domingo, 30 de junho de 2019

BURNING WITCHES: Martelando Metal duro como o aço (Entrevista)



Por “Metal Mark” Garcia


No meio do tsunami de bandas de Metal Old School que tomou conta do cenário, de tempos em tempos um novo nome chama a atenção. E o quinteto feminino suíço BURNING WITCHES é um deles, como o segundo álbum da banda, “Hexenhammer” (uma bela mistura de Metal tradicional com algumas influências de Power/Speed Metal e Hard Rock) está aqui para provar.

E como o disco está sendo lançado no Brasil, tivemos a oportunidade de falar com essas Bruxas do Metal (mais especificamente com a baterista Lala) para saber um pouco mais da história e ambições delas, bem como sobre o futuro.

Lala Frischknecht

MMG: Antes de tudo, gostaria de agradecer pela oportunidade. Como o BURNING WITCHES é um nome ainda não muito conhecido pelos Metalheads brasileiros, poderia nos falar um pouco da história da banda, como vocês se juntaram? E existia a ideia de formar uma banda exclusivamente de membros mulheres? E qual é o conceito, a ideia principal, por trás do nome da banda?

Lala: Olá, Heavy Metal Thunder. Aqui é Lala e eu vou falar em nome das Bruxas. Obrigado por nos entrevistar.

O BURNING WITCHES foi fundado em 2015, na cidade de Brugg, Suíça. É o sonho de Romana (N.T.: guitarrista do grupo) ter uma banda só com integrantes mulheres. Ela possui outra banda, chamada ATLAS AND AXIS, onde somente ela é mulher.

Ela começou a procurar por integrantes e Jeanine Grob (N.T: baixista do grupo), uma amiga de longa data, se tornou o primeiro membro oficial. Ela então encontrou Seraina Telli em uma festa. Deu um estalo imediatamente por conta das habilidades musicais de ambas. Após uma longa busca e diferentes audições para uma baterista adequada, elas me encontraram. Romana pediu a Alea Wyss para preencher a vaga no outro machado (NT.: é comum o uso de “Axe”, ou seja, "Machado", para falar da guitarra em uma forma bem conhecida no cenário). Mas infelizmente, ela saiu da banda por motivos pessoais e foi substituída por Sonia Nusselder como nova integrante. Tivemos semanas bem difíceis porque Seraina também deixou a banda recentemente e quis se concentrar em sua carreira solo. Encontramos Laura por meio de nosso contato holandês por meio de Sonia. Ela fez o primeiro show dela conosco no Sweden Rock Festival e foi um sucesso.

Todas nós amamos Heavy Metal e por aí vai. E isso nos une. O mundo é muito pequeno. Como um ouvinte e frequentador de shows, você nunca saberá se alguém que irá encontrar vai mudar sua vida. A música une as pessoas e felizmente, não requer linguagem, raça ou gênero.

Somos apaixonadas por tocar e, ao mesmo tempo, ajudar e dar suporte umas as outras em uma família de verdade.

E não podíamos pensar em outro nome, Somos apenas um bando de garotas doidas que estão prontas a queimar pelo Metal, e é por isso que nos chamamos BURNING WITCHES.

Laura Guldemond (vocais)

MMG: A Suíça é conhecida no mundo inteiro por nomes como CELTIC FROST, CORONER e mais alguns, mas aparenta aos que moram fora da Europa que é raro ver mais nomes fortes vindos do país. Como se sentem sendo “herdeiras” de tais nomes do Metal?

Lala: É uma honra sermos herdeiras de tais grandes bandas da Suíça que levaram as pessoas a tocarem música ou serem parte de uma banda.

Talvez isso aconteça porque estamos em um país pequeno, e o Metal perde ouvintes por conta da influência do Pop e outros estilos musicais mainstream. Apesar de essas pessoas darem suporte a diferentes tipos de Metal, bem como vão a shows underground ou grandes concertos, ainda é difícil para as bandas conseguirem algo. A população na Suíça é bem pequena. Mas estamos felizes que, mesmo morando em um país tão pequeno, o cenário musical aqui é apoiado pelas pessoas por elas mesmas, que lutam para manter o cenário vivo.


Romana Kalkuhl (guitarras)
MMG: Mesmo sendo uma banda jovem em 2016, as revistas alemãs Metal Hammer e Rock Hard denominaram sua primeira Demo como a “Demo do Mês”. Esse fato deu uma ajuda em abrir portas e para espalhar o nome do BURNING WITCHES por toda Europa?

Lala: Como uma banda novata na época, seria impossível ter uma chance de nos apresentar, e sendo uma “Demo do Mês” em revistas tão grandes como a Rock Hard e Metal Hammer foi um ótimo começo, e nos ajudou a conseguirmos mais exposição. Não esperávamos aquilo. Somos gratas a elas por nos reconhecerem. Talvez as pessoas tenham nos visto lá se perguntaram quem diabos éramos nós, ficaram curiosas e acabaram checando nossa música.


MMG: Em dezembro de 2016, vocês lançaram um Single, “Burning Witches”, e em maio do ano seguinte, “Burning Witches” (o álbum) foi lançado. Como foi a recepção a ele pela imprensa e fãs de Metal? As coisas melhoraram como esperavam?

Lala: Na realidade, foi uma Demo limitada a 666 cópias com duas canções, “Black Widow” e “Burning Witches”, que esgotou em um período curto de tempo.

E sim, tivemos uma resposta grande das pessoas após o lançamento de nosso primeiro disco, “Burning Witches”. Acho que foi revigorante para elas verem uma banda feminina tocando Heavy Metal dos anos 80 em um cenário dominado por homens. É muito surpreendente ver que as pessoas curtiram nossa música. Não esperávamos que isso acontecesse. E naquela época, começamos a conseguir mais shows, e também uma chance de tocar em grandes festivais como o “Bang Your Head” na Alemanha, que foi nosso primeiro grande festival.


MMG: Hora de colocar “Hexenhammer” como centro das atenções. Levou apenas 1 ano entre o lançamento dele e o de “Burning Witches”, uma estratégia não muito usual para od dias de hoje, onde as bandas preferem períodos mais longos entre dois lançamentos. A pergunta: por que tão cedo? E como a Nuclear Blast Records recebeu a ideia de um segundo álbum apenas um ano depois do primeiro?

Sonia “Anubis” Nusselder (guitarras)
Lala: Após o lançamento de nosso primeiro álbum, continuamos escrevendo canções. Já tínhamos 5-6 músicas antes da Nuclear Blast Records nos oferecer um contrato. Então foi um “timing” perfeito. Sem pressa alguma. Como me lembro ouvir a notícia de que a Nuclear Blast queria nos contratar: foi um momento inesquecível, era inacreditável saber do interesse de um selo tão grande. Estamos muito felizes de saber que eles acreditaram em nosso potencial, não só como uma banda feminina, mas como uma banda que pode fazer música boa e refrescante.


MMG: O título do disco, “Hexenhammer”, está ligado de alguma forma à concepção musical ou lírica de alguma forma? Por favor, nos fale de suas idéias sobre ele.

Lala: Tínhamos a ideia de que o Hexenhammer (NT.: em alemão, significa “Martelo das Bruxas”, o livro conhecido da Idade Média) poderia ser um conceito perfeito para um disco, porque também lida com nossa história. E fazia sentido para todas nós. Ele é uma Bíblia da Caça às Bruxas que lida com a perseguição e extermínio de bruxas. E é também uma parte triste da história.

Existem algumas canções que se referem ao Hexenhammer e ao seu criador. Como nossas canções “Dead Ender” e “Hexenhammer” são sobre Heinrich Kramer, que é o autor do livro, um canalha que dizia que as vidas das Bruxas não tinham importância, e que deveriam ser queimadas vivas. A canção “Executed“ é sobre Anna Göldi, a última Bruxa da Suíça e sua vida angustiante. Mas também temos letras sobre a criação de guerras, comportamento humano, racismo, mitos de Bruxas como “Man-Eater”. Algumas são baseadas em opiniões e na imaginação.


MMG: Uma coisa que chama a atenção em “Haxenhammer” é a presença dos integrantes do DESTRUCTION, Schmier e Damir Eskić trabalhando na produção (junto com V. O. Pulver, que trabalhou também na gravação, na mixagem e na masterização). Mas eles são músicos de Thrash Metal, e vocês estão em um formato mais voltado ao Metal tradicional, então, como foi trabalhar com eles? As diferenças musicais melhoraram as coisas para vocês?

Jeanine Grob (baixo)
Lala: Schmier é um amigo de longa data de Romana, e Damir (também do GOMORRA) é o marido dela. Esses caras formidáveis estão conosco desde o primeiro dia, ou antes do BURNING WITCHES ser formado. São essas as pessoas que nos ajudam de muitas maneiras, nossos mentores e, claro, eles são nossa família. Ter Schmier e Damir a nosso lado é como ganhar na loteria (risos). V. O. Pulver também é um amigo de longa data de Schmier e também de nossa família Metal. Confiamos totalmente nele desde “Burning Witches”. Essas pessoas têm décadas de conhecimento na indústria musical.

E estar em uma banda de Metal tradicional não nos afeta, ou mesmo nossos mentores, que são de uma banda de Thrash Metal. Isso porque todos estão, de uma forma ou outra, ouvindo algo e, no fim do dia, será tudo sobre música e como faze-la de uma forma certa e boa.


MMG: Courtney Cox (guitarrista do THE IRON MAIDENS, e que tocou no PHANTOM BLUE) faz um solo de guitarra em “Maiden of Steel”. Como surgiu a ideia de convidá-la para tocar com vocês? E como se sentem com o resultado?

Lala: Courtney é uma amiga de Romana, e ela pediu a Courtney se ela poderia tocar em alguma canção nossa, e ela concordou. E ficou ótimo. Você pode ouvir muitas variações melódicas no solo dela em “Maiden of Steel”, e sim, ela é uma guitarrista que arrebenta como todos sabem, ha ha. Obrigado, Courtney!


MMG: Não gosto de falar sobre minhas reflexões pessoais em entrevistas, mas quando ouvi a música do BURNING WITCHES em “Hexenhammer”, soou para mim como algo novo, fresco e cheio de vida, o posto ao que ouço com freqüência em bandas que tocam tais gêneros musicais velhos (que tentam desesperadamente emular as qualidades sonoras do passado). Qual é o segredo de tão impressionantes energia e vida?


Lala: Muito obrigada. Romana é quem faz todos os riffs. Seraina fez as letras e também contribuía na composição das músicas. Romana tem muitas idéias e é bem rápida em escrever canções. Acho que é uma mistura de talento e devoção aquilo que você ama fazer. Praticar enquanto se diverte também ajuda bastante e torna a ambientação verdadeiramente maravilhosa e sem nenhum tipo de pressão. Não temos medo de experimentar novos materiais porque a canção já está finalizada, ainda podemos decidir se é suficiente para nossa própria satisfação. Acontece que esse é o sonho de todos hoje em dia, e se torna ainda mais cheio de energia porque nós só temos uma visão e objetivo, e essa visão é de fazer música boa e refrescante, e tocar isso o mais pesado que pudermos, e aproveitar cada momento enquanto estamos no palco tocando. Bons elos e amizade são importantes em uma banda. Eles criam uma boa ambientação para trabalhar da forma mais divertida e fácil.


Lala Frischknecht (bateria)
MMG: Esta pode soar um pouco ingênua, mas porque gravaram uma versão para “Holy Diver” do DIO? E o resultado final é ótimo, me permita dizer.

Lala: Bem, obrigado. “Holy Diver” é a primeira música canção que ensaiamos juntas e tocamos ao vivo pelo menos uma cem vezes. Ela é um dos melhores hinos do Metal no cenário musical. Amamos toca-la ao vivo enquanto as pessoas cantam. E nos conectar a elas é o ponto alto durante nossos shows.


MMG: Como dito acima, no nome do BURNING WITCHES ainda não é muito conhecido no Brasil, mas enquanto falamos, tanto “Burning Witches/Burning Alive” como Hexenhammer” estão sendo lançados aqui pela Shinigamy Records/Nuclear Blast Brasil. O que acha disso? E se talvez isso faça as coisas crescerem por aqui, então esperamos que venham queimar nosso país com shows!

Lala: Obrigado a todos por acolherem nossa música em seu belo país. Não esperávamos que nossa música fosse alcançar o Brasil. É tão bom ver como a música pode navegar pelo mundo. É óbvio que existem pessoas que podem nunca ter ouvido falar de nós. É uma ótima chance a explorar e mostrar as pessoas que fazemos um bom e refrescante Heavy Metal. Esperamos poder ir e tocar em seu país. E ouvimos falar que as plateias brasileiras são insanas! Isso nos interessa, e esperamos algum dia queimar o palco e encanta-los para nosso círculo de bruxas.


MMG: Enquanto falamos, as notícias dizem que a vocalista Seraina deixou o grupo, e que uma nova Bruxa se juntou ao círculo: Laura Guldemond. Como as coisas estão indo com ela na banda? E ela cantou com vocês no Sweden Rock Festival, então como foi esta experiência de tocar o primeiro show com uma nova vocalista em um festival tão grande?

Lala: Sim, infelizmente Seraina deixou a banda. Foi triste, mas não podíamos fazer nada. Todos são livres para fazerem o que quiserem de suas vidas. Mas somos afortunadas em encontrar nossa nova Bruxa, Laura. E que talento imenso e garota louca que ela é, o mesmo que nós, ha há... Não são muitas pessoas que conseguem aprender 10 músicas em um período curto e cantar com culhões em um grande palco. Estamos orgulhosas dela. Ela gosta de ação, então é perfeita, ha ha.

Também gravamos um vídeo para uma canção com ela cantando, chamado “Wings of Steel”, que está no youtube como um visualizador oficial (NT.: este vídeo está logo abaixo da entrevista), mas estará disponível como Digi Single em 19 de Julho. E que canção ótima com tanto poder, melodias e velocidade! Laura realmente acertou nela!

BURNING WITCHES ao vivo no Sweden Rock Festival

MMG: O vídeo promocional para “Hexenhammer” é a canção-título. Quem escolheu esta canção em especial? E existem planos para algum novo para breve?

Lala: Todas nós decidimos fazer desta a faixa-título. Achamos que seria a canção perfeita para mostrar as pessoas o que elas poderiam esperar de “Hexenhammer”. Um verdadeiro Heavy Metal dos anos 80 com um toque da era moderna. Uma vez que tiver ouvido, não poderá sair, pois terá sido enfeitiçado, mas é certo que não vai se arrepender, ha há.

Atualmente, estamos trabalhando de forma intensa para novos materiais para nosso novo álbum, que deverá ser lançado no final de 2020. Logo, cuidado, colegas! Tenham certeza de estarem com os cintos apertados, ha ha. Será um tipo ardente de Heavy Metal.


MMG: Como falamos de shows, como está a agenda de vocês por agora? Alguma turnê fora da Europa está marcada? Espero que o Brasil esteja em seus planos, e vou pedir a vocês para assinarem minhas cópias de “Burning Witches” e “Hexxenhammer” (risos).

Lala: No momento, estamos ocupadas fazendo muitos shows na Europa e trabalhando no novo material para o disco novo que mencionei antes. Ainda não temos datas para o Brasil, mas é claro que visitaremos e tocarem em seu belo país, e beber Caipirinha enquanto caminhamos em Ipanema ha ha.

E ficaremos felizes em autografar seus discos. Sempre amamos fazer isso, ha ha.

BURNING WITCHES

MMG: Bem, é isso. Quero agradecer a você mais uma vez e, por favor, deixe sua mensagem para seus fãs e para os leitores do Heavy Metal Thunder Brasil.

Lala: Muito obrigado pelo seu apoio. Queremos mandar todo nosso amor para vocês. “Keep It Burning”, camaradas. “Stay Heavy” e mais força ao “Heavy Metal Thunder Brazil”! Obrigado por espalharem as palavras. Horns up!


Contatos:



P.S.: O Heavy Metal Thunder Brasil gostaria de agradecer a Shinigami Records e a Marcos Franke (da assessoria de imprensa da Nuclear Blast Brasil) pela oportunidade de entrevistar Lala (and thank a you a lot, Lala).

Veja os vídeos para “Executed”, “Hexenhammer” e “Wings of Steel”:


Executed



Hexenhammer



Wings of Steel