Por “Metal Mark” Garcia
No meio do tsunami de bandas
de Metal Old School que tomou conta do cenário, de tempos em tempos um novo
nome chama a atenção. E o quinteto feminino suíço BURNING WITCHES é um deles, como o segundo álbum da banda, “Hexenhammer”
(uma bela mistura de Metal tradicional com algumas influências de Power/Speed
Metal e Hard Rock) está aqui para provar.
E como o disco está sendo
lançado no Brasil, tivemos a oportunidade de falar com essas Bruxas do Metal
(mais especificamente com a baterista Lala)
para saber um pouco mais da história e ambições delas, bem como sobre o futuro.
MMG: Antes
de tudo, gostaria de agradecer pela oportunidade. Como o BURNING WITCHES é um nome ainda não muito conhecido pelos
Metalheads brasileiros, poderia nos falar um pouco da história da banda, como
vocês se juntaram? E existia a ideia de formar uma banda exclusivamente de
membros mulheres? E qual é o conceito, a ideia principal, por trás do nome da
banda?
Lala: Olá, Heavy Metal
Thunder. Aqui é Lala e eu vou falar em nome das Bruxas. Obrigado por nos
entrevistar.
O BURNING WITCHES foi fundado em 2015, na cidade de Brugg, Suíça. É o
sonho de Romana (N.T.: guitarrista
do grupo) ter uma banda só com integrantes mulheres. Ela possui outra banda,
chamada ATLAS AND AXIS, onde somente
ela é mulher.
Ela começou a procurar por
integrantes e Jeanine Grob (N.T:
baixista do grupo), uma amiga de longa data, se tornou o primeiro membro
oficial. Ela então encontrou Seraina Telli
em uma festa. Deu um estalo imediatamente por conta das habilidades musicais
de ambas. Após uma longa busca e diferentes audições para uma baterista
adequada, elas me encontraram. Romana
pediu a Alea Wyss para preencher a
vaga no outro machado (NT.: é comum o uso de “Axe”, ou seja, "Machado", para falar da guitarra em
uma forma bem conhecida no cenário). Mas infelizmente, ela saiu da banda por
motivos pessoais e foi substituída por Sonia
Nusselder como nova integrante. Tivemos semanas bem difíceis porque Seraina também deixou a banda
recentemente e quis se concentrar em sua carreira solo. Encontramos Laura por meio de nosso contato
holandês por meio de Sonia. Ela fez
o primeiro show dela conosco no Sweden Rock Festival e foi um sucesso.
Todas nós amamos Heavy Metal
e por aí vai. E isso nos une. O mundo é muito pequeno. Como um ouvinte e
frequentador de shows, você nunca saberá se alguém que irá encontrar vai mudar
sua vida. A música une as pessoas e felizmente, não requer linguagem, raça ou
gênero.
Somos apaixonadas por tocar
e, ao mesmo tempo, ajudar e dar suporte umas as outras em uma família de
verdade.
E não podíamos pensar em
outro nome, Somos apenas um bando de garotas doidas que estão prontas a queimar pelo Metal, e é por isso que nos chamamos BURNING
WITCHES.
MMG: A
Suíça é conhecida no mundo inteiro por nomes como CELTIC FROST, CORONER e mais alguns, mas aparenta aos que moram
fora da Europa que é raro ver mais nomes fortes vindos do país. Como se sentem
sendo “herdeiras” de tais nomes do Metal?
Lala: É
uma honra sermos herdeiras de tais grandes bandas da Suíça que levaram as
pessoas a tocarem música ou serem parte de uma banda.
Talvez isso aconteça porque
estamos em um país pequeno, e o Metal perde ouvintes por conta da influência do
Pop e outros estilos musicais mainstream. Apesar de essas pessoas darem suporte
a diferentes tipos de Metal, bem como vão a shows underground ou grandes
concertos, ainda é difícil para as bandas conseguirem algo. A população na
Suíça é bem pequena. Mas estamos felizes que, mesmo morando em um país tão
pequeno, o cenário musical aqui é apoiado pelas pessoas por elas mesmas, que
lutam para manter o cenário vivo.
Romana Kalkuhl (guitarras) |
Lala: Como
uma banda novata na época, seria impossível ter uma chance de nos apresentar, e
sendo uma “Demo do Mês” em revistas tão grandes como a Rock Hard e Metal Hammer
foi um ótimo começo, e nos ajudou a conseguirmos mais exposição. Não
esperávamos aquilo. Somos gratas a elas por nos reconhecerem. Talvez as pessoas
tenham nos visto lá se perguntaram quem diabos éramos nós, ficaram curiosas e acabaram
checando nossa música.
MMG: Em
dezembro de 2016, vocês lançaram um Single, “Burning Witches”, e em
maio do ano seguinte, “Burning Witches” (o álbum) foi
lançado. Como foi a recepção a ele pela imprensa e fãs de Metal? As coisas
melhoraram como esperavam?
Lala: Na
realidade, foi uma Demo limitada a 666 cópias com duas canções, “Black
Widow” e “Burning Witches”, que esgotou em um período curto de tempo.
E sim, tivemos uma resposta
grande das pessoas após o lançamento de nosso primeiro disco, “Burning
Witches”. Acho que foi revigorante para elas verem uma banda feminina
tocando Heavy Metal dos anos 80 em um cenário dominado por homens. É muito
surpreendente ver que as pessoas curtiram nossa música. Não esperávamos que isso
acontecesse. E naquela época, começamos a conseguir mais shows, e também uma
chance de tocar em grandes festivais como o “Bang Your Head” na Alemanha, que foi nosso primeiro grande
festival.
MMG: Hora
de colocar “Hexenhammer” como centro das atenções. Levou apenas 1
ano entre o lançamento dele e o de “Burning Witches”, uma estratégia
não muito usual para od dias de hoje, onde as bandas preferem períodos mais
longos entre dois lançamentos. A pergunta: por que tão cedo? E como a Nuclear Blast Records recebeu a ideia
de um segundo álbum apenas um ano depois do primeiro?
Sonia “Anubis” Nusselder (guitarras) |
MMG: O
título do disco, “Hexenhammer”, está ligado de alguma forma à concepção musical
ou lírica de alguma forma? Por favor, nos fale de suas idéias sobre ele.
Lala:
Tínhamos a ideia de que o Hexenhammer (NT.: em alemão, significa “Martelo das
Bruxas”, o livro conhecido da Idade Média) poderia ser um conceito perfeito
para um disco, porque também lida com nossa história. E fazia sentido para
todas nós. Ele é uma Bíblia da Caça às Bruxas que lida com a perseguição e
extermínio de bruxas. E é também uma parte triste da história.
Existem algumas canções que
se referem ao Hexenhammer e ao seu criador. Como nossas canções “Dead Ender” e “Hexenhammer” são sobre Heinrich
Kramer, que é o autor do livro, um canalha que dizia que as vidas das
Bruxas não tinham importância, e que deveriam ser queimadas vivas. A canção “Executed“ é sobre Anna Göldi, a última Bruxa da Suíça e sua vida angustiante. Mas também temos letras sobre a criação de
guerras, comportamento humano, racismo, mitos de Bruxas como “Man-Eater”.
Algumas são baseadas em opiniões e na imaginação.
MMG: Uma
coisa que chama a atenção em “Haxenhammer” é a presença dos
integrantes do DESTRUCTION, Schmier e Damir Eskić trabalhando na produção (junto com V. O. Pulver, que trabalhou também na gravação, na mixagem e na
masterização). Mas eles são músicos de Thrash Metal, e vocês estão em um
formato mais voltado ao Metal tradicional, então, como foi trabalhar com eles?
As diferenças musicais melhoraram as coisas para vocês?
Jeanine Grob (baixo) |
E estar em uma banda de
Metal tradicional não nos afeta, ou mesmo nossos mentores, que são de uma banda
de Thrash Metal. Isso porque todos estão, de uma forma ou outra, ouvindo algo
e, no fim do dia, será tudo sobre música e como faze-la de uma forma certa e
boa.
MMG: Courtney Cox (guitarrista do THE IRON MAIDENS,
e que tocou no PHANTOM BLUE) faz um
solo de guitarra em “Maiden of Steel”. Como surgiu a ideia de convidá-la para tocar
com vocês? E como se sentem com o resultado?
Lala: Courtney é uma amiga de Romana, e ela pediu a Courtney se ela
poderia tocar em alguma canção nossa, e ela concordou. E ficou ótimo. Você pode
ouvir muitas variações melódicas no solo dela em “Maiden of Steel”, e sim,
ela é uma guitarrista que arrebenta como todos sabem, ha ha. Obrigado, Courtney!
MMG: Não
gosto de falar sobre minhas reflexões pessoais em entrevistas, mas quando ouvi
a música do BURNING WITCHES em “Hexenhammer”,
soou para mim como algo novo, fresco e cheio de vida, o posto ao que ouço com
freqüência em bandas que tocam tais gêneros musicais velhos (que tentam
desesperadamente emular as qualidades sonoras do passado). Qual é o segredo de tão
impressionantes energia e vida?
Lala:
Muito obrigada. Romana é quem faz
todos os riffs. Seraina fez as
letras e também contribuía na composição das músicas. Romana tem muitas idéias e é bem rápida em escrever canções. Acho
que é uma mistura de talento e devoção aquilo que você ama fazer. Praticar
enquanto se diverte também ajuda bastante e torna a ambientação verdadeiramente
maravilhosa e sem nenhum tipo de pressão. Não temos medo de experimentar novos
materiais porque a canção já está finalizada, ainda podemos decidir se é
suficiente para nossa própria satisfação. Acontece que esse é o sonho de todos
hoje em dia, e se torna ainda mais cheio de energia porque nós só temos uma
visão e objetivo, e essa visão é de fazer música boa e refrescante, e tocar isso
o mais pesado que pudermos, e aproveitar cada momento enquanto estamos no palco
tocando. Bons elos e amizade são importantes em uma banda. Eles criam uma boa
ambientação para trabalhar da forma mais divertida e fácil.
Lala Frischknecht (bateria) |
Lala: Bem,
obrigado. “Holy Diver” é a primeira música canção que ensaiamos juntas e
tocamos ao vivo pelo menos uma cem vezes. Ela é um dos melhores hinos do Metal
no cenário musical. Amamos toca-la ao vivo enquanto as pessoas cantam. E nos
conectar a elas é o ponto alto durante nossos shows.
MMG: Como
dito acima, no nome do BURNING WITCHES
ainda não é muito conhecido no Brasil, mas enquanto falamos, tanto “Burning
Witches/Burning Alive” como “Hexenhammer” estão sendo lançados
aqui pela Shinigamy Records/Nuclear
Blast Brasil. O que acha disso? E se talvez isso faça as coisas crescerem
por aqui, então esperamos que venham queimar nosso país com shows!
Lala:
Obrigado a todos por acolherem nossa música em seu belo país. Não esperávamos
que nossa música fosse alcançar o Brasil. É tão bom ver como a música pode
navegar pelo mundo. É óbvio que existem pessoas que podem nunca ter ouvido
falar de nós. É uma ótima chance a explorar e mostrar as pessoas que fazemos um
bom e refrescante Heavy Metal. Esperamos poder ir e tocar em seu país. E
ouvimos falar que as plateias brasileiras são insanas! Isso nos interessa, e
esperamos algum dia queimar o palco e encanta-los para nosso círculo de bruxas.
MMG: Enquanto
falamos, as notícias dizem que a vocalista Seraina
deixou o grupo, e que uma nova Bruxa se juntou ao círculo: Laura Guldemond. Como as coisas estão indo com ela na banda? E ela
cantou com vocês no Sweden Rock Festival,
então como foi esta experiência de tocar o primeiro show com uma nova vocalista
em um festival tão grande?
Lala: Sim,
infelizmente Seraina deixou a banda.
Foi triste, mas não podíamos fazer nada. Todos são livres para fazerem o que
quiserem de suas vidas. Mas somos afortunadas em encontrar nossa nova Bruxa,
Laura. E que talento imenso e garota louca que ela é, o mesmo que nós, ha há...
Não são muitas pessoas que conseguem aprender 10 músicas em um período curto e
cantar com culhões em um grande palco. Estamos orgulhosas dela. Ela gosta de
ação, então é perfeita, ha ha.
Também gravamos um vídeo
para uma canção com ela cantando, chamado “Wings of Steel”, que está no youtube
como um visualizador oficial (NT.: este vídeo está logo abaixo da entrevista), mas estará disponível como Digi Single em 19 de
Julho. E que canção ótima com tanto poder, melodias e velocidade! Laura realmente acertou nela!
MMG: O
vídeo promocional para “Hexenhammer” é a canção-título. Quem
escolheu esta canção em especial? E existem planos para algum novo para breve?
Lala:
Todas nós decidimos fazer desta a faixa-título. Achamos que seria a canção
perfeita para mostrar as pessoas o que elas poderiam esperar de “Hexenhammer”.
Um verdadeiro Heavy Metal dos anos 80 com um toque da era moderna. Uma vez que
tiver ouvido, não poderá sair, pois terá sido enfeitiçado, mas é certo que não
vai se arrepender, ha há.
Atualmente, estamos
trabalhando de forma intensa para novos materiais para nosso novo álbum, que
deverá ser lançado no final de 2020. Logo, cuidado, colegas! Tenham certeza de
estarem com os cintos apertados, ha ha. Será um tipo ardente de Heavy Metal.
MMG: Como
falamos de shows, como está a agenda de vocês por agora? Alguma turnê fora da
Europa está marcada? Espero que o Brasil esteja em seus planos, e vou pedir a
vocês para assinarem minhas cópias de “Burning Witches” e “Hexxenhammer”
(risos).
Lala: No
momento, estamos ocupadas fazendo muitos
shows na Europa e trabalhando no novo material para o disco novo que mencionei
antes. Ainda não temos datas para o Brasil, mas é claro que visitaremos e
tocarem em seu belo país, e beber Caipirinha enquanto caminhamos em Ipanema ha
ha.
E ficaremos felizes em
autografar seus discos. Sempre amamos fazer isso, ha ha.
MMG: Bem,
é isso. Quero agradecer a você mais uma vez e, por favor, deixe sua mensagem
para seus fãs e para os leitores do Heavy
Metal Thunder Brasil.
Lala: Muito
obrigado pelo seu apoio. Queremos
mandar todo nosso amor para vocês. “Keep It Burning”, camaradas. “Stay Heavy” e
mais força ao “Heavy Metal Thunder
Brazil”! Obrigado por espalharem as palavras. Horns up!
Contatos:
P.S.: O Heavy Metal Thunder
Brasil gostaria de agradecer a Shinigami Records e a Marcos Franke (da
assessoria de imprensa da Nuclear Blast Brasil) pela oportunidade de
entrevistar Lala (and thank a you a lot, Lala).
Veja os vídeos para
“Executed”, “Hexenhammer” e “Wings of Steel”:
Executed
Hexenhammer
Wings of Steel
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