Ano: 2019
Tipo: Full Length
Selo: The Metalvox Recs & Distro, Violent Records,
Black Order Productions, Totem Records, Eclipsys Lunarys Productions
Nacional
Tracklist:
1. The Witch’s Last Conjuration
2. Flames of Deceit
3. The Fall
4. Scars of an Illusion
5. Flames of Deceit (1993 demo version)
6. The Fall (1993 demo version)
7. Scars of an Illusion (1993 demo version)
8. Unto the Deep
Banda:
Eduardo
Slayer - Vocais
Paulo
Monteiro - Guitarras
Mario
Baqueiro - Baixo
Louis -
Bateria
Ficha
Técnica:
Louis -
Produção, Mixagem, Masterização
Mario
Baqueiro - Artwork
Maria Tarrafa
- Artwork
Camila
Carvalho (EMINENT SCORN) - Vocais em 1
Lord Vlad
(MALEFACTOR) - Vocais em 2
Sérgio “Ballof”
Borges (HEADHUNTER D.C.) - Vocais em 3
Alex
Habigzang (DYING SUFFOCATION) - Vocais em 3
Zé Felipe -
Vocais em 8
Contatos:
Site Oficial:
Facebook: https://www.facebook.com/thecrossdoom
Instagram:
Assessoria: https://sanguefrioproducoes.com/artistas/THE+CROSS/69
(Sangue Frio Produções)
E-mail: thecrossdoom@gmail.com
Texto: “Metal Mark”
Garcia
Introdução:
O cenário
Doom Metal do Brasil é bem amplo, com cada uma das subvertentes do gênero
possuindo um representante no país. Aliás, que se diga de passagem que nomes
como SERPENT RISE, PENTACROSTIC, SILENT CRY e
outros deram contribuições ótimas ao cenário. Mas poucos sabem que o grupo
baiano THE CROSS (de Salvador) é o
pioneiro do gênero no país. Vindo ao mundo em 1990, a sua Demo Tape “The
Fall” (de 1993) é um clássico do gênero, e em homenagem aos 25 anos de
seu lançamento (completados ano passado), eis que eles trazem esse EP, “Still
Falling”.
Análise
geral:
A ideia
inicial era ser uma banda com claras influências de BLACK SABBATH, TROUBLE e CANDLEMASS,
mas o grupo exibe ainda influências de Metal extremo, logo, acabam tendo
momentos de Doom Death Metal e mesmo alguns elementos de Black Metal aqui e
ali.
Óbvio que os
anos amadureceram o grupo (hoje um quarteto), e temos aqui uma banda que sabem
fazer uma música soturna, densa e de qualidade, sem complicar com técnica
instrumental elaborada. Nada disso, aqui tudo soa compacto e forte, com o forte
sendo as ambientações fúnebres.
Arranjos/composições:
O trabalho do
grupo se baseia em um formato tradicional de Doom Metal (ou seja, ambientação
fúnebre com instrumentos clássicos, sem adendos como teclados, violinos ou
outros), logo, sua musicalidade não é complexa (embora seja bem arranjada).
Além disso, o uso de vocais em timbres urrados/rasgados contrastando com vozes
em tons de lamento é muito boa.
Em termos de
variações rítmicas, a banda apresenta ótimas passagens, mas raramente ousando
sair dos tempos lentos do gênero. Mas mesmo assim, a fluidez de suas canções é
incrível, em algo em gruda nos ouvidos.
Qualidade
sonora:
No EP,
existem basicamente três partes: as regravações das 3 canções de “The
Fall”, as próprias originais (vindas da Demo de 1993), e uma nova.
As
regravações são bem feitas, procurando aliar a crueza do Doom Metal com algo
bem feito, e o resultado é ótimo, com tudo claro, pesado e com sua devida dose
de clareza.
As originais,
obviamente, têm aquela sujeira dos anos 90 em termos de Metal nacional. Mas
além de servirem como testemunho de uma época de ouro, a qualidade não é tão
ruim assim. É cru, mas se consegue compreender o que está sendo tocado.
E “Unto
the Deep”, a faixa inédita, apresenta uma sonoridade moderna e clara,
mas mantendo o peso e agressividade naturais do trabalho do grupo, com tudo
compreensível aos ouvidos.
Arte
gráfica/capa:
A arte ficou
bem simples, com uma imagem de fundo apresentando algo que remete ao título do
disco. Mas a diagramação simples das letras no encarte ficou ótima, além de
fotos da banda, todas do passado, serem apresentadas.
Algo simples,
direto, mas funcional.
Destaques
musicais:
É difícil não
se apaixonar pela música do grupo...
“The Witch’s Last
Conjuration” é
uma introdução sinistra com vocais femininos, que vai preparando o ouvinte para
a longa e ótima “Flames of Deceit”, um funeral lento e soturno, com uma
ambientação opressora criada pelas guitarras, e onde os vocais mostram sua
versatilidade. Também longa e climática é “The Fall”, onde baixo e bateria guiam os andamentos com muito peso, e
as ambientações das guitarras são absurdamente sinistras. E triturando de vez o
que ainda houver sobrado dos ossos alheios, vem a pulverizadora “Scars
of an Illusion”, que dá sequência ao jeito “Doom Metal raiz” de ser do
grupo, mostrando mudanças de andamento muito boas.
Em seguida,
vem as versões de 1993 (ou seja, as originais da Demo Tape “The Fall”) para “Flames
of Deceit”, “The Fall”, e “Scars of an Illusion”, todas
mostrando que os anos permitiram ao THE
CROSS criar alguns arranjos novos, presentes nas novas versões. Mas, ao
mesmo tempo, permite que ouvinte note a consensualidade entre o passado e o
presente do grupo, que a personalidade musical dos anos 90 e dos tempos atuais
continua intacta.
“Unto the Deep”, canção que encerra o EP, já mostra
uma maior diversidade de texturas musicais, mais camadas melódicas, e mesmo
certa elegância bem requintada, algo que a banda acumulou no amadurecimento,
mas sem que se perca sua essência. E mostra o que se pode esperar do grupo para
o futuro.
Conclusão:
No Brasil,
ser pioneiro em um estilo tão comercialmente inviável (verdade seja dita: devido
ao ranço extremo do cenário no país, poucos fãs de Metal possuem a devida abertura
para absorver um estilo tão azedo e com andamentos tão lentos) é um ato de
coragem. E o THE CROSS merece palmas
por, mesmo depois de tantos anos e provações no underground, continuarem em sua
luta.
E “Still
Falling” é um ótimo aperitivo, deixando os fãs ansiosos por algo novo
da banda.
Nota: 9,0/10,0
Youtube Playlist
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