terça-feira, 6 de novembro de 2018

BURZUM - From the Depths of Darkness (RELANÇAMENTO)


Ano: 2011 / Relançamento: 2018
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1. The Coming (intro)
2. Feeble Screams from Forests Unknown
3. Sassu Wunnu (intro)
4. Ea. Lord of the Depths
5. Spell of Destruction
6. A Lost Forgotten Sad Spirit
7. My Journey to the Stars
8. Call of the Siren (intro)
9. Key to the Gate
10. Turn the Sign of the Microcosm (Snu Mikrokosmos’ Tegn)
11. Channeling the Power of Minds Into a New God


Banda:


Varg Vikernes - Vocais, guitarras, baixo, teclados, sintetizadores, bateria


Ficha Técnica:

Varg Vikernes - Produção, mixagem
Pytten - Produção, engenharia
Davide Bertolini - Produção, engenharia
Naweed - Masterização
Dan Capp - Artwork, Layout


Contatos:

Site Oficial: http://www.burzum.org/
Assessoria:

Texto: “Metal Mark” Garcia


Quando o Black Metal ressurgiu na primeira metade dos anos 90, apesar de existirem cenas locais do estilo na Grécia, na Suécia e mesmo nos EUA e Brasil, a atenção de todos estava voltada para a cena da Noruega, por conta das polêmicas de incêndios de igrejas e assassinatos. Além disso, três bandas se tornariam a espinha dorsal do estilo renascido: DARKTHRONE (que foi o primeiro a gravar um disco do gênero, o clássico “A Blaze in the Northern Sky”), MAYHEM (que recriara as características sonoras e a estética visual do gênero), e o BURZUM. Este último, seja pelas polêmicas ou por sua música, sempre foi uma força motriz influenciadora do Black Metal. Para comprovar isso, uma ouvida em “From the Depths of Darkness” (relançado no Brasil pela Shinigami Records) mostra o quanto o som do grupo é profundamente seminal para o Black Metal.

Em termos de ineditismo, “From the Depths of Darkness” nada mais é que a regravação de velhas canções da banda (na realidade, como todos já sabem, uma “one man band”), músicas que estão presentes em “Burzum” de 1992 e “Det Som Engang Var” de 1993. Não existem muitas diferenças em termos de músicas e arranjos (exceto pelos tons vocais), mas com a sonoridade mais acurada, percebem-se as sutilezas e nuances que o Black Metal possui, e que são originais do trabalho de Varg. Momentos agressivos e outros mais melancólicos se mesclam em uma música em que a técnica instrumental não é o foco principal, mas se preparem, pois em termos de energia e partes envolventes, tudo está ainda melhor (novamente, agradecimentos pela melhor qualidade sonora). Desta forma, poderíamos dizer que este disco é a mostra clara de que (amem ou odeiem a afirmativa) o BURZUM é tão importante para o gênero quanto os outros dois grupos supracitados.

Em termos de produção, Varg co-produziu o disco juntamente com Dave Bertolini (que trabalhou nos discos antigos do ENSLAVED, além de ter mixado “Bellus” e “Umskiptar”) e Pytten (o mesmo produtor dos primeiros discos da banda, e que trabalhou com EMPEROR, IMMORTAL, MAYHEM, entre muitos outros). O resultado foi algo que capta o velho espírito do BURZUM, ou seja, cru e frio como gelo, mas audível e compreensível. Além disso, a arte nada mais é que um “recorte ampliado” da capa de “Det Som Engang Var”, ligando assim este disco ao passado.

A capacidade do BURZUM em criar partes agressivas que contrastam com momentos atmosféricos, e outros em que existe uma ambientação musical densa e soturna é algo de assombroso. Percebe-se que a simplicidade técnica da época nunca escondeu as ótimas mudanças de ritmo e partes em que os arranjos dão aquele frio na espinha. Sim, o disco é genial, sem sombra de dúvidas!

Um pouco do que era o Black Metal nos velhos tempos fica evidente por todo o disco, e canções como “Feeble Screams from Forests Unknown” (que mostra boas mudanças de ritmo, uma pegada crua e sinistra bem característica da época), a clara influência do HELLHAMMER em “Ea. Lord of the Depths” (embora os riffs das guitarras sejam carregados de partes extremamente sombrias), no peso cadenciado e introspectivo de “Spell of Destruction” (algumas conduções nos dois bumbos encaixaram de maneira providencial à canção), as empolgantes “A Lost Forgotten Sad Spirit” (boas harmonias, além de vocais bem encaixados, agora com timbres mais graves que os originais) e “My Journey to the Stars” (outra cheia de melodias densas e melancólicas criadas pelas guitarras), a clássica e brutal “Key to the Gate” (quantos pescoços devem ter ficado com torcicolos nos 90 por conta de suas partes rápidas empolgantes, e as mentes seduzidas em suas partes mais cadenciadas e atmosféricas), a alternância de ritmos de bom gosto de “Turn the Sign of the Microcosm (Snu Mikrokosmos’ Tegn)” (o título foi traduzido do original, que está entre parêntenses, e é uma das canções mais cultuadas do segundo álbum da banda por sua aura obscura), e a sinistra “Channeling the Power of Minds Into a New God” são legados para as futuras gerações. Óbvio que as introduções “The Coming”, “Sassu Wunnu” e “Call of the Siren” são novas, criadas justamente para este disco.

Óbvio que o momento exaltado por diferenças políticas por todo o mundo causam comoções, bem como as correntes politicamente corretas vivem denegrindo o trabalho de Varg por conta das visões pessoais do músico. Independente de qualquer coisa, o nome do BURZUM já está imortalizado no inconsciente coletivo dos fãs de Black Metal, e sua música permeia todo e qualquer fã do gênero. E assim, amem ou odeiem, a influência do grupo nunca desaparecerá, enquanto muitos dos detratores somem nas areias do tempo para nunca mais serem vistos... 

Um grande relançamento que a Shinigami Records nos dá, e “From the Depths of Darkness” é disco obrigatório para fãs de Black Metal, de Metal extremo e para todos que desejam entender o motivo do estilo ter dominado o cenário do Metal extremo por anos.

Isso é Black Metal 100% puro! Isso é BURZUM!

Nota: 100%

THE DEVILS - We Are The Devils


Ano: 2018
Tipo: Full Length
Nacional


Tracklist:

1. Light Say Direction
2. Elvira
3. Mr. Buddy
4. Come to the Dawn
5. Skullring – to Cliff
6. A Momentary Anesthesie
7. Madman
8. The Blondie Hangover
9. Blackout
10. No Bull - (Live Like Lemmy)
11. Nymphomaniac


Banda:


Heron Ribeiro - Vocais
Yan Barbosa - Guitarras
Murilo Larrubia - Baixo
Daniel Bins - Bateria


Ficha Técnica:


Contatos:

Site Oficial: www.thedevils.com.br
Assessoria: http://sanguefrioproducoes.com/bandas/THE+DEVILS/56 (Sangue Frio Produções)

Texto: “Metal Mark” Garcia


Fazer Heavy Metal tradicional no Brasil exige mais que profissionalismo. Exige paixão, pois devido à maior proeminência das vertentes extremas (algo tradicional de nosso país), o lado mais melodioso acaba ficando um pouco em segundo plano. Mas isso não significa que bons nomes não surjam aqui, como o quarteto THE DEVILS, de Serra (ES), que dá a cara para bater sem medo de nada com “We Are the Devils”, seu primeiro álbum.

A banda foca em um trabalho musical no formato mais tradicional da NWOBHM misturado a influências de Hard Rock clássico e a energia avassaladora do MOTÖRHEAD. Óbvio que não chega a ser inovador, mas nas mãos do quarteto, tem um jeitão pessoal interessante, fora o grupo ter o tino correto para criar melodias ganchudas, arranjos musicais incríveis e dão uma boa azeitada em cada refrão que compõem. É, eles são muito bons, e o disco é para chocar muitos fãs “die hard” da velha escola, mostrando como se faz a coisa sem soar datado.

Podem ouvir “We Are the Devils”, pois o disco é viciante!

Em termos de produção, a sonoridade do disco foi construída para tentar se aproximar o máximo possível de algo cru e visceral, sem, no entanto, tentarem copiar a qualidade sonora de discos do passado. Não, eles buscam algo que seja orgânico, mas mantendo a clareza necessária para serem ouvidos e entendidos. Não é perfeito como a música deles pede (e merece), mas está de bom nível.

O THE DEVILS visa desencadear um novo movimento musical por aqui, a NWOBRHM, ou seja, a New Wave of Brazilian Heavy Metal. Para alguns pode soar pretensioso, mas pelo que se percebe em termos de música e ideal, é possível, sim. O trabalho musical deles é bem simples de ser assimilado pelos nossos sentidos, mas sem soar simplista. Arranjos (como já dito) muito bons, a anexação de influências diferentes que estão sob a música deles, tudo flui para transformar o quarteto não só em uma revelação, mas uma promessa do cenário nacional.

Em 9 canções endiabradas, o grupo mostra um trabalho de primeiro time. Entre elas, destacam-se a energia crua e envolvente de Light Say Direction” (uma pancada dura e cheia de impacto, mas com boas melodias cruas, além de ótimos riffs de guitarra), a força mais direta de “Elvira” (baixo e bateria debulhando o tempo todo), o arregaço de pura vibração de “Come to the Dawn” e de “A Momentary Anesthesie”, o jeitão espontâneo de “Madman”, a explosão de energia e belas melodias mais simples de “No Bull - (Live Like Lemmy)”, e a mais cadenciada “Nymphomaniac” (uma instrumental de primeira), e são apenas como mera referência inicial, pois o disco inteiro é ótimo.

É uma banda com muito talento e potencial, até mais que muitos nomes já estabelecidos no cenário brasileiro. E com a chance certa, ninguém os segura. Por agora, “We Are the Devils” é um senhor cartão de visitas do THE DEVILS!
 

Nota: 90%