segunda-feira, 8 de outubro de 2018

MACCHINA - Age of Intolerance


Ano: 2018
Tipo: Extended Play (EP)
Selo: Independente
Nacional


Tracklist:

1. It’s Up to You
2. Goin’ Down
3. Age of Intolerance
4. I’m the Way


Banda:


Anderson “Punkinho” Mattiello - Guitarras, vocais
Átila Viggiani - Guitarras
Marvin Rodrigues - Baixo
Renan C. M. - Bateria


Ficha Técnica:


Contatos:

Site Oficial:
Assessoria:

Texto: “Metal Mark” Garcia


É interessante notar como o Brasil é capaz de gerar alguns tipos de grupos que são híbridos, ou seja, conseguem fundir elementos de gêneros díspares em algo consensual e de bom gosto. Basicamente é isso que temos em “Age of Intolerance”, segundo trabalho do quarteto paulista MACCHINA.

Nascido em berço de ouro, já que as fileiras do grupo já contaram com músicos com passagens por nomes conhecidos na música de SP como Luiz Cannalonga (músico de estúdio, que já trabalhou com Thaís Helena), Stefano Moliner (músico de jazz e fundador do projeto STEFANO MOLINER QUARTETO), Caio Duarte (TORÓ) e Luiz Angelelli (IMMINENT CHAOS), e o que temos aqui é um híbrido da energia crua do Hardcore com a musicalidade sólida e suja (em termos de timbres sonoros) do Stoner Rock/Metal dos anos 90, ou seja, algo próximo ao que o C.O.C. fez em “Blind”, embora não tão Stoner e com momentos bem brutais. Óbvio que não é só isso, pois os elementos que fluem da música deles têm muitas fontes (existem passagens que vão bem próximas ao Thrash Metal), e o ouvinte poderá detectar todas por si mesmo. E se preparem, pois é muita energia e empolgação junta!

Gravado no Estúdio Bay Area, “Age of Intolerance” tem uma sonoridade bem próxima ao que as bandas de Hardcore/Crossover do final dos anos 80 (como CRO-MAGS) mostravam em seus discos. Nada que chegue a ser difícil de entender, mas tem aquela ambientação à lá “CBGB” saudável e que nos faz muito bem. E a capa nos mostra em sua arte um tema bem atual: a era da intolerância em que vivemos em seu sentido mais amplo possível.

E nessa mistureba de estilos, se percebe que o MACCHINA só poderia ser rotulado como “Rock”, pois a percepção individual de cada um poderia lhes conferir um rótulo diferente. Mas ao mesmo tempo, esse “blend” bem feito é agradável aos ouvidos, e gruda de uma forma que é difícil de não ser seduzido pelas canções. Arranjos bem feitos, muita energia e espontaneidade, e tudo nos leva a pensar porque raios “Age of Intolerance” não é um álbum!

As linhas melódicas e conduções rítmicas de It’s Up to You” nos remetem bastante um uma mistura do Hardcore de nomes como CRO-MAGS e C.O.C. na virada dos 80 para os 90, focando mais no peso que na velocidade, como elementos de Stoner Metal (e onde baixo e bateria estão mostrando um trabalho ótimo). Em “Goin’ Down” se sente claramente um alinhavo Stoner/Hard Rock na simplicidade (e eficácia) dos riffs de guitarra. Já mais bem voltada para o peso do Hardcore mais moderno temos a ácida “Age of Intolerance”, mas elementos de Thrash ‘n’ Roll podem ser encontrados nesse andamento cadenciado e bruto (e com vocais em tons urrados próximos aos naturais bem convincentes). Fechando, “I’m the Way” segue a linha da anterior, embora a essência mais Stoner Rock fique evidente na dinâmica dos ritmos e riffs gordurosos.

No mais, o MACCHINA é uma banda ótima, e que tende a crescer mais e mais. “Age of Intolerance” é a prova cabal disso.

Nota: 82%


MAD ROULETTE - Turn the Wheel


Ano: 2018
Tipo: Full Length
Selo: Independente
Nacional


Tracklist:

1. Time for War
2. Turn the Wheel
3. Hell and Back
4. Finally Live
5. Guests from Overseas
6. Angel of the Night
7. House of Doom
8. Art of Darkness
9. Remember


Banda:


André “Cheddar” Alves - Baixo, vocais
Marcio Abud - Guitarras, vocais
Marcos Soli - Bateria, vocais


Ficha Técnica:


Contatos:

Site Oficial:
Assessoria:

Texto: “Metal Mark” Garcia


Diante da evolução sonora que o Metal sofre desde os anos 80, mais a diversificação sonora dada dos gêneros que surgiram. Mas sejamos francos: quando damos de cara com um disco e/ou banda que faça algo mais tradicional, o coração bate mais forte (tendo em vista que a maioria dos fãs de Metal começa por bandas mais conhecidas e de estilos mais melodiosos e acessíveis). Por isso, a impressão inicial ao ouvir “Turn the Wheel”, primeiro álbum do trio carioca MAD ROULETTE, é a melhor possível.

Antes de tudo, temos uma banda que transita entre o Metal tradicional com uma roupagem moderna e o Hard Rock (ou Classic Rock, como queiram os fãs de rótulos) com uma aura puramente Rock ‘n’ Roll. Com boas melodias acessíveis, pesado na medida certa e com um instrumental sólido (que não chega a ser técnico no nível do exagero, mas também não chega a ser simplista), a banda vai nos ganhando de cara, pois além da boa dose de acessibilidade, ainda tem uma energia crua e tanto.

Esmiuçando: ouçam à vontade, pois “Turn the Wheel” é um discão!

Sonoridade: o grupo realmente fez um trabalho muito bom nesse sentido. É sensível que a produção sonora de “Turn the Wheel” foi feita de uma forma que conseguisse aliar a energia crua e orgânica do trio com algo claro e que seja fácil de compreender. Além disso, a timbragem dos instrumentos ficou muito boa, sem falar que os efeitos dos instrumentos ficaram equilibrados. Além disso, a capa é bem caprichada, com uma arte caótica e de fundo social (como são os temas da banda).

Podemos afirmar que o MAD ROULETTE está mostrando uma evolução e tanto em relação ao EP “Mad Roulette” de 2014 (de onde trouxeram apenas a faixa “Remember”). O trabalho musical está mais conciso, bem elaborado, mas sempre se mantendo espontâneo, com uma energia viva e empolgante. E como a banda caprichou em cada refrão.

O disco possui 9 faixas de muito bom gosto, criadas com esmero (mas sem polir demais), onde se destacam a grudenta e forte Time for War” (reparem bem como baixo e bateria estão criando uma base rítmica sólida e bem trabalhada em termos de arranjos), o andamento mais cadenciado de “Turn the Wheel” (uma canção mais agressiva, com toques de Hard Rock e Stoner Rock evidentes, com um vocalzão à lá Punk Rock), as lindas partes limpas da sensível “Finally Live” (novamente um trabalho ótimo dos vocais), os tempos mais dinâmicos e com guitarras despejando ótimos riffs em “Guests from Overseas” e de “Angel of the Night”, a ambientação etérea que prioriza arranjos mais limpos de “Art of Darkness” (onde o refrão é cheio de energia e gruda nos ouvidos), além do peso e feeling de “Remember”.

Podemos dizer que “Turn the Wheel” é um disco de primeira, e que o MAD ROULETTE merece nossa atenção. A minha eles já têm, e a sua?
  
Nota: 90%