segunda-feira, 2 de abril de 2018

EPICA - The Solace System


Ano: 2018
Tipo: Extended Play (EP)
Nacional


Tracklist:

1. The Solace System
2. Fight Your Demons
3. Architect of Light
4. Wheel of Destiny
5. Immortal Melancholy
6. Decoded Poetry


Banda:


Simone Simons - Vocais
Mark Jansen - Guitarra base, vocais agressivos
Isaac Delahaye - Guitarras
Rob van der Loo - Baixo
Coen Janssen - Sintetizadores, pianos
Ariën van Weesenbeek - Bateria, vocais agressivos


Ficha Técnica:

Epica - Produção
Joost van den Broek - Produção, gravação, mixagem, masterização
Jacob Hansen - Gravação, mixagem, masterização
Stefan Heilemann - Arte
Marcela Bovio - Backing vocals
Linda Janssen - Backing vocals
Joost van den Broek - Samples
Kamerkoor Pa’dam - Vocais (corais)
Brent Langerak - Cítara


Contatos:

Site Oficial: http://www.epica.nl/
Bandcamp:
Assessoria:

E-mail:

Texto: Marcos Garcia


Existem bandas que fazem trabalhos ótimos, mas sempre existe aquele músico que acaba sendo “a cara” do grupo. Muitas vezes, não é apenas uma questão de talento, mas da fusão deste com uma dose bem grande de carisma. E isso, a cantora Simone Simons sempre teve em grandes quantidades. Talvez seja isso um dos diferenciais que chamam a atenção de tantos para o EPICA, o que não desvaloriza em nada o trabalho do sexteto. E eis que a Shinigami Records, em sua parceria com a Nuclear Blast Brasil, nos concede a versão nacional do EP “The Solace System”, mais recente trabalho dos holandeses.

As músicas do EP são sobras de “The Holographic Principle”, ou seja, músicas compostas e gravadas para ele, mas que ficaram de fora. Mas mesmo assim, se percebe o EPICA com uma vibração enorme em sua visão pessoal de se fazer Symphonic Metal. Óbvio que temos ótimas orquestrações, usando instrumentos musicais que já não são tão alienígenas ao Metal (violinos, violoncelos, trompetes, flautas, trombones, entre outros) de um jeito todo do sexteto. E as influências de gêneros agressivos de Metal continuam permeando o EP, mas sempre visando criar contrastes ótimos entre o suave e o extremo, como nos urros que surgem entre partes de vocais femininos suaves e corais grandiosos.

Simplificando: se as canções “The Solace System” são sobras, a grupo aparenta ainda ter algo guardado para nos surpreender!

Em um disco com tanta personalidade, é preciso ter uma qualidade sonora de alto nível. E assim o é, pois a produção foi caprichada, colocando as doses certas de clareza, peso e melodias evidenciadas. E digamos de passagem: colocar essa vasta fauna de instrumentos musicais juntas não é um trabalho lá muito fácil de ser feito. Mas o resultado final é excelente, e fala por si.

No tocante à arte gráfica, mais uma vez temos uma capa belíssima, com um encarte muito bem diagramado, cheio de gravuras, mas sempre permitindo que letras e informações técnicas fiquem legíveis.

O Symphonic Metal é um gênero bem desgastado, mas que os holandeses sempre dão uma revitalizada com seu jeito pessoal de fazer música. Tudo muito bem arranjado, com cada momento encaixando no outro como se fossem peças de um quebra-cabeças montado com extrema calma. Nada é excessivo ou está faltando, tudo bem equilibrado.

“The Solace System” abre o EP, com melodias ótimas, que são embelezadas por orquestrações grandiosas, onde os vocais femininos principais se destacam bastante (especialmente quando os urros agressivos contrastam com eles). Na positiva e melodiosa “Fight Your Demons” se percebe uma evidência de elementos mais agressivos, embora todas as harmonias sinfônicas estejam excelentes (especialmente os corais), mesmos elementos que permeiam as linhas melódicas de “Architect of Light” (os riffs estão ótimos, com momentos mais agressivos e outros mais envolventes). Um pouco mais ríspida é “Wheel of Destiny”, com suas variações rítmicas interessantes (o que nos mostra a boa técnica de baixo e bateria), mas sempre guiadas por uma fundamentação harmônica muito boa. A introspecção de “Immortal Melancholy” dá ênfase aos violinos e cordas acústicas, mostrando como os vocais de Simone são versáteis. E com um “approach” extremo, temos “Decoded Poetry”, que fecha o EP, com melodias muito bem pensadas e que deixa no ouvinte a sensação de “quero mais”.

O EPICA mostra-se em “The Solace System” longe de ser um coadjuvante em termos de Symphonic Metal, mas que é um dos grandes nomes do gênero.

Um EP muito bom, verdade seja dita!
  
Nota: 87%



VULCANO - Live III - From Headbangers to Headbangers


Ano: 2018
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

CD 1:

1. The Man, The Key, The Beast
2. Church at a Crossroad
3. Witches Sabbath
4. The Signals
5. The Evil Always Return
6. The Gates of Iron
7. Propaganda and Terror
8. Thunder Metal
9. I’m Back Again
10. Awash in Blood
11. The Tenth Writing
12. Welcome to the Army

CD 2:

1. Red Death
2. Total Destruição
3. Guerreiros de Satã
4. Legiões Satanicas
5. Dominions of Death
6. Spirits of Evil
7. Ready to Explode
8. Holocaust
9. Incubus
10. Death Metal
11. Bloody Vengeance


Banda:


Luiz Carlos Louzada - Vocais
Zhema Rodero - Guitarras
Gerson Fajardo - Guitarras
Carlos Diaz - Baixo
Arthur “Von Barbarian” - Bateria


Ficha Técnica:

Ivan Pellicciotti - Mixagem, masterização
André “Cigano” Martins - Artwork
Marcelo Vasco - Design


Contatos:

Twitter:
Instagram:
Assessoria: http://www.sanguefrioproducoes.com/artistas/VULCANO/20 (Sangue Frio Produções)


Texto: Marcos Garcia


Em 1985, um dos discos mais clássicos do Metal extremo brasileiro, chamado simplesmente de “Live!”, revelou ao mundo o poder musical do VULCANO, quinteto brasileiro de Santos (SP). Um ano depois, viria o primeiro álbum de estúdio, “Bloody Vengeance”, que se tornaria um referencial para bandas de Thrash/Death/Black Metal nos anos que viriam. E agora, 33 anos depois de “Live!” e 32 anos após “Bloody Vengeance”, a Heavy Metal Rock coloca no mercado “Live III - From Headbangers to Headbangers”, duplo ao vivo que vem coroar o ótimo momento do grupo.

Gravado ao em 21/10/2017 na comemoração dos 34 anos da loja Heavy Metal Rock e 35 anos da banda (sim, a parceria entre eles é longa), este disco mostra como o VULCANO atual ainda tem poder de fogo ao vivo de tantos anos. O Thrash/Black Metal da banda (que vez por outra ganha contornos de Death Metal e mesmo alguns toques de Crossover) não muda muito, e justamente porque a banda não exagera em termos de produção, as canções ao vivo são extremamente fiéis às versões dos discos de estúdio. E o entrosamento da banda se reflete na energia com que as canções são executadas.

Graças à ótima captação do show, a qualidade sonora de “Live III - From Headbangers to Headbangers” está no mesmo nível do que encontramos em discos ao vivo gringos. Aliás, a clareza deixa claro que o grupo se preocupa em uma captação correta do que fazem (visando manter a compreensão do que estão tocando), mas sem que o peso seja perdido. Além disso, a energia de um show foi transposta de maneira extremamente satisfatória para o disco. Óbvio que alguns saudosistas vão reclamar, bradando que “Live!” é uma referência (sempre tem um para reclamar). Peço que me permitam um comentário: fazer um disco conforme as condições de seu tempo é mérito; fazer porque outros no passado fizeram é ser cópia.

A arte ficou ótima, bem simples e apenas em tons de preto, branco e cinza. O encarte possui fotos coloridas da apresentação, e ficou com aquele jeitão “anos 80” na diagramação. Um trabalho visualmente ótimo, ainda mais nesse digipack lindo de três páginas.

O setlits deu uma varrida na carreira da banda como um todo, com maior ênfase no material de “Bloody Vengeance” (que foi tocado na íntegra). Mas mesmo assim, clássicos de “Live!” e outros discos estão presentes. Só que estas versões mais jovens deixam claro que o quinteto não vive de seu passado, mas que ainda possuem uma enorme vontade de fazer música e toar ao vivo.

O VULCANO ao vivo é sempre um show de primeira, e quem já os viu (como este autor entre tantos outros) percebe que a energia não se dissipa: é uma constante, com guitarras mostrando riffs excelentes, vocais que mostram diversidade de timbres, e uma base rítmica sólida, coesa e com boa técnica.

Para os que conhecem a banda de pouco tempo, músicas como a pesada e brutal “Church at a Crossroad”, além da trinca opressiva de “Propaganda and Terror”, “Thunder Metal” e “I’m Back Again” (todas do último disco da banda, “XIV”), além de “Awash in Blood” (de “Drowning in Blood”) e “The Tenth Writing” (de “Wholly Wicked”) são canções certas para a alegria dos mais jovens.

Para os mais experientes, que conhecem o grupo de longos anos, existem os velhos hinos que estão com uma vitalidade assombrosa. Ouvir a destruidora de pescoços “Witches Sabbath”, a trituradora de ossos “Total Destruição” (o peso das bases e solos de guitarras e a interpretação dos vocais ficaram de primeira, inclusive com aquela introdução narrativa da versão original), a clássica “Guerreiros de Satã” (como baixo e bateria estão ótimos em termos de técnica e peso), a veloz e opressiva “Red Death” (do clássico “Anthropophagy”), além de pancadas vindas de “Bloody Vengeance” como “Dominions of Death”, “Ready to Explode”, a explosiva Black/Death Metal “Incubus” (reparem bem na influência do Crossover em algumas partes), e na crueza cadenciada e opressiva da clássica “Bloody Vengeance” são prazeres enormes, ainda mais com essa qualidade sonora de primeira.

O VULCANO tem história, sabe usar isso em seu favor ao compor e tocar ao vivo, logo, a aquisição de “Live III - From Headbangers to Headbangers” é obrigatória!

Nota: 97%

LOUDNESS - Rise to Glory


Ano: 2018
Tipo: Duplo CD
Nacional


Tracklist:

CD 1 (Rise to Power):

1. 8118 (instrumental)
2. Soul On Fire
3. I’m Still Alive
4. Go For Broke
5. Until I See the Light
6. The Voice
7. Massive Tornado
8. Kama Sutra (instrumental)
9. Rise to Glory
10. Why and For Whom
11. No Limits
12. Rain
13. Let’s All Rock

CD 2 (Samsara Flight):

1. Street Woman
2. The Law of Devil’s Land
3. Loudness
4. In the Mirror
5. Black Wall
6. Rock Shock (More and More)
7. Lonely Player
8. Devil Soldier
9. Burning Love
10. Angel Dust
11. Road Racer
12. Rock the Nation
13. To Be Demon


Banda:


Minoru Niihara - Vocais
Akira Takasaki - Guitarras, teclados, sintetizadores
Masayoshi Yamashita - Baixo
Masayuki Suzuki - Bateria


Ficha Técnica:

Masatoshi Sakimoto - Gravação, mixagem
Chris Bellman - Masterização
Iwata Room / 7Stars Design - Direção de arte, design


Contatos:

Bandcamp:
Assessoria:

E-mail:

Texto: Marcos Garcia


Os anos 80 revelaram grandes bandas do Metal. E por “grande”, falamos dos gigantes cujos nomes estarão para sempre associados ao gênero e que ajudaram a alavancar o crescimento comercial do mesmo. Mas existem nomes que são lendários, mesmo sem terem se tornado vultos gigantescos. Em um meio termo, falamos daqueles que tornaram sua música gigante em seus países, mas que nem tantos assim os conheceram. Este é o caso do quarteto japonês LOUDNESS, que nos chega com a versão nacional de “Rise to Glory”, seu mais recente disco. E é mais um dos esforços da Shinigami Records em prol dos fãs brasileiros.

Em “Rise to Glory”, vemos o bom e velho Hard’n’Heavy cheio de ótimas melodias acessíveis, com muito peso e aquela pegada oitentista tradicional, apoiada em um trabalho técnico muito bom, mas sempre privilegiando o conjunto como um todo. O quarteto não abre mão de seu estilo clássico, que aqui apenas se mostra atualizado, mas com sua personalidade intacta.

Sim, é isso mesmo: em um dos raros lançamentos nacionais do grupo (e se não me falha a memória, é o primeiro disco deles lançado por aqui), o grupo não desaponta nem um pouco. Pelo contrário, faz bonito, e muito!

A atualidade que sentirão vem da qualidade sonora de “Rise to Glory”. Está muito bem feita, mantendo a clareza em alto nível, para que a compreensão do que está sendo destilado pelos quatro Samurais não seja perdido, e as melodias estão claras aos ouvidos. Mas se preparem, pois o peso musical do grupo está realmente massivo, mantendo a agressividade em alta. Realmente, a produção está de parabéns!

Pelo lado da arte, a capa é bem simples, e o encarte ainda mais, preferindo uma apresentação com fundo preto e as letras em branco. Algo bem tradicional, mas que sempre rende ótimos frutos.

Novamente: é óbvio que este gigante nipônico com quase 40 anos de atividade não iria abrir mão de seu jeito de fazer música. Mas é preciso dizer que o vigor, a energia e a inspiração que transpira nas 13 canções de “Rise to Power” mostra o quanto eles ainda têm a dar ao Metal. Em momento algum se sente falta de vontade de fazer música em grande estilo em Minoru Niihara, Akira Takasaki, Masayoshi Yamashita, e Masayuki Suzuki. Pelo contrário: a adrenalina é altíssima!

Em “Rise to Glory”, a homogeneidade musical impera. Fica difícil escolher as melhores canções, mas afere-se que a energia espantosa de “Soul On Fire” (que equilibra de forma magistral peso e ótimas melodias, com ótimos vocais), a pegada moderna e bem arranjada de “I’m Still Alive” (é impressionante em ver como baixo e bateria pegam pesado sem que a música perca seu jeito melodioso), aquela atmosfera Hard’n’Heavy dos anos 80 que permeia “Go For Broke” (outra vez, baixo e bateria muito bem em termos técnicos, mas que guitarras excelentes), o andamento carregado e denso de “Until I See the Light” (a debulhada nos solos de guitarras mostram porque Akira é considerado um ás do instrumento), a força acessível e versátil de “The Voice”, o jeito que transita entre o Metal tradicional e a velocidade do Speed Metal mostrada em “Massive Tornado” (os vocais mostrando um trabalho ótimo, junto com as guitarras), a versatilidade técnica e musical da instrumental “Kama Sutra” (que transita entre o Metal, o Jazz Rock e com certos toques de World Music em partes mas amenas, e onde baixo e bateria debulhando em vários momentos, e melhor nem falar do que as guitarras mostram, pois a qualidade e técnica são enormes nos solos), a declaração firme e decisiva feita no peso à lá anos 80 de “Rise to Glory” (uma energia fantástica, com aquele jeitão tradicional do quarteto, mostrando que eles vieram para conquistar), a dose de acessibilidade mostrada no peso melodioso de “Why and For Whom” e de “No Limits”, a envolvente e arrastada “Rain” (que peso e emoção!), e o jeito bem pesado e comercial de “Let’s All Rock”. Não dá, não tem como escolher algumas, melhor pôr o CD no aparelho de som e deixar tocar no “repeat”, pois não há melhor coisa a fazer.

Agora, o CD 2, que é chamado “Samsara Flight” (que originalmente é uma coletânea lançada exclusivamente para o Japão em 2016), temos regravações de velhos clássicos do grupo, de sua fase inicial, da época de discos seminais como “The Birthday Eve” (1981), “Devil Soldier” (1982), e “The Law of Devil’s Land” (1983). Podemos dizer que se ouvirmos ambos os discos, a impressão é que o estilo do grupo não mudou, apenas se atualizou. Basta ouvir a pega da clássica “Loudness”, o arregaço das guitarras em “In the Mirror”, a debulhada de baixo e bateria na introdução da pegajosa “Black Wall”, a força acessível de “Rock Shock (More and More)” e de “Lonely Player”, o hino eterno “Devil Soldier”, o Metal’n’Roll extremamente grudento de “Angel Dust” e de “Rock the Nation”, e a alternância entre momentos introspectivos e de peso em “To Be Demon”. Essas regravações fazem justiça ao passado da banda, além de poder serem apreciadas em melhor qualidade por velhos e novos fãs do quarteto.

Ah, querem que eu fale algo sobre Akira Takasaki? O disco fala por si. Acho melhor darem uma bela conferida, pois verão o que é um Guitar Hero (sim, com maiúsculo mesmo) de verdade: ele trabalha sua técnica em prol das músicas, e não do ego.

No mais, mais uma vez se confirma que 2018 é mesmo o ano das bandas antigas, pois “Rise to Power” mostra que o poder de fogo do LOUDNESS ainda está longe de acabar.

BANZAI!


Nota: 100%