sexta-feira, 3 de maio de 2019

TUBLUES - Vinte


Ano: 2019
Tipo: Full Length
Selo: Independente
Nacional


Tracklist:

1. Geração Mimimi (feat. James Buris)
2. De um Jeito Melhor      
3. Palavras (feat. Helton Lobão e William Roger)
4. De Tanque Cheio (feat. Xande Saraiva (Baranga), James Buris e Jairo Martins)
5. Ambição Ardente (feat. James Buris)
6. Máquina de Lavar        
7. Sangue de Barata        
8. Como um Cão de Rua (feat. Caio Durazzo e Aquiles Metalkid)  
9. Um Dia na Vida (feat. James Buris e Guto Domingues)
10. Blues das Onze
11. Baixa a Bola (feat. Matheus Cobianchi e Robson Bastos)
12. Vacilada (feat. James Buris, Percy Weiss e Jairo Martins)


Banda:


Cezar Heavy - Baixo, Vocais
Alexandre Freitas - Guitarras
James Buris - Bateria


Ficha Técnica:

Alexandre Freitas - Mixagem
Fábio Henriques - Masterização


Contatos:

Instagram:
Assessoria:

Texto: “Metal Mark” Garcia


Introdução:

O Rock brasileiro sempre foi um estilo de duas vertentes principais: aquelas mais voltadas ao mainstream e que geraram nomes que, até os dias de hoje, são idolatrados como suprassumo do gênero, justamente as de maior inclinação Pop; e as mais sujas e que estiveram mais restritas ao cenário underground (raros são os que conseguiram algum sucesso comercial, como CELSO BLUES BOY, BARÃO VERMELHO e ULTRAJE A RIGOR).

Mas o modismo do Pop Brasil dos anos 80 passou, e muitos dos que na época eram sucesso, hoje ou acabaram, ou vivem com o pires na mão. Aqueles que faziam algo mais raiz, em sua maioria ainda andam por aí, mesmo com as dificuldades da vida nesse meio. Seguidor da segunda vertente, o TUBLUES de Lorena (SP) é um veterano de vinte anos nas costas, e chega com “Vinte”, seu disco mais recente.


Análise geral:

O trio segue uma linha bem suja e espontânea à lá MADE IN BRASIL, PATRULHA DO ESPAÇO, CASA DAS MÁQUINAS, e mesmo BARÃO VERMELHO e CELSO BLUES BOY (de onde vem uma boa dose de acessibilidade musical “bluesy”), embora tenha uma aura toda própria.

A música deles é cheia de energia, com ótimas melodias ganchudas, bom nível técnico, mas sempre com a capacidade de se adaptar aos tempos modernos, e por isso, o trabalho deles não soa datado. E que energia!


Arranjos/composições:

Nessa vertente, é bom que se diga que a técnica instrumental de cada um dos integrantes não chega a ser exigida. Não é o enfoque, pois a chave da força deles é o conjunto, a unidade entre os instrumentos.

Como é acessível, a música deles possui arranjos musicais bem eficazes em ternos de entrar nos ouvidos e não sair mais, com uma ótima dinâmica dos instrumentos musicais entre si e com os vocais.

Há ainda certo toque “bluesy”/Pop em algumas partes (como explícito em “De um Jeito Melhor”), mas nada de comercialismo mela-cuecas e calcinhas. É da música deles, algo que realmente agrega valor.

TUBLUES ao vivo

Qualidade sonora:

Em um trabalho tão visceral, é óbvio que não há necessidade de uma qualidade sonora estilo “super-produção hollywoodiana”. O mais simples é o melhor para o TUBLUES, tanto que o “feeling” que permeia esse álbum é quase que de um ensaio gravado, com todo mundo tocando junto. Mas óbvio que se percebe o cuidado estético em cada momento.

A ambientação orgânica do CD vem dos timbres instrumentais mais simples, sem muitos enfeites modernos. Não seria surpresa alguma se a banda tiver gravado com os antigos pedais...


Arte gráfica/capa:

Simples, direta e reta, a arte da capa é uma foto de alguém com uma caveira na mão. Algo funcional, que manda um recado ao ouvinte: o foco aqui é a música!


Destaques musicais:

Antes de qualquer coisa nesse ponto, é preciso destacar que o disco transpira honestidade. Sim, cada uma de suas 12 canções mostra isso claramente, e se preparem, pois as músicas em si são ótimas, e alguns convidados tornam tudo ainda melhor (inclusive o saudoso Percy Weiss deixou seu legado em “Vacilada”).

Geração Mimimi: Um típico Rock ‘n’ Roll cheio de energia, com boa dose de energia equilibrada com melodias simples de assimilar. O andamento embala o ouvinte, e a letra, como fica óbvio, um murro nos chatos de plantão.

De um Jeito Melhor: Aqui surge o que o Rock Brasil era por volta de 1983-1984, ou seja, uma mistura de boas melodias, agressividade na dose certa e uma nítida influência de Blues (especial nas debulhadas da guitarra).
         
De Tanque Cheio: E eis que a velha paixão do Rock surge como tema, os motorizados. Outra dose de energia intensa, com alguns arranjos lembrando AC/DC e KISS pela simplicidade e força.

Ambição Ardente: Uma das mais “Bluesy” de todo o disco, graças ao andamento mais comportado e pelos arranjos de baixo e bateria. E que belas melodias e refrão!

Máquina de Lavar: A estética noir do Jazz/Blues americano dos anos 40 surge nesse Rockão refreado, que chega a dar aquela impressão de ambiente esfumaçado dos filmes. Belos vocais e riffs de guitarra.
         
Como um Cão de Rua: ótima dose de energia, com tempos mais descompromissados, e boa mistura de melodias e agressividade. Essa é para mexer o esqueleto.

Um Dia na Vida: uma das mais empolgantes, justamente porque a acessibilidade musical aumenta, mas mantendo a estética que o trio impõe de sujeira e agressvidade. Belíssimo solo de guitarra, diga-se de passagem.

Blues das Onze: outra em que a ambientação musical vai lembrar um “pub” esfumaçado e com cheiro de bebida. E gruda nos ouvidos que é uma maravilha, cheia de arranjos de baixo e bateria simples, mas ótimos.

Vacilada: A chave de ouro do disco. Um Rock descompromissado e espontâneo, típico dos anos 80 (sem soar datado ou mofado, por favor). E é uma das últimas gravações do querido Percy Weiss, que deu uma canja nos vocais.

Em verdade, existem muitos convidados no disco inteiro, cada um dando aquele toque extra de valor ás músicas.


Conclusão:

Basicamente, “Vinte” é um disco que comemora os 20 anos de existência do grupo, mas ao mesmo tempo, que mostra que eles só estão a fim de se divertir, já que viver de música no Brasil ainda é uma utopia.

Só que, verdade seja dita, é um disco tentador e que vai fazer o ouvinte ligar a tecla “repeat”.


Nota: 88,0/100,0


De um Jeito Melhor



Spotify