segunda-feira, 7 de janeiro de 2019

REPRESSOR - Agnoia


Ano: 2018 

Tipo: Full Length 
Selo: Independente 
Nacional 

Texto: “Metal Mark” Garcia



Introdução: Cada vez mais as influências do Thrash Metal moderno (que em algumas concepções é chamado de Thrash Metal pós anos 90, devido à clara influência de PANTERA, DOWN e outros) têm sido sentidas na escola brasileira do gênero, que sempre teve óbvia influência das escolas norte americana e europeia. E é justamente vindo com uma “vibe” mais moderna que o quarteto carioca REPRESSOR (de Maricá) chega em “Agnoia”, seu segundo álbum.

Análise geral: Embora seja um estilo já bem erodido pelo reincidente uso de muitas bandas, o quarteto mostra que a experiência de 13 anos de estrada faz a diferença: eles mostram uma personalidade forte, já que misturam o Groove/Thrash Metal com o Bay Area Thrash Metal de expressão mais agressiva. É como se fossem possível jogar em um caldeirão de altas temperaturas a música de FORBIDDEN e VIO-LENCE mais o Groove moderno de PANTERA, e mais a personalidade musical dos integrantes do grupo. A abordagem deles é bem pessoal.

Arranjos/composições: Com bom “approach” técnico, peso abrasivo e a intensidade do Groove Metal, o trabalho deles é de primeira. Sabendo criar diversidade rítmica e encaixar os arranjos uns nos outros como se montando um quebra-cabeça musical, eles uma dinâmica interessante entre os instrumentos e os vocais (que poderiam não ser tão graves assim). Bases bem feitas, solos caprichados, base rítmica sólida, além de bons vocais é o que eles oferecem ao ouvinte.

Qualidade sonora: Como toda boa produção do gênero, o trabalho de Gabriel Russel e Caio Kattenbach na mixagem e masterização buscou deixar tudo com a medida certa de efeitos, fazendo com que as músicas sejam compreendidas e os instrumentos sejam ouvidos separadamente, o que por consequência mostra que os timbres escolhidos para os instrumentos é muito bom. Se não é perfeito, é algo muito bom..

Arte gráfica/capa: A capa do disco nos mostra uma arte enigmática. Tendo em vista de “Agnoia” vem do grego e significa “ignorância, descuido, erro”, e que é usada para definir a “falta de conhecimento, estado dos doentes que não reconhecem as pessoas que os rodeiam” conforme o Dicionário infopédia de Termos Médicos, e pelos temas tratados nas letras (onde se percebe que os temas sociais e o protesto contra o “establishment”), a arte fala da completa ausência de conhecimento do mundo real.

Destaques musicais: Pode-se aferir que “Agnoia” é um disco sólido e bem caprichado, fazendo com que a qualidade das músicas se nivele por cima. Mas destacam-se as seguintes canções.

“Mecanismo”: Como toda boa faixa de abertura, é um cartão de apresentação do trabalho deles. Cheia de boas mudanças de ritmo e uma energia encorpada, e preenchida por guitarras de primeira, seja nos riffs ou nos solos.

“Cabral”: Nesta, existem partes que remetem diretamente ao Crossover à lá RxDxP, novamente com guitarras insanas, mas o grande destaque é o trabalho de baixo e bateria (ótima técnica e excelentes conduções). E é a faixa escolhida para vídeo de divulgação.

“Rebelião”: Muito peso, o andamento é mais lento, causando a impressão de algo causticante fluindo dos auto-falantes. Alguns tempos quebrados surgem aqui e ali, mas os vocais se mostram muito bem.

“Ganância”: Aqui o quarteto cai definitivamente para o lado exclusivamente Thrash Metal de sua personalidade, extremamente próximo ao que a segunda geração do San Francisco Bay Area Thrash Metal mostrava. Peso, brutalidade e ótimo trabalho de baixo e bateria é apresentado, fora um fluxo de energia abusivamente insano.

“Sangria”: Veloz em vários momentos (pura influência de HC/Crossover), em outras com maior cadência e ambientação abrasiva, é daquelas canções feitas para bater cabeça como se não houvesse amanhã. E que solos bem feitos!

Conclusão: No mais, o REPRESSOR é daquelas bandas que ainda não estourou por mero desconhecimento do grande público. E tenham certeza: a banda está apenas começando, pois ainda tem muito a oferecer aos fãs. Até lá, ouçam “Agnoia” no volume mais alto possível.

Nota: 84%


Tracklist

1. Mecanismo 
2. Cabral 
3. Depósito 
4. Rebelião 
5. Matador 
6. Sagrado 
7. Ganância 
8. Instável 
9. Sangria 
10. Duna 


Banda: 


Guilherme Marchi - Vocais, guitarras 
Caio Kattenbach - Guitarras 
Gabriel Belão - Baixo 
Gabriel Russel - Bateria 


Ficha Técnica: 

Repressor - Produção 
Gabriel Russel - Mixagem, masterização 
Caio Kattenbach - Mixagem, masterização 
Gabriel Russel - Arte da capa 


Contatos

Site Oficial: 
Assessoria: 








Spotify:


SKULLORD - In Death

Ano: 2019
Tipo: Full Length (DOWNLOAD GRATUITO)
Selo: Independente 
Nacional 

Texto: “Metal Mark” Garcia


Introdução: O Doom Metal é um estilo que vem sendo construído desde os anos 70. As influências dos primeiros discos do BLACK SABBATH são evidentes, mas nomes como ST. VITUS, TROUBLE e WITCHFINDER GENERAL começaram a encorpar cada vez mais os elementos do gênero, e o CANDLEMASS vem trazer aspectos líricos ao estilo. Óbvio que o estilo não tem um “tutorial” definitivo de como deve ser feito, e algumas bandas seguem seus próprios instintos ao criar algo dentro do gênero. E é justamente nisso que o dueto SKULLORD, de Lima Duarte (MG), se encaixa com seu primeiro disco, “In Death”.

Análise geral: A dupla tem uma abordagem mais clássica do Doom Metal, com claras influências de BLACK SABBATH, BEDEMON, PENTAGRAM e WITCHFINDER GENERAL, evitando uma técnica musical rebuscada. A atmosfera de suas canções é densa e pesada, com andamentos cadenciados e um azedume intenso. Existem óbvias influências de Stoner Rock/Metal em várias partes (basta observar os timbres instrumentais) e mesmo de Space Rock dos anos 70. Musicalmente, é uma banda de peso e muita solidez, mas com um apelo melódico essencial que embala o ouvinte.

Arranjos/composições: É preciso dizer que a banda não está criando nada que já não tenha sido abordado antes, ainda mais nessa forma clássica de Doom Metal. Mas isso não quer dizer que não tenha personalidade, ou que suas canções não tenham valor. Muito pelo contrário: é justamente esse jeito “Doom Metal from Life to Death” de raiz que nos envolve, graças a arranjos musicais simples e melodias de fácil assimilação. Existem partes que chegam a ser hipnóticas de tão marcantes.

Qualidade sonora: Mesmo usando de tecnologias modernas, a sonoridade de “In Death” é orgânica (logo, de onde vem o “feeling” Stoner que se percebe permeando o disco), buscando realmente se distanciar de algo excessivamente limpo. Pode-se dizer que a qualidade sonora de discos como “Master of Reality”, “Psalm 9” e “Death Penalty” foi uma referência, e que Léo Schröder acertou a mão.

Arte gráfica/capa: Trabalhada em tons de preto, cinza e roxo, a arte é simples, direta e objetiva: é uma banda de Doom Metal no sentido mais conservador possível, sem espaços para inovações pós-modernistas do gênero. Ou seja, a arte é completamente paralela ao que se ouve nas canções do grupo.

Destaques musicais: Com um jeito rígido Doom Metal clássico de ser, “In Death” brinda o ouvinte com canções marcantes e envolventes.

“The Death's Bell Tones (Intro)”: O nome já diz tudo, é uma introdução experimental.

“Corpse”: Destilando riffs intensos e azedos, é uma canção com boa dinâmica entre as partes instrumentais e vocais. O ritmo lento é lisérgico, com seus toques de Space Rock aqui e ali.

“Procession”: Um peso cavalar é jogado no ouvinte sem pudores, com o ritmo lento evocando certo toque de Stoner. As linhas melódicas simples vão seduzindo o ouvinte ao ponto do mesmo cantar junto com o disco na segunda audição.

“Lying in the Frost (Burial)”: A mais densa e opressiva canção do disco, cheia de passagens melódicas fúnebres, onde baixo e bateria mostram sua força rítmica, algo semelhante ao que os veteranos do PENTAGRAM e ST. VITUS desencadeavam em seus tempos áureos.

“Ad Sepulcrum (Interlude)”: Um curto interlúdio sinistro, com mais uma vez um toque experimental interessante.

“The Dead City”: A aura introspectiva e soturna dessa canção tem uma pegada mais dinâmica, com boas variações de ritmo. Os vocais se encaixam bem na canção, com timbres limpos bem postados (que podem melhorar no futuro).

“Beyond Thy Grave (Outro)”: Outra instrumental climática, dando o toque de “end of the world” ao disco.

Conclusão: Se uma palavra pode definir bem o que se ouve em “In Death” é honestidade. E embora algumas arestas possam ser aparadas (como os vocais podem dar uma melhorada no futuro), para os fãs de Doom Metal, Stoner Metal/Rock, enfim, para os fãs de Metal de bom gosto, o SKULLORD aqui está e nos brinda um disco de ótima qualidade. E que pode ser baixado de graça no perfil da banda no Bandcamp.

Nota: 83%

Tracklist:

1. The Death's Bell Tones (Intro)
2. Corpse
3. Procession
4. Lying in the Frost (Burial)
5. Ad Sepulcrum (Interlude)
6. The Dead City
7. Beyond Thy Grave (Outro)


Banda


Dean Meadows - Vocais, guitarras, baixo 
Robert Messorem - Bateria, programação 


Ficha Técnica: 

Léo Schröder - Produção 


Contatos
Site Oficial: 
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Instagram: https://www.instagram.com/skullord_doom 
Assessoria: 
E-mail: skullordpress@gmail.com