segunda-feira, 24 de junho de 2019

I GATHER YOUR GRIEF - Dystopian Delusions


Ano: 2019
Tipo: Extended Play (EP)
Nacional


Tracklist:

1. Sand Castles
2. Defendant
3. The Farewell's Sacrament
4. Behind the Wheel


Banda:


Fernando Troian - Vocais
Maicon Ristow - Guitarras
Andre Lazzarotto - Guitarras
Wendel Siota - Baixo
Marcelo Vasco - Bateria, Vocais Limpos


Ficha Técnica:

I Gather Your Grief - Produção
Marcelo Vasco - Artwork


Contatos:

Assessoria:

Texto: “Metal Mark” Garcia


Introdução:

Projetos musicais paralelos são, quase sempre, uma alternativa para músicos se expressarem em formas que suas bandas principais não permitem, pois nem sempre essas ideias são compatíveis com aquilo que as bandas principais fazem.

E não é de se admirar que o I GATHER YOUR GRIEF, quinteto de Doom/Death Metal do RS formado por integrantes do SWORDS AT HYMNS, PATRIA e DARK CELEBRATION, soe tão maduro em “Dystopian Delusions”, seu primeiro EP físico.


Análise geral:

O trabalho do grupo vai remeter a nomes como MY DYING BRIDE, PARADISE LOST, ANATHEMA e outras bandas do início do Doom Death Metal, mais um pouco da elegância trazida no final dos anos 90 pelo TRISTANIA. Ou seja, é lento, denso e fúnebre, com bom nível técnico e muito foco nas ambientações melancólicas criadas pelos teclados.

Mas não é necessário dizer que o quinteto realmente sabe fazer música bem à sua moda, mostrando personalidade nas quatro canções.


Arranjos/composições:

Se em termos de musicalidade o grupo sabe o que faz, combinando elementos brutos (como o vocal gutural) com atmosferas melancólica, se percebe que o quinteto não se perde em alguma “egotrip” de técnica exacerbada. O enfoque é ser sinistro e melodiosamente macabro, mas mantendo-se agressivo nas medidas certas.

Há momentos em que as guitarras se sobressaem e mostram arranjos realmente fúnebres, e tudo entremeado por teclados elegantes e soturnos. Além disso, a base rítmica é solida e pesada, e assim, cria-se a colcha instrumental devida para os vocais guturais evoluírem com maestria (embora existam partes limpas, como se pode ouvir em “Sand Castles”).


Qualidade sonora:

Um dos maiores acertos de “Dystopian Delusions” é justamente o não uso de algo elegante e limpo demais, o que só faria a banda soar como tantas outras. Mas mesmo assim, se percebe que a rispidez sonora vinda dos timbres instrumentais. Aliás, soube-se equilibrar ambos os lados: da limpeza (necessária para a compreensão e fluxo das melodias) e o da agressividade (de onde vem a energia abrasiva do que se ouve).


Arte gráfica/capa:

“Dystopian Delusions” vem em um “cardboard sleeve”, ou seja, uma capinha tipo envelope à lá discos de vinil dos anos 80. A arte é bonita, enfocando a melancolia da solidão em noites de inverno. Coisa fina, bem no estilo de Marcelo Vasco (baterista do grupo e conhecido artista gráfico).

Capa de “Dystopian Delusions”

Destaques musicais:

Este EP tem apenas 4 faixas muito bem equilibradas, mostrando um resgate renovado dos aspectos brutais do Doom Death Metal clássico dos anos 90, apenas mais robusto e elegante.

Sand Castles: as melodias são simples, o andamento é um pouco mais dinâmico que as outras (ou seja, não tão arrastado assim), além de mostrar ótimas intervenções de vocais limpos e dois bumbos.

Defendant: esta já tem todos os elementos clássicos do Doom Death Metal (andamento arrastado, rispidez sonora azeda misturada com uma atmosfera deprê), permitindo assim que as guitarras se destaquem bastante.

The Farewell's Sacrament: mesmo mantendo toda a aura soturna do estilo, esta canção mostra maior diversidade de ambientações, e mesmo de técnica instrumental. Os vocais ficaram ótimos justamente por conta desses contrastes.

Behind the Wheel: E uma velha canção de um dos nomes mais fortes do Gothic Rock e mesmo do Doom Death Metal, o grupo inglês DEPECHE MODE. Só que o lado mais soturno da canção é exacerbado por teclados e guitarras pesadas. E ficou ótimo: personalizado, mas sem perder a essência original. E o enfoque mais limpo e “goth” dos vocais ficou perfeito.


Conclusão:

Desta forma, se percebe que o Brasil ganhou muito com o I GATHER YOUR GRIEF, e nos resta torcer para que o quinteto não fique apenas nesse EP.


Nota: 85,0/100,0


Youtube

SABATON - Attero Dominatus (Re-Armed)


Ano: 2006 (lançamento original) / 2019 (relançamento)
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1. Attero Dominatus
2. Nuclear Attack
3. Rise of Evil
4. In the Name of God
5. We Burn
6. Angels Calling
7. Back in Control
8. A Light in the Black
9. Metal Crüe
10. Für Immer
11. Långa bollar på Bengt
12. Metal Medley
13. Nightchild
14. Primo Victoria


Banda:


Joakim Brodén - Vocais
Oskar Montelius - Guitarras
Rikard Sundén - Guitarras
Daniel Mÿhr - Teclados
Pär Sundström - Baixo
Daniel Mullback - Bateria


Ficha Técnica:

Tommy Tägtgren - Produção, Gravação, Mixagem
Henke - Masterização
Mattias Norén - Arte da capa
Hannele Junkala - Backing Vocals
Marie-Louise Strömqvist - Backing Vocals
Sofia Lundberg - Backing Vocals
Maria Holzmann - Backing Vocals
Mia Mullback - Backing Vocals
Åsa Österlund - Backing Vocals


Contatos:

Assessoria:
E-mail:

Texto: “Metal Mark” Garcia


Introdução:

O renascimento dos estilos oitentistas de se fazer Metal na segunda metade dos anos 90 encheram o cenário de cópias e mais cópias de grupos antigos. Mas houveram aqueles que realmente vieram dar um respiro, uma vida nova aquilo que estava desgastado.

E não há como negar: o grupo sueco SABATON é uma das pontas de lança nesse assunto. Seu jeito Heavy/Power Metal rebuscam elementos dos anos 80, mas sempre com um olhar no futuro. E em 2006, lá vieram eles com seu terceiro disco, “Attero Dominatus”, que acaba de ser relançado e renomeado “Attero Dominatus (Re-Armed)”, e que chega ao Brasil via Shinigami Records/Nuclear Blast Brasil.


Análise geral:

Basicamente, o estilo do grupo não mudou tanto assim de lá para cá. Ou seja, é o mesmo Heavy/Power Metal sueco (ou seja, bastante influenciado por JUDAS PRIEST, ACCEPT e nomes da NWOBHM), adornado de belas orquestrações. No tocante técnica musical, nada exagerado, evitando romper a simplicidade, e consequentemente, a acessibilidade de suas canções.

Se percebe que a banda soube reciclar muitos clichês musicais do gênero, dando uma vida nova a cada um deles, bem como soube explorar refrães simples e com um toque épico.  

A fórmula mais certa possível para se criar um disco de primeira, e assim pode ser definido “Attero Dominatus (Re-Armed)”.


Arranjos/composições:

A combinação das orquestrações épicas dos teclados com riffs certeiros (e solos melodiosos com boa técnica, mas sempre sem exagerar), mais refrães bem compostos, mudanças de ritmo providenciais, e tudo isso encaixando sob uma colcha de arranjos musicais de primeira é algo que não tinha como dar errado.

Além do mais, o talento do então sexteto (já que é o primeiro disco da banda com Daniel Mÿhr nos teclados como membro fixo) não deixa dúvidas do quanto eles estavam com fogo nas veias e sangue nos olhos. Por isso esse disco é tão sedutor.

Além disso, como o foco da banda é falar de eventos relacionados sobre as guerras e batalhas da história, é uma aula. Aliás, desperta a curiosidade sobre estes temas, e dessa forma, contribuem para a criação de conhecimento.


Qualidade sonora:

“Attero Dominatus (Re-Armed)” soa grandioso, mas é extremamente pesado e claro aos ouvidos. O disco foi gravado no The Abyss Studio, e Tommy Tägtgren (sim, ele é irmão de Peter) fez um trabalho ótimo na produção e captação (ou seja, a gravação), sem falar que sua mixagem deixou os instrumentos todos com uma boa qualidade, e com os níveis certos de volumes e efeitos. Além disso, a masterização de Henke (Henrik Jonsson, também conhecido como Henke Jonsson) deu uma vida, um brilho às canções.

Além disso, a timbragem dos instrumentos ficou muito boa, sem destoar muito do que se ouve nos shows do grupo.


Arte gráfica/capa:

A arte original de Mattias Norén para a capa não foi mudada, apenas deram alguns toques diferenciados nas cores (a envoltória cheia de espinhos que antes era voltada a tons de roxo agora está em anil). Aparenta novo, mas continua com seus aspectos originais preservados.


Destaques musicais:

Embora o sexteto ainda não esteja em seu ápice criativo, “Attero Dominatus (Re-Armed)” vem para sedimentar o estilo da banda. E, aliás, essa versão tem alguns bônus ótimos.

Attero Dominatus: um Heavy/Power Metal melodioso e com uma estruturação harmônica simples. O refrão é daqueles que se ouve e não se esquece mais, sem mencionar o caráter épico dos teclados. Era canção certa nos shows da banda até pouco tempo. Fala sobre a Batalha de Berlin (1945) na perspectiva do exército soviético.

Nuclear Attack: ótimos arranjos de guitarra permeiam esta canção. Ela é bem pegajosa e dinâmica, do tipo que faz os fãs irem à loucura nos shows, especialmente durante o refrão. As letras lidam com os bombardeios nucleares de Hiroshima (06/08/1945) e Nagasaki (09/06/2019).

Rise of Evil: Nesta, o andamento cai e o foco fica numa ambientação densa e pesada, criada pelos contrastes entre guitarras e teclados. Mesmo o baixo começa a surgir em alguns momentos, e o refrão é excelente. Esta fala sobre a criação do III Reich da perspectiva dos nazistas.

Angels Calling: certos arranjos mais tecnicamente complexos adornam a canção, os teclados fazem fundo, e os vocais se sobressaem mais, devido à capacidade de interpretar e dar emoção às letras, que narra os horrores da Primeira Guerra Mundial.

A Light in the Black: outra canção com andamento moderado e toques épicos nos teclados. Embora sem meter mais nos arranjos do que a música pede, a bateria mostra ótima condução rítmica. E é mais uma em que os vocais estão bem, e a letra fala sobre as força que lutam pela paz no mundo.

Metal Crüe: aqui a banda apela para um Hard ‘n’ Heavy feito à maneira deles. As melodias são simples e pegajosas, e a letra deixa claro: é uma homenagem do grupo a todos aqueles que os precederam e influenciaram sua música.

Basicamente, aqui termina o conteúdo do disco original, e começam as canções extras.

Für Immer: é um cover de DORO. E é interessante ver como a banda faz uma releitura pesada e pessoal, mas sem que se perca a caracterização da original. E que arranjos de teclados bem encaixados!

Långa bollar på Bengt: outro cover, agora para a banda conterrânea SVENNE RUBINS. A original (que pode ser ouvida aqui) tem um jeito Pop Rock/Country Rock bem legal, mas a versão aqui apresentada tem peso e pegada pesada, mas sem perder a melodia.

Metal Medley: como o nome já diz, é um “medley” de canções da banda, tocada ao vivo em Falun. Serve para mostrar como a energia da banda não se perde em seus shows. Na verdade, parece aumentar!

Nightchild: é uma canção assentada sobre uma base melodiosa de teclados e boa presença de guitarras. O andamento mais vagaroso dá ênfase ao peso, e os vocais realmente são excelentes.

Primo Victoria: esta é a versão Demo da faixa-título do disco anterior. Desta forma, é a mesma canção, apenas soando mais crua (justamente por todo acabamento não ter sido feito).


Conclusão:

Mesmo 13 anos depois de seu lançamento original, “Attero Dominatus (Re-Armed)” soa atual, cheio de energia, sendo um disco obrigatório para os fãs do grupo. Ainda mais nessa versão nacional cheia de extras.

Ah, sim: “Attero Dominatus” significa "eu destruo tiranias".


Nota: 91,0/100,0


Attero Dominatus



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