segunda-feira, 22 de outubro de 2018

MASK OF SEMBLANT - Dead Tales


Ano: 2018
Tipo: Full Length
Selo: Socoloski Recordings
Nacional


Tracklist:

1.      Twilight of Mankind
2.      The Red Domain
3.      Witch
4.      Dying Star
5.      Cease to Exist
6.      Arcane Progeny


Banda:


Anticrist - Vocais
War - Guitarras
Famine - Guitarras
Plague - Baixo
Death - Bateria


Ficha Técnica:


Contatos:

Assessoria:

Texto: “Metal Mark” Garcia


O chamado Rock Teatral deixou profundas marcas no Metal, e podemos dizer que muito de sua apresentação chocante pode ser vista em todas as vertentes do estilo. Não é de estranhar que, vez por outra, isso seja levado às últimas consequências. Infelizmente, muitos usam do recurso para encobrir a falta de criatividade musical, o que não é o caso do MASK OF SEMBLANT, quinteto de Florianópolis, que retorna com seu segundo “release”: o EP “Dead Tales”.

Em relação ao que se houve no trabalho anterior (o EP “Existance”, de 2017), a banda mostra amadurecimento. O Melodic/Progressive Death Metal do grupo (que tem “inserts” de Black Metal aqui e ali) continua agressivo até os ossos, mas agora, as melodias ficaram melhor definidas, bem como tudo soa coeso, cheio de peso e energia, além de elementos que encaixaram como uma luva (em especial os vocais limpos, um recurso que estão usando cada vez melhor). Ou seja, por trás das roupas, máscaras e anonimato, existem mentes pensantes capazes de criar música de alto nível. E digamos de passagem: se eu não fosse dito que são do Brasil, o ouvinte teria a impressão de estar ouvindo um grupo gringo, com certeza.

A produção do EP acertou a mão, sabendo dar uma sonoridade bem equilibrada a uma identidade musical tão diversificada e cheia de contrastes. Tudo soa limpo e bem definido, mas ao mesmo tempo, quando o grupo resolve pegar pesado e agressivo, nada se altera no equilíbrio de peso, agressividade e limpeza, e ainda conseguem manter as melodias bem claras (graças aos timbres usados nos instrumentos musicais).

O amadurecimento que o quinteto mostra depois de um ano é bem grande, pois como os arranjos musicais evoluíram. Agora, tudo se encaixa com maestria, tudo funciona, e mesmo com um estilo que não é lá muito novo, eles conseguem impressionar o ouvinte. E como o disco nos seduz conforme nossos sentidos vão sendo despertados.

Embora não esteja listado, existem muitos momentos em que teclados sinistros dão uma ambientação soturna às canções. Usando de um andamento mais refreado, belos arranjos nas guitarras e nos teclados, mais contrastes entre vozes urradas e tons limpos, temos “Twilight of Mankind” (que tem um toque de melancolia bem evidente), seguida da esmaga crânios “The Red Domain”, onde o andamento continua lento, mas com uma pegada empolgante e boa técnica na base baixo-bateria. Abrasiva e intensa é “Witch”, recheada por vocais insanos e alguns arranjos musicais de estilos mais modernos de Metal (fora belos solos e timbres limpos de voz), mesmos elementos de “Dying Star”. Em “Cease to Exist”, também temos algumas referências a gêneros mais modernos graças às guitarras despejando riffs distorcidos em afinação mais baixa, além de momentos bem climáticos e melancólicos. E fechando o EP, vem a trituradora de ossos “Arcane Progeny” e seu jeito criado sobre contrastes de partes brutais e outras mais melodiosas.

Definitivamente, o MASK OF SEMBLANT já deveria começar a pensar em gravar um “full length”. Mas até lá, “Dead Tales” é um ótimo aperitivo.

Nota: 93%

HEATHEN FORAY - Armored Bards


Ano: 2018
Tipo: Full Length
Selo: Independente
Importado


Tracklist:

1. Armored Bards
2. The Blight
3. Bifrost
4. Ascension
5. Messenger of God
6. Endless Sorrow
7. A Brother’s Tale
8. Walls of Vienna
9. Hopfen & Malz
10. Carthage’s End


Banda:


Robert Schroll - Vocais
Jürgen Brüder - Guitarras
Zhuan - Guitarras
Markus “Max” Wildinger - Baixo
Franz Löchinger - Bateria


Ficha Técnica:

Tom Brugger - Produção
Riyhahd Cassiem - Arte da capa


Contatos:

Site Oficial: www.heathenforay.com
Assessoria: http://metalmessage.de (Metalmessage)

Texto: “Metal Mark” Garcia


Desde que o Pagan Metal começou a crescer como leque dos mais variados estilos de Metal, muitos grupos começaram a alcançar grande sucesso comercial pelo mundo todo. Mas o que poucos percebem é que existe muito mais em termos de estilo, o Pagan Metal possui nomes ótimos escondidos no underground, tão bons quanto os mais conhecidos. E diretamente da Áustria vem o quinteto HEATHEN FORAY, que brinda os fãs do gênero com este relançamento de “Armored Bards”.

O disco é, originalmente, de 2010, sendo precedido por mais dois lançamentos (os álbuns “Inner Force” de 2013, e “Into Battle” de 2015). É fato que o grupo faz o que chamamos de Melodic Death Metal em uma linha similar ao AMON AMARTH, divergindo apenas que os austríacos preferem explorar ainda mais profundamente tanto elementos pagãos quanto criar melodias de primeira (e que são de fácil assimilação, e que muitas vezes mergulham no Power Metal). É bruto, mas que realmente transpiram uma ambientação pagã maravilhosa. E que energia flui desse disco, algo realmente empolgante!

“Armored Bards” mostra uma produção que realmente consegue aliar todos os elementos de sua música de forma satisfatória, além de manter um nível de clareza muito bom. Tudo pode ser compreendido sem esforços, mas ao mesmo tempo, buscou-se não deixar a banda sem sua devida dose de agressividade, pois a timbragem dos instrumentos foi escolhida de uma maneira em que o grupo consiga soar limpo, mas com todas as características de sua música expostas.

Podemos aferir que “Armored Bards” mostra uma banda que ainda está se desenvolvendo, mas já mostrando a que vem. A capacidade da banda de mudar de ritmos, sempre com ótimas guitarras e vocais urrados é de primeira, e o trabalho em cima das melodias ficou ótimo. Os arranjos mostram que eles podem almejar voos mais altos que muitos sequer acreditam serem possíveis. Sim, é uma banda que realmente pode subir para o primeiro time no futuro!

Todas as faixas do disco são ótimas, mas por mera referência ao leitor, destacam-se a força agressiva e melódica de Armored Bards” (ótimas guitarras, com temas e riffs de primeira), o andamento em tempos medianos de “The Blight” (essa já tem um leve acento de melancolia, com um trabalho ótimo de baixo e bateria mais uma vez), as linhas harmônicas cheias de belos arranjos de “Bifrost” (reparem nos solos de guitarra), a brutalidade azeda de “Ascension” e de “Endless Sorrow” (ambas com ótimos vocais urrados), e a ótima “Carthage’s End”, que é sinuosa e cheia de passagens que beiram o Heavy/Power Metal alemão em muitos momentos.

O HEATHEN FORAY é uma ótima banda, e o relançamento de “Armored Bards” é um ótimo presságio para o disco novo do quinteto, que deve estar sendo lançado ainda este ano.

Em tempo: posteriormente, o guitarrista Zhuan deu espaço a Alex Wildinger, e o baterista Franz Löchinger cedeu a vez para Markus “Puma” Kürgel.

Nota: 95%

OMEGA POINT - Isolation


Ano: 2018
Tipo: Full Length
Selo: Independente
Importado


Tracklist:

1. The Last Light
2. Cold Embrace
3. My Empty Grave
4. Eye of the Storm
5. Path to Eternity
6. All the Same
7. Isolation


Banda:


Ristridi - Guitarras, baixo


Ficha Técnica:

Jonathan Rittirsch - Vocais
Maximilian Birkl - Letras
Chris Dovas - Bateria
Ristridi - Produção, mixagem, masterização


Contatos:

Assessoria: http://metalmessage.de (Metalmessage)

Texto: “Metal Mark” Garcia


Desde que o Black Metal ressurgiu no underground europeu no início dos anos 90, duas características chamavam a atenção: a diversidade musical que o estilo ganhara, e a quantidade de projetos paralelos de músicos de várias bandas. No fundo, ambas eram frutos de um processo evolutivo, e que até hoje são vistas com frequência dentro do gênero. Por isso, não é de se estranhar um trabalho como o do OMEGA POINT, da Alemanha, mostre tais fatores de forma tão evidentes em “Isolation”, seu segundo disco.

No caso, o OMEGA POINT é um projeto do guitarrista Ristridi (Michael Wöss), que é focado em um Progressive Black Metal eclético e cheio de influências musicais vindas de outros gêneros do Metal. Nessa empreitada, ele tem o talento do baterista norte-americano Chris Dovas (do grupo de Symphonic Metal SEVEN SPIRES), do baixista Maximilian Birkl e do vocalista Jonathan Rittirsch (que cantou no primeiro disco do grupo, “The Descent”, mas que neste assumiu todos os vocais).

Basicamente, o trabalho do quarteto se assemelha um pouco os trabalhos do VINTERSORG, só que mais voltado ao Black Metal. Mas ao mesmo tempo, se percebem linhas melódicas bem trabalhadas e carregadas de feeling. Embora sem rebuscar exageradamente na técnica (o que comprometeria a acessibilidade de suas canções), os músicos do OMEGA POINT mostram ótimo domínio de seus instrumentos, mas apenas para dar camadas musicais criativas a cada canção. A energia é cativante, além das melodias serem ótimas.  

No que tange à produção, o trabalho de Ristridi é muito bom. Sabendo equilibrar agressividade e melodias nas devidas proporções, tudo soa claro e com a típica timbragem que se espera do Black Metal, mas bem feita, fugindo da “estética do feio” que predomina em bandas que buscam algo mais primordial. Pesado, bruto e melodioso, mas com um nível de clareza ótimo.

Nas sete canções de “Isolation” se percebe a maturidade de um grupo que realmente sabe transformar o potencial musical que possui em algo de alto nível. Melodias bem compostas se aliam a arranjos musicais muito bons. Tudo funciona como um relógio, sem ser excessivo ou faltar algo em meio a tantas camadas musicais inspiradas.

Todas as canções de “Isolation” são ótimas, mas destacam-se a brutal e melancólica The Last Light” com seu andamento veloz e intervenções de vocais limpos em meio à uma saraivada de riffs insanos; as mudanças de tempo e pegada melodiosa de “Cold Embrace” (a técnica de baixo e bateria está ótima) e em “My Empty Grave”; o jeito melodioso “Old School” de “Path to Eternity” (os vocais realmente se diferenciam bastante da maioria das bandas do gênero) e de “Isolation”.

Um grupo muito bom e promissor, mesmo sendo um projeto. Logo, esperamos que o OMEGA POINT continue sua luta, pois o que se ouve em “Isolation” é algo de alto nível.

Nota: 92%

LIVING LOUDER - Corsair



Ano: 2018
Tipo: Full Length
Selo: LLMUSIC
Nacional


Tracklist:

1. Corsair
2. Deliver Us from Evil
3. An Ace up my Sleeve
4. Sweet Spot
5. My Private Wallowtown
6. Half a Mind
7. Life Row
8. Raw Meat
9. Shoot to Kill Me
10. Running Errands With Mr. D


Banda:


Ricardo Cagliari - Vocais, guitarras e violões
Eduardo Assef - Baixo, baixo fretless
Gustavo Gomes - Bateria, percussão


Ficha Técnica:


Contatos:

Assessoria:

Texto: “Metal Mark” Garcia


Muitos grupos estão surgindo agora devido à tendência “back to the past” na linha dos anos 60 e 70. Muitos têm péssimas experiências, pois rebuscar o passado pode ser tão ou mais difícil que tentar criar algo inédito. Mas existem aqueles que fazem a diferença, pois nos brindam com algo elegante e requintado, e de tanto bom gosto que é impossível não gostar. E é o caso do trio LIVING LOUDER, que nos chega com o seu segundo disco, “Corsair”, uma autêntica lição de como se faz a coisa com personalidade.

De uma forma bem simples, o disco nos mostra um Heavy Metal/Classic Rock bem orgânico e na veia de nomes como DEEP PURPLE e BLACK SABBATH e outros, mas com uma aura vinda direta do Southern Rock à lá ALLMAN BROTHERS BAND, mais a energia crua do AC/DC, e outras influências diversificadas que criam algo cheio de energia, mas espontâneo e que tem aquele jeitão elegante e denso dos anos 70. Mas não pensem que soa datado, nem de longe é assim: existe uma estética atualizada que salta aos olhos, além de melodias de fácil assimilação que grudam em nossos ouvidos e mentes. Além disso, o nível técnico da banda é muito bom, embora evitem exageros que destoariam de sua proposta musical.

Simplificando em poucas palavras, “Corsair” é o típico discão que ouvimos e não esquecemos mais.

A produção é de muito boa qualidade, pois a impressão que temos é de algo “plug ‘n’ play”, ou seja, que a banda entrou no estúdio, plugou os instrumentos em amplificadores valvulados, regulou como queriam e mandou sem se preocuparem com mais nada. Dessa forma, a qualidade transparece algo orgânico, mas se percebe que a estética usada não foi aquela em que se emula o que foi feito no passado. Longe disso, o trabalho soa atual, bem feito, mas com aquele toque sujo essencial. Até a arte da capa, imitando detalhes de uma capa de disco de vinil, ficou ótima, paralela à proposta musical do grupo.

De forma clássica, o Classic Rock/Metal do LIVING LOUDER vai sendo exibido em cada canção de “Corsair”, e se percebe que o talento do trio é latente. Sim, pois não é algo forçado, mas que flui deles de forma bem natural, que vem do coração. Os arranjos são de uma sedução enorme, se encaixando uns nos outros perfeitamente (reparem nos “slides” bem pensados em “Deliver Us From Evil” para terem uma ideia). Alto, sujo na proporção certa e tecendo linhas melódicas de primeira, é impossível não ficar grudado nesse disco!

“Corsair” mostra uma enorme espontaneidade e um andamento mezzo Metal, mezzo Southern Rock, adornado com ótimas guitarras. Já exibindo um “feeling” pesado e denso, “Deliver us From Evil” é cheia de melodias charmosas e um refrão de primeira (sem contar o trabalho peso-pesado de baixo e bateria). Mostrando uma aura Blues/Rock à lá DEEP PURPLE, temos “An Ace up my Sleeve”, outra boa mostra da técnica da banda (em especial nos riffs de guitarra e backing vocals). Mais solta e com boa dose de Pop Rock setentista, temos “Sweet Spot”, um dos momentos mais acessíveis do disco, onde se percebe que o vocal usa um belo “set” de timbres. “My Private Wallowtown” dá sequência aos momentos de maior facilidade, mas já usando arranjos mais voltados ao Hard Rock clássico, além de mostrar arranjos mais simples. Com um peso mais Country Rock/Southern clássico, temos “Half a Mind”, onde as melodias dos riffs surgem de forma bem espontânea (mas reparem no uso de violões no início). Outra que nos trás o clima Blues/Southern é “Life Row”, com sua pegada cheia de energia crua, além de baixo e bateria mostrarem peso e técnica. “Raw Meat” é daquelas que se ouve e não se esquece mais, justamente pelo uso de uma estética mais simples, mas com um trabalho técnico ótimo das guitarras. E “Shoot to Kill Me” e “Running Errands With Mr. D” são típicos rockões que chegam fechando o disco com chave de ouro, ambas exibindo excelente dinâmica entre os instrumentos musicais e vocais.

Óbvio que o LIVING LOUDER pode fazer ainda melhor, fica claro que “Corsair” mostra que eles têm muita lenha para queimar. Mas também é evidente que eles fazem bem mais bonito que 70% das bandas gringas do estilo.

Ah, você duvida? Ouça  disco, e boa viagem!

Nota: 91%