segunda-feira, 16 de julho de 2018

INFECTOR - Metal da Morte


Ano: 2018
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1. Apito Final                       
2. Sob a Luz Vermelha                   
3. Canibalismo no Parque do Estado                   
4. Ódio em Mim                   
5. Emissário Fiel                  
6. E Ele Não Pode Mais Amá-lá                
7. Estranho Feito de Fazer Amor              
8. Coração de Metal            
9. Countess Bathory                    
10. Iron Fist 


Banda:


Mario César Dutra - Vocais
Marcello Loiacono - Guitarras
Edu de Campos - Baixo
Paulo Mariz - Bateria


Ficha Técnica:

Ivan Pellicciotti - Produção, gravação, mixagem
Infector - Produção
Luiz Carlos Louzada - Vocais em “Coração de Metal” e “Countess Bathory”
Sombra Metal - Vocais em “Coração de Metal”
Angel - Vocais em “Coração de Metal”
Roberto Opus - Vocais em “Coração de Metal”
Douglas Goatherion - Vocais em “Coração de Metal”


Contatos:

Site Oficial:
Assessoria: www.facebook.com/cangacorockcomunicacoes/ (Cangaço Rock Comunicações)

Texto: M. Garcia


O que é tradicional sempre demanda da banda em questão uma visão de que ela tem que pôr vida nova naquilo que está fazendo. Não é só pegar nos instrumentos musicais, pegar todos os clichês musicais possíveis e encher os ouvidos alheios de mais do mesmo. É preciso colocar sangue novo naquilo que o tempo carcomeu. Há que fique perdido no meio do caminho, mas os santistas do INFECTOR mostram em “Metal da Morte” que Old School Death Metal é com eles.

Formado em 2000, o quarteto é o mais tradicional possível em termos de Death Metal, sem abrir espaços para melodias ou técnica exacerbada. Com eles, é seguir a mesma cartilha que bandas como HYPOCRISY e ENTOMBED antigos, ASPHYX, MORBID ANGEL, DEATH, MASSACRE e outros dessa mesma linha, sem se desviar para os lados. Aqui, a podreira impera, o pau quebra, mas mesmo assim, eles não fazem uma coleção de clichês, mas preferem pegar todos eles e fazer tudo do jeito deles. E isso é bom, pois mesmo longe de ser algo inovador, tem identidade e desce a marreta do Death Metal sem dó nos mais desavisados.

A sonoridade que foi construída para “Metal da Morte” é algo que respeita elementos do passado, mas com o jeito moderno de soar o mais claro possível (mas sem retirar a crueza essencial para o gênero). É algo brutal e explosivo, mas ao mesmo tempo, esteticamente bem feito, pois se compreende tudo que está sendo feito.

Óbvio que com o título do CD, o INFECTOR declara o que é e o que vai continuar sendo pelo tempo que ainda estiver por aqui, logo, não espere nada que não seja vocais guturais urrados (e alguns gritos rasgados aqui e ali), riffs maciços e solos doentios, e uma base baixo-bateria sólida e com boa técnica. E tudo feito da forma mais Old School possível, mas com identidade.

10 pancadas bem dadas aguardam o ouvinte. Mas destacam-se a brutalidade feroz e sem limites de “Apito Final” e “Sob a Luz Vermelha” (ambas com guitarras realmente ríspidas), o peso cadenciado e opressivo de “Canibalismo no Parque do Estado”, as levadas empolgantes de “Emissário Fiel”, e as belas passagens empolgantes de “Coração de Metal” (esta recheada de convidados especiais nos vocais). Mas além delas, as versões do quarteto para os clássicos “Countess Bathory” do VENOM e “Iron Fist” do MOTÖRHEAD ficaram ótimas, respeitando as originais, mas impondo o jeitão Death Metal à moda antiga do INFECTOR.

O quarteto vem para esmagar crânios e gerar torcicolos sem fim, logo, se você gosta de Death Metal anos 90, “Metal da Morte” é para você.

Ouçam sem medo!

Nota: 83%

THE GARD - Madhouse


Ano: 2018
Tipo: Full Length
Selo: Independente
Nacional


Tracklist:

1. Immigrant Song
2. Play of Gods
3. Madhouse
4. The Gard Song
5. Music Box
6. Back to Rock
7. Kaiser of the Sea
8. Panem At Circenses


Banda:


Beck Norder - Vocais, baixo, guitarras
Allan Oliveira - Guitarra solo
Lucas Mandelo - Bateria, backing vocals


Ficha Técnica:


Contatos:

Site Oficial: www.thegardband.com

Texto: M. Garcia


O Classic Rock, para efeitos de definição, nada mais é do que o velho Hard Rock clássico dos anos 70, ou seja, remete diretamente a grupos como DEEP PURPLE e LED ZEPPELIN. De forma mais direta, é isso, embora muitas sub-concepções possam surgir visando complementar (ou complicar) a sonoridade. E nas mãos de quem sabe, o velho estilo volta a vida sem soar datado ou cheio de mofo. E é justamente o caso do THE GARD, de Campinas (SP), como o álbum “The Madhouse” deixa claro logo de cara.

O trio tem clara referência ao Classic Rock com jeitão Bluesy/Soul do LED ZEPPELIN, embora sejam tantas influências musicais diferentes no caldeirão musical do que eles fazer que acaba sendo difícil estabelecer concepções de forma direta, da mesma forma eclética que o próprio Zeppelin era. Basta dizer que o grupo soa forte, vigoroso e mesmo atual nessa pegada musical, diferindo de tantos que buscam soar o mais “anos 70” possível. Logo, o que o ouvinte deve fazer é ficar com a melhor parte de todas: ouvir “Madhouse” com a única preocupação de se divertir. O resto é mera formalidade intelectual.

Óbvio que muitos pensariam que por se tratar de um disco de Classic Rock, a sonoridade de “Madhouse” seria algo que buscaria desesperadamente soar como se os anos 70 fossem hoje. Ledo engano, pois a crueza que ouvimos tem origem na sonorização dos instrumentos, e não na forma em que foram captados e tratados na mixagem e masterização. Trocando em miúdos: soa atual, forte e vigoroso, mas com energia e aquela boa sensação de estarmos ouvindo uma banda tocando (e não um cérebro eletrônico). Até mesmo esse feeling natural permeia a apresentação do disco, ou seja, sua capa.

Musicalmente, o THE GARD é bem maduro, sabe o que fazer com sua música. Ela soa espontânea, diversificada e eclética, mas de forma alguma pedante. E a vida que transpira de seus arranjos musicais é envolvente, algo cheio de energia. E mais: o trio soa como banda, evitando técnicas minimalistas exacerbadas.

Destacam-se no álbum: uma versão rearranjada e bem pessoal para “Immigrant Song” do LED ZEPPELIN (esse jeitão moderno ficou perfeito, sem descaracterizar a versão original), o jeito pesado e com fluência bluesy de “Play of Gods” (os riffs e solos são ótimos com essa pegada mais introspectiva recheada de feeling), o jeito mais divertido e Rock ‘n’ Roll de “Madhouse” (boa mistura de melodia e agressividade, e uma energia grudenta daquelas), a sensível e tocante “Music Box”, e as harmonias bem ecléticas de “Back to Rock” e “Panem At Circenses” (ambas com belo trabalho dos vocais).

Mas não mencionar o “insight” eclético e contrastes criativos de “The Gard Song” beiraria o injusto. Basicamente ela vai do Folk Rock clássico ao peso desmesurado do Heavy Metal sem pudores, mostrando uma banda que sabe ousar em sua criatividade, mas mantendo a consensualidade de seu trabalho.

“Madhouse” é um disco marcante, que merece ser ouvido com calma, várias vezes, e em alto volume. A complexidade fascinante do THE GARD é a ferramenta ideal para fundir cérebros de quem nos atormenta com gêneros musicais populares do nosso país. Além do mais, essa visão do Classic Rock é bem inovadora!

Ouçam bem alto, pois está nas plataformas digitais.

Google Play: http://bit.do/eeSAo 

Nota: 89%

BLIXTEN - Stay Heavy


Ano: 2018
Tipo: Extended Play (EP)
Selo: Independente
Nacional


Tracklist:

1. Requiem Aeternam
2. Trapped in Hell
3. Stay Heavy
4. Maktub
5. Strong as Steel
6. Like Wild (bonus track)


Banda:


Kelly Hipólito - Vocais
Miguel Arruda - Guitarras
Aron Marmorato - Baixo
Murilo Deriggi - Bateria


Ficha Técnica:


Contatos:

Site Oficial:
Assessoria: http://somdodarma.com.br/pt/blixten/ (Som do Darma)

Texto: M. Garcia


Em tudo, existe a dualidade. E em termos de Rock, o atual “revival” anos 70 e 80 que tem ocorrido anda revelando nomes muito bons, e outros bem fraquinhos (estes em geral copiam apenas o que já foi feito). O ponto positivo é o resgate de muita coisa boa feita no passado e que ficou esquecida, mas o negativo é a falta da necessidade de criar algo novo. Como dito, existem bons nomes nessa leva, ente eles o do quarteto BLIXTEN, de Araraquara (SP), que acaba de lançar seu primeiro trabalho, o EP “Stay Heavy”.

Nas canções do EP, se percebe um trabalho musical calcado no Heavy Metal tradicional dos anos 80, uma mistura do que as escolas da Alemanha e dos EUA nos deram (com alguma influência da NWOBHM aqui e ali), ou seja, peso, agressividade e melodias coexistindo sem problemas, com claras influências de JUDAS PRIEST e WARLOCK. Óbvio que existem passagens mais sujas à lá MOTORHEAD e AC/DC, dando aquele toque visceral tão necessário para o gênero. Embora não seja algo original em termos musicais, a banda mostra seu valor, e nem de longe é uma cópia do que já foi feito, mas que estão dispostos a fazerem as coisas ao seu modo.

Em termos de qualidade sonora, “Stay Heavy” mostra força e vigor, com uma sonoridade clara e pesada. E um dos pontos positivos: sabendo que não são uma banda dos anos 80, e que muito menos vivemos naqueles tempos, buscaram uma apresentação mais clara, sem deixar de ter peso. O que a banda usa que nos dá a noção de algo mais visceral é a timbragem de seus instrumentos, que não é complicada. Há momentos que parecem ter ligado baixo e guitarras direto em um amp valvulado e sentaram a pua.

O BLIXTEN é uma banda com uma sonoridade forte e agressiva, que sangra em vitalidade. Mas ao mesmo tempo, sabe criar boas melodias, sem soar repetitivo, datado ou mesmo chato, e se você se sentir assim, você tem algum problema sério nos ouvidos. A energia empolga, as músicas são muito boas, mostrando um grupo que tem muito a mostrar a todos.

Requiem Aeternam” é uma introdução climática que prepara o ouvinte para “Trapped in Hell”, um Hard’n’Heavy pesado e intenso, de apresentação técnica mais simples e com certo toque de MOTORHEAD, mostrando um trabalho muito bom dos vocais. Já com melodias bem feitas moldando a agressividade do trabalho da banda, temos a pegajosa “Stay Heavy”, com um refrão que gruda em nossos ouvidos (e boas passagens de guitarras). Já mais cadenciada e mostrando bom equilíbrio entre peso e melodias, temos “Maktub”, em que o ritmo varia do introspectivo ao peso cadenciado de maneira harmoniosa (o que mostra o valor do trabalho de baixo e bateria do quarteto). Com algo da NWOBHM (especialmente do IRON MAIDEN entre os álbuns “Iron Maiden” e “The Number of the Beast”), temos a cavalar “Strong as Steel”, cuja estruturação harmônica é simples. E fechando, a grudenta e suja “Like Wild”, mostrando mais agressividade e energia.

O BLIXTEN ainda tem muito potencial musical para mostrar, fica claro. Mas estão no caminho certo, e “Stay Heavy” é um senhor EP, que merece ser ouvido no volume máximo.

Ah, sim, “Stay Heavy” pode ser ouvido nas seguintes plataformas digitais:

Spotify: https://goo.gl/U79hNV  
iTunes: https://goo.gl/iqBE3Z  
Napster: https://goo.gl/YvgyTw  

Nota: 86%

SUFFOCATION OF SOUL - Macabre Sentence


Ano: 2018
Tipo: Extended Play (EP)
Selo: ABC Terror, Inffernus Productions, Caótica Discos, Violent Records, A Fronteira Produções, Burn Records, The Metal Vox, Resistência Underground, Headcrusher Productions, Psicose Records, Paracusia Distro, Holy Terror Records
Nacional


Tracklist:

1. Crimes Behind the Influence
2. Lifeinvader
3. We Live in Pandemonium
4. The Perpetual Lie
5. Dead Paradise
6. Impios (instrumental)


Banda:


André Costa - Baixo, vocais
Tarcísio Correia - Guitarras
Mauricio Sousa - Guitarras
Márlon Pacheco - Bateria


Ficha Técnica:

Suffocation of Soul - Produção
Breno Fernandes - Produção, mixagem, masterização
Thiago Pereira - Mixagem, masterização
Fernando JFL - Arte da capa
Marlon Pacheco - Arte do encarte


Contatos:


Texto: M. Garcia


Vivemos uma época em que os downloads ilegais causam problemas às vendas de discos, e em que bangers se omitem em presenciar shows no cenário underground, sem falarmos de todas as vicissitudes normais de um país de terceiro mundo (divido em todos os sentidos). Podemos dizer que lançar discos ainda é algo para quem tem peito, coragem de encarar desafios bem encardidos. Mas ainda existem aqueles que possuem muito a dizer, não aceitam esses fatores, e lutam contra o fluxo das coisas. Nesse ponto, o quarteto SUFFOCATION OF SOUL, de Poções (BA), é um autêntico sobrevivente, remando contra a maré com braçadas vigorosas, e soltam mais uma obra deles, o EP “Macabre Sentence”.

Com mais de dez anos de muita luta no underground, o quarteto destila um Thrash Metal à moda antiga, cheio de energia e muito agressivo, embora moldado com boas melodias. Óbvio que influências de nomes como SLAYER, DESTRUCTION e KREATOR (na época mais seminal deles, basicamente entre os dois ou três primeiros discos de cada) são claras, mas eles têm muita personalidade, criando algo deles. Ou seja, pegaram o que é velho, deram uma repaginada ao jeito deles, e nos oferecem um trabalho musical ótimo.

Sim, “Macabre Sentence” é um disco e tanto!

Óbvio que uma produção independente como a deles não vai ter uma superprodução em termos de som. Pelo que ouvimos, essa crueza é algo espontâneo, faz parte da música deles, mas sem que a nossa audição do EP seja prejudicada. Esse som rude tem origem nos tons instrumentais que eles usam, buscando algo mais próximo possível do ao vivo, e com um bom nível de clareza. E ficou muito boa dessa forma, embora pudesse ser melhor.

A arte da capa é bem simples, direta e reta ao ponto. E transparece a energia musical do quarteto, algo bem singular.

Quando falamos da música, podemos dizer que estes 10 anos de experiência faz do SUFFOCATION OF SOULS um dos melhores grupos do estilo no Brasil, sabendo usar de uma técnica musical muito boa, excelentes mudanças de ritmo, e arranjos musicais de primeira para criar algo realmente agressivo e doentio, mas de muito bom gosto.

O EP abre com o caos de “Crimes Behind the Influence”, uma bela mostra de técnica e agressividade aliadas ao bom gosto, com uma energia absurda e boas mudanças de andamento (e um trabalho ótimo de baixo e bateria), seguida de mesmos elementos da envolvente “Lifeinvader” (onde as guitarras estão fantásticas, em riffs destruidores e solos muito bem feitos). Em uma velocidade alta e alguns toques de HC Old School, temos “We Live in Pandemonium”, com um refrão bem marcante, e vocais insanos. Outra com velocidade bem elevada e algo de Crossover é “Dead Paradise”, onde a energia vai nas alturas e a incitação ao slamdancing é certa. Bem mais técnica é a instrumental “Ímpios”, bem espontânea aos ouvidos, e se percebe alguns toques de MOTORHEAD no trabalho deles (e que solos de guitarras ótimos).

Agora, em um parágrafo só para a longa e muito bem burilada “The Perpetual Lie” mostra não só o lado mais bruto do grupo, mas também uma estética melodiosa de primeira, algo diferente de 90% das bandas que pensam que Thrash Metal é sentar paletadas à velocidade nas guitarras e está tudo bom (e não é). Óbvio que ela possui momentos mais velozes (a alternância entre essas passagens é a alma da música), mas como um todo é uma canção que nos mostra o quanto o SUFFOCATION OF SOULS está entre os melhores nomes do estilo no Brasil por ser criativo, sem medo de fazer o que lhes dá na cabeça.

Se você ficou de luto pelo fim do VIOLATOR, eis um nome para não só ocupar o lugar deles, mas superá-los.

Ah, você duvida, não é?

Ouça “Macabre Sentence”, seja sincero consigo mesmo, e terá uma ótima surpresa.

Nota: 88%