sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

MADRIGAL - Conturbação Natural

Ano: 2019 
Tipo: Full Length 
Nacional

Texto: “Metal Mark” Garcia


Introdução: A vocação do Metal brasileiro sempre teve uma “quedinha” para as vertentes mais extremas, talvez um legado do impacto e sucesso inicial do SEPULTURA e seu Split com o OVERDOSE. Digamos que algo em torno de 60% do cenário brasileiro seja voltado ao lado extremo do Metal, o que explicaria o ótimo trabalho de bandas que seguem por estes caminhos. Talvez isso explique a sedução de “Conturbação Natural”, primeiro álbum do MADRIGAL (também conhecido como MDRGL), exerce sobre os ouvintes.

Análise geral: A dupla faz algo mais atmosférico e soturno em termos de Black Metal, algo que nos lembra de nomes como ARCTURUS, ANCIENT e SATYRICON em seus trabalhos iniciais, quando o lado Black Metal não fora subjugado por experimentações progressivas. Na realidade, pode soar um pouco “Depressive Black Metal” devido à forte aura melancólica que permeia suas canções, devido às melodias sombrias que foram criadas pela banda.

Arranjos/composições: O trabalho do grupo dista de algo muito complexo em termos de técnica instrumental, mas nem por isso chega a ser simplista demais. O grupo soube criar arranjos muito bons e melodias que são facilmente assimiladas pelo ouvinte. Mas não pense que isso os deixaria fora do gosto musical dos fãs de Black Metal na linha da SWOBM, pois é bem alinhado em essência com grande parte do que era feito no eixo Noruega-Alemanha-Suécia-Finlândia nos anos 90, ou seja, soturno, pesado, agressivo e envolvente. Reparem que existe o uso de tons vocais diferentes (ou seja, o rasgado costumeiro existe, mas não é constante), os riffs de guitarra são simples e envolventes, e baixo e bateria formam uma base rítmica sólida (embora a banda não se furte de usar o “double bass” em vários momentos.

Qualidade sonora: Por ser algo que fica próximo às origens da SWOBM dos anos 90, a sonoridade de “Conturbação Natural” é crua, mas diferentemente do que se usa na “estética do feio” tão comum nos discos que tentam emular esse tipo de sonoridade. A qualidade sonora é boa, e a crueza parece estar mais associada aos timbres dos instrumentos (como a guitarra que vai lembrar muito os timbres do ANCIENT na época de “The Cainian Chronicle”) que à produção. Logo, não haverá problemas em entender o que a banda faz.

Arte gráfica/capa: Feita por Thiago Farias, é algo simples, direto e sem firulas. O Slipcase que protege a capa de acrílico (ou jewelcase, como queiram) é bem simples, assim como também o são capa e contracapa. O encarte também evita algo muito rebuscado, com as letras em uma diagramação bem comum. Mas é justamente dessa forma que arte visual e a música formam uma unidade.

Destaques musicais: Para os fãs de Metal extremo, “Conturbação Natural” tem muito a dizer, e soa sempre honesto. E se destacam entre as 8 canções:

“Episódio II - Penhascos Altos”: uma canção opressiva e de uma ambientação melódica soturna, com tempos cadenciados, e de onde surgem vocais agonizantes em meio aos timbres agressivos (e existem partes mais limpas, inclusive). As linhas melódicas são bem simples, logo, ela embala os ouvintes facilmente.

“Episódio III - Odes Ancestrais”: E a dupla mais uma vez busca algo mais lento e atmosférico, com riffs de guitarra que chegam a dar arrepios. O jeito mais fúnebre e agressivo também é repleto de ótimas melodias.

“Episódio V - Brado Pluro”: Esta já vem com um jeito mais tradicional de se fazer Black Metal, justamente porque a dose de agressividade aumenta um pouco, remetendo ao lado mais cadenciado da Velha Escola do estilo nos anos 90.

“Episódio VII - A Queda”: Mais uma vez, a banda apela para o Black Metal mais tradicional dos anos 90, com maior velocidade. Baixo e bateria aparecem mais e se destacam bastante pela força e peso do ritmo (embora os vocais estejam ótimos).

Conclusão: “Conturbação Natural” é o primeiro disco do MADRIGAL. Desta forma, mostra que ainda podemos esperar mais do trabalho do grupo. Mas até lá, esse álbum é precioso e merece a aquisição.

Nota: 87%


Tracklist:

1. Episódio I - A Subida
2. Episódio II - Penhascos Altos
3. Episódio III - Odes Ancestrais
4. Episódio IV - Alvoroço Doentio
5. Episódio V - Brado Pluro
6. Episódio VI - Interlúdio
7. Episódio VII - A Queda
8. Episódio VIII - Outro (instrumental)


Banda:


Dkt Avatae - Vocais
Nts Oldskull - Todos os instrumentos


Ficha Técnica:

Manfredo Savassi - Engenharia, mixagem, masterização
Thiago Farias - Artwork, design


Contatos:

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“Episódio VII - A Queda”: https://www.youtube.com/watch?v=YOaA9Ie9vRc



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