terça-feira, 5 de junho de 2018

ISSOS - The Leader of Us


Ano: 2018
Tipo: EP
Selo: Independente
Nacional


Tracklist:

1. The Leader of Us
2. Dungeons and Chains
3. Lies


Banda:


Head - Vocais
Pato - Guitarra solo
Kyo - Guitarra base, backing vocals
Madruga - Baixo
Gafanhoto - Bateria


Contatos:

Assessoria:

Texto: Marcos Garcia


A violência para todos os lados e o descaso de políticos de todas as esferas governamentais são elementos que parecem fertilizar certas regiões para o surgimento de bandas de Metal. E a Baixada Fluminense, notória por conta da alta criminalidade e total ausência do poder público (seja dos municípios, do estado do RJ ou do próprio governo Federal), sempre revelou nomes muito bons. E herdando esse encargo temos o quinteto ISSOS, de São João de Meriti, que vem para chocar e afrontar a tudo e todos com seu primeiro trabalho, o EP “The Leader of Us”.

Agressivo e brutal, o quinteto mistura várias influências musicais diferentes para criar seu som altamente abrasivo e azedo. Poderíamos definir de forma superficial que eles fazem uma mistura entre Thrash Metal e Groove Metal, mais uma energia e elementos modernos do Hardcore, e uma dose muito bem vinda de melodia nas partes de guitarra (especialmente nos solos). E o grupo mostra um impacto sonoro destruidor, capaz de causar moshpits intensos e violentos.

Basicamente, o ISSOS mostra personalidade e disposição para ocupar seu lugar ao Sol.

Em termos de qualidade sonora, a produção de “The Leader of Us” é bem caprichada, mantendo um ótimo nível de clareza instrumental (reparem como se pode entender cada instrumento separadamente), mas como a mão pesou em termos de brutalidade. Sim, as músicas chegam a oprimir os tímpanos menos acostumados, mas é um deleite para os fãs. E a capa deixa claro a que o grupo vem em termos de letra: cuspir na cara do poder político!

Essa fusão da agressividade moderna e incontida da essência deles com ótimas melodias dão uma personalidade diferenciada a trabalho do ISSOS. E como eles sabem arranjar bem suas composições sem que elas percam a energia ou a espontaneidade. Tudo soa em seu devido lugar.

Em “The Leader of Us”, temos toda aquela carga pesada e azeda do Groove Metal com algum swing latino, algo que se sente claramente em “Chaos A.D.”, uma canção que atingirá como uma bomba fãs de Metal moderno, com vocais urrados de primeira. Apesar da modernidade, a estruturação melódica e mesmo complexa de “Dungeons and Chains” vai levar os fãs ao Metal norte-americano dos anos 90, mostrando boas mudanças de ritmo (o que mostra o quanto baixo e bateria são talentosos). E “Lies” tem um jeitão de Thrash Metal moderno, com boas doses de groove para encorpar as linhas melódicas, com lindos solos de guitarra.

O ISSOS realmente possui muito talento, e “The Leader of Us” os credencia como uma das grandes revelações do underground carioca.

Nota: 87%

DUST COMMANDO - Between Chaos and Grace


Ano: 2015
Tipo: EP
Selo: XMetal EmpireX
Nacional


Tracklist:

1. Spår
3. Outsider
3. No Grudge
4. POTUS
5. Edema


Banda:


Thiago Rabuske - Vocais, guitarras
João Vitor Martins - Guitarras
Gabriel Garcia - Baixo
Felipe Silva - Bateria, vocais


Contatos:

Assessoria: http://heavyandhellpress.com.br/ (Heavy and Hell Press)

Texto: Marcos Garcia


Uma das coisas mais fascinantes sobre as bandas de Metal brasileiro é a capacidade de colocarem algo diferenciado em gêneros do estilo que já possuem qualidades bem definidas. Parece que a latinidade do brasileiro torna tudo bem mais interessante. Reparem que o DUST COMMANDO, de Taquari (RS), mostra isso claramente em seu EP de estreia, “Between Chaos and Grace”.

Dizer que eles praticam Stoner Metal/Rock à lá MONSTER MAGNET é ser muito simplista, pois a influência de Groove Metal, Hard Rock clássico e mesmo algumas pitadas de Thrash Metal (em alguns riffs) é bem evidente. O grupo destoa bastante de seus similares estrangeiros pela diversidade de influências musicais, além de uma preocupação estética com as melodias em uma forma muito boa. Mas cuidado, pois a agressividade musical do grupo também é explícita, com muita acidez para todos os lados.

Sim, “Between Chaos and Grace” é uma ótima pedida.

A produção do EP é ríspida, com uma crueza que deixa as canções do grupo soando muito agressivas. Mas ao mesmo tempo, com esses timbres gordurosos que eles usam, percebe-se que houve uma mentalidade de soar cru, mas inteligível aos ouvidos dos fãs. Há aquela preocupação em ser fiel à essência musical da banda, mas de forma que os que ouvirem a compreendam em sua totalidade (o que já os diferencia de uma multidão de bandas Stoner Rock, que buscam gravações porcas com a desculpa de soarem cruas). E a arte da capa também destoa, pois ao invés de imagens psicodélicas, algo mais bem feito e de conteúdo explicitamente crítico.

O DUST COMMANDO é uma banda de enorme potencial musical, pois sabe o que está fazendo. Mantendo uma boa diversidade de influências musicais, o trabalho ganha em termos de arranjos musicais diferentes. É sujo e bem azedo, mas com uma música não muito engessada, ou seja, dura e orientada por uma fórmula pré-existente. Aqui, tudo soa cheio de energia e espontaneidade.

“Between Chaos and Grace” possui 5 canções capazes de seduzir qualquer fã de Metal de bom gosto.

“Spår” é uma instrumental que introduz o disco de forma bem azeda, preparando o ouvinte para o groove abrasivo e intenso de “Outsider” (que tem um swing muito bom, algo solto e cheio de ótimas guitarras). Seguindo, alternando entre momentos agressivos e outros mais introspectivos e densos (onde se percebe a boa técnica de baixo e bateria), temos “No Grudge”. Em “POTUS” (faixa do vídeo de divulgação) se percebe aquela energia “sabbathíca” lá dos primeiros discos, mais uma vez usando o recurso de partes mais lentas e melódicas (que lembram um pouco SOUNDGARDEN na sua época de maior crueza) com outras bem agressivas, e com os vocais usando bons timbres em ambas. E com uma pegada mais lenta e extremamente abrasiva (mas altamente ganchuda), temos a longa “Edema”, que mostra a potencialidade do grupo de maneira explícita, pois esse jeito jazzístico “noir” das partes mais lentas e melodiosas, enquanto muito feeling sujo e distorcido rege as partes mais agressivas (e que solos de guitarra legais).

O grupo tem todo potencial do mundo, e aparando umas arestas (a qualidade sonora pode melhorar, verdade seja dita), ninguém segura o DUST COMMANDO, pois tem um som bem único em termos de Brasil.

Ah, sim: o EP pode ser ouvido integralmente na página do grupo no Soundcloud.

Nota: 84%

MX - A Circus Called Brazil


Ano: 2018
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1. Fleeing Terror
2. Murders
3. Mission
4. Lucky
5. Cure and Disease
6. Toy Soldier
7. Keep Yourself Alive
8. Marching Over Lies
9. Apocalypse Watch
10. A Circus Called Brazil


Banda:


Alexandre da Cunha - Bateria, vocais
Décio Frignani - Guitarras
Alexandre “Dumbo” - Guitarras, backing vocals
“Morto” - Baixo, guitarras, backing vocals


Contatos:

Site Oficial: http://bandamx.com.br
Assessoria: https://www.facebook.com/lpmetalpress/ (LP Metal Press)

Texto: Marcos Garcia


Muitas vezes se pergunta a motivação para a vocação barulhenta (no bom sentido) do Metal brasileiro. No fundo, a resposta é bem simples: os estilos extremos andavam em voga em meados dos anos 80, quando a cena brasileira começou uma produção massiva de trabalhos musicais. Demos, EPs, álbuns... Enfim, tudo que podia ser feito, estava sendo feito em termos das vertentes extremas (embora as bandas de Metal mais melodioso também tivesse seu espaço garantido). Óbvio que a seleção natural fez sua parte, e muitos dos sobreviventes mostravam a que vinham. E um dos nomes mais celebrados lá por 1987 e 1988 era o do quarteto MX, de Santo André, cuja força de sua música era realmente impactante.

Mas a que vem esse grupo veterano com “A Circus Called Brazil”, após 18 sem lançarem nada de inédito?

Bem, a verdade é que a maturidade fez com o quarteto algo similar à agua de rios em rochas que estão em seu leito: foram modelando o grupo, aparando arestas e colocando-os como uma potência do Thrash Metal brasileiro. O MX sabe não só criar músicas agressivas e com boas melodias, linhas harmônicas bem definidas, mas os refrães e backing vocals de suas músicas são sempre construídos de forma que entram nos ouvidos e não saem mais, uma das características mais seminais do grupo. Óbvio que o disco mostra a veia musical que nos remete a “Simoniacal” e “Mental Slavery”, apenas mais encorpado e amadurecido pelo tempo.

Ah, se o disco é bom?

Meus caros: “A Circus Called Brazil” é um discão, um murro bem dado nos tímpanos!

Em termos de sonoridade, o disco mostra timbres muito bons, com bom equilíbrio entre agressividade musical e limpeza. Fica óbvio que a escolha da sonoridade mais seca e bem delineada visa dar ao ouvinte a clara noção do que a banda está tocando, além de soar não tão rígida e moderna assim (mesmo porque estamos falando de uma banda da Velha Guarda), ou seja, em busca de algo mais cru e direto, sem muitas firulas.

A arte como é uma característica do grupo, mostra uma fina dose de ironia: política, religião e militarismo em uma ciranda de corrupção, onde o palhaço do circo é o povo, não importando orientação política. E o povo faz parte da ciranda, mostrando-se culpado de tudo de ruim que se faz nesse circo chamado Brasil.

No disco, o MX se mostra transitando entre um enfoque mais atual de sua música com características seminais que nos remetem aos clássicos da banda mencionados acima. A música do grupo soa cheia de vida, vigorosa e agressiva, um murro no conformismo musical de muitos. E é moshpit certo, um disco para se ouvir com o volume das alturas e punir aqueles vizinhos chatos que enchem os ouvidos alheios com estilo musicais populares (e lixosos).

Composto de 10 torpedos, “A Circus Called Brazil” vem para mostrar que eles não estão de brincadeiras.

Se destacam a ótima e rápida “Fleeing Terror” com suas guitarras excelentes de primeira (e certo toque de groove nas partes mais lentas), a azeda e sinuosa “Murders” (com sua mistura entre tempos mais velozes e outros nem tanto, mostrando boas partes de baixo e bateria), a mais cadenciada e densa “Mission” (tem certo acento moderno, mas com vocais com timbres mais rasgados de primeira), o murro sem dó nos ouvidos de “Lucky” (ótimas partes de guitarras, backing vocals insanos, e uma energia empolgante que irá causar moshpits), a técnica e opressiva “Cure and Disease” com seu ritmo mais lento, a mais “Old Days” “Keep Yourself Alive” (os andamentos nos remetem mesmo aos tempos de “Mental Slavery”, com um trabalho técnico ótimo da base rítmica), e o peso massivo e agressividade que fluem de “A Circus Called Brazil” (conduções em dois bumbos de acertadamente colocadas, além de ser bem diversificada musicalmente e ter algumas partes em que o timbre dos vocais ficam bem próximos dos de João Gordo).

Óbvio que a situação do país realmente está crítica, e o MX vem para mostrar em “A Circus Called Brazil” o que está acontecendo por aqui. Mas a envoltória musical que eles compuseram realmente é excelente!

E a versão física é da Shinigami Records!

Nota: 92%