o processo de composição? Existe um método de trabalho ou as coisas surgem de forma espontânea? E por falar nisso, sua música tem uma personalidade forte, algo diferente de muitas bandas de seu gênero hoje em dia.

Heidi: Muito obrigado! É ótimo ouvir que você gostou de nossa música.

Sobre o processo de composição, ainda sou a responsável pelas letras, cordas e melodias. Eu geralmente viajo para a cabine de meus pais no norte todo inverno para escrever mais músicas. O frio extremo e a escuridão que temos no norte a cada inverno é algo que realmente me inspira a escrever música. Há certo sentimento de solidão que pode ser de tirar o fôlego. Tomei muito tempo tentando encontrar o “fio condutor” que queria quando começo a escrever um novo disco. Com “With Road Back to Ruin”, eu tinha muitos objetivos e tópicos sobre os quais queria refletir. Uma das minhas primeiras metas era escrever canções mais pesadas que nos discos anteriores - mais diretas, cheias de energia e com riffs mais escuros. Sobre as letras, queria escrever canções que refletissem minha crescente preocupação com os valores sociais e políticos que estão crescendo hoje em dia, e ao mesmo tempo, queria escrever sobre minha própria história, minha vida e minha experiência. É sempre muito difícil compartilhar 100% daquilo que você tem no coração, mas para mim é a coisa mais importante de ser feita por um compositor. Nossa missão na vida é refletir o mundo como nós o vemos, não importando se são as coisas pequenas da vida ou os grandes desafios globais que vemos. Para mim é muito importante colocar o quanto for possível de sentimentos e emoções na música que escrevo, e essa é sempre a prioridade maior.

Após eu ter escrito 12-13 músicas para “Road Back to Ruin”, eu as gravei e mandei para os rapazes da banda. Mais tarde, nos encontramos e completamos os arranjos. E isso sempre tem feeling fantástico! Experimentar a música que você escreveu sozinha na floresta, e ver as canções se tornando poderosas e independentes em uma banda é uma experiência absolutamente incrível!


Heidi e Gustav Eidsvik
MMG: A qualidade Sonora de “Road Back to Ruin” é realmente excelente, unindo um feeling organic e cru com uma aparência moderna e limpa.  E é outra diferença do trabalho do PRISTINE em relação a grande parte das bandas atuais de Classic Rock. Desta forma, podemos dizer que o produtor Øyvind Gundersen e o técnico Christian Engfelt tiveram um papel importante nesse aspecto? Soar dessa forma foi uma decisão da banda, ou foi um acordo entre ambas as partes?

Heidi: Obrigado! Øyvind Gundersen e Christian Engfelt realmente entenderam onde nós queríamos chegar em termos de música e expressão. E isso foi uma coisa muito importante para nís, e totalmente essencial no processo criativo de gravar um álbum.

Øyvind trabalhou antes com muita música de inspiração eletrônica, Folk music, Pop e outros gêneros, e isso foi uma belíssima contribuição para nosso disco. Ele veio para este projeto de mente aberta e com uma atitude que foi criativa e inovadora. Amamos isso e estamos muito felizes com essa colaboração!


MMG: Pode ter parecido estranhas algumas comparações do trabalho do PRISTINE  feitas acima, mas foram feitas porque Classic Rock parece ser uma tendência na música desde 2 ou 3 anos atrás. Como eu disse antes, vocês são diferentes e possui um trabalho pessoal, logo, pode comentar o que faz “Road Back to Ruin” soar tão bem e cheio de identidade?

Heidi: O PRISTINE sempre tem gravado os instrumentos principais (bacteria, guitarras, baixo, vocais) ao vivo em estúdio. E esse rapidamente se tornou nosso método, e também se tornou um tipo de marca registrada nossa, eu diria.

Acho que isso tem muito a ver com as impressões dos ouvintes de som e música. Nós simplesmente AMAMOS fazer shows ao vivo, e fazendo gravações ao vivo em estúdio se tornou uma maneira de pôr aquela energia e feeling em um disco. É uma forma intuitiva de gravar, totalmente oposta a de gravar música em camadas (primeiro a bateria, depois o baixo, então as guitarras, e etc). Nós entramos em uma grande sala e ensaiamos as músicas 1 ou 2 vezes, e então apertamos o “gravar”. É um sentimento intenso, e você realmente fica focado e atento do que te cerca. Esta energia pode ser fantástica na gravação!


Ottar Tøllefsen
MMG: “Sinnerman” e “Bluebird” foram as canções retiradas do album para servirem como videos de divulgação de “Road Back to Ruin”. A pergunta é: por que essas? E quem escolheu: a banda, a gravadora, ou ambos os lados chegaram a um acordo?




Heidi: Tivemos um bom diálogo com a gravadora, e rapidamente concordamos que as canções “Sinnerman”, “Bluebird”, “Cause & Effect” e “Aurora Skies” mereciam uma atenção extra. “Sinnerman” e “Bluebird” são belos Rocks, rápidos e com uma boa energia. E também quisemos mostrar versatilidade e contraste, e escolhemos as duas baladas.


MMG: Ainda sobre “Sinnerman”: parece que o video conta uma estória. Se estou certo, qual é?

Heidi: Haha, sim. Eu amo aquele vídeo! Falamos com um produtor de videos e ele veio com a ideia de fazer um POV (“point of view”, ou “ponto de vista”) visto pelo ponto de vista de um membro da equipe. Ele quis criar um video musical totalmente diferente do padrão “banda-tocando-sua-canção”, e eu realmente me apaixonei pela ideia. Ele tem bastante tempo, ação, elementos divertidos, e eu o amo! Esse é o tipo de video que você quer ver onde ele acaba.

A letra de “Sinnerman” é sobre outro assunto, por sua vez. É sobre entrar no carro, deixar todos os seus problemas para trás e dirigir para suas próximas aventuras. Mas eu gosto do fato que o video possa ser sobre algo completamente diferente.


MMG: “Road Back to Ruin” está sendo lançado no Brasil pela Shinigami Records/Nuclear Blast Brasil. O que acha disso? Se estou correto, é o primeiro disco de vocês lançado aqui, e pode abrir algumas portas.

Heidi: Este é nosso Segundo discos lançado pela Nuclear Blast na Alemanha, mas sim, é o nosso primeiro lançamento no Brasil. E estou realmente animada em apresentar a música ao bom povo do Brasil, e espero que ele possa abrir portas para nós, para podermos ir e fazer uma turnê em seu belo país!


MMG: E como estão as coisas com shows e turnês? Existem expectativas de tocarem fora da Europa por agora? E o Brasil está em seus planos?

Heidi: Temos excursionado bastante pela Europa nesses últimos anos, então estamos trabalhando e estabelecendo contatos em outros mercados enquanto conversamos. E seria fantástico excursionar pelo Brasil! Com certeza, faremos nosso melhor para fazer isso acontecer.


MMG: Bem, é isso. Mais uma vez, quero agradecer pela gentileza e tempo, então, por favor, deixe a mensagem do PRISTINE para os leitores do Heavy Metal Thunder Brasil.

Heidi: Muito obrigado pela entrevista.

Continuem lendo o Heavy Metal Thunder Brasil e esperamos ver vocês logo! Rock on!

Paz e amor,

Heidi Solheim (vocalista e compositora do PRISTINE)


Contatos:



P.S.: O Heavy Metal Thunder Brasil gostaria de agradecer a Shinigami Records e a Marcos Franke (da assessoria de imprensa da Nuclear Blast Brasil) pela oportunidade de entrevistar Heidi Solheim (and thank a you a lot, Heidi).

Veja os vídeos de “Sinnerman”, “Bluebird”, “Cause & Effect” e “Aurora Skies”, canções de “Road Back to Ruin”.


Sinnerman



Bluebird



Cause & Effect



Aurora Skies