Tipo: Full Length
Nacional
Introdução: A
vocação do Metal brasileiro sempre
teve uma “quedinha” para as vertentes mais extremas, talvez um legado do
impacto e sucesso inicial do SEPULTURA
e seu Split com o OVERDOSE. Digamos
que algo em torno de 60% do cenário brasileiro seja voltado ao lado extremo do
Metal, o que explicaria o ótimo trabalho de bandas que seguem por estes
caminhos. Talvez isso explique a sedução de “Conturbação Natural”,
primeiro álbum do MADRIGAL (também
conhecido como MDRGL), exerce sobre
os ouvintes.
Análise geral:
A dupla faz algo mais atmosférico e soturno em termos de Black Metal, algo
que nos lembra de nomes como ARCTURUS,
ANCIENT e SATYRICON em seus
trabalhos iniciais, quando o lado Black Metal não fora subjugado por
experimentações progressivas. Na realidade, pode soar um pouco “Depressive
Black Metal” devido à forte aura melancólica que permeia suas canções, devido
às melodias sombrias que foram criadas pela banda.
Arranjos/composições:
O trabalho do grupo dista de algo muito complexo em termos de técnica
instrumental, mas nem por isso chega a ser simplista demais. O grupo soube
criar arranjos muito bons e melodias que são facilmente assimiladas pelo
ouvinte. Mas não pense que isso os deixaria fora do gosto musical dos fãs de
Black Metal na linha da SWOBM, pois é bem alinhado em essência com grande parte
do que era feito no eixo Noruega-Alemanha-Suécia-Finlândia nos anos 90, ou
seja, soturno, pesado, agressivo e envolvente. Reparem que existe o uso de tons
vocais diferentes (ou seja, o rasgado costumeiro existe, mas não é constante),
os riffs de guitarra são simples e envolventes, e baixo e bateria formam uma
base rítmica sólida (embora a banda não se furte de usar o “double bass” em
vários momentos.
Qualidade sonora:
Por ser algo que fica próximo às origens da SWOBM dos anos 90, a sonoridade de “Conturbação
Natural” é crua, mas diferentemente do que se usa na “estética do feio”
tão comum nos discos que tentam emular esse tipo de sonoridade. A qualidade sonora
é boa, e a crueza parece estar mais associada aos timbres dos instrumentos
(como a guitarra que vai lembrar muito os timbres do ANCIENT na época de “The Cainian Chronicle”) que à
produção. Logo, não haverá problemas em entender o que a banda faz.
Arte gráfica/capa:
Feita por Thiago Farias, é algo
simples, direto e sem firulas . O Slipcase que protege a capa de acrílico (ou jewelcase, como queiram) é bem simples, assim como também o são capa e contracapa. O encarte também evita algo muito rebuscado, com as letras em uma diagramação bem comum. Mas é justamente dessa forma que arte visual e a música formam uma unidade.
Destaques musicais:
Para os fãs de Metal extremo, “Conturbação Natural” tem muito a
dizer, e soa sempre honesto. E se destacam entre as 8 canções:
“Episódio II - Penhascos Altos”: uma canção opressiva e de uma
ambientação melódica soturna, com tempos cadenciados, e de onde surgem vocais
agonizantes em meio aos timbres agressivos (e existem partes mais limpas,
inclusive). As linhas melódicas são bem simples, logo, ela embala os ouvintes
facilmente.
“Episódio III - Odes Ancestrais”: E a dupla mais uma vez busca
algo mais lento e atmosférico, com riffs de guitarra que chegam a dar arrepios.
O jeito mais fúnebre e agressivo também é repleto de ótimas melodias.
“Episódio V - Brado Pluro”: Esta já vem com um jeito mais
tradicional de se fazer Black Metal, justamente porque a dose de agressividade
aumenta um pouco, remetendo ao lado mais cadenciado da Velha Escola do estilo
nos anos 90.
“Episódio VII - A Queda”: Mais uma vez, a banda apela para o
Black Metal mais tradicional dos anos 90, com maior velocidade. Baixo e bateria
aparecem mais e se destacam bastante pela força e peso do ritmo (embora os
vocais estejam ótimos).
Conclusão: “Conturbação Natural” é o primeiro
disco do MADRIGAL. Desta forma,
mostra que ainda podemos esperar mais do trabalho do grupo. Mas até lá, esse
álbum é precioso e merece a aquisição.
Nota: 87%
Tracklist:
1. Episódio I - A Subida
2. Episódio II - Penhascos Altos
3. Episódio III - Odes Ancestrais
4. Episódio IV - Alvoroço Doentio
5. Episódio V - Brado Pluro
6. Episódio VI - Interlúdio
7. Episódio VII - A Queda
8. Episódio VIII - Outro (instrumental)
Banda:
Dkt Avatae - Vocais
Nts Oldskull - Todos os instrumentos
Ficha Técnica:
Manfredo Savassi - Engenharia, mixagem, masterização
Thiago Farias - Artwork, design
Contatos:
Site Oficial:
Facebook: https://www.facebook.com/madrigal.mdrgl/
Instagram:
Bandcamp: https://madrigal-mdrgl.bandcamp.com
Assessoria:
E-mail: oficinasubverso@gmail.com
“Episódio VII - A Queda”: https://www.youtube.com/watch?v=YOaA9Ie9vRc
Bandcamp:
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