terça-feira, 17 de julho de 2018

SARCÓFAGO - The Worst


Ano: 1996 (Relançamento 2018)
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1. The End
2. The Worst
3. Army of the Damned (The Prozac’s Generation)
4. God Bless the Whores
5. Plunged in Blood
6. Satanic Lust
7. The Necrophiliac
8. Shave Your Heads
9. Purification Process


Banda:


W. L. - Vocais, guitarras
G. M. - Baix, teclados


Ficha Técnica:

Wagner Lamounier - Produção
Gerald Minelli - Produção
Tarso Senra - Mixagem, engenharia de som
André - Masterização
Eugênio - Engenharia de som
E. D. Z. - Programação de bateria


Contatos:

Site Oficial:
Facebook:
Assessoria:
E-mail:

Texto: M. Garcia


Entre 1985 e 2000, gigantes do Metal e influenciadores de várias gerações caminharam por terras brasileiras, ao ponto de alguns que pararam serem motivos de saudades apaixonadas de muitos. Talvez poucos tenham a mesma importância do SARCÓFAGO, que cansou de pôr barreiras e limites no chão, sempre ou paralelo às tendências musicais que existiam lá fora ou abrindo novas possibilidades. E o ápice da criatividade do grupo ocorre justamente em “The Worst”, de 1996.

A afirmação acima não se baseia em gostos pessoais ou na contundência do álbum para o cenário extremo mundial, mas que é o disco em que todos os elementos musicais que o dueto destilou em seus lançamentos anteriores se equilibraram de forma definitiva. Há momentos velozes extremos, outros mais refreados, teclados criando ambientações sinistras, a presença esmagadora de riffs insanos (embora mais simples), baixo e bateria com boa dose de peso, e tudo em seus lugares. A evolução do jeito Death Metal de ser deles mostra o motivo de serem tão respeitados por aqui e lá fora: o SARCÓFAGO sempre fez as coisas ao seu jeito, doesse em quem doesse, e sempre se mostrou inovador, diferente.

Na produção, mais uma vez o trabalho foi orientado para se ter a melhor qualidade sonora possível, com todos os instrumentos soando claros e compreensíveis, ao mesmo tempo em que tudo soa extremamente pesado e bruto. Óbvio que isso demanda conhecimento e recursos, mas eles sempre foram de tirar água de pedra, e conseguiram mais uma vez mostrar que poderiam fazer algo de alto nível.

Já a arte visual (capa, encarte, etc) é realmente de chocar. Mas para quem os conhece de longa data, sabe que o grupo nunca foi dado à sutilezas: ou é assim, ou não fazem. E seria o desespero de moralistas de plantão ou dos atuais SJWs caçadores de tretas.

Musicalmente, “The Worst” não é mercado pela técnica. Mas em compensação, a diversidade de andamentos, a força de suas composições e arranjos, a capacidade de criar partes que entram em nossas mentes e não saem mais sempre foi o ponto forte do grupo. Por tanta facilidade em quebrar regras e se fazer diferente (e chocante), se percebe o motivo de serem tidos como pioneiros de muita coisa em termos de Death Metal, Black Metal e Death/Black Metal.

Uma introdução bem climática, “The End”, dá início ao disco, antecedendo o impacto esmagador e cadenciado de “The Worst” (os riffs são bem simples, enquanto os teclados vão dando aquela sensação fúnebre carregada que eles usam sempre). Já apresentando mais mudanças de ritmo e cheia de energia é “Army of the Damned (The Prozac’s Generation)”, onde o trabalho de baixo e da bateria programada é muito bom. O ritmo fica opressivo e sombrio em “God Bless the Whores”, um hino doentio e insano cheio de ótimos vocais (com aquele timbre gutural claro dos vocais e intervenções sinistras das guitarras). Já sinistra e mostrando alguma modernidade extremada (para a época do lançamento do CD) é a brutal “Plunged in Blood”. E mantendo a tradição de fazer uma versão nova de material antigo deles, lá vem a velocidade alucinante de “Satanic Lust” (realmente, eles exacerbaram os “blast beats” da versão de “I.N.R.I.”, além da adição de teclados providenciais). Com muito peso e boa dinâmica entre a base rítmica e as guitarras, temos “The Necrophiliac”, que mostra um refrão muito bom. Seguindo uma linha bem próxima a “Satanas”, temos “Shave Your Heads”, embora esta tenha maior diversidade musical (na parte do refrão, a velocidade diminui um pouco, com exceção dos bumbos). Agora, a veloz e insana “Purification Process” é mais uma das canções polêmicas da banda. Algo que não se encaixa em tempos de politicamente correto, algo que o SARCÓFAGO nunca foi, nem nunca quis ser.

Este relançamento (em vinil e cassete) para “The Worst” só vem para confirmar uma coisa: que o Brasil continua necessitando urgentemente que a banda volte tão ultrajante, suja e disposta como sempre foi.

O pior não está para vir: ele chegou, e não estão nem aí!

Nota: 100%

SILVERAGE - Presence


Ano: 2018
Tipo: Extended Play (EP)
Selo: Independente
Nacional


Tracklist:

1. Mohicans
2. Time is Not
3. Into the Fire
4. The Hideaway
5. Ghost Romance
6. Presence
7. First Impressions


Banda:


Roberto Gutierrez - Baixo, vocal
Kadu Averbach - Guitarras
Gustavo Gomes - Bateria


Ficha Técnica:

Thiago Bianchi - Produção, gravação, mixagem, masterização
Caio Mendes - Arte da capa
Marianne Catafesta - Arte da capa


Contatos:

Site Oficial:
Assessoria:

Texto: M. Garcia


O Metal brasileiro, por conta de muitas idiossincrasias pessoais dos fãs, está ficando cada vez mais enfraquecido em termos de cenário. Em contraposição, cada vez mais bandas com trabalhos muito bons surgem por aqui. Dessa vez, vindos de São Paulo, temos o trio SILVERAGE, chegando com “Presence”, seu primeiro trabalho.

Os 3 músicos da banda são experientes, com passagens pelo WIZARDS, HOLLOWMIND, LIVING LOUDER e no ELECTRITONE. A fusão de das influências musicais individuais nos concede um material onde pulsa um Hard’n’Heavy moderno, elegante e muito bem feito. Basicamente, poderíamos comparar (em termos estéticos) com um encontro do RUSH moderno (basicamente, da fase que se iniciou com “Presto”) com o VAN HALEN de Sammy Hagar, ou seja, técnico e elegante, mas com ótimas melodias que seduzem os ouvintes. E, além disso, o disco soa moderno e cheio de energia, nem de longe saudosista ou datado.

Ou seja, é um deleite para os ouvidos!

Tendo a produção, mixagem e masterização feitas por Thiago Bianchi no Estúdio Fusão, não poderia ter ficado melhor. Basicamente, todos os elementos de uma sonoridade (peso, clareza, peso, timbragem) foram feitos com esmero, de forma que está perfeito. E perfeito sem descaracterizar o trabalho do trio ou ser pedante; é perfeito porque se encaixa no que o grupo faz.

A arte visual, por sua vez, busca ser algo bem simples e funcional. Tudo talvez para que o foco das atenções fosse apenas a música do grupo. Mas mesmo assim, se percebe o uso de contraste de luz e sombras entre capa e contracapa.

E assim, podemos aferir que o trabalho do SILVERAGE é feito de forma melodiosa e consensual. Arranjos com um dinamismo incrível, mas sem que soem minimalistas ao ponto de destruir o “feeling” de espontaneidade, ou nos causar enorme torpor. Tudo soa justo e livre de pré-concepções, ou adesões a isso ou aquilo que não seja a música em si.

Mohicans” é uma faixa instrumental com uma pegada pesada, e um pouco simples em relação à técnica, sendo a introdução perfeita para “Time is Not”, uma canção permeada por uma estética melodiosa, pesada e envolvente (e com um trabalho técnico muito bom, e riffs de guitarra e solo esbanjando categoria, e cujo refrão é uma adaptação do poema “Time is Not”, de Henry van Dyke). Um pouco mais densa em termos de ambientação, mas mantendo o lado Hard’n’Heavy evidente, temos “Into the Fire” (que nos apresenta um trabalho ótimo de baixo e bateria). Já com elementos que rebuscam o Hard Rock dos anos 80 (não confundir com o Glam Metal e suas vertentes), temos “The Hideaway” com suas belas melodias acessíveis e um feeling que nos leva a um tempo maravilhoso que já não existe mais (sem ser uma canção datada, longe disso). Mesmo longe de ser uma balada, “Ghost Romance” se apresenta uma canção mais introspectiva e sensível, onde toda a parte dos vocais ficou muito boa. “Presence” possui elementos mais pesados e mesmo toques dissonantes, sem contar a alternância entre partes mais tecnicamente complexas à lá RUSH com momentos mais melodiosos e cativantes. E a instrumental terna “First Impressions” mostra bem como as guitarras da banda são ótimas, com um jeito técnico que não é pedante, mas que nos envolve (algo que Joe Satriani faz com maestria).

O SILVERAGE já chegou em alto nível. E “Presence” marca seu lugar no cenário Metal/Rock de uma forma que chega a nos assombrar!

Ótima estréia!

E podem ouvir “Presence” nas seguintes plataformas digitais:

Spotify: https://open.spotify.com/album/2yqlA8ncrEXaQ4QCZtfQ9M

CD Baby: https://store.cdbaby.com/cd/silverage1
  
Nota: 92%