terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

ALCATRAZZ - Live in Japan 1984: Complete Edition


Ano: 2019 
Tipo: Duplo CD + DVD
Selo: Shinigami Records
Nacional


Texto: “Metal Mark” Garcia


Introdução: Do final dos anos 70 até aproximadamente 1985, o Hard Rock clássico dos anos 70 (que hoje muitos denominam de Classic Rock em várias publicações) teve picos de popularidade bem elevados, alguns motivados pelo retorno do DEEP PURPLE com sua MK II em 1984, e mesmo pelo sucesso comercial que o RAINBOW teve na fase mais acessível dos discos “Difficult to Cure”, “Straight Between the Eyes” e “Bent Out of Shape”. Deste último, pode-se dizer que o crescimento popular da banda se iniciou com “Down to Earth”, disco com o vocalista inglês Graham Bonnet, que depois de passar pela banda de Ritchie Blackmore, ainda passou pelo MSG, até decidir criar o ALCATRAZZ, sua própria banda. E Graham parece ter nutrido o gosto por ter guitarristas virtuosos, pois o primeiro nome das seis cordas do grupo foi o do sueco Yngwie J. Malmsteen (com apenas 21 anos de idade, e que já havia passado pelo STEELER). Uma pena que a banda só teve dois discos lançados com a formação original, o clássico “No Parole from Rock ‘n’ Roll” de 1983, e “Live Sentence: No Parole from Rock 'n' Roll” de 1984. Isso até hoje, pois temos em mãos agora “Live in Japan 1984: Complete Edition”, um super-pacote lançado no Brasil pela Shinigami Records.

Análise geral: Sendo um disco lançado bem depois de seu tempo (antes era apenas um home video lançado exclusivamente no Japão), cujo conteúdo foi gravado no Nakano Sun Plaza em Tóquio, na apresentação do grupo em 28 de janeiro. As fitas originais foram encontradas, remixadas e remasterizadas e viraram este CD duplo que capta bem a música do quinteto: Hard Rock clássico, mostrando uma estética musical elegante e bem feita, com boas doses de peso e acessibilidade. Não chega a ser nenhuma blasfêmia em assumir que é as experiências no RAINBOW e MSG aparecem no disco, mas sempre com a visão de Graham e do virtuosismo neoclássico de Malmsteeen. Mas é injusto não falar no talento de Jimmy Waldo (teclados, que depois iria parar no VINNIE VINCENT INVASION), Gary Shea (baixo, que também iria tocar no VINNIE VINCENT INVASION), e Jan Uvena (bateria, ex-ALICE COOPER e ex-IRON BUTTERFLY), que fazem um trabalho e tanto. Aliás, que trabalho essa formação do ALCATRAZZ fazia, é de cair o queixo!

Graham Bonnet e Yngwie Malmsteen
Arranjos/composições: O nível das composições do quinteto é bem alto. Aliás, era um traço daqueles tempos se criar música em alto nível, com uma boa dinâmica entre os instrumentos e com os vocais fazendo um ótimo trabalho. Eram tempos em que não se reinventava a lâmpada, tinha-se que ter personalidade. E soando elegante e com sua devida dose de peso, as canções do ALCATRAZZ conseguem ser acessíveis a um público maior por conta das melodias bem feitas. E a influência neoclássica nas guitarras encaixou perfeitamente na proposta musical da banda.

Qualidade sonoraTalvez a qualidade sonora de “Live in Japan 1984: Complete Edition” mostre a muitos como as tecnologias digitais podem ser úteis. Todo o trabalho de recuperação, remixagem e remasterização da sonoridade original resulta em algo orgânico, com todo o “feeling” ao vivo preservado. Tudo funciona, tudo soa bem e com peso. Quem fez esse trabalho de recuperar merece um prêmio, pois ficou excelente.

Arte gráfica/capa: A apresentação de “Live in Japan 1984: Complete Edition” é muito bonita, com o foco justamente nos talentos de Graham e Yngwie, usando de fundo a bandeira estilizada do Japão. E isso em um Digipack muito bonito.

Destaques musicais: É muito difícil fazer análises profundas em um disco ao vivo, ainda mais dos tempos em que grandes shows pelo mundo inteiro eram constantes. Mas das 18 canções, não há como deixar menções honrosas à

Too Young to Die, Too Drunk to Live”: Uma canção vibrante, preenchida por uma aura Classic Rock/Hard Rock elegante e muito envolvente. Belas partes de teclados, e uma aula de interpretação dos vocais.

“Hiroshima Mon Amour”: Nela se tem aquela típica canção mais acessível, que embala o ouvinte. E se repararem, alguns prováveis espaços que poderiam estar vazios são totalmente preenchidos pelo virtuosismo das guitarras (mas desde quando isso acontece onde Malmsteen está?).

“Night Games”: sólida como uma rocha, é onde se vê um trabalho pesado de baixo e bateria. Andamentos com boa velocidade, energia e muita elegância. É uma música que veio diretamente do primeiro disco solo de Graham, “Line-Up”, de 1981.

“Island in the Sun”: Se até estava faltando uma faixa um pouco mais acessível, agora não falta mais. Um refrão grudento, belas linhas melódicas, teclados estratégicos e incursões fantásticas de guitarra.

“Kree Nakoorie”: Pesada, cadenciada e cheia de feeling, ela não nega sua vocação Hard neoclássica, e pode-se ver nela com quem Malmsteen aprendeu a valorizar os tempos mais lentos (embora as debulhadas dele sejam ótimas).

“Coming Bach”: Mais uma vez, o sentimento que preenche “Rising Force” (primeiro disco da empreitada própria de Yngwie) aparece, pois toda a expressividade e influência da música clássica surgem nesse solo de guitarra dele.

“Since You Been Gone”: Aqui temos uma versão para a velha canção do ARGENT, a mesma canção que foi um sucesso na época de Graham no RAINBOW. Ótimo refrão, vocais justíssimos e teclados dando aquele toque de elegância que conhecemos.

Até aqui, só músicas do CD 1. O CD 2 tem algumas belas surpresas.

“Desert Song”: Um Hard pesado e instigante, com aquela marca típica de bandas dos anos 70, além de certo “q” de Hard alemão (o que não é de se estranhar, já que é uma canção do MSG). E é muito interessante ver Yngwie tocando (à moda dele, óbvio), linhas de Michael Schenker.

“Jet to Jet”: Mais uma com um jeito puramente Hard Rock dos anos 70, carregando muita influência tanto do DEEP PURPLE (por conta das linhas de teclados) como do RAINBOW (por conta do trabalho de baixo e bateria), mas o destaque é mesmo do solo de guitarra.

“Evil Eye”: Embora com um trabalho de seis cordas de tirar o fôlego, é uma instrumental onde a banda inteira se mostra muito bem, até mesmo com virtuosismo.

“All Night Long”: Mais uma do RAINBOW, onde o público participa bastante durante o refrão. É uma canção com muita acessibilidade musical, o que não é um pecado, mas justamente o ponto forte da mesma. E que vocais!

“Lost in Hollywood”: A Terceira (e última) canção do RAINBOW do show, essa já do jeito mais clássico da antiga banda de Graham, embora com um acento melodioso mais simples.

DVD: Todas as 18 músicas estão presentes no DVD, que mostram as mesmas qualidade sonoras citadas na resenha.

Conclusão: Pode-se atestar que “Live in Japan 1984: Complete Edition” mostra o quanto a dupla Bonnet/Malmsteen era promissora, mas o último resolveu investir em sua própria banda (que carregava enorme influência do que o ALCATRAZZ havia feito), o primeiro ainda tentou algo com Steve Vai, depois com Danny Johnson, até que a banda encerrou suas atividades em 1988. Mas este ao vivo é um testemunho de uma era de ouro para o Rock e o Heavy Metal, e agora, está acessível a todos, e o show inteiro.

Nota: 100%

Hiroshima Mon Amourhttps://www.youtube.com/watch?v=McMSyvKBLDU



Tracklist:

CD 1:

1. Opening
2. Too Young to Die, Too Drunk to Live
3. Hiroshima Mon Amour
4. Night Games
5. Big Foot
6. Island in the Sun
7. Kree Nakoorie
8. Coming Bach
9. Since You Been Gone
10. Suffer Me

CD 2:

11. Desert Song
12. Jet to Jet
13. Evil Eye
14. Guitar Crush
15. All Night Long
16. Lost In Hollywood
17. Kojo No Tsuki
18. Something Else


DVD:

1. Opening
2. Too Young to Die, Too Drunk to Live
3. Hiroshima Mon Amour
4. Night Games
5. Big Foot
6. Island in the Sun
7. Kree Nakoorie
8. Coming Bach
9. Since You Been Gone
10. Suffer Me
11. Desert Song
12. Jet to Jet
13. Evil Eye
14. Guitar Crush
15. All Night Long
16. Lost In Hollywood
17. Kojo No Tsuki
18. Something Else


Banda:


Graham Bonnet - Vocais
Yngwie J. Malmsteen - Guitarras
Jimmy Waldo - Teclados
Gary Shea - Baixo
Jan Uvena - Bateria


Ficha Técnica:


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