quinta-feira, 4 de julho de 2019

MYRKGAND - Old Mystical Tales


Ano: 2019
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1. Of the Blue Fire
2. Black Thunders of Zýr
3. Foreseeing the Future
4. Aquariü
5. Ghostwoods
6. Dunkelelf
7. Summoning the Cryptic Dæmonium
8. No Ímpeto da Fúria
9. Trolls Filthy Madfeast
10. Chthonian Cyclops


Banda:


Dmitry Luna - Todos os instrumentos, Vocais


Ficha Técnica:

Dmitry Luna - Produção
Roland Grapow - Produção, Gravação, Mixagem, Masterização, Guitarra Solo #2 em “Chthonian Cyclops”
Emerson Maia - Artwork
Antônio César - Artwork
Christophe Szpajdel - Logotipo
Antônio Araújo - Vocais limpos em “Aquariü”
Luiz Carlos Louzada - Vocais urrados adicionais em “Black Thunders of Zýr”
Renato Matos - Vocais (coros) em “Summoning the Cryptic Dæmonium”
Trollmannen - Vocais urrados adicionais em “Trolls Filthy Madfeast”
Liv Kristine - Vocais limpos em “Chthonian Cyclops”
Ashok - Guitarra Solo #2 em “Of the Blue Fire”
Marcus Siepen - Guitarra Solo em “Black Thunders of Zýr”
Danilo Coimbra - Guitarra Solo em “Foreseeing the Future”
Vito Marchese - Guitarra Solo em “Aquariü”
Micha Meyer - Guitarra Solo em “Ghostwoods”
Rodrigo Berne - Guitarra Solo em “Summoning the Cryptic Dæmonium”
Claydson Silva - Guitarra Solo em “No Ímpeto da Fúria”
Dr. Leif Kjønnsfleis - Guitarra Solo em “Trolls Filthy Madfeast”
Kevin Kott - Bateria


Contatos:

Site Oficial: https://myrkgand.com/
Assessoria:

Texto: “Metal Mark” Garcia


Introdução:

Embora o cenário Metal brasileiro viva com problemas constantes de todos os tipos (inclusive causados por bandas e fãs), é de se surpreender a criatividade e fertilidade. De Norte a Sul, de Leste a Oeste, em todos os estados do país, bandas de vários gêneros de Metal criam discos que são memoráveis, e que muitas vezes não recebem a devida acolhida.

Um deles é “Old Mystical Tales”, segundo disco do MYRKGAND, banda de um único integrante de João Pessoa (PB). Realmente, um ótimo disco!


Dmitry Luna
Análise geral:

Não é lá tão simples definir o que a banda faz. Sua música é de origem extrema, mais próxima ao Black Metal por conta de seus elementos estéticos principais, mas alguns toques de Death Metal, junto com adornos melódicos e mesmo influências de Pagan/Folk Metal vão aparecendo e deixando o som mais diversificado. Basicamente, é algo que é extremo, mas que não tem pudores de ser diferente do modelo “Default” que tantos usam.

Além disso, em comparação com “Myrkgand”, primeiro disco do grupo lançado em 2017, a evolução em termos ecléticos se expandiu muito. E é preciso citar que, mais uma vez, músicos reconhecidos no cenário participam do disco. Músicos que possuem experiência em nomes como CRADLE OF FILTH, HELLOWEEN, MASTERPLAN, AT VANCE, BLIND GUARDIAN, THEATRE OF TRAGEDY, VULCANO, KORZUS, IRON ANGEL, entre outros.


Arranjos/composições:

É onde o MYRKGAND ganha o jogo.

Se em “Myrkgand” a música ainda era um pouco presa ao horizonte extremo, agora a diversidade impera. Basicamente, é cheio de melodias (sejam Pagan/Folk, sejam Symphonic Black Metal, ou mesmo de Metal tradicional), ótima diversidade técnica, com tudo sendo consensual.

O caos criativo que se manifesta em “Old Mystical Tales” se mostra em uma dinâmica de arranjos de primeira. Não existe música “reta” nesse disco, é tudo ritmicamente variado.


Qualidade sonora:

Outro ponto extremamente forte do álbum.

“Old Mystical Tales” foi inteiramente gravado na Europa, nos Grapow Studios na Eslováquia, sob a tutela de Roland Grapow (que mixou e masterizou o disco, e ajudou a produzir, sem contar a participação no solo de guitarra em “Chthonian Cyclops”). Por isso a sonoridade está ótima, sendo equilibrado em termos de extremo e melodioso, mas de uma maneira limpa, que o ouvinte consegue assimilar.

O toque de agressividade vem dos timbres instrumentais usados, o que deu um toque de crueza interessante ao resultado final.


Arte gráfica/capa:

A apresentação do disco é em formato Digipack de 3 partes, em um papel especial, inclusive com as partes internas decoradas. A arte de Emerson Maia e Antônio César ficou excelente, com um jeito mais voltado às pinturas antigas de discos brasileiros, mas ao mesmo tempo, usando a estética moderna bem feita. Além disso, o uso de letras prateadas deu um toque extra de requinte.

Veja abaixo alguns detalhes e capa e contracapa:

Capa com letras prateadas

Contracapa com letras prateadas


Destaques musicais:

Basicamente, o MYRKGAND faz de “Old Mystical Tales” uma exibição de músicas de alto nível, equiparadas ao nível europeu. E de suas 10 canções, o disco marca o ouvinte de forma que a audição contínua se torna um vício. “Of the Blue Fire” mostra um corpo típico de Black/Death Metal melodioso, com ótimas mudanças de ritmo e guitarras de primeira. Alguns ritmos quebrados não convencionais aparecem em “Black Thunders of Zýr”, além de momentos mais extremos e velozes (baixo e bateria mostram criam uma base rítmica sólida e com boa técnica), mas as melodias nos solos de guitarra são algo reconfortante, sem mencionar o uso pontual de vocais limpos. O lado Pagan/Folk épico começa a aflorar mais evidentemente nos tempos mais refreados de “Aquariü”, outra canção rica em ambientações e com ótimos teclados. Evocando uma ambientação mais sinistra e seca, vem “Ghostwoods”, onde os riffs cortantes realmente cativam. Em “Dunkelelf”, mais uma vez o andamento se torna cadenciado, priorizando todas as partes de teclados elegantes e sinistras, além do uso de vocais contrastando entre o urrado e o suave agonizante. Ainda em tempos mais lentos, vem a aconchegante e permeada por melodias Folk “Summoning the Cryptic Dæmonium”, com um trabalho bem variado na base rítmica. A opressão musical imposta por “Chthonian Cyclops” vem justamente da fusão de partes extremas com momentos mais melodiosos, inclusive com “inserts” de vocais femininos que encaixaram como uma luva. Estas são as melhores, embora o disco inteiro seja ótimo.


Conclusão:

A verdade é que “Old Mystical Tales” é um disco ótimo, que eleva o nível do que o MYRKGAND já havia feito. E pelo visto, pode levar a banda a um reconhecimento maior no exterior.

Que assim seja!


Nota: 9,4/10,0


Of the Blue Fire



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