Ano: 2019
Tipo: Full Length
Selo: Independente
Nacional
Tracklist:
1. Geração
Mimimi (feat. James Buris)
2. De um
Jeito Melhor
3. Palavras (feat. Helton Lobão e William Roger)
4. De Tanque
Cheio (feat. Xande Saraiva (Baranga), James Buris e Jairo Martins)
5. Ambição
Ardente (feat. James Buris)
6. Máquina de
Lavar
7. Sangue de
Barata
8. Como um
Cão de Rua (feat. Caio Durazzo e Aquiles Metalkid)
9. Um Dia na
Vida (feat. James Buris e Guto Domingues)
10. Blues das
Onze
11. Baixa a Bola
(feat. Matheus Cobianchi e Robson Bastos)
12. Vacilada (feat.
James Buris, Percy Weiss e Jairo Martins)
Banda:
Cezar Heavy -
Baixo, Vocais
Alexandre
Freitas - Guitarras
James Buris -
Bateria
Ficha
Técnica:
Alexandre
Freitas - Mixagem
Fábio
Henriques - Masterização
Contatos:
Site Oficial:
http://tubluesrock.blogspot.com
Facebook: https://www.facebook.com/TubluesROCK/
Instagram:
Assessoria:
E-mail: tubluesrock@yahoo.com.br
Texto: “Metal
Mark” Garcia
Introdução:
O Rock
brasileiro sempre foi um estilo de duas vertentes principais: aquelas mais
voltadas ao mainstream e que geraram nomes que, até os dias de hoje, são
idolatrados como suprassumo do gênero, justamente as de maior inclinação Pop; e
as mais sujas e que estiveram mais restritas ao cenário underground (raros são
os que conseguiram algum sucesso comercial, como CELSO BLUES BOY, BARÃO VERMELHO e ULTRAJE A RIGOR).
Mas o modismo
do Pop Brasil dos anos 80 passou, e muitos dos que na época eram sucesso, hoje
ou acabaram, ou vivem com o pires na mão. Aqueles que faziam algo mais raiz, em sua maioria ainda andam por
aí, mesmo com as dificuldades da vida nesse meio. Seguidor da segunda vertente, o TUBLUES de Lorena (SP) é um veterano de
vinte anos nas costas, e chega com “Vinte”, seu disco mais recente.
Análise
geral:
O trio segue
uma linha bem suja e espontânea à lá MADE
IN BRASIL, PATRULHA DO ESPAÇO, CASA DAS MÁQUINAS, e mesmo BARÃO VERMELHO e CELSO BLUES BOY (de onde vem uma boa dose de acessibilidade musical
“bluesy”), embora tenha uma aura toda própria.
A música
deles é cheia de energia, com ótimas melodias ganchudas, bom nível técnico, mas
sempre com a capacidade de se adaptar aos tempos modernos, e por isso, o
trabalho deles não soa datado. E que energia!
Arranjos/composições:
Nessa
vertente, é bom que se diga que a técnica instrumental de cada um dos
integrantes não chega a ser exigida. Não é o enfoque, pois a chave da força
deles é o conjunto, a unidade entre os instrumentos.
Como é
acessível, a música deles possui arranjos musicais bem eficazes em ternos de
entrar nos ouvidos e não sair mais, com uma ótima dinâmica dos instrumentos
musicais entre si e com os vocais.
Há ainda certo
toque “bluesy”/Pop em algumas partes (como explícito em “De um Jeito Melhor”),
mas nada de comercialismo mela-cuecas e calcinhas. É da música deles, algo que
realmente agrega valor.
Em um
trabalho tão visceral, é óbvio que não há necessidade de uma qualidade sonora
estilo “super-produção hollywoodiana”. O mais simples é o melhor para o TUBLUES, tanto que o “feeling” que
permeia esse álbum é quase que de um ensaio gravado, com todo mundo tocando
junto. Mas óbvio que se percebe o cuidado estético em cada momento.
A ambientação
orgânica do CD vem dos timbres instrumentais mais simples, sem muitos enfeites
modernos. Não seria surpresa alguma se a banda tiver gravado com os antigos
pedais...
Arte
gráfica/capa:
Simples,
direta e reta, a arte da capa é uma foto de alguém com uma caveira na mão. Algo
funcional, que manda um recado ao ouvinte: o foco aqui é a música!
Destaques
musicais:
Antes de
qualquer coisa nesse ponto, é preciso destacar que o disco transpira
honestidade. Sim, cada uma de suas 12 canções mostra isso claramente, e se
preparem, pois as músicas em si são ótimas, e alguns convidados tornam tudo
ainda melhor (inclusive o saudoso Percy
Weiss deixou seu legado em “Vacilada”).
Geração Mimimi: Um típico Rock ‘n’ Roll cheio de
energia, com boa dose de energia equilibrada com melodias simples de assimilar.
O andamento embala o ouvinte, e a letra, como fica óbvio, um murro nos chatos
de plantão.
De um Jeito Melhor: Aqui surge o que o Rock Brasil era
por volta de 1983-1984, ou seja, uma mistura de boas melodias, agressividade na
dose certa e uma nítida influência de Blues (especial nas debulhadas da
guitarra).
De Tanque Cheio: E eis que a velha paixão do Rock
surge como tema, os motorizados. Outra dose de energia intensa, com alguns
arranjos lembrando AC/DC e KISS pela simplicidade e força.
Ambição Ardente: Uma das mais “Bluesy” de todo o
disco, graças ao andamento mais comportado e pelos arranjos de baixo e bateria.
E que belas melodias e refrão!
Máquina de Lavar: A estética noir do Jazz/Blues
americano dos anos 40 surge nesse Rockão refreado, que chega a dar aquela
impressão de ambiente esfumaçado dos filmes. Belos vocais e riffs de guitarra.
Como um Cão de Rua: ótima dose de energia, com tempos
mais descompromissados, e boa mistura de melodias e agressividade. Essa é para mexer
o esqueleto.
Um Dia na Vida: uma das mais empolgantes, justamente
porque a acessibilidade musical aumenta, mas mantendo a estética que o trio
impõe de sujeira e agressvidade. Belíssimo solo de guitarra, diga-se de
passagem.
Blues das Onze: outra em que a ambientação musical
vai lembrar um “pub” esfumaçado e com cheiro de bebida. E gruda nos ouvidos que
é uma maravilha, cheia de arranjos de baixo e bateria simples, mas ótimos.
Vacilada: A chave de ouro do disco. Um Rock
descompromissado e espontâneo, típico dos anos 80 (sem soar datado ou mofado, por
favor). E é uma das últimas gravações do querido Percy Weiss, que deu uma canja nos vocais.
Em verdade,
existem muitos convidados no disco inteiro, cada um dando aquele toque extra de
valor ás músicas.
Conclusão:
Basicamente, “Vinte”
é um disco que comemora os 20 anos de existência do grupo, mas ao mesmo tempo,
que mostra que eles só estão a fim de se divertir, já que viver de música no
Brasil ainda é uma utopia.
Só que,
verdade seja dita, é um disco tentador e que vai fazer o ouvinte ligar a tecla “repeat”.
Nota: 88,0/100,0
De um Jeito
Melhor
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